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História Our Time - Burn Me


Escrita por: paansy

Notas do Autor


Como foi o fim de semana de vocês, bem? Cá estou eu com mais um capítulo, esse um tiquinho excedido com 9k, MAS é porque eu tinha que dar um fim nesse ciclo da viagem do Yoonz. Eu, pessoalmente, achei um capítulo chatinho, mas se agradar vocês, eu fico feliz.

Espero que gostem, tenham uma boa leitura.

Capítulo 20 - Burn Me


 

Bebeu um gole de água sendo ajudado pelo pai e respirou fundo. Aquela sonolência estranha já havia passado, pelo menos em partes. Depois de conversar com Yoongi, aceitou dormir.

Não muito, mas aceitou.

Dormiu cerca de quatro horas e já estava desperto no início da madrugada.

— Ainda acho que você deveria dormir um pouco mais. — Seokjin colocou o copo descartável em cima do criado-mudo enquanto o filho se ajeitava na cama. O olhou. — Como se sente? — Voltou a ficar perto, sentando na borda da cama.

Suspirou meio sonolento, mas bem mais tranquilo. Assentiu devagar e sorriu pequeno, mostrando que estava "okay". "Bem" era uma palavra forte demais para dizer, então... apenas: okay.

— Meu pai conseguiu? — Perguntou encarando o rosto lindo do mais velho que assentiu. Ficou mais tranquilo. — E então? Ele já falou algo? Veio aqui enquanto eu estava dormindo? — Desatou a perguntar, um tanto afoito.

Queria ter visto Namjoon. Queria ver ele pegando aquelas pessoas... queria saber dele. Um abraço também. Tinha uma sensação tão boa de proteção quando tinha o pai mais novo por perto. Claro que ele tinha salvo a vida deles... claro!

O chef lambeu os lábios secos e desviou o olhar. Como dizer aquilo? Ajeitou o braço imobilizado e pensou um pouco. Taehyung notou algo errado... por que tanto desânimo? Sua animação caiu. 

— Ele... — Coçou a garganta, preferindo ignorar suas dúvidas anteriores. — ele, pelo menos, disse algo sobre? — Continuou a encarar o mais alto que assentiu.

— Já foi feito o interrogatório. — Encarou o filho. — Os dois caras foram fichados e pelo que o Joon disse, — Um tanto contrariado, negou. Aquilo parecia muito simples. — era tentativa de assalto.

Estranhou. Assalto? Por que não interceptaram outras pessoas enquanto fugiam? Correram muito de carro. Aquilo era meio esquisito. Recostou as costas na guarda da cama e desviou o olhar. Assalto... será mesmo? Ainda assim, era assustador.

Achou o pinguim de pelúcia ao lado de seu travesseiro e rapidamente o tomou entre os dedos, sorrindo consigo mesmo. Dormiu pertinho...

Seokjin o olhou um tanto analítico, sabendo o que era aquilo, mas preferiu não dizer nada.

— De todo o modo, — Voltou a dizer, chamando a atenção do garoto. — eles estão detidos. Namjoon não me disse mais detalhes.

— E seu braço? — Indicou a tala e o acastanhado olhou para si mesmo. — O que aconteceu? Eu não lembro.

— Eu fraturei o cotovelo. — Deu de ombros, não era uma grande coisa. Taehyung ainda assim, pareceu incomodado. — O carro bateu na minha lateral e aí... — Riu baixinho e o pintor não achou graça. Aquilo era ruim. Lambeu os lábios e levantou da cama. — Hoseokie pediu para te avisar que foi embora, mas vem te buscar amanhã. — Assentiu ainda não falando nada, por isso Seokjin, incomodado com aquela estranheza, achou melhor continuar. — Mas eu achei melhor, — Aumentou um pouco o tom, meio inseguro, encarando o de voz rouca. — você ficar comigo... — Quase sussurrou, com medo que o filho recusasse.

Tinha medo do que ele estava pensando ou sentindo. Geralmente entendia rápido o que se passava com suas crianças, mas naquela situação era difícil. Muito. Não tinham um problema "comum" na família, era algo... algo realmente... por isso o encarou com certo pé atrás.

Por outro lado, o Kim mais jovem não respondeu de imediato, mas também não pôde evitar a estranheza que sentiu ao pensar em voltar para casa. Estava pronto para enxergar aquela sala que foi palco para a maior desgraça de sua vida? Ver seu pai Namjoon... ele claramente não queria vê-lo, então por que...? Não!

Sorriu pequeno e entreabriu os lábios para dizer algo, mas só suspirou. Um suspiro longo que demonstrava seu cansaço com o assunto. Aquilo sugava todas as suas energias.

— Acho melhor não. — Respondeu após alguns segundos, tentando não soar rude para não machucar o pai. Porém sabia que ia. Seokjin o encarou de maneira totalmente desolada. — Quero ficar com meu irmão ou — Deu de ombros. — na casa do Yoongi.

Respirou fundo, o cozinheiro. Yoongi... então a falta de honoríficos já havia chegado. Aquilo foi ainda mais estranho. Não disse nada, nem sabia o que dizer, simplesmente ficou quieto. Olhou por um momento o esverdeado com aquele pinguim de pelúcia em mãos, o semblante cansado. Por que aquele teimoso não aceitava ser cuidado? Mas que droga!

Era pai dele.

— Não se afaste de mim assim. — O tom tão baixo e machucado fez o mais novo rapidamente negar.

Não era isso. Não era nada disso!

— Eu não-...

