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História Our Time - Failure found us


Escrita por: paansy

Notas do Autor


Pensaram que eu não ia vir hoje???? DU-VI-DO, eu sou muito pontual com os meus filhos, cêloko. Cheguei com 6k, porque... olha... vou parar de falar que vou diminuir, sabe, não funciona muito com vocês e nem comigo, então deixemos a vida nos levar.

Boa leitura para vocês, meus dengos, nos falamos nas notas finais, ♥

Capítulo 14 - Failure found us


Taehyung não quis voltar para casa. Quer dizer, o lugar que ele chamava de “casa” pela segunda vez em sua vida.

 O fato era que: não quis ir para lá. Pelo menos não naquela noite. Estava querendo evitar a realidade, por mais que ela estivesse lhe estapeando com força, trazendo-o para o momento exato. Não podia mais fingir que nada estava acontecendo, que não sentia... Suas mentiras... elas não funcionavam mais. 

 Nem suas mentiras sorridentes, nem o falso desdém de Yoongi funcionavam a partir daquele momento. 

 Alugaram um quarto em um hotel qualquer pelo centro de Seul e se enfiaram lá, sem nenhuma ideia do que fariam quando amanhecesse. Fugir por algumas horas faria parecer que estava tudo bem, mas quando o sol chegasse, então, entenderiam que não havia mais como se esconder. Teriam que enfrentar. 

 Bem, Yoongi via aquele momento como um breve descanso. Precisavam daquilo. Recompor-se e tudo mais. O rapaz de cabelo azul e olhos grandes já havia parado de chorar, para seu alívio. Com as lágrimas, foram junto a força, as palavras e também a alegria. 

 Parecia apenas uma carcaça vazia. Suspirou. Precisava lidar com aquilo sozinho por ora, entendeu isso. Entendeu finalmente o que significava o “cuide dele” de Jinyoung. Podia ser meio lento para assimilar, mas era bom executando tarefas. 

 — Vá lavar o rosto. — Pediu baixo assim que se cansou do silêncio, encarando-o sentado na cama. — Está meio tarde e você precisa descansar, então é melhor lavar o rosto ou tomar um banho quente. — Ofereceu e não teve qualquer resposta imediata. Lambeu os lábios. — Eu separo sua roupa, só vai. — Saiu do batente da porta do banheiro, indo direto até a bolsa de couro em que o namorado havia trazido algumas coisas.

 No calor do momento, pegou coisas aleatórias, não estava regulando muito bem. Na pressa, acabou derrubando até o cavalete, algumas tintas... Yeontan ainda estava lá... precisaria voltar a casa de todo o modo. Não tinha jeito. 

 Mas estava com tanta vergonha. 

 — Ya. — Chamou novamente e o garoto levantou o rosto cansado, encarando-o. — Como aquele pirralho pôde fazer tanto estrago em uma só noite?

 Negou e passou uma mão no cabelo grande, jogando-o para trás. Respirou fundo. Estava exausto, realmente. Nicolas não tinha culpa, não é? Ele era apenas uma criança, uma criança que não sabia quem eram de verdade. Não podia culpá-lo por aquilo, e, de uma certa forma, enfrentariam aquela situação mais cedo ou mais tarde. Não tinha para onde correr mesmo.

 — Ele supôs que a gente namorava e eu, — O tom de voz mais rouco que o normal, por conta do choro, preencheu o quarto. Negou e deu os ombros. — eu não o corrigi. — Voltou a olhar para os pés. Mais silêncio. — A culpa foi minha, não dele. 

 O músico respirou fundo e deu passos curtos até onde o maior estava. Parecia tão frágil que tinha medo que, ao menor toque, ele se estilhaçasse em suas mãos. Nunca o vira daquele jeito, talvez fosse por isso que confiava tanto na autossuficiência de Taehyung. Ele sempre se mostrou alguém tão forte, tão para frente que... esqueceu que ele tinha apenas dezenove anos e ainda estava aprendendo a viver. 

 Tocou-lhe o cabelo desbotado e bagunçado, deslizando os dedos pálidos naquela imensidão esverdeada, descendo para a nuca. Ele estava quente... Não quente normal, mas quente de verdade. Franziu o cenho e usou ambas as mãos para puxar o rosto lindo para cima, obrigando-o a encarar seus olhos.

 Ele estava corado. Tocou as bochechas, estavam quentes também. 

 — Eu sou seu namorado, — Disse baixinho, encarando-o diretamente nos olhos. Moveu o polegar, acariciando a bochecha. — não sou? — Sorriu fraco, vendo aqueles olhões piscarem devagar antes dos lábios sorrirem do mesmo jeito, bem fraco.

 Tocou a cintura estreita do de cabelo curto, adentrando os dedos longos e com anéis pelo pano preto, tocando a derme quente de Yoongi. Abraçou ali e puxou para frente, conseguindo deitar a lateral do rosto na barriga definida. Aspirou longamente o perfume que tanto gostava e fechou os olhos. Por um lado, estava tranquilo por não precisar mais esconder quem era e quem amava, por poder ficar com ele o tempo que quisesse, aproveitando da maneira que fosse mais conveniente. 

 Mas por outro... Por que ainda parecia tão errado? Sua família estava despedaçada. Os olhos de Jungkook não saiam de sua mente. A forma como fora encarado, as palavras... Havia tanto ressentimento. Não queria ser odiado. Amava aquele idiota, por que não podiam... se resolver direito?

