História Our pretty secret - Cap. 10

Ela veio saltitante, beijou minha bochecha e disse:

-Bom dia, Julieta.

-Você tá fedendo a cigarro e álcool.

-Obrigada. –ela sorriu debochada

Fomos na ponta dos pés pro quarto para que ninguém acordasse.

-Nossa, eu to morta. –ela já estava sentada na minha cama tirando as botas.

-O que você pensa que está fazendo? –disse quando a vi deitando na cama

-Vou dormir um pouco, ainda tá super cedo e...

-Vai já tomar um banho. –peguei uma toalha e joguei pra ela

-“Vai já tomar um banho mimimi” –ela me imitou indo pro banheiro

Camila’s POV

Eu realmente estava precisando daquele banho e assim que saí corri pro vaso pra vomitar o que fez eu me senti bem melhor. Aproveitei pra passar demaquilante e tirar a make e pra passar um pós-banho e ficar bem cheirosa. Me enrolei superficialmente na toalha, já que Laur ia arrancar mesmo, e soltei o cabelo. Só mais uma jogada nele e eu tava pronta. Saí do banheiro com a minha melhor cara de falsa inocente e dei de cara com uma Lauren roncando agarrada a uma almofada. Não pude evitar sorrir com a cena. O sol já estava nascendo e iluminando timidamente o quarto e aquilo parecia quase angelical. Abri seu armário e achei uma camisola de seda azul bem claro, vesti, tirei a almofada de seus braços e me coloquei no lugar. Nós quase não dormimos juntas, só tiramos alguns cochilos. Quando passo as noites aqui só nos damos conta de dormir quando o sol está chegando e alguém sempre nos acorda cedo. Mas os cochilos que eu tiro com ela são, sem dúvidas, o melhor referencial de sono que existe.

Lauren beijou minha testa me fazendo acordar.

-Bom dia. –eu sorri

-Bom dia, Romeu.

-Nossa, eu fiz mesmo aquilo? Que horror. –peguei o travesseiro e tampei o rosto de vergonha

-É o que o álcool faz. –ela disse rindo. –Como você gravou aquilo?

-Lembra quem batia o texto com você quando fez a Julieta na peça da escola?

-Ah, é verdade. Você me ajudava a ensaiar.

-Pois é...

Ela tirou o travesseiro do meu rosto e se aproximou pra me beijar.

-Para! –eu a afastei. –Você não vai me beijar com bafo matinal.

-Para de graça. –ela se aproximou de novo. –Como se eu já não tivesse feito coisa pior.

-Não, sai. –eu levantei da cama. –Minha escova ainda tá aqui? –fui ao banheiro e encontrei a escova de dente rosa que esqueci

 -Meu Deus, sua escova já tá aqui. Daqui a pouco vai ter uma gaveta só sua e você vai deixar tudo bagunçado e a gente vai brigar e eu vou socar sua cara. –Lauren disse encostando na soleira da porta

Eu ri. –Pode deixar que eu levo a escova pra casa.

-Não, deixa aí. Pode deixar mil coisas suas aqui. Assim, quando você cansar de mim vai ter que voltar aqui pelo menos pra busca-las.

-Que esperta você. –terminei de escovar os dentes e a puxei pela mão. –Agora sim, bom dia. –a beijei devagar.

Ela apertou minha cintura e puxou forte o meu cabelo. Apertei sua bunda firmemente enquanto o beijo esquentava.

-Pera aí... –ela interrompeu nosso beijo

-O que? –eu disse indo em direção ao seu pescoço

-Eu to puta com você! Tinha esquecido.

-Tá é? –disse no intervalo de uns dos beijos que depositava no seu pescoço

-To! Me solta... Você enche a cara com as suas puta e depois quer vir pra minha cama? –Laur falou com a voz mole

-Não solto. –sussurrei no pé do seu ouvido e voltei ao pescoço

-É muito difícil ficar brava com você. –ela me levantou no seu colo e eu automaticamente enrosquei minhas pernas na sua cintura

Sorri e voltei a beijá-la. Ela me carregou até a cama e me jogou violentamente lá. Me encarou por alguns segundos com o melhor sorriso do mundo. Tirou o blusão que estava usando e revelando os seios, lindos e rígidos e uma calcinha boxer preta. Eu a puxei pra cama beijando-a de violentamente, mordendo forte seus lábios e mal dando tempo pra respirar. Ela tirou aos poucos a camisola que eu estava usando me deixando completamente nua e eu lhe dei um chupão no pescoço enquanto ela cravava as unhas com força nas minhas costas. Ouvi algo vibrando e vi meu celular na mesa de cabeceira, olhei rapidamente a tela que exibia “Mãe chamando”. Puta. Que. Pariu. Virei de bruços pra pegar o celular enquanto Lauren beijava lentamente toda a extensão das minhas costas.