— Te conheço, Taehyung. Eu te conheço. — Sorriu triste. Ele ia tentar mesmo fingir ou mentir? Em sua cara? — Às vezes eu penso que não queria conhecer tanto cada um de vocês, porque dói. — E doía mesmo, mas nunca reclamou. Nunca pediu para mudar! Era pai deles e isso era a coisa mais incrível que lhe aconteceu. — Eu conheço cada pedacinho de vocês, então não minta pra mim. — Avisou mais sério e o artista plástico piscou rapidamente os olhos grandes, meio desnorteado com aquilo. — De novo. — Relembrou baixo, sua mágoa.

Fazia de tudo para que eles confiassem em si, que contassem tudo, que o deixasse fazer parte de suas vidas, mas o que ganhava em troca? Segredos? Mentiras? 
Isso não era justo. Eles eram sua vida, por que o excluíram daquela maneira? Eram seus filhos, droga, não "qualquer um".

Seus filhos!

Taehyung se irritou um pouco. Seu pai era meio egoísta, achava.

— E como você quer que eu fique na sua casa, sendo que o Namjoon-appa nem olha na minha cara? — Também elevou o tom de voz, mostrando chateação. — Como quer que eu me sinta com isso?

— E o que você esperava?

— O que o senhor espera? — O enfrentou, mas com respeito, os olhos nem tremiam. Estava tão sério. Ficaram em silêncio, se encarando. O mais velho tendo as bochechas coradas. — Que fôssemos uma família feliz depois disso tudo? Que todos ignorassem? Que eu chegasse na maior naturalidade do mundo, e falasse: Oi, então, eu e o Yoongi estamos namorando? — Disse tão rápido e irritado, que o mais velho não entendeu muito a hostilidade, mas ficou quieto. Taehyung riu amargo e negou. — O senhor não faz ideia do que eu passei.

— Eu não sou adivinho! — Retrucou. — Como eu ia saber se vocês não falaram nada?

— Pai. — Chamou alto, no limite de sua paciência. Aquele assunto... aquele assunto já havia dado a cota.

— Por que tá puto comigo? — Continuou no tom alto, ofendido por aquela hostilidade. O outro desviou o olhar e apertou os lábios fechados. — Você deveria saber as consequências dos seus atos.

— E eu sei.

— Então por que tá com raiva?

— Porque eu odeio que nos olhem da forma que o senhor está olhando agora. — Acusou chateado, não gostando daquela piedade no olhar. Aquilo não. Nunca! — Não merecemos sua piedade e nem a de ninguém! — Rangeu os dentes, mostrando que a hostilidade era a única coisa que tinha para defender seu coração. — Por favor, não ache que não somos capazes de aguentar isso. — Pediu ainda entredentes, apertando o pinguim entre os dedos da mão direita e o lençol na mão esquerda.

Ficaram em silêncio novamente. O clima pesou e ambos não queriam ceder. Ninguém parecia querer ceder. O de cabelo verde sentia-se afrontado, subestimado. Não tinha medo, não estava com medo. Talvez nervoso, mas não com medo. ...

Bem...

Não precisava de ninguém o protegendo 24h e nem da autopiedade de seu pai. Nem de ninguém. Cresceu vendo muita gente se compadecendo de sua vida só pela sua história. Sua mãe havia morrido ao lhe dar à luz, seu pai biológico era um ponto de interrogação, tinha epilepsia e era filho de um casal gay.

Pronto. Isso já era motivo de tanta, mas tanta merda. Estava de saco cheio! Sempre teve regalias em sua vida e não negava. Se tinha um problema, seus irmãos resolviam, se queria, tinha, se pensava, fazia. Nunca precisou de nada além do que tinha, então por que as pessoas ainda achavam que precisava de ajuda? Não, não precisava. Sabia viver e se defender. Já teve o suficiente.

Obrigado, mas não, obrigado!

Amava seu pai com toda a força que possuía, mas ele era o maior de todo aquele cuidado. Não achava natural alguém aceitar sua situação em tão pouco tempo. Como Seokjin estava ali? Lhe encarando? Não, isso não era normal. Só podia ser caridade ou pena. Oh, pobre Taehyung, tão novo e tão problemático.

Não precisava daquilo. Não precisava!

— Não pense que só existe seu mundo com Yoongi e o resto é inimigo. — Pediu o mais velho, mais baixo, mais calmo. — Você está sendo precipitado e ignorante.

O encarou de volta. Como assim? Sério? Ignorante? Ia falar mais alguma coisa, mas se calou ao ver o olhar pesado. A voz travou. Sabia que era hora de parar. Desviou o olhar e respirou fundo. E não era assim? Hum? Não era assim que as coisas funcionavam?

Se não era apenas ele e Yoongi, então como era? Na briga, em casa, como foi? Ein? Havia mais alguém? – E não, Hoseok, Yugyeom e Jinyoung não contavam. Pelo menos não em sua mente.

Manteve o olhar na parede contrária, não querendo encarar o pai, porque sabia que era analisado. Não queria vê-lo, não queria ver ninguém. Esfregou a mão no nariz, sentindo um nó se formar em sua garganta. Merda. Ia segurar, não ia chorar. Não, não ia. Apertou mais o pinguim em sua mão, desejando que Yoongi voltasse logo.

— A Moon quer te ver, não menti quando disse isso na cafeteria. — Manteve o tom sério e firme, encarando o filho. — Não faça isso por mim ou pelo Namjoon, mas faça por ela. — Olhou para a porta. Talvez fosse melhor sair... — Ela não tem culpa, não a envolva em sua ignorância. — Deu o recado antes de ir até a porta e abrir. Não era bem-vindo, pelo visto. — Vou ficar aqui fora, amanhã você tem alta às seis, peço ao Hoseok para vir te buscar. — Saiu e fechou a porta, não dando tempo para o mais novo falar algo.