 Apertou mais os braços ao redor do corpo forte do rapper, engolindo em seco. Estava com um medo absurdo de perdê-lo, porque sua família... 

 — Vamos fazer um trato? — Sugeriu, o mais velho, após um tempo, acariciando o cabelo bagunçado e desbotado. Ele grunhiu, mostrando que estava ouvindo. — Você toma um banho frio e depois eu te coloco pra dormir. 

 — Não sou criança. — Resmungou abafado. Não estava com sono, não queria dormir. 

 Yoongi riu nasal e continuou olhando para baixo, vendo aquela criança valente. Estava tão orgulhoso dele... Deslizou os dedos pelas mechas lisas. Como explicar que sempre o veria de forma doce, mesmo que não fosse, de fato, uma criança? Difícil

 — Certo, adulto. — Deu-lhe um tapinha na cabeça. — Vai tomar o banho frio, você está febril. — Fê-lo largar seu corpo com algum custo e o encarou, ainda meio triste por vê-lo daquela forma. — Vai. — Ordenou, indicando, com a cabeça, o cômodo ao lado. 

 Apenas assentiu antes de levantar e seguir para o banho. Estava tão cansado que não tinha nem vontade de discutir ou pedir para ser deixado quieto. Parecia ter sido sugado até a última força. Sumiu após fechar a porta e só então o músico pôde baixar a guarda. Respirou fundo, devagar, e bagunçou o cabelo curto. 

 Sério, o que porra havia sido aquela noite? Foi até a janela do quarto e analisou a cidade iluminada. Dali parecia tudo tão tranquilo. Encostou a testa no vidro frio e fechou os olhos. Não era para ser daquele jeito, não era... para ser. 

 Jungkook parecia outra pessoa. Nunca vira seu irmão tão transtornado daquela maneira. Foi meio assustador até para si que estava acostumado com toda aquela personalidade explosiva. Realmente ficou receoso de ele bater em Taehyung ou algo do tipo. 

 Seu namorado até podia ser grandão, mas era um bobão quando se tratava de briga física. Sempre chorava nas brincadeiras brutas dos garotos. 

 Respirou fundo novamente e reabriu os olhos, encarando lá fora. Queria ter alguma forma de melhorar aquela situação. Não conseguiram nem falar duas palavras sem chorar ou arrumar briga. Isso não estava certo. Precisavam de um diálogo, algo para poderem... se explicar. 

 Isso era engraçado. Acabou rindo de si mesmo. Como a vida é irônica... logo ele, o que fugia de interações sociais, querendo arrumar um diálogo extenso. Como as coisas mudam...

 Afastou-se do vidro já um tanto embaçado e foi até a bolsa do mais novo, teria que arrumar alguma roupa para ele. Ao olhar para dentro do objeto de couro, riu. O que uma miniatura de urso, de óculos ainda por cima, estava fazendo ali? 

 — Tão idiota. — Sussurrou para si mesmo, ainda risonho, vendo que não tinha cuecas e nem roupas de dormir. Seu sorriso morreu. 

 Estava desnorteado de verdade, a ponto de perder a visão, de sair pegando tudo o que viu pela frente, sem nem saber o quê. Sentiu muito por isso. Suspirou e olhou para a mão direita, os dedos machucados pelo soco dado no irmão. Não se arrependia. Abriu e fechou a mão, estava doendo... Engoliu em seco. 

 Ouviu o chuveiro ser desligado e rapidamente voltou a si, indo até a porta de madeira branca. Deu dois toques antes de entrar devagar. 

 — Acho que vai ter que dormir com essa calça mesmo. — Avisou, um tanto sem jeito de olhar para o mais alto. — Não achei nada de confortável na sua bolsa. 

 Tremeu um pouco, enrolado na toalha pequena, tentando esquentar o corpo frio por causa daquele banho forçado. Ainda sentia o sangue ferver por dentro, mas por fora... estava tão frio. Assentiu e deu alguns passos para fora do box de vidro, a franja grudando no rosto inchado. Não esperava ter trago um pijama, por exemplo. 

 Naquele momento, só pensava em ir embora, sumir. 

 Levantou o rosto, ainda tremendo fraco, encontrando os olhos pequenos e analíticos do músico. Sorriu devagar. Estavam tão fodidos... ganhou um sorriso em resposta. Fala sério, muito acabados. Piscou devagar, cansado. Yoongi estava mais machucado do que achava, ali na luz forte do banheiro, conseguia ver melhor... Isso lhe partiu o coração. Havia um corte próximo do olho esquerdo, vários pelos braços, um machucado no canto dos lábios, fora o roxo na bochecha pálida. 

 — Você está horrível. — Teve que dizer e o moreno riu. Virou o rosto e se encarou no reflexo do espelho. É, estava mesmo. 

 — Cala a boca, fedelho. — Murmurou, tocando o machucado da boca. Grunhiu. Estava doendo. 

 Riu fraquinho e caminhou feito um pinguim, ainda guardando o corpo nu dentro da toalha branca, até o corpo pequeno e o puxou delicadamente. Queria vê-lo melhor. Não encontrou relutância. Respirou devagar, analisando de pertinho aquele estrago. Não era para ser assim... Por deus, não era. 