-Alô. –fiz voz de sono

-Karla Camila Cabello. Onde você está? Sabe que horas são?

-Não... Acabei de acordar. –Lauren ainda beijava minhas costas e eu segurava os gemidos baixos

-São quase dez da manhã! Eu sabia que você ia demorar, mas nem tanto. Estávamos preocupados! Seu celular só dava desligado e quando chamava você não atendia.

-Eu sei, mãe. Desculpa. É que eu cheguei cheia de sono e percebi que esqueci as chaves de casa, então Niall me deixou dormir no sofá dele. –Lauren parou

-Você é sempre tão esquecida, menina. Volte logo pra casa, seu pai está uma pilha de nervos.

-Ok, mãe. Daqui a pouco eu to em casa. –desliguei o telefone

-Por que você mentiu pra sua mãe? –Lauren disse séria

-Sei lá... Só pra ela não ficar me enchendo de perguntas tipo “como você foi parar na casa da Lauren?”

-Você já mentiu pra mim pra eu não ficar te enchendo de perguntas?

-Não começa. –lhe dei um selinho. –Você que colocou meu celular pra carregar?

-Sim, achei que você ia querer falar com a sua mãe quando acordasse, ou talvez ver as lindas fotos de ontem.

-Que fotos? –peguei o celular e abri o instagram

-Com as suas putas, com o Austin...

Achei no feed algumas fotos da boate, tinha uma minha com a Selena e a Taylor, uma sentada nos ombros de Niall com os braços pro alto, uma ao lado do Austin, ele bebendo e eu rindo, uma que eu postei com o Louis e uma menina loira de olhos grandes e azuis que eu esqueci o nome.

-Minha única puta é o Niall, mas fotos estão lindas mesmo. –sorri e levantei da cama

-Vai pra onde?

-Disse pra mamãe que ia pra casa, amor.

-Ah... Fica, vai. –ela fez beicinho

-Não faz essa cara, eu não posso. –procurei o que restou do meu macaquinho e vesti

-Tem certeza que não quer ficar nem um pouquinho? –ela estava deitada de bruços na cama me acompanhando com os olhos

Parei pra olhar a cena. Aquela garota linda com um corpo sensacional deitada de bruços só de calcinha me encarando com os olhos de esmeralda e pedindo pra eu ficar. Meu corpo quase se jogou de volta na cama, mas eu me abstive apenas a fechar os olhos e dizer:

-Não caia em tentação, Camila. Não caia em tentação!

Lauren riu e vestiu de novo seu blusão. Juntei minhas coisas como pude e ela me levou até a saída.

-Dependendo do humor dos meus pais eu volto aqui e a gente faz alguma coisa. –falei

-Tudo bem. –ela sorriu e me deu um beijo rápido antes de abrir a porta.

Quando cheguei em casa ouvi um sermão básico dos meus pais, e que estavam preocupados e blá blá blá. Prometi nunca mais sumir assim, ouvi tudo o que eles tinham pra dizer e fui pro meu quarto. Quando entrei Sofi dormia na minha cama, tentei não fazer barulho enquanto tirava a roupa da noite anterior.

-A julgar pelas marcas nas suas costas a noite foi boa mesmo. –Sofi disse sentando na cama

-Te acordei? Foi mal. –me vesti rapidamente e deitei ao seu lado

-Não sabia que o Niall tinha unhas grandes. –Sofi disse rindo

-Ele não tem e somos só amigos, você sabe.

-Só amigos agora né, porque há um ano atrás...

-Muita coisa muda em um ano.

-Blá blá, mas me conta! Como foi ontem?

-Foi ótimo, um amigo é DJ e nós fomos à boate que ele toca. The Choice. Acho que é nova. –me virei pro outro lado pra evitar conversa

-E qual foi o gato que te fez isso aí?

Pensei. Repensei. Repensei mais uma vez. Não sei se valia a pena contar pra Sofi, não agora. Até porque nem eu sei o que eu tenho com a Lauren, como vou explicar pra ela?

-Ninguém, Sofi. Eu preciso muito mesmo dormir, depois te conto os detalhes.

-Chata. –ela resmungou

Acordei algumas horas depois, sozinha na cama, com o som do meu celular vibrando.

-Oi?

-Amor? –era Laur com a voz embargada

-Oi, tudo bem?

-Você tá em casa? Eu to indo aí.

-To sim, vem.

Vi que tinham algumas mensagens no meu celular. Niall, Austin, Taylor, alguns grupos, Lauren. Abri as da Lauren, ela dizia precisar de mim, algo parece ter acontecido. Levantei e tomei um banho rápido, quando entrei no quarto Lauren estava sentada na minha cama com um semblante triste.