Mas também não viu os lábios dele tremendo, os olhos se enchendo antes se transbordarem em um choro mudo. Não fez nenhum barulho e também não se moveu, apenas deixou as lágrimas rolarem por suas bochechas... tinha tanta coisa para dizer ao pai, mas por que foi tão rude daquela maneira? Por que era tão rude quando o assunto "ele e Yoongi" era tocado? Era apenas Seokjin ali...

Seu pai, seu melhor amigo...

Escondeu o rosto nas mãos, levando até a pelúcia junto, molhando com as lágrimas de alguém realmente perdido e sem saber o que fazer. Queria tanto alguém para dizer que caminho tomar, o que fazer. Não sabia.

Ainda não sabia bem como andar sozinho.

...

O afterparty de um evento nunca lhe interessou muito. Era cheio, muita fumaça... barulhento... não fazia muito seu tipo. Gostava de espaço, gostava de silêncio e paz. Principalmente paz, o que não vinha tendo geralmente. Tomou um gole do whiskey e relaxou o corpo no sofá preto, o lugar exclusivo.

Pelo menos ali não tinha ninguém esbarrando em seu corpo. Olhou para o lado e viu seus amigos se divertindo entre risadas, cigarros e algumas mulheres. Como eles conseguiam? Aquilo era uma bagunça. Aproveitava o som de algum rap internacional e bebia em sua própria companhia.

Estava tudo na centralidade.

Sentiu uma dor chata nas costas e imediatamente desencostou do sofá. Ainda aquele hematoma irritante... sinceramente... Jungkook ia lhe pagar caro por isso.

— Yoongi-ya. — Ouviu a voz rouca de Sang, olhou para o lado e viu o homem quase sumido na fumaça do cigarro eletrônico. — Onde se meteu que está todo fodido? — Indicou seu rosto machucado.

Riu fraco, quase sem mover os lábios. E agora, ein, Kim Jungkook? O que poderia dizer?

— Briguei com uma pessoa. — Apenas disso, sem nenhuma intenção de citar o nome do irmão. Isso poderia dar problema para ele.

Sabia das regras. Ele jamais podia usar suas técnicas fora do octógono, ainda mais em alguém que não tinha o mesmo nível de habilidade. Sabia disso. Se a mídia soubesse ou a organização do UFC, então ele poderia até perder o cinturão, poderia ser afastado... não podia tirar daquele idiota a única coisa que ele amava, que ele realmente queria e era bom.

Seria covardia e amava muito aquele babaca dentuço, para pensar em ser covarde ou qualquer merda do tipo com ele.

Voltou sua atenção para o copo gelado, mas acabou tomando um susto quando uma mulher de vestido curto veio se aproximando.

— Cuide bem do meu amigo, Lili-ya. — Olhou imediatamente na direção da voz e viu Owen, o rapaz de touca e com uma mulher em seu colo, apontar para si. — Ele passou um estresse hoje e precisa descansar... — Sorriu sugestivo para o mais velho. — amanhã ele tem um show importante.

Quê? Mas... quê? Olhou para cima, onde a mulher bonita de traços ocidentais sorria pequeno e lhe estendia a mão, mas sem a falta de cumprimento, recebeu um carinho no pescoço. Fugiu do toque, claramente mostrando seu desconforto. Bufou. Tinha esquecido que, apesar de adorar estar com seus amigos, ainda se irritava com aquelas coisas.

A tal Lili sentou ao lado e passou a mão delicadamente em sua coxa, tentando chamar atenção, mas só conseguiu lhe deixar mais desconfortável. Será possível que nem ali teria sossego? Teria que ir para o meio da multidão para se ver em paz? Educadamente tirou a mão da garota e a encarou, negando.

Não estava interessado. Não estava disponível.

— Me desculpe. — Pediu em inglês, querendo ser entendido com clareza.

— Não quer companhia? — Ele perguntou e sua voz também era bonita. Era uma mulher muito bonita.

Mas não era como todos os homens ali. Não era quem ela estava esperando encontrar: infelizmente ou felizmente. Não sabia dizer.

Negou novamente.

— Não preciso. — Sorriu forçado e ela entendeu o recado, porque levantou e lhe deu um último sorriso antes de ir para outro homem.

Virou o olhar raivoso para o amigo de piercing no nariz, mostrando seu claro desagrado. Não precisava de mulher, caralho, não era como eles. Além disso, como iria pensar em outra coisa se lá na Coreia tinha acontecido aquela merda? Taehyung... como será que ele estava?

Ainda não estava mexendo no celular, porque mandou mais mensagens e ele sequer leu. Estava no hospital, por que não respondia? Ele estava deitado, porra.

Olhou para frente, a luz roxa iluminando aquele monte de fumaça e corpos dançando. Quanto mais ficava ali, menos se sentia parte daquilo.

— Tá dispensando mulher por quê? — Olhou para o lado assim que Owen sentou ali. Nem viu ele dispensar a garota que estava consigo. Ele riu, mesmo sem resposta. — Não me diga que já tem uma... — Apontou para o menor que o encarou sem entender a animação. — Wuah. Nem vem! — Lhe deu uma ombrada fraca, amigável. — Você ficou noivo por muito tempo, agora é hora de curtir. — Explicou o que Yoongi nunca entendeu.

Qual era o conceito de diversão daquelas pessoas? Não era o seu, definitivamente. Negou e tomou mais um gole. Owen era legal, mas fazia tanta besteira que preferia se manter afastado em uma distância segura.