 Vendo o estado do mais novo, o menor lhe deu um tapinha no braço. Trazendo-o de volta para a realidade.

 — Estou horrível, mas continuo mais legal que você. — Debochou do de cara inchada que franziu as sobrancelhas. — Chorão. — Silabou, risonho, dando um peteleco na pontinha do nariz com pintinha. 

 Desceu o olhar para o braço do de cabelo preto, encontrando a tatuagem alaranjada. Franziu o cenho. Ela estava manchada de vermelho. Ajeitou-se dentro da toalha, prendendo-a apenas em sua cintura, tendo os braços livres para analisar aquilo. Abriu mais os olhos quando viu um corte meio fundo ali.

 — Machucou muito. — Murmurou analítico. O outro olhou também e negou, tentando puxar o braço, mas foi segurado com mais força. — Como não sentiu esse corte? Ele está fundo. — Puxou para mais perto e ouviu um grunhido de dor. Rapidamente parou e encarou o hyung. — Me perdoe. 

 — Não foi nada. — Puxou o braço que doía e doera desde o início. — Na verdade, — Pensou um pouco e se afastou, tirando a camisa e jogando no chão. — aqui está doendo mais. — Avisou um tanto receoso, mas realmente incomodado com a dor em suas costas. 

 Taehyung o virou de costas para si, querendo analisar melhor, e acabou se assustando com o hematoma arroxeado, quase preto, próximo da lombar. Engoliu em seco. Ele era muito pálido, era fácil demais marcá-lo de alguma forma. Mas ainda assim, porra, era assustador. Estava feio! 

 Lambeu os lábios e desviou o olhar por um momento. Ia chorar? Sério?

 — Hum? — Grunhiu, o de cabelo curto, enxergando-o pelo reflexo, preocupado. — Está tão feio assim? — Sussurrou confuso, querendo se esconder. Não queria deixar Taehyung mais desconfortável. 

 — Está muito ruim. — Respondeu rouco, encarando-o pelo espelho. — Precisamos ir no médico.

 Yoongi riu nasal, negando. Que médico o quê... Não mesmo. Estava acostumado com o furacão Jungkook e nunca precisou de ajuda para lidar. Tinha certeza de que aquele idiota também estava ruim. Se fosse em algum dia normal, estariam rindo e tomando uma cerveja enquanto grunhiam de dor. 

 Se fosse um dia normal... normal...

 — Isso deve ter sido no momento que eu joguei ele na mesa e ele me puxou. — Relembrou o exato momento em que teve o corpo movido com tanta facilidade que parecia piada. Foi jogado para o lado e suas costas bateram em cheio na armação de madeira da mesa. 

 Naquele momento, estava mais ocupado em defender o rosto, por isso não teve tempo para raciocinar que também havia estragado suas costas que já não eram tão boas assim. Sorriu devagar assim que notou os olhos expressivos do pintor em si. Não paravam de lhe encarar. E aquelas esferas castanhas brilhavam... 

 Sempre amou aquele brilho. 

 — Ya. — Chamou, a expressão tranquila, apesar do caos. — Me abraça. — Pediu baixinho, sem nem se mover. Precisava daquele abraço tanto quanto ele. 

 E o artista plástico nem hesitou. Tendo muito cuidado com o corpo machucado do menor, envolveu-lhe a cintura e o puxou para seu peito. Respirou fundo, tranquilo, confortável. Como poderia ser considerado nojento algo tão... bom? Fechou os olhos e relaxou o corpo, deitando a cabeça no ombro do maior, doando-se completamente àquele carinho. 

 Estava cansado de fugir, cansado de ser frio, cansado de fingir não precisar daquele cuidado. Podia ser honesto com Taehyung, não é? Podia...

 Virou um pouco o rosto e esfregou o nariz no pescoço cheiroso, inalando o perfume que tanto amava. Podia ficar ali para sempre. 

 — Deixa eu lavar isso. — Pediu, o de cabelo esverdeado, tocando as mãos do namorado. — Amanhã, quando formos pra casa, eu faço um curativo direito. — Puxou com gentileza até a torneira e abriu, deixando a torrente de água cair sobre as mãos unidas. Ele grunhiu com dor. — Shh. — Virou o rosto e deixou um beijo na têmpora. — Você já fez muito hoje, agora deixa comigo. 

 — Não foi o suficiente. — Murmurou quase sem voz, mais para si. Suspirando vencido. 

 Se tivesse feito muito, aquilo não teria acontecido, não é? Se tivesse tomado uma atitude mais cedo, se tivesse mais coragem... Como podia ser tão covarde quando se tratava de amor? Tão idiota. Taehyung não respondeu, apenas continuou passando os dedos delicadamente nos machucados de sua mão, limpando o sangue seco. 

 Virou um pouco o rosto e encarou o reflexo de ambos. Piscou devagar. Ficavam bonitos... Eram bonitos juntos, não? Sorriu sozinho. 

 — J’ai essayé. — Ouviu o francês perfeito do mais novo e não entendeu. Ele sorriu pequeno, levantando o olhar para encará-lo pelo espelho. — J’ai essayé... — Repetiu nostálgico, negando para si mesmo. 

 Ignorou a lágrima solitária rolando por sua bochecha. Respirou, pegando um pouco do sabonete líquido, disposto ali, para lavar de verdade o machucado. Yoongi franziu o cenho e continuou o encarando... O que aquilo significava? Mal sabia falar inglês, que dirá francês...

