História Our Secret Love Story - Mais confissões...

Eu não estou acreditando... Não, eu não quero acreditar... Viollete está terminando comigo? Eu não... Não sei que reação eu posso esboçar...

-Bom-ela continua- não é bem como se eu quisesse terminar exatamente... Eu gosto de você, não, eu AMO você, Manu... Mas eu não posso te dizer o motivo que tenho para terminar... Me perdoa!

Ela foi saindo devagar, mas eu a segurei pelo braço. Eu estou soluçando e tentando segurar minhas lágrimas, e vejo em seus olhos o mesmo... O normal seria que quando duas pessoas se amam, elas fiquem juntas, mas por que ela está terminando comigo??

-Se você não quer, então por que tá terminando? Só me fala o motivo, eu não vou te julgar, eu não vou insistir em continuar, se é isso o que você quer... Mas me diz o motivo!

-Eu realmente não posso... É de mais pra você saber. Desculpe.. 

-Vio, você não é assim... Se eu te pergunto algo você simplesmente fala, sem enrolação... Então por q-

-MINHA MÃE TEM PRECONCEITO COM A SUA SEXUALIDADE!!-Rolou um silêncio depois que o eco do seu grito cessou- Ela tem preconceito... Ela me mostrou uma foto sua com outra garota, aquela do ônibus daquele dia, a ruiva... Eu sei que você ainda está se encontrando com ela, por isso aquele dia você contou qualquer história...

-Não viaja... Eu odeio aquela garota tanto quanto odeio a professora de história!!

-Você adora a Ângela!

-Não, eu sou simpática pra ter nota... Enfim... Se é por causa disso -soltei seu braço e recompus minha postura, ainda de cabeça baixa- eu ficarei bem em você ir... Se eu estou te fazendo mal, me desculpe, não quero gerar problemas à você... 

-Obrigada... Você sempre foi compreensiva e madura, não podia esperar mais nada de você...

Ela veio em minha direção, segurou meu rosto, e eu poderia até jurar que ela iria me beijar, mas o beijo foi na minha testa enquanto ela estava na ponta do pé...

Então ela deu dois passos para trás sorrindo, disse "obrigada", se virou, e começou a soluçar enquanto saía do porão... Eu fiquei alguns instantes chorando e me recompondo pra poder voltar pra aula. Quando bateu o sinal, eu levantei a cabeça, respirei fundo três vezes, sequei as lágrimas e fingi que nada aconteceu. Coloquei minha "máscara da felicidade" e voltei para a sala... Mas acho que Kentin e Alexy viram por baixo da minha máscara...

-Manu... O que aconteceu?- Kentin chegou logo me abraçando e acariciando meus cabelos

-Minha fofa, onde esteve durante o recreio??-Alexy examinou meu corpo com um olhar triste, ele só não me abraçou também porque Kentin estava fazendo isso já.

-Pessoal- eu vou chorar de novo...- eu estou bem...

-Nao está, não...- os dois falam juntos...

-E-eu tô bem! É sério! ... Mas não tão bem quanto vocês dois aí, já estão até falando juntos em...

Dei-me o luxo de rir um pouco

-Nã-N-nã-não é nada disso! Eu não gosto dessa fruta!-Kentin disse um pouco vermelho

-Você percebeu? Estamos bem íntimos ultimamente...-Alexy é uma bixa perigosa em...

-Aham, tô vendo em! Alexy nunca falha, pelo visto!

-O objetivo realmente não é falhar!

Rimos bastante até a professora de biologia entrar em sala; é uma professora divertida que faz a matéria ficar divertida. Ela conta piadas e casos dá sua vida que tem a ver com a matéria, fazendo os alunos sempre se ficarem na aula.

O assunto era sobre o sistema reprodutor humano (não, ela não estava explicando como nascem os bebés, mas sim sobre os hormônios...)

-Pessoal, vocês sabia que a homoafetividade é comum entre os outros animais?

Os alunos ficaram surpresos, nunca ouviram algo parecido antes, pelo visto... Mas eu já li algo sobre na internet...