— Ya. — Ele disse animado após tragar o cigarro eletrônico e expelir a fumaça. — Por que trouxe aquele cara com você? — Perguntou baixo ao ouvido do amigo que lhe encarou sem entender de quem ele estava falando. Que cara? — Aquele... — Indicou a pista de dança. — qual é mesmo nome dele? — Pensou alto.

— Bobby? — Perguntou sem entender. Só tinha ido acompanhado dele, então...

O americano-coreano assentiu e sorriu por lembrar o nome daquele rapper que sempre esquecia. Lembrava por "amigo de Yoongi".

Por outro lado, o mais velho não entendeu a pergunta.

— O que tem ele? — Questionou baixo, mantendo aquela conversa particular.

O de touca deu de ombros.

— Fiquei sabendo que você ia embora e ele que ia entrar no seu lugar. — Assentiu para a informação e entendeu menos ainda quando o maior negou e riu fraco. — Faz isso não. — Bateu a mão no ombro escondido com um moletom. — Estamos ansiosos pra te ver no palco de novo.

Sorriu pela primeira vez depois de toda aquela conversa maluca e assentiu. Não ia embora. Assentiu fraco e devolveu a ombrada amigável de outrora. Owen era maluco, mas era legal.

Olhou para a entrada ao ouvir uma voz conhecida. Era Jiwon. Ele segurava uma garrafa grande, branca, em uma mão e tinha o cabelo roxo suado. Estava bêbado, com certeza.

— Meu amigo está aí. — Explicou para o segurança da entrada. — Eu também sou rapper, tá me entendendo? — Enfrentou o homem mais alto e continuou não tendo acesso.

Owen cutucou o mais velho e fez uma cara que explicitava muito o que realmente queria dizer: "eu avisei". Respirou fundo. Aquele louco não podia beber, realmente, esqueceu isso.

Encarou aquilo novamente. Que cansativo... parecia uma criança.

— Yoongi! — Ele chamou o encarando lá de fora. — Diz pra esse filho da puta que eu tô com você. 

O segurança olhou para dentro e com apenas um assentir do rapper, a entrada foi liberada. Owen segurou a risada e ocupou a boca com o cigarro, puxando o fumo enquanto observava aquela criatura esguia e com a blusa larga de mangas cortadas, se aproximando.

Ele era icônico. Um bom rapper, mas muito espalhafatoso.

— Você não vai acreditar. — O de cabelo roxo começou a rir, quase caindo ao tropeçar nas próprias pernas. O mais velho o segurou. — Ah, não vai mesmo. — Disse animado olhando para o mais velho, o segurando pelo pescoço só para trazer pra frente e falar melhor por causa da música. — Você não vai acreditar! — Gargalhou e o hálito de bebida acertou o de cabelo curto que fez careta e desviou o rosto. Estavam perto demais. — Achei duas mulheres perfeitas. — Riu mais e o outro revirou os olhos. — Uma delas é modelo.

— Ah, legal. — Tentou fazer o músico sentar, mas ele não quis, continuou o segurando.

— Para, Yoongi, estamos aqui, não é? — Disse animado, puxando o amigo para que se olhassem. — Hong Kong, a vida só se vive uma vez. — Disse sério, mas logo riu, vendo a expressão confusa do mais velho. Negou. Yoongi era engraçado. — Essa noite é gloriosa, temos que aproveitar.

— Pega as duas pra você, então. — Facilitou a situação querendo se soltar. Que ele caísse no chão, não ligava.

Que babaca...

Owen ainda fumava e via aquilo como se fosse um filme interessante. O tal Bobby era engraçado.

— Não, não, não. — Negou repetidamente, tropeçando quando foi empurrado pelo menor. — Eu disse que a grande estrela, o rapper mais amado da porra da Coreia, — Disse mais alto, fazendo cena, abrindo os braços e encarando fixamente o rapper que voltou a sentar e pouco ligou para aquilo. — era meu melhor amigo. — Tocou o coração por cima da camisa suada. Yoongi revirou os olhos. — Preciso de você! — Tentou se aproximar de novo, mas parou quando viu o olhar sério do veterano. — Que foi? É mulher, cara, não droga!

— Desiste, roxinho. — O americano disse rindo daquele teatro. — Também ofereci uma linda para nosso amigo, mas — Torceu os lábios e envolveu os ombros estreitos, o abraçando, mas logo o rapper fugiu daquele toque. Riu. Como o esperado... — ele não quer. Não quer nenhuma mulher.

— Hã? — Como assim Yoongi não queria nenhuma mulher? Um pouco confuso encarou o de cabelo curto que bebia calmamente, cruzando as pernas, parecendo bem tranquilo. — Como assim não quer nenhuma mulher? — Franziu o cenho antes de rir debochado. — Quer homem agora?

— E se for? — Virou o olhar para o mais alto, o desafiando.

Primeiro: qualquer respostinha desagradável – homofóbica – o tiraria da centralidade. Nunca foi escondido o fato de sua família ser totalmente fora dos padrões naturais da Coreia do Sul. Nunca teve vergonha e muito menos queria esconder.

Seu pai era casado com um homem, e aí? O que tem de mais?

Segundo: Taehyung. Ele existia e era por ele que estava lutando, não? Não queria outra pessoa. Mulher ou homem, não queria.

Queria aquele pirralho de olhos grandes e cabelo desbotado. A voz rouca, o corpo perfeito, o sorriso quadrado... queria ele. Apenas ele.

Jiwon ficou sem palavras. Owen também. Olhou de um para o outro e respirou calmo, bebendo novamente. Seu whiskey estava acabando, aliás. Onde estava o garçom?

Ou aquilo era um sinal de que era hora de ir embora?