 — Pleure. — Disse quase sem voz, sem forças. Continuando seu monólogo em outro idioma. — Je l’ai fait avant toi et ça ne sert à rien. — Cantarolou sozinho, subindo os dedos ensaboados para os cortes na tatuagem. Na sua tatuagem. 

 Apesar de não entender, nunca pensou que ia gostar tanto de ouvi-lo falando, cantando, não sabia, naquela língua tão difícil. Já era estranho ouvir Jimin, seu pai, falando em inglês fluente às vezes... Mas o francês... Gostou. Mal conseguia desviar os olhos do azulado que parecia concentrado no que fazia.

 — Pode chorar. — Disse em coreano novamente, sabendo que teria que traduzir tudo aquilo. — Eu já estive nessa negação antes de você, já fiz isso antes e não adiantou nada. — Riu consigo mesmo, passando devagarzinho o polegar sobre o corte fundo. Grunhiu de dor um pouco mais alto. — Eu tentei. — Sussurrou, rouco. — Eu já tentei... — Terminou sua tradução livre, lavando onde tinha ensaboado. 

 E tudo aquilo que havia dito era verdade. Já havia cansado de se cobrar, pensado que podia ter feito melhor. Mas não adiantava, não é?! As coisas, no fim, eram como eram. Podiam ser melhores, mas não eram. A realidade era aquela ali. Talvez tivessem errado antes, mas do que adiantava se cobrar agora?

 Ia mudar algo? Ia fazer Jungkook se acalmar? Seus pais não chorarem? Não, não ia. Não tinha modo “certo” de abordar aquele assunto. Era... como deveria ser.

 Tinha consciência de que eram muito desajeitados e não souberam administrar direito aqueles sentimentos. Mas... 

 — Dói, não é? — Perguntou baixo, fechando o registro, dando sua total atenção ao baixinho que engolia seco e parecia ter o olhar longe...

 Assentiu devagar. Olhando para os próprios braços machucados. Doía... 

 — Dói. — Concordou. — Muito. — Completou, levantando o olhar para o maior que assentiu, oferecendo um sorriso pequeno e triste. 

 Realmente começou a chorar. Apoiou as mãos no mármore da pia e abaixou a cabeça, deixando o corpo expulsar toda aquela agonia em forma de lágrimas. Até se engasgou com os primeiros soluços, sentindo-se fraco. Sentia que podia desabar a qualquer momento. Será que aquilo era realmente justo? Sentiu os braços do maior em sua cintura, segurando com firmeza, dando o apoio de que precisava. Chorou ainda mais. 

 As lágrimas pingavam no mármore branco, sobre as mãos machucadas... Não conseguiria se encarar no espelho nem que quisesse. Parece que, não sei, a ficha de três anos estava caindo apenas naquele momento. Estava tão cheio, tão... sufocado... 

 O azulado assentiu para si mesmo, engolindo suas próprias emoções e o nervosismo. Sabia que Yoongi precisava chorar e colocar aquilo para fora! A agressividade, aquelas palavras duras... machucaram, mesmo que ele tentasse esconder com risinhos debochados e o nariz empinado. Ele estava tão dilacerado quanto. Beijou-lhe a nuca e esfregou o nariz ali, respirando o cheiro gostoso do menor. Mostrou que estava ali, junto. Não o deixaria. 

 Não o deixaria cair. Nunca

 Arrastou os lábios na pele quente, tentando se abster do som do choro compulsivo. Beijou mais algumas vezes, sentindo o gosto salgado do suor... Apertou-o mais naquele abraço protetor e possessivo, guardando-o, escondendo-o do mundo. Era grande, podia fazer isso, certo? Esconder Yoongi. Só um pouco. 

 Podia até ser o mais novo, mas não era mais criança e também não era fraco. Não era!

...

 Cuspiu na pia e viu o fio de sangue sair junto com a saliva. Grunhiu irritado. O soco havia cortado sua bochecha e agora não parava de cuspir sangue. Lembram quando ele havia mencionado que Yoongi poderia ser um incrível lutador se quisesse? Então. 

 — Por que você fez isso? — Namjoon perguntou baixo, os braços cruzados sobre o peito e o olhar fixo nas costas do filho. — Olha pra mim. — Pediu rouco, sério. O tom pesado. — Eu mandei você olhar pra mim! — Insistiu entredentes. Odiava ser ignorado. 

 Foi se virando devagar, encarando o policial que tinha um olhar tão severo que imediatamente abaixou a cabeça, engolindo em seco. Odiava quando tinha aquela repreensão. Geralmente, Namjoon era bem duro quando ia lhe dar broncas, por isso caía na graça de Seokjin. Mas não teria tal sorte dessa vez. 

 Respirou fundo com um pouco de dificuldade. Seu nariz doía também. Fez uma careta e tocou onde doía. Ficaria com hematomas...

 — Eu tô falando sozinho? 

 — Não é pra mim que você tem que fazer perguntas. — Respondeu baixo, sem olhá-lo ainda. — Está interrogando a pessoa errada, delegado. — Limpou o sangue que voltava a escorrer no canto da boca.

 E, por essa distração, não pôde se defender quando foi pego pela gola da camisa e pressionado contra a pia. Fechou os olhos. Ia apanhar? Não... Namjoon não lhe bateria. Podia sentir a respiração dele bem pertinho de seu rosto. 