-Isso mesmo! Um exemplo é quando um casal de... Pinguins, por exemplo, têm um filhote, mas a mãe morre pelo frio ou por ter sido comida por um predador. O pai do filhote, para não criá-lo sozinho, se une a outro macho solteiro para ajudar a criar o filhote. E sabe qual é a melhor parte? Nenhum dos outros pinguins excluem eles! A Homoafetividade é comum entre todas as espécies, porém, só existe homofobia na espécie humana...

Após esse belo discurso, a turma ficou completamente calada. Nenhum aluno fez bagunça, e a aula seguiu tranquilamente...

Após a aula, eu fiquei no ponto de ônibus, Kentin foi fazer trabalho na casa de Alexy (aham, sei...), Mas Viollete logo apareceu. Hoje eu perdi o primeiro ônibus e tive que esperar quase uma hora pelo próximo. Durante esse tempo, eu tentei conversar com Viollete

-Vio... Você vai deixar de ser minha amiga?

-Eu nunca disse isso... Não pense que está sendo fácil para mim, eu já disse eu te amo, e eu falaria mais mil vezes se fosse necessário... Mas isso não vai mudar nada...

-Eu também te amo... Sua mãe mal me conhece, os professores me elogiam, tenho boas notas, sou educada... É só por causa da minha opção sexual mesmo?!

-Sim, por favor, fale baixo!-Ela começou a olhar para um lado e para o outro e viu que a rua estava vazia- Eu vou te explicar então... O que eu te disser aqui, fica em segredo, OK?

-Sim, com certeza!

-...Meu pai é um alcoólatra e ele... Me bate, ou algo do tipo... Minha mãe se faz de cega, surda e muda, e ainda o apóia. Mas o meu pai, interesseiro, ele gosta de você só pelo seu dinheiro, e ele é fã da sua mãe. Mas ele é um monstro... Ele me tranca no porão quando eu faço algo errado e me bate, aquela vez que eu machuquei o joelho, ele me empurrou da escada e eu girei em cima do joelho. Eu não conto à ninguém, pois ele descubriria... Eles têm espiões... Eu não sei quem são, mas estão na escola, na rua, em casa, em todos os lugares... Eu estou sempre sendo vigiada... E eles descobriram que você é lésbica -essa história parece absurda! Eu não consigo acreditar!- eles têm uma foto sua com a sua ex... Eu tô fazendo isso pelo seu bem... Minha mãe mandou eu me afastar de você, ou terei que arcar com consequências graves... Por favor, se afaste um pouco de mim por agora, enquanto meu pai está preso... - o seu ônibus vinha chegando, ela se levantou e fez sinal para ele parar -Logo ele vai voltar, vamos pagar a fiança, e eu volto para os seus braços... Até lá, permaneça solteira, meu amor...

Ela sorriu e entrou no ônibus, sorriu simpática para o cobrador, e foi para um assento na janela, ela acenou para mim e eu acabei de volta... É realmente uma história inacreditável...

Ao que parece, esse fim de semana eu vou para o sítio com meus pais, acho que lá eu vou ter paz e encontrar sussego... 

Ao chegar em casa, apenas almocei e fui para o meu quarto. Jurei para mim mesma que iria chorar baixinho, mas quebrei minha promessa comigo mesma... Chorei e gritei tão algo que meus pais ficaram desesperados batendo na porta do meu quarto:

-Filha! Deixe-me te ajudar! Seja lá o que estiver acontecendo, nós vamos encontrar uma solução! É por causa do seu corpo de novo? Seu corpo é lindo!- Minha mãe fala quase chorando junto comigo... Eu imagino como ela se sente, eu aguento qualquer coisa, mas ver minha mãe chorar, acho que eu não aguentaria... Imagine ela ouvir a filha chorar como estou chorando?

Abri a porta do meu quarto e me deitei na cama de novo abraçando minha almofada com estampa de âncoras, ela encostou a porta, puxou a cadeira da minha escrivaninha e antes de sentar acariciou meus cabelos...

-Então, o que se passa? Primeiro amor? Não está aceitando seu belo corpo? 

-Não é bem primeiro amor, provavelmente deve ser o segundo ou terceiro... Mas antes de explicar essa história de agora, eu preciso te dizer algo, mamãe: eu sou lésbica!

CONTINUA!!!