— Tá zoando? — O arroxeado disse rindo fraco, meio zonzo. Ele não quis dizer aquilo, certo? Era brincadeira...

— E faz alguma diferença pra alguém aqui se eu decidir ficar com algum homem? — Perguntou direto, olhando para os dois amigos que negaram, mas o clima continuou pesado. Ergueu o cenho e riu fraco, olhando o copo.

Owen coçou a garganta, querendo melhorar o clima.

— Até parece que algum cara vai aguentar esse seu senso de humor horroroso. — Debochou e Yoongi riu. Riu mesmo, genuinamente, pela primeira vez.

Porque aquilo o lembrou Taehyung, ele o aguentava, não é? O amava daquele jeito e não fugiu. Em nenhum momento fugiu ou pediu para mudar. Ele apenas... o amava. Era bom o suficiente para aquele moleque. Isso era o suficiente.

Se ele gostava, então tudo bem. Estava feliz assim.

— Não é senso de humor se está sempre comigo. — O corrigiu, ainda risonho. — É personalidade.

— Que cara ia gostar dessa sua personalidade horrorosa? — Consertou rindo, implicando com o músico que também riu e negou.

Jiwon ainda estava estranhando aquela situação. Sua energia caiu um pouco e mais uma vez analisou o amigo. Será mesmo que ele gostava de homens agora? Isso era esquisito. Coçou a testa.

— Existe um, acredite ou não. — Respondeu o menor, chamando a atenção dos dois.

Então havia alguém? Por isso que ele estava ignorando todas as mulheres? Aquilo era uma novidade. O arroxeado se sentiu mais confuso. Havia um cara, então?

Havia! Estava bêbado, não surdo, não burro! Havia alguém. Yoongi tinha alguém.

Quem era? Um homem... que homem era esse?

...

Deslizou os dedos pelo cabelo negro e respirou fundo. Estavam na rede e com as pernas, se balançava devagarzinho, vendo a chuva caindo lá fora. Era uma noite um tanto quanto feia. Não gostava de tempos chuvosos. Olhou para baixo, velando o sono tranquilo daquela criaturinha enérgica. Moon estava apagada.

Sorriu fraco. Ela parecia um anjinho enquanto o abraçava e usava seu peitoral forte como travesseiro. Vestia uma de suas menores camisas, mas que nela tinha ficado maior que um vestido. Nem precisava de cobertor.

— Ei, fiz pra você. — Olhou para o lado e viu Jimin ali, segurando um copo de chá. Sorriu fraco e estendeu a mão livre, pegando a xícara quente. O baixinho sorriu e caminhou até se encostar na sacada, cruzando os braços sobre o dorso vestido com uma camisa branca de dormir. — O papai mandou uma mensagem perguntando se ela comeu. — Avisou e o mais novo voltou a encarar a irmã adormecida. O menor suspirou. — Eu disse que ela estava sentindo falta deles e por isso não comeu tanto...

Assentiu, ainda deslizando os dedos pelos fios longos e negros. Moon estava com saudades dos pais, dizia a todo momento que queria ir para casa, mas Jimin perguntou se ela não queria fazer uma festa do pijama com ele e o "Kookie oppa". Ela aceitou, meio receosa, mas aceitou.

Jimin até pediu pizza, se arriscou a fazer biscoitos, mas não deu certo. Nos dois sentidos. A garotinha continuou querendo os pais, mas Jungkook soube acalmar a ferinha, porque bem, ele era a fera maior.

Fez ela treinar taekwondo consigo até cansar.

— Como está o papai? — Perguntou baixo com medo de atrapalhar o sono da criança.

O personal trainer assentiu, olhando para o lado, vendo o tempo ruim ali de cima. Aproveitou a tela envolvendo toda a sacada, para recostar ali, ficando à vontade. Havia falado com o pai no telefone. Ele explicou as coisas mais detalhadamente. Antes até tentou falar com Hoseok, mas ele não estava em casa e Ryujin pouco sabia das notícias. Seu pai mais novo estava na delegacia...

Estavam todos de mãos atadas e sem respostas.

Por sorte, Seokjin ligou e explicou tudo, pediu que os filhos cuidassem da irmã e que no dia seguinte passaria para buscá-la antes de Jungkook precisar ir à Busan para o treino comunitário. Jimin o acompanharia para conhecer o projeto e começar a planejar o seu próprio, então...

— Ele está bem. — Respondeu calmo, sentindo a brisa fria arrepiar seus braços. — Eles estão, na verdade. — Voltou o olhar para o lutador que o encarava fingindo uma feição de desdém. Riu fraquinho. — Taehyung teve uma crise nervosa, por isso foi para o hospital. Não foi nada de grave.

Deu de ombros. Não queria saber daquele idiota, não perguntou. O mais velho riu novamente e continuou encarando o irmão. Ele era engraçado. Depois que receberam a ligação de Namjoon relatando o ocorrido e precisaram ir buscar Moon no colégio, o maior não parou quieto. Sua hiperatividade atingiu níveis irritantes.

Porque sim, quando Jungkook dava crise, ele se tornava insuportável. Ele não parava quieto. Roía unha, não parava de andar de lá pra cá, balança perna, morde boca, bagunça cabelo, faz som com a boca, estala dedo...

E tudo de novo em um looping.

O bom foi que, por causa da garotinha, ele precisou ficar entretido. Ela também, então teve paz. Pôde cozinhar – mesmo queimando os biscoitos, seu pai ficaria tão frustrado com aquilo –, tomar seu banho. As duas crianças estavam entretidas. Só foi lavar a louça do "jantar" e Moon dormiu.