 — Olha pra mim! — E aquele tom assustador voltou. Obedeceu vagaroso, encarando-o de igual para igual. — Você pode empinar o nariz pros seus irmãos, mas comigo não funciona isso e você sabe. — Sussurrou e o lutador nada disse, apenas crispou os lábios. — Você não é assim. Se recomponha. — Ordenou e o de cabelo grande desviou o olhar, amargurado. Foi chacoalhado com força e voltou a encará-lo. — Vamos conversar como pai e filho ou prefere de homem pra homem? — Ofereceu, erguendo a sobrancelha. — Você escolhe. 

 — Eu não fiz nada de errado. — Respondeu entredentes e o delegado apertou mais os dedos no pano branco da camisa dele. — Você não ouviu o que o hyung disse? Sério que vai fechar os olhos pra isso e me confrontar? — Riu de lado, sem acreditar. — Por que eu estou errado? Vai me bater por isso, pai? — Ironizou e foi puxado com mais força, quase encostando testa com testa. Fechou os olhos. 

 Seu corpo tremia e o coração batia tão forte e acelerado... Não tinha medo de Namjoon, tinha um respeito imensurável, por isso calou a boca. Seu tratamento com ele era mais bruto, desde sempre.

 Podia ser o mais forte dos homens para qualquer adversário.  Mas, ali, era o filho rebelde sendo repelido. Levando uma bronca, uma das mais sérias que já recebera. 

 — Enquanto você não entender o porquê estou brigando com você, não vou te largar. — Avisou e o menor riu nasal. Namjoon se controlou... Como aquela criança gostava de testar seus limites? — Não estou falado do Yoongi ou do Taehyung. Estou falando de você! 

 — E o que eu fiz? — Encarou-o, realmente não entendendo qual o grande crime. 

 — Sério, Jungkook? — Não podia acreditar... Sério? O que deu naquele garoto? — Você usou alguma coisa? — Perguntou baixo, tentando sentir algum cheiro suspeito no atleta que fez uma careta e tentou se soltar. — Me responde. — E, mais uma vez, foi chacoalhado. 

 — Namjoon, solta meu filho. — A voz de Seokjin encheu a cozinha e teve que respirar fundo para não ser rude com o esposo. — Já não foi o bastante o que aconteceu? — Perguntou sentimental, entrando no cômodo e indo até os dois. — Solta ele. — Pediu mais uma vez, próximo do acastanhado que nem o olhou. 

 Odiava quando o marido pegava Jungkook para “conversar”. Eles dois eram duas caixas de dinamite. Não podiam lidar em assuntos que envolviam raiva ou algum sentimento negativo. Eles se desentendiam muito fácil. 

 — Eu lido com ele, Seokjin. — Disse sem tirar a atenção dos olhos grandes do filho. — Vai ficar com a Moon e o Jimin.

 — Eu vou atrás do Taehyung. — Disse como se fosse óbvio e foi Jungkook que o encarou sem entender. — Você não viu como ele saiu daqui, não é? — Riu amargo, engolindo as emoções. — E se ele passar mal? 

 — Yoongi está com ele. — Respondeu sem nem pensar que aquilo podia ser muito estranho dali por diante. 

 — Exatamente. — O lutador empurrou o pai, mas sem ser desrespeitoso. — Yoongi hyung está com ele. 

 O mais velho de todos o encarou com os olhos marejados, não reconhecendo seu próprio filho. Quando chegou, viu o garoto totalmente fora de si, descontrolado e cheio de raiva. Não parecia nem estar tratando de um assunto familiar, que envolvia um de seus melhores amigos e irmão mais velho. Não entendia. 

 Fungou e esfregou o nariz com a manga do suéter.

 — Eu vou atrás do meu filho. — Murmurou para si mesmo antes de dar as costas e já partir em uma busca desenfreada pela chave do carro. 

 Ele não atendia o telefone, não importa quantas vezes ligasse. Em nenhuma rede social respondia... Jimin havia levado Moon para dar um passeio, não queriam que ela visse aquela situação deplorável. Ela era muito pequena, não merecia ter um trauma daqueles. 

 Nenhum deles, na verdade, mas há coisas... A vida adulta não se pode ignorar. Infelizmente.

 — Ainda somos uma família depois de todo esse desastre? — Perguntou, o mais novo dali, um tanto irônico. 

 Claro que o policial ia voltar para seu tratamento de choque com o filho, mas Seokjin foi mais rápido. Rodopiou nos calcanhares e foi para cima do de cabelo grande, acertando um tapa em cheio na bochecha. O som estalado fez até Namjoon parar de respirar. 

 Quando o marido tomou seu lugar de carrasco? Afastou-se alguns passos e deixou que o mais velho cuidasse daquilo. Jungkook não levantou o rosto. 

 — Volte a si. — Ordenou baixo, sem muita emoção na voz grossa. — Eu quero o meu filho de volta, não um estúpido. Não foi essa a educação, a criação que demos. — Fungou mais uma vez, ignorando as lágrimas molhando as bochechas coradas pelo calor do momento. — Eu não sei quem é você, mas por favor traga o meu JK de volta. — Pediu baixo, esfregando o rosto novamente. 