-Oi, bebê. –lhe dei um selinho rápido depois de fechar a porta e sentar do seu lado

Ela me abraçou apertado pousando a cabeça no meu peito e eu tentei a apertar mais ainda. Pude sentir algumas lágrimas quentes molhando minha regata.

-Tá tudo bem, amor? –perguntei, mas ela não disse nada e continuou abraçada a mim

Alguns minutos depois ela afastou o rosto do meu corpo, secou as lágrimas e me encarou.

-Quer conversar agora? –perguntei segurando suas mãos. Ela fez que não com a cabeça. –Quer um copo d’água? –ela fez que sim

Fui até a cozinha pegar a água e Sofi estava lá.

-Deixei a Lauren entrar. –ela disse quando me viu

-Tudo bem, eu já percebi.

-Ela tá estranha...

-É, ela tá mal. Tá fazendo o que?

-Brownes. Vai querer?

-Quando estiverem prontos me avisa.

-Pode deixar.

Quando voltei pro quarto Lauren parecia mais calma. Ela bebeu a água e depois deitou a cabeça na minha perna. Ficamos mais um tempo em silencio e aquilo estava me torturando, eu precisava saber o que estava acontecendo. Ainda sim respeitei a decisão de Lauren de não falar e esperei enquanto lhe fazia cafuné.

-Pouco depois que você saiu da minha casa. –ela começou com a voz baixinha. –eu fui tomar café da manhã e meu pai saiu do quarto com duas malas grandes e uma de mão.

-Ele vai viajar?

-Ele disse que precisava ir a Toronto, no Canadá. Pro trabalho.

-E por que você está assim, Laur? Ele sempre viaja por alguns dias...

-Perguntei quando ele iria voltar, ele disse que não sabia. –a voz de Lauren voltou a ficar carregada

-Ele não vai demorar nada, amor. Você vai ver.

-Ele foi embora, Camila! Não restou mais quase nada no armário, até os livros ele levou! –suas lágrimas voltaram a cair. –Ele acha que eu sou idiota. Como pôde me abandonar assim?

-Como você tem tanta certeza? Já perguntou à sua mãe?

-Minha mãe? Minha mãe também não é idiota. Ela nem quer sair do quarto, deprimida. –Lauren já falhava em sua voz

-Ô amor... –eu deitei ao do seu lado na cama pra poder olhar em seus olhos. –Ele não te abandonou. Ele só... Precisa trabalhar. Talvez precise de um tempo pra esfriar a cabeça das discussões com a sua mãe.

-E se ele não voltar, Camz? –ela chorava com o rosto aninhado em mim

-Ele vai voltar! Ele te ama, claro que vai voltar. –a abracei forte e deixei que ela chorasse.

-Parece que tudo tá desmoronando... Minha mãe está depressiva, eu sinto e meu pai some logo agora! Eu to perdendo todo mundo.

-Eu to aqui, não to? Você tem a mim. E sempre vai ter. –eu senti meus olhos marejarem

-Eu não entendo o porquê dele ter me abandonado, abandonado a mamãe... E ela que tá em casa comigo todo dia parece não estar, é como um abandono também. –ela disse depois de alguns minutos de choro

-Vai ficar tudo bem... Eu to aqui pra você e vou sempre estar. –senti um pouco de culpa ao dizer isso porque não tenho tanta certeza se vou mesmo sempre estar

-Você é um anjo e eu te amo tanto. –ela deu um meio sorriso em meio às lágrimas

-Eu te amo mais. –passei o polegar no seu rosto pra secar uma lágrima que caía e a beijei devagar.

Ficamos alguns minutos deitadas uma de frente pra outra, com os rostos tão próximos que nossas bocas se tocavam quando falávamos, eu acariciava seu rosto e meu coração batia tão forte que eu achei que ela pudesse ouvir, me senti idiota por isso, mas gostei de ser idiota só dessa vez. Isso me lembrou nosso primeiro beijo.

-Meninassss. –Sofi entrou no quarto de repente nos assustando e nos fazendo quase saltar da cama. Lauren virou pro outro lado e eu fiquei ali encarando minha irmã parada feito uma estátua me encarando de volta com uma bandeja de brownes na mão. Será que ela viu alguma coisa? PORRA, ÓBVIO QUE ELA VIU! Olha a cara dela! Meu sangue subiu pra cabeça e se eu achava que meu coração estava acelerado antes, agora ele rasgava meu peito. Eu não sabia o que dizer, não sabia nem se queria dizer algo. Camila, pelo amor das criancinhas que dormem no útero de suas mães, faz alguma coisa!