Jungkook tinha mesmo jeito com crianças, já com adultos... é... bem...

— Quando vai conversar direito com eles, ein? — Perguntou inquisitivo, vendo o olhar do maior cair sobre a mão com dedos machucados. — Sei que te machuca...

— Muitas coisas me machucam, — Voltou a erguer o olhar, mostrando sua teimosia. — mas eu vivo com elas, não é? Meu trabalho é uma delas.

O moreno negou. Não eram de socos que estava falando.

— Não estou falando de dor física e você sabe disso. — Viu o mais novo revirar os olhos. Bufou, tão teimoso... — Te vi olhando o instagram do Yoongi hyung hoje cedo. — Contou o que observou no caminho até o clube. Jungkook franziu o cenho contrariado. Riu fraquinho. — Sei que sente falta dele.

— Não importa. — Murmurou.

— Importa sim! — Se aproximou do irmão, o tom mais suave, o corpo meio encolhido de frio. Respirou fundo o ar gelado. — Olhe pra mim. — Pediu calmo e o lutador obedeceu, o encarando, embora a franja quase tampasse seus olhos redondos. — Vamos juntos no psicólogo na segunda-feira, tudo bem? Você foi ótimo ontem, o médico gostou de você. — Fez um carinho no cabelo um tanto ondulado, estava orgulhoso.

Ele nada disse, apenas aceitou o carinho e ficou ali, ouvindo o som da chuva, fazendo carinho na irmã. Tinha mesmo aceitado a ideia de ir ao psicólogo. Hoseok havia pedido e como não conseguia ignorar os pedidos do irmão, acatou. A primeira sessão foi boa, o cara era legal.

Mas ainda não podia dizer muita coisa.

— Jungkookie. — Chamou carinhoso e teve os olhos grandes o encarando com certa fragilidade. Sorriu pequeno. — Você odeia o meu irmão? — Perguntou um tanto receoso. Não sabia se queria ouvir a resposta.

Taehyung era tudo em sua vida. Era seu bebê grande, o amava com tudo o que tinha, era seu irmãozinho... imaginar que seu melhor amigo não gostava do garoto, era um pouco triste. Para si e para a família. Sempre foram todos tão alegres e unidos. Não conseguia imaginar os natais onde haveria um buraco entre os membros da família.

Um jantar... as reuniões na casa de Jaebum e Youngjae...

Então ficou meio receoso.

Jungkook engoliu em seco e olhou para os próprios pés descalços. Odiava aquele imbecil de cabelo verde? Pensou nele, nos olhos enormes, nas danças estranhas que faziam para envergonhar os pais, o dia em que riram até chorar de um filme, de quando bateu em um menino para defendê-lo... da exposição. Do sentimento de orgulho que sentiu ao vê-lo tão bem sucedido. Ele tinha um sorriso enorme. Parecia sempre uma criança, embora tivesse a voz mais grossa que a sua e fosse quase do seu tamanho.

Riu sozinho. Queria odiá-lo, seria mais fácil. Negou, mesmo sem levantar o olhar. Jimin sorriu mais tranquilo e escorregou os dedos para a nuca do melhor amigo, o trazendo para sua barriga, abraçando-o.

— Esse é o meu Anakin Skywalker. — Murmurou carinhoso, orgulhoso pelo progresso mental do irmão.

Afinal, debaixo da armadura do vilão Darth Vader, havia apenas um homem magoado que sentia saudades da família, chamado Anakin Skywalker.

No caso, ali, Kim Jungkook. Skywalker Jungkook... JK... tanto faz.

...

Alongou o pescoço e permaneceu de olhos fechados mesmo ouvindo aquele falatório exagerado em seu ouvido. Precisava se concentrar. Alongou os braços vestidos com um casaco militar, assim como a calça e o coturno. Era sua hora, finalmente.

Seria muito amador dizer que estava nervoso?

Depois de quase três anos, estava de volta aos palcos. No meio de tanta merda, depois de uma depressão, do exército... ali estava. Lambeu os lábios e checou o retorno preso em seu ouvido. Estava tudo certo. Pisaria no palco às dez da noite e seu show poderia ir até meia noite. Aproveitaria direito aquele tempo. Era o redline daquele evento. Era o último rapper daquele sábado.

O palco que foi de Owen, de Sang, de Sik-k, agora seu.

Moveu os ombros, relaxando. Durante o dia conseguiu falar com o namorado, ele tinha ido mesmo para a casa de Hoseok e só voltaria no domingo, quando também pisasse na Coreia. Estava mais tranquilo com aquilo.

— Yoongi. — A voz de Max o acordou de sua concentração e rapidamente o olhou, vendo que ele vinha com uma caixa. — Você precisa usar isso, é dos patrocinadores.

Assentiu, havia esquecido. Abriu a caixa e tirou algumas correntinhas de lá, colocando no pescoço, deixando a mais grossa lá dentro. Viu outra caixa, essa de relógio. Era um Rolex. — Esse foi o presidente da empresa que te enviou como presente de boas-vindas. — Indicou o relógio de fundo azul.

Um pouco mais deslumbrado que o normal, pegou o objeto e analisou. Era lindo. Olhou para o assessor e sorriu educado, colocando o relógio. Voltou para a caixa e pegou os anéis, colocando nos dedos.

— Não acha melhor tirar? — Olhou para onde o homem estava apontando e seu sorriso fechou na hora. Ele se referia a pulseira de Taehyung. — Não está combinando e você precisa usar as pulseiras. — Mostrou que ainda tinha ali.