 Apenas assentiu e fungou junto, permanecendo de cabeça baixa, ouvindo aquelas palavras que doíam mais do que qualquer sermão duro que Namjoon desse. Porque sabia que se seu pai mais velho falava daquela maneira, a coisa estava séria. Porque ele nunca o fazia. Não era de seu feitio. 

 Mas ali estavam. 

 O de cabelo preto olhou para o lado, encarando o marido que também permanecia em silêncio. 

 — Ele não usou nada. — Respondeu pelo mais novo. — Ele é seu filho, meu filho, não faça perguntas idiotas. — Ralhou bravo e o mais alto abaixou a cabeça. — Ele não é um dos seus caras maus, ele é nosso filho. — Apertou os dentes, magoado. Por que todos os seus meninos estavam enlouquecendo naquela noite? 

 Olhou de relance para o filho que se mantinha de cabeça baixa e ficou mais quebrado ainda. Não queria ter sido tão duro, mas... acabou descontando nele. Por ver em Jungkook alguém forte e muito petulante, acabava... às vezes... tratando-o de igual para igual, esquecendo que ainda era pai dele. Ainda era para ser o herói daquele louco que se autoproclamava herói de sua própria história, mas adorava se esconder atrás do pai. 

 Tinham uma ligação diferente. 

 — Tire seu carro do caminho. — Pediu ao mais novo que levantou um pouco o olhar, parecendo mais calmo agora. — Vou sair com o meu.

 — Amor, espera. — Chamou o acastanhado, tocando a cintura do cozinheiro que o encarou. — Eu vou com você.

 Negou.

 — Você fica e limpa a bagunça com o Jungkook. — Indicou a casa. — Eu vou sozinho. 

 — Amor.

 — Namjoon. — Pediu baixo, afastando-se devagar. — Por favor. — Quase silabou, desesperado para sair e ir atrás dos filhos. 

 A forma que saíram o preocupou. Yoongi não estava em condição alguma de dirigir, Taehyung estava no fio da navalha... O que aconteceria com aqueles dois? Precisavam conversar, precisavam... não sei... O policial negou. Não o deixaria sair de casa, nem que ele implorasse. Era perigoso, tarde e, mais do que isso, precisava dele ali. 

 Não podiam fazer muita coisa no momento.

 — Eu não quero perder os meus filhos, Namjoon. — Disse quebrado, chorando finalmente, não conseguindo mais segurar. Foi puxado para os braços do marido, sendo guardado naquele abraço forte e quente. — Eu quero os meus filhos, eu quero agora. — Balbuciou abafado, socando o peito do delegado que se manteve firme, ainda prendendo-o. — Eu preciso-...

 — Pai... — Jungkook tentou, o tom manso e compadecido, sentindo-se mal até para pensar em abraçá-lo.

 — Eu quero meus filhos. — Repetiu em soluços fortes, agarrando-se ao corpo do esposo. Estava com medo, ansioso, assustado, perdido...

 Queria seus garotos ali. Juntos. Todos eles. Onde estavam? Por que não atendiam? Merda. Taehyung... Taehyung era seu bebê. E se algo acontecesse com ele? Jamais se perdoaria. Nunca. Nunca mesmo! 

 Mas confiava em Yoongi, mesmo que... aquilo, no momento, significasse... 

 Largou-se nos braços do mais novo e deixou o desespero tomar conta de seu corpo. Estava sem forças. Foi guardado pelo policial que elevou o olhar para o filho lutador que tremia os lábios, tentando segurar o choro. Não queria chorar. 

 Mas não conseguiu. 

 — Vem cá. — A voz grossa, agora cheia de amor, chamou o filho que foi sem nem hesitar, mesmo escondendo o rosto com as mãos machucadas. 

 Foi abraçado pelo braço disponível do delegado e, escondido ali, permitiu-se chorar como poucas vezes se deixava transparecer. Escondeu o rosto no pescoço dele e ganhou um beijo na cabeça. Chorou um pouco mais. Envergonhado, triste, decepcionado, confuso... Estava uma verdadeira merda. 

 O líder dos Kim permaneceu ali, abraçado a dois de seus meninos e tentando ser forte. 

 — Me perdoe. — Pediu baixo ao filho. — Eu te amo. 

 Assentiu entre o choro, sendo apertado um pouco mais. Só queria que tudo voltasse a ser como sempre foi. Voltar para aquela tarde, em que jogaram futebol, riram, foram os idiotas de sempre. Queria voltar para a viagem que fizeram para um resort em Jeju, todos. Passaram um fim de semana tão bom...

 Queria voltar para a noite dos garotos antes do casamento de Hoseok, na qual foram eles mesmos. Só eles. Por que tudo tinha que mudar agora? Logo agora? Daquele jeito? Céus...

 Por quê? 

...

 Já era madrugada quando conseguiu ter coragem para entrar no quarto de Taehyung. Com muito respeito, ficou parado na porta por um tempo, como se aquele sujeitinho cheio de energia viesse pular em seus braços, pedindo para entrar logo e ver seus novos desenhos. 

 Não tinha som ali dentro, não tinha luz e também não tinha o mais importante: Taehyung

 Mas, mesmo assim, esperou. Respirou fundo, captando aquele cheiro gostoso de aromatizador que o filho sempre usava, misturado com cheiro de perfume, incenso... Era o cheirinho dele. Do seu bebê. Engoliu em seco e entrou em passos lentos, olhando ao redor, o cômodo mal iluminado por causa da luz do corredor. Olhou para baixo e viu algumas roupas no chão. 

 Abaixou e pegou a camisa listrada de que ele tanto gostava. A favorita. Tocou a roupa com muito respeito e amor, movendo o polegar devagar ali, sentindo a maciez do tecido. 

 Respirou fundo e olhou ao redor mais uma vez, a bagunça atípica... Taehyung nunca deixaria o quarto daquela maneira. Era metódico demais. Olhou para próximo da janela e não achou o cavalete. Andou um pouco mais e pisou em algo, olhou para baixo e viu a tela virada para o chão. Então entendeu que o cavalete também deveria estar no chão. Não conseguia nem imaginar a cabeça do filho naquele instante. 

 Para ser bem honesto, não conseguia nem... saber o que estava passando na própria cabeça. Engoliu em seco e se encaminhou para a cama bem arrumada, sentando ali. No escuro. Sozinho. Olhou para a blusa em suas mãos e se questionou: era um bom pai? Tudo o que fez... foi o suficiente? Em algum momento... falhou? 

 Sabia que não era perfeito. Nunca foi. Mas tentou... porra, sempre tentou tanto. Fazia o possível e o impossível. Em que momento as coisas ruíram e não pôde segurar? Por quê? Por quê? Negou. O silêncio era muito autoexplicativo para sua retórica. Não tinha respostas, mesmo que ficasse a madrugada toda ali, tentando achar alguma brecha, alguma coisa.

 Qualquer coisa. 

 O ser humano era estranho... Lidava com ele todos os dias. Todos os tipos dele! Os ruins, muito ruins, os odiosos, os mais doces, os mais amáveis, os chatos, os legais, os educados, os grosseiros... Todos. Podia dizer que era um homem com vasta experiência em ser humano. Mas não só isso. Era um policial; um delegado. Já havia sido soldado da melhor e maior esquadra militar sul-coreana. Viu; ouviu; sentiu; passou por coisas que a maior parte dos coreanos comuns nunca iriam nem imaginar. 

 É, Kim Namjoon tinha bagagem. Mas, mesmo com toda aquela bagagem, mesmo com sua mala cheia de experiências, palavras, respostas prontas e pensamentos aleatórios, não soube responder à própria pergunta: o que estava acontecendo? Como poucos minutos poderiam se tornar piores do que anos? 

 Como aquela briga foi mais difícil do que sua pior missão policial? Como?

 Teve Yoongi em seus braços do mesmo jeito que havia visto poucas vezes. Sentiu, ali, que poderia perder o filho. Seu melhor amigo. Ele estava bem longe, muito longe de seu próprio eixo. E Taehyung... seu bebê... Ele chorou tanto. Não era para chorar, ele não podia chorar. 

 Seu tão alegre Jungkook... Seu tão sorridente Jimin... Seu esposo... seu lindo esposo tão doce... 

 Apoiou os cotovelos nas coxas e abaixou a cabeça, refletindo. O que iria fazer? O que deveria fazer? O que... hipoteticamente deveria ser feito? Não sabia. Não sabia de nada mais. Namorando. Como...? Como? Pensou em Sook. Sua irmã mais nova. Amava aquela mulher. Nunca pensaria... não conseguiria. Então como? Como? 

 Queria poder achar uma resposta, alguma coisa, qualquer coisa, mas não sabia como. Não sabia nem o que fazer. 

 A luz foi acesa e rapidamente elevou o rosto, encarando a figura pequena ali, forçando um sorrisinho nos lábios grossos. Sorriu junto. Jimin era uma luz na sua vida. 

 — Qual a probabilidade de meu pai acordar e surtar se não te achar na cama? — Brincou com o pai que riu nasal e voltou a olhar para baixo. 

 Entrou no quarto que um dia também foi seu. Olhou ao redor, sentindo frio com aquele quarto sem o garoto de sorriso quadrado. Enfiou as mãos nos bolsos dianteiros da calça e não soube o que dizer. Estavam todos meio estranhos. 

 — Jungkook está dormindo com ele. — Disse e Jimin abriu os olhos sem entender. Sério aquilo? Riu nasal novamente. — Não tem espaço pra mim, na verdade. — Levantou o olhar, brincalhão. 

 — Oh. — Encostou no guarda-roupa. — O policial está de ronda hoje. Entendi. — Refletiu, olhando para o lustre bonito no teto do quarto. — Esse lugar ficou legal... — Comentou. Seu irmão tinha mesmo um bom senso de organização e decoração. — não diga que o Minho hyung que decorou? 

 Negou orgulhoso. Minho não tinha opinado em nada, aliás. 

 — Foi seu irmão. — Sorriu feliz pela independência do filho mais novo entre os meninos. — Sozinho. 

 — Wuah, ele é incrível. — Sorriu consigo mesmo. 

 Assentiu, apenas isso, encarando a camisa em suas mãos. Onde estariam seus dois garotos? As coisas ficavam estranhas quando brigavam e não se ajustavam logo depois. Não estava acostumado com isso, nunca acontecia. Lambeu os lábios e se perdeu tanto nos pensamentos que nem percebeu quando o filho sentou ao seu lado na cama. Respirou fundo. 

 Estavam mesmo em uma situação difícil. Mas... não podiam se desesperar. Se todos surtassem em coletivo, então... bom...

 — Coloquei a Moon na cama. — Contou e o delegado sorriu agradecido para o de cabelo preto. — Ela ficou mais calma também, Jungkook conversou com ela... Explicou o que houve. — Disse baixo, movendo as pernas grossas, ansioso demais para ficar parado. 

 — Explicou?

 Riu fraquinho e notou que precisava detalhar melhor aquela situação. Óbvio que seu melhor amigo não seria maluco de fazer aquilo da forma literal. 

 — Não assim, pai. — Deu-lhe uma ombrada. — Mas falou que ele brigou com o Yoongi hyung e o Taehyung foi acalmar o hyung. — Assentiu compreensivo e o personal trainer assentiu junto. — Pai. — Chamou baixinho. Os olhos sempre tão apertadinhos estavam grandes, atentos ao mais alto que o olhou. — Quer chorar? — Ofereceu ao acastanhado que sorriu fraco e continuou admirando o rosto adorável de um de seus garotos. — Tá tudo bem, sabe... — Refletiu. — todos nós choramos um pouquinho hoje... 

 O maior assentiu e voltou a olhar para a roupa de seu caçula. Queria tanto seus filhos de volta, ali, para poderem conversar, resolver o que precisava ser resolvido. Mesmo que soubesse que não aconteceria assim porque o assunto era muito mais delicado do que apenas uma desavença em família. 

 Precisavam de um tempo. Cada um em particular. 

 — Eu só... — Respirou fundo, rindo sem humor. — estou cansado, sabe? — Olhou para o mais novo que ainda mantinha aqueles olhões atentos. — Um pouco perdido também. — Admitiu para si mesmo, mas o homem ouviu. 

 — Uh. — Concordou, mostrando que havia entendido. Ajeitou-se na cama, indo para trás, ficando com os pés desencostados do chão. — Deita aqui. — Bateu nas coxas grossas, mostrando que poderia ser um bom travesseiro. — Tá muito tarde para tentar se achar e você está cansado, né? Melhor descansar. — Abriu um sorriso sem mostrar os dentes, mas os olhos voltaram a ser risquinhos lindos. 

 Namjoon encarou o filho e sentiu a garganta travar. Sentiu tanta falta de Jimin... tanta... Como alguém podia ser tão suave até naquela situação? Não existia. Era tão grato pela vida do marido, porque dele haviam vindo dois presentes lindos e perfeitos. A vida lhe deu mais dois garotos para cuidar, amar e proteger; e foi a coisa mais maravilhosa que lhe aconteceu. Seus meninos.

 E agora sua filha... Eram tudo para si. Eram tudo, absolutamente tudo. Não viveria sem eles. Nunca. Eram sua vida, a vida de Seokjin. Os seis.

 Bateu novamente em suas próprias coxas, chamando o pai. 

 — Você muito fez isso com a gente. — Disse devagar, carinhoso. — Acho que está na hora de retribuirmos, não é, pai? — Sorriu um pouco mais e o delegado não conseguiu responder.

 Apenas... encolheu-se naquela cama que cheirava puramente a Taehyung e deitou no colo do baixinho de bochechas fofas. Fechou os olhos e deixou as lágrimas rolarem silenciosamente, perdendo-se no jeans preto do filho. Ganhou carinho no cabelo. 

 Jimin tinha consigo sempre o que os pais lhe diziam sobre os valores familiares, que deveriam apoiar uns aos outros e sempre ser suporte. Se eu tenho um e você dois, então ambos temos um e meio. Naquele caso, estava fraco e cansado também, mas Namjoon estava mais. Seus pais estavam péssimos. Então, bem, já que estava menos deplorável, tomaria conta dos homens de sua vida. Seus dois pais, os dois amores de sua vida.

 Havia sido essa promessa que havia feito para si mesmo, assim como todos os membros daquela família. Cuidariam daquilo que tinham, por mais que o senso comum dissesse que eram fora dos padrões, errados e não eram uma “família”. Por isso precisavam tanto se juntar. Precisavam estar juntos. Eram um time... né?

 Uma gangue tem de estar junta, sempre, porque se se separarem... ficam fracos. Não é assim que funciona?


Notas Finais


Quem quiser usar a hashtag #wuahtaegi para quebrarmos o twitter MAIS UMA VEZ, pode, porque eu amei interagir com vocês, ver os memes... cês são demais. Esse capítulo é o restinho do de antes, porque se eu juntasse ambos ia ficar muito grande, então preferi fazer assim. Não tem muita informação, mas tem sentimento, ô se tem. Taehyung cantando em francês >

Sim, cantando, porque aquilo ali é uma música >,<

NO MAIS, eu quero agradecer MUITO o hype que cês deram no capítulo anterior, nas reviews, na hashtag, nos favoritos, sério... surreal. Eu sempre acho que devo agradecer a vocês, porque namoral, isso é tudo por causa de vocês mesmo. Amo cada um bem grandão. Continuem nesse pique que vou tentar continuar no meu e vamos ser muito felizes, okaaa?

Sobre o Jungkook: ALGUNS LEITORES ACERTARAM NA TEORIA NO CAPÍTULO ANTERIOR. Apenas isso que tenho a dizer.

Meu twitter pra quem quiser: @sarcasmoflet e até o próximo, ♥


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