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História Our Strange Duet - Melody e René


Escrita por: ElvishSong

Capítulo 20 - Melody e René


POV Celine

Deitada na cama, a moça acariciava o próprio ventre intumescido: no oitavo mês de gestação, mal podia esperar para ter seu filho nos braços! Erik, ao seu lado, também lhe afagava a barriga, sorrindo a cada vez que o bebê chutava ou se movia – o futuro pai parecia totalmente enfeitiçado pelo bebê, antes mesmo de seu nascimento.

– Ah, Erik – suspirou a mulher, aninhando-se contra o corpo quente e rijo de seu marido – queria que este momento nunca terminasse. – seu marido se curvou sobre ela e a beijou com delicadeza, cuidando para não deixar seu peso sobre o ventre da jovem – É tão maravilhoso estar aqui, com você.

– Num mundo perfeito, minha Celine – ele se sentou e a puxou para seu colo – você jamais deixaria meus braços. Se dependesse apenas de minha vontade, o tempo congelaria agora, para que eu pudesse tê-la assim, comigo, por toda a eternidade.

Sorrindo, a artista o beijou mais uma vez antes de se levantar; precisava ir para a Ópera. Era noite de apresentação, e ela tinha muito que fazer. Rindo-se da frustração do Fantasma, colocou um vestido solto, amarrado logo abaixo do busto, prendeu os cabelos numa trança alta e calçou as sapatilhas mais confortáveis que tinha. Ao passar diante do espelho comentou, mais para si mesma do que para seu marido:

– Puxa... Estou enorme.

– Está linda – corrigiu seu Anjo, abraçando-a –... Prestes a dar à luz nosso filho, ou filha. Não poderia estar mais bonita do que agora, querida.

Com um beijo suave em seu esposo, ela foi para o quarto branco, passando em frente ao que seria o quarto do bebê, quando este nascesse: entre o que ela fizera, ganhara e comprara na cidade – além do que as mãos habilidosas de seu marido haviam feito – o aposento estava pronto para receber seu senhor, ou senhora. O pensamento arrancou um sorriso largo da futura mãe, enquanto atava uma fita colorida à trança de suas madeixas.

A moça deixou a Casa do Lago acompanhada da gatinha preta, Paixão. Erik ficou, para preparar a aula que daria a Phillip, à tarde – o menino era um verdadeiro prodígio! Naqueles cinco meses de estudo, fizera progressos inacreditáveis, e não apenas como músico: de acordo com Christine, tornara-se um bom aluno, aplicado aos estudos e sereno. Conseguira, afinal, superar a morte da mãe, e tratava sua madrinha com muito carinho. Agora, gostava de ser o centro das atenções ao tocar piano com sua grande habilidade, ou executando pequenos truques de mágica ensinados a ele pelo Fantasma. Um menino encantador, de fato.

Para a surpresa de Celine, naquela manhã haviam recebido duas visitas inesperadas: Meg e Christine! Correndo para as amigas com um gritinho de alegria, ela envolveu ambas num abraço, enquanto estas retribuíam. Com alegria, as moças de Chagny acariciaram a barriga da garota Daae, conversando com o bebê.

Phillip também viera com elas naquele sábado, mais cedo do que de costume. Com uma de suas reverências elegantes, tirou de dentro do casaco um lenço vermelho; em dois movimentos rápidos, lançou o pano sobre a mão e o puxou, revelando uma rosa branca enfeitada por uma fita cetim da mesma cor, que ele ofereceu à artista. Pegando a flor e sentindo-lhe o perfume, a jovem elogiou:

– Cada dia mais parecido com seu professor – sabia que nenhum outro elogio poderia alegrar mais o menino, que tinha verdadeira adoração por Erik – Meu pequeno mágico. – E virando-se para as amigas – Mas o que estão fazendo aqui?!

– Hoje não é dia de apresentação? – Perguntou Meg – Eu fiz questão de vir ajudar! Depois de tantos meses na casa de campo, com Armand, estava louca de saudades da Ópera!

– Ajuda é sempre bem vinda, é claro. Sabem como isso aqui fica uma loucura em dias de exibição... – Com um sorriso no rosto, mas apressada para começar, voltou-se para Phillip – Erik estará aqui em uma ou duas horas. Enquanto isso, o que acha de ir assistir aos ensaios da orquestra? Eu, Meg e Christine temos que começar a preparar os figurinos.

– É claro! – O pequeno saiu correndo para a sala em que a orquestra ensaiava, fazendo o trio de mulheres rir enquanto seguia para os camarins.

Sentando-se de frente para a bancada de trabalho, Celine pegou o traje – praticamente pronto – à sua frente, prendendo as últimas contas brilhantes sobre o desenho previamente marcado com alinhavo. Embora nada houvesse dito a quem fosse, estava nervosa: desde cedo se sentia desconfortável, inquieta e irritadiça, não conseguindo achar uma posição realmente confortável. O que estava acontecendo, afinal?

Trabalharam em meio a risos e conversa durante cerca de duas horas; Celine ficava cada vez mais agitada, não conseguindo ficar sentada no banco. Irritada e desconfortável, ficou em pé para trabalhar, ao que ouviu Meg perguntar:

– O que houve, garota? Está tão agitada! O que está acontecendo?

– Não sei, Meg. Não consigo achar uma posição confortável para ficar e... – enquanto falava, a gatinha Paixão começou a brincar com um carretel de linha e, pegando-o na boca, carregou-o para baixo de uma cômoda – Paixão! Devolva já este carretel!

Entre a zanga e o riso, ela se ajoelhou para alcançar o objeto; ao se levantar, porém, sentiu uma dor aguda rasgar-lhe o abdome. Olhando para baixo, percebeu que sua saia estava encharcada. Meg e Christine se levantaram de um salto, e esta exclamou:

– Celine, você está dando à luz!

A informação demorou alguns segundos para fazer sentido, mas afinal a realidade atingiu a figurinista: não obstante faltasse ainda um mês para a gestação se completar, o seu bebê iria nascer hoje!

*

Deixando-se cair contra a pilha de travesseiros, a jovem tentou descansar no intervalo entre as contrações, cada vez mais próximas. Não imaginara que um parto podia ser tão exaustivo! Já não tinha certeza de há quanto tempo estava ali, alternando entre ondas de dor intensa e minutos de alívio que se encurtavam a cada nova contração... Parecia muito tempo!

Ao seu lado, Erik lhe secava o suor da testa, sereno e gentil como sempre, deixando que ela segurasse sua mão quando a dor começava. Ah, Erik! Só ele podia aliviar o medo que estava sentindo! Sua mãe morrera ao dar à luz – a criança também não resistira – e a moça estava apavorada com a possibilidade de ter o mesmo destino. Foi a voz de Madame Giry que cortou a linha de seus pensamentos:

– Está indo muito bem, minha menina. – ela passou um pano umedecido pelo rosto da parturiente – Mais um pouco, e terá seu bebê nos braços. O parto está avançando depressa, e até agora não houve nenhuma complicação.

– Rápido? – perguntou a garota, ofegante – Quer dizer que costuma demorar mais?!

Um sorriso de compaixão passou pelo rosto de Antoinette, que respondeu:

– Geralmente, sim, mas para você terminará logo. Fique tranqüila: nunca tinha visto um primeiro parto correr tão bem.

Christine, já com seis meses de gestação, ajeitou os travesseiros sob as costas da prima; tentando consolá-la, comentou:

– Durante o parto parece que não vai terminar nunca, mas assim que ouvir o choro do seu bebê, vai se esquecer de todo o resto. – Nesse momento, a mão da parturiente buscou a de seu marido, apertando-a com tanta força que os dedos da músico ficaram brancos. O rosto da jovem se contorceu numa careta de dor quando ela se curvou para frente, mas tudo o que emitiu foi um gemido abafado.

A contração foi longa e dolorosa. Quando terminou, Celine se reclinou nos travesseiros outra vez: a angústia era visível nos olhos de seu marido. Aos pés da cama, a voz de Meg se fez ouvir pela primeira vez:

– Celine, na próxima contração, use para empurrar a força que usou para apertar a mão de Erik.

Irritada, a moça apenas praguejou:

– Vá para meio do inferno, Meg!

– Depois que esse bebê nascer – retrucou a garota, colocando-se atrás da amiga e massageando-lhe as costas. – Está quase.

Longos minutos se passaram, os espasmos de dor se tornando cada vez mais intensos e freqüentes. Finalmente, Madame Giry falou:

– Certo, querida, estou vendo a cabeça do bebê: quando a próxima contração começar, empurre com toda a sua força, e isso vai terminar. – Mal a senhora disse isso, o corpo da moça foi atravessado por novo espasmo de dor. Curvando-se para frente, ela ignorou a dor e, com todas as suas forças, empurrou. Por longos segundos pareceu que seu corpo estava se rasgando ao meio, e então um choro agudo se fez ouvir pelo aposento.

Foi com lágrimas nos olhos que ela segurou seu bebê, ainda sujo de sangue, nos braços. Erik sorria e tinha os olhos marejados ao abraçar sua esposa e o recém-nascido, e dizer:

– É uma menina, meu amor. - ele acariciou o rostinho sujo de sangue - Ela é perfeita!

– Ah, minha querida... – A jovem mãe tocou o rosto da filha com o próprio, exausta, mas feliz. De repente, entretanto, outra onda dor, muito intensa, rasgou-lhe o corpo novamente. Pega de surpresa, ela deu um grito e lançou a cabeça para trás. Assustada, perguntou:

– O que está acontecendo?!

Madame Giry se aproximou, tirou o bebê dos braços de Celine e o entregou a Meg. Apalpando o ventre ainda inchado da moça de cabelos castanhos, declarou:

– Minha menina, vai ter que agüentar mais um pouco: você tem outro bebê aqui dentro!

POV Erik

Segurando a filha nos braços, ele ainda não conseguia acreditar que era verdade: sua filha... Sua e da mulher a quem amava – que, neste momento, dormia profundamente no leito da enfermaria do teatro, onde dera à luz. Ao seu lado estava o menino, que nascera poucos minutos depois da garotinha, e que só há pouco terminara de mamar. A mãe, exausta, adormecera enquanto amamentava.

Agora, ele embalava a pequenina, enquanto seu filho dormia junto ao corpo da mãe: eles eram tão perfeitos! Um garoto de cabelos negros e olhos castanhos... Uma garotinha de cabelos castanho-avermelhados e olhos verdes. E sem qualquer distorção em seus rostinhos absolutamente perfeitos! Ele ainda não conseguira tirar os olhos do pequeno casal, completamente fascinado e encantado pelos bebês. Seus filhos... Aquilo era mesmo realidade?

– Erik – a voz de Antoinette soou suave e divertida – eles não vão desaparecer, se você tirar os olhos deles por um segundo.

– Ainda não acredito que é verdade. – Respondeu o Fantasma, beijando a fronte da filha – Parece um lindo sonho, do qual vou acordar.

– Não é um sonho, Erik – a voz de Christine se fez ouvir, delicada, e o Anjo da Música sentiu a mão da viscondessa pousar em seu ombro (desde quando ela perdera o medo de tocá-lo?!) – São mesmo seus filhos. E eu acho que vai ser um pai excelente.

– Concordo com você, prima – Erik ergueu os olhos ao ouvir a voz de sua esposa, ainda enrouquecida de cansaço: mesmo com a aparência cansada e os cabelos desarrumados, ela era linda! – Ele vai ser tão bom como pai quanto é como esposo.

Com um sorriso, o homem segurou a mão de sua esposa, beijando-a. Cuidadosamente, segurou a bebê com um dos braços, enquanto ajudava Celine a se sentar. Ela ainda tinha o filho nos braços – este ainda dormia profundamente, e não dava sinais de que acordaria tão cedo. Sua mãe, por outro lado, parecia bastante desperta, e dirigiu-se a Meg, que lia um livro, sentada numa cadeira:

– Meg, perdoe-me por ter me zangado com você.

– Não se preocupe com isso, Celine – riu a outra – não se espera gentileza de uma mulher dando à luz. Falei aquilo para distraí-la.

Madame Giry entrou na enfermaria – que estava vazia, à exceção da jovem mãe e seus acompanhantes – trazendo consigo uma pequena bandeja com frutas (o que Celine mais gostava de comer). Com um sorriso delicado, falou:

– Você foi incrível, minha criança: dar à luz em silêncio, no primeiro parto? Não conheci muitas mulheres com tanta força. – e riu – Quando Meg nasceu, gritei tanto que fiquei rouca por dias.

– Eu não queria o teatro inteiro vindo aqui para saber o que acontecia. – Falou a moça, colocando o menino nos braços do pai enquanto tomava a menina nos seus – Obrigada, Madame Giry, Meg e Christine... Por tudo.

– Obrigado por cuidarem de minha esposa – agradeceu o Fantasma – Ninguém o teria feito com tanto cuidado e desvelo.

– Erik, entenda de vez uma coisa – começou Meg – Você e Celine são parte de nossa família. E famílias cuidam de seus membros.

As palavras da garota atingiram em cheio o coração de Erik: família... Não apenas ele, Celine e as crianças, como havia pensado, mas também Antoinette, Meg e – por que não? – Christine. E Phillip – que devia estar em algum lugar da ópera, encantando a todos – Gustave, e o arrogante Visconde de Chagny. De um estalo, o Fantasma compreendeu que todos eles eram sua família; ele faria qualquer coisa para mantê-los a salvo, pois todos já faziam parte de sua vida de um modo que, até pouco tempo antes, jamais teria compreendido. Agora, não precisava compreender: apenas sabia ser a verdade.

Envolvendo Meg num abraço apertado, ele murmurou, mais para si do que para ela:

– Criança maravilhosa... – Ele amava sua filha. Embora nunca houvesse sido seu pai, de direito, estava orgulhoso da mulher que ela se tornara. Quando soltou a moça de cabelos louros, esta se voltou para a mãe e a cunhada:

– Deixemos os jovens pais um pouco a sós. Eles têm muito que conversar. – E para Celine – Quero ser a primeira a conhecer os nomes de meus sobrinhos!

– Vocês três serão. Obrigada, minhas amigas. – o homem podia perceber que, por mais que tentasse aparentar o contrário, sua mulher estava muito cansada. Ia dizer-lhe para descansar, quando a voz dela o interrompeu.

POV Celine

Encantada com seus bebês, já quase esquecida da dor que passara para pô-los no mundo, a jovem não tinha olhos para mais nada: eles eram absolutamente perfeitos! A sensação era a de que, ao dá-los à luz, seu coração passara a bater fora do próprio corpo, dentro daquelas duas criaturinhas frágeis que dormiam tão tranquilamente. Seus filhos... Seus e do homem a quem amava tão loucamente! Tocando o rosto do Fantasma com o seu, declarou:

– Eles são perfeitos. São tão lindos! – o casal trocou um beijo apaixonado – Parecem com você, meu amor!

– Que nome você quer lhes dar? – Perguntou Erik, acariciando o rosto de Celine.

– Eu estava pensando em... Melody. É inglês: significa música, melodia. – ela viu os olhos de seu amor brilharem quando respondeu:

– Melody. É perfeito! – a mão grande afagou o rostinho rosado da garotinha – Eu pensei em um nome para nosso filho.

– E qual é? – Embora cansada e dolorida, ela nunca estivera tão feliz em toda a sua vida!

– René: renascido, recomeço. Dizem que é um nome de sorte.

– René... Eu adorei! É perfeito para ele! – a jovem mãe beijou a testa de seu bebê, com um sorriso encantador. A vida era, simplesmente, perfeita.

Pouco depois, Erik a envolveu nos braços, sussurrando:

– Eu amo você, minha estrela. – Seus dedos deslizaram por seu rosto e pescoço, descendo pelos braços – Descanse, agora, minha amada: quando acordar, iremos para casa.

– Onde você vai ficar?

– Aqui. Bem ao seu lado.

– Se alguém entrar, verá você!

– Que vejam! – sua voz soava apaixonada e intensa – Vejam a família do Fantasma da Ópera, e saibam que eu sempre estarei aqui para proteger a vocês três. – Suas faces se tocaram – Obrigado, meu amor, por tudo o que você é, por tudo o que me deu. Obrigado por me tirar do inferno, e me dar o paraíso!

– Obrigada por me ter salvado, meu amor. Você o fez de mais modos do que pode imaginar.

– E você, a mim. – Celine sentiu os lábios dele capturarem os seus num beijo intenso – Durma, agora, minha deusa. Durma tranquila: eu estarei aqui, com você. Eu sempre estarei aqui. – o homem pegou as crianças no colo, aninhando-as contra o próprio corpo.

Cansada, mas sentindo-se incrivelmente feliz, segura e amada, ela se deitou de lado, a mão tocando os filhos recém-nascidos. Antes mesmo que pudesse perceber, caiu num sono profundo e tranquilo, feliz como nunca antes fora.



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