— Não vou tirar. — Vetou na hora. Que ridículo? Riu amargo e indicou Jiwon que os encarava um pouco de longe. — Dá pros caras, eles vão se apresentar comigo, de todo o modo. Vai ser exibido. — Voltou a olhar para a entrada do palco. Quase sua hora.

O canadense não falou nada, apenas mediu seu cliente antes de sair. Yoongi era... difícil. Muito difícil. Falar com ele era similar a falar com a parede, porque tinha o mesmo efeito. Ele não aceitava opiniões e nem ordens, apenas fazia o que queria e quando queria. Isso era estressante. Sua cabeça esquentava de uma forma, parecia que estava até tratando de uma criança birrenta e mimada.

Por que ele não podia fazer simplesmente o que mandam? O dinheiro vinha dali também, será que ele havia esquecido? Sinceramente... sabia que os outros não podiam usar, era algo especialmente para Yoongi, então nada falou. Fechou a caixa e saiu. Aquele cara...

O rapper lambeu os lábios secos e respirou fundo. Tudo bem. Ia se sair bem... havia tanta gente ali. Minha nossa, começou a suar frio. Voltou a fechar os olhos. Não, não ia surtar, não ia correr. Não ia! Sentia o corpo todo tremendo, sua mente rápida. Não. Não ia passar por isso. Por mais que estivesse cansado daquela porra toda, ainda era seu trabalho, ainda tinha responsabilidades.

Seus fãs não eram responsáveis por toda aquela merda. Era por eles que entraria naquele palco, nervoso ou não, ia entrar.

— Trinta segundos! — Ouviu a voz do produtor do evento e reabriu os olhos. Deu alguns pulinhos no local, se aquecendo. — Agust D, se prepare pra entrar. — O homem vestido de preto apareceu, o oferecendo seu microfone vermelho. Pegou o objeto e apertou entre os dedos. — Preparado? — Assentiu. O homem sorriu educado. — Faça um bom show, boa sorte.

Assentiu novamente. Não gostava muito de conversar nos poucos minutos que tinha para se concentrar. Preferia ficar quieto, fazendo exercício de respiração, se concentrando sozinho. Era algo seu, desde sempre. Pessoas o atrapalhavam, então preferia ficar sozinho.

Era seu trabalho, suas coisas. Era o único lugar e momento que podia fazer o que queria sem ninguém se meter. Era seu momento!

— Yoongi. — Jiwon apareceu, tocando seu ombro. Respirou fundo. — Do Hanse vai mesmo cantar Ddaeng com a gente? — Questionou com uma expressão contrariada. Yoongi fugiu do toque e assentiu. — Mas ele é um rookie!

Aquilo não era óbvio? Um rookie cantando com dois veteranos? Onde que aquilo era bom? O garoto nem era bom. Aquela música era importante, uma composição que seu amigo fez em colaboração com o próprio pai e o irmão. Tanto era especial, que mereceu um single. Era algo... muito grande na carreira de Yoongi. E ele colocaria Do Hanse? Isso era idiota.

Mas isso fazia total sentido para o de cabelo curto que abstraiu aquilo e só focou no "dez segundos" gritado pelo produtor. Já ouvia a plateia gritando. Sorriu...

Sentiu tanta saudade daquilo. Ouvia a introdução de Give It To Me tocando. Tinha tanta gente gritando...

Sentiu seu ombro ser puxado novamente, o tirando daquele momento. Olhou de forma impaciente para o homem de cabelo roxo, mostrando que estava perdendo a paciência com ele. Primeiro a ressaca infernal que ele teve durante o dia todo, quase não pode estar ali por estar passando mal, então agora... mas que irritante! Jiwon era irritante quando queria.

Não tinha paciência.

— É uma música que seu pai e seu irmão fizeram com você! — Relembrou parecendo ofendido. — Como pode colocar um rookie para cantar justamente a parte do seu pai?

— Minha música, minha família. — Respondeu seco, colocando o mais alto em seu lugar. O que havia dado nele?

Deixou claro que eram suas escolhas, não as dele. Colocava quem queria para cantar, não dependia da opinião dele. Voltou a olhar para frente, deixando o homem com um olhar assustado para trás. "Estamos prontos", ouviu dizerem.

Um, pelo dinheiro. Dois, pelo show. Três;

— Eu tenho uma grande casa e grandes anéis. — Falou no microfone, mesmo sem sair do lugar. E de repente todo o peso dos problemas, ficaram para trás quando começou a andar em direção às pequenas escadas que davam para o palco. Houve mais gritos. — Hong Kong. — Gritou correndo nos degraus, querendo subir mais rápido, ouvindo os aplausos da equipe por onde passava. Estava de volta. A introdução de Give It To Me ainda tocava em looping. Pisou no lugar escuro e de repente sentiu-se enérgico. — Give-give it to me, Hong Kong. — Disse mais firme, andando no escuro, sendo guiado apenas pela luz da plateia imensa gritando seu nome... respirou fundo aquele sentimento.

E de repente as luzes se acenderam e os gritos aumentaram. Seu momento, a porra do seu momento. E então a música começou de verdade: "Até mesmo minha família não previu meu sucesso, qual o ponto de falar sobre isso quando eu não estava com certeza de mim mesmo? Até minha família me aprovou como um cara determinado!" E assim seu show iniciou.

Enquanto rimava e olhava para aquela imensidão de pessoas, refletia na sua própria vida. Ali de cima não conseguia ver todos, obviamente, mas quando seus olhos paravam em algum rosto e conseguia ver os olhos vidrados em si, aquele brilho que tanto o mantinha vivo.

Entendeu que além de Taehyung, o palco também o fazia se sentir vivo. Aqueles olhares, aquela admiração, também o fazia sentir o sangue circulando quente...

Depois veio Tony Montana. A música que o fazia lembrar de Jimin. Tinha uma versão caseira daquela música, onde só publicou um pedacinho, com o irmão mais novo fazendo rap. Foi engraçado. Mais engraçado ainda que as pessoas gostaram. Aquele fofo o devia muito por ter lhe ajudado a crescer os seguidores nas redes sociais.

Pulava, cantava forte, ia de um lado para o outro no palco. Ouvia as pessoas cantando junto, aquela aclamação... era seu retorno. Ali pensou em tudo o que passou. Sua depressão, sua fobia social, as vezes que ficava trancado no banheiro só para fugir das interações sociais que lhe davam vontade de sumir. De quando não conseguia nem se apresentar para alguém porque sua voz não saía.

De sua audição na empresa... fez ela toda de olhos fechados. Passou cantando When I'm Gone do Eminem. Namjoon até chorou, dá para acreditar? Ele chorou de verdade. Chorou ouvindo a audição, chorou quando assinou contrato, chorou. Simplesmente chorou.

Como os bandidos de Seul iam temer aquele grande chorão? Sinceramente. Esperava isso de Seokjin, o bobo, mas Namjoon? Que decepcionante.

Bonito, mas decepcionante.

Ao citar a Billboard... seu corpo arrepiou. Lembrava bem quando Agust D entrou no TOP 100 da Billboard, como foi ovacionado. Foi ali que sua fama deslanchou, foi ali que realmente conquistou seu lugar no mundo. A Ásia começou a respeitar mais seu trabalho, sua família "diferente". As pessoas começaram o levar mais a sério, conheceram um pouco mais de sua história – familiar – e mesmo que não gostassem e houvesse muita coisa ruim que falassem sobre, tinham que respeitar.

A família Kim cresceu e apareceu, quem não gostasse, era um mero detalhe. Eles continuariam em evidência e o resto era apenas expectadores.

Aprendeu a lidar mais com hate e comentários ruins, entendeu que não podia fazer todos gostarem de si, mas dar mais atenção aos que gostavam. Eles eram mais importantes. Muito mais!

E foi com o mesmo sentimento que começou Agust D. Ou melhor, tentou, mas o público não deixou.

Eles mesmos cantavam sozinhos. O instrumental até parou para deixar o volume da plateia soar. Era... lindo!

Sentiu-se bem vindo. Abriu um sorriso e afastou o microfone da boca, deixando só... só aquilo soar. Tanto no ambiente, quanto em sua mente.

Sua equipe filmava tudo nas laterais do palco, assim como o rapper loiro que parecia radiante assistindo o show de seu sunbae ao lado de Jiwon, que ora filmava, ora assistia...

— Obrigado. — Agradeceu curvando o corpo longamente, feliz pelas boas vindas. Escutou aplausos e continuou ali, abaixando. Sentia que devia agradecer. Sempre.

Era por aquilo que ainda não havia desistido. Que mesmo cansado e assustado, continuava subindo no palco, que mesmo com todas as merdas, estava ali. Era Agust D ou Yoongi? Não sabia direito. Mas por aquela noite... seria apenas o rapper com uma carreira longa, um grande público e ótimas conquistas.

Tinha um legado, afinal de contas.

— Obrigado. — Agradeceu em cantonês, mais uma vez, agora sendo mais claro. Levantando o corpo. — Olhem onde minha língua tecnológica me trouxe... — Colocou uma mão na cintura, estalando a língua no céu da boca e sorrindo maior quando ouviu a plateia gritando. Falava em seu inglês precário, querendo ser entendido da melhor forma possível. — Obrigado por me receberem na casa de vocês, mais uma vez. Eu estou muito feliz de estar aqui, de ter sido chamado. — Disse baixo, tirando aquele tempo para respirar e conversar um pouco com o público. — Esse é o primeiro palco que eu piso desde que saí do exército e-... — Foi interrompido pelos gritos e acabou rindo sem jeito, abaixando a cabeça, envergonhado. Sentia o suor escorrendo pela testa, o band-aid no machucado do rosto, quase saindo... — ...e eu fico muito feliz que seja pra vocês. — Disse em mandarim, o que havia ensaiado com muito afinco no avião. Mais gritos. Curvou a cabeça brevemente e sorriu, mostrando os dentes pequenos e os olhos se fechando suavemente. — Minha segunda casa na Ásia, Hong Kong! — Gritou o nome do lugar, trazendo novamente o público. — De Daegu para Hong Kong: — Disse mais baixo, as luzes se apagando novamente. — A to the G to the U to the STD. — Disse baixinho, introduzindo a música que havia sido um marco em sua carreira.

O palco inteiro teve um misto de luz azul e branca, preparando o clima daquela música. Uma das mais antigas e mais famosas, a que levava o nome do rapper. Naquela música desabafava tanto sobre as críticas que recebeu na época de caras mais velhos no cenário musical, lembrava de quanto foi humilhado por ser tão novo... apesar disso, teve um público, teve destaque. Fosse por causa de sua idade ou talento, teve.

A Coreia estava curiosa para o conhecer e, por sorte ou acaso, eles tiveram que o engolir!

Aproveitou o fim instrumental da música para beber um pouco de água e tentar consertar o band-aid no rosto. Estava suando tanto, queria tirar aquele casaco, mas não podia. Seus braços tinham as feridas, o corte perto da tatuagem, alguns cortes nas costas... não podia. Ignorou aquilo e voltou para o palco. Suas costas haviam começado a doer por estar se movimentando tanto. Ótimo.

Jungkook... você é um homem morto!

Fingindo estar completamente bem, cantou alguns pedaços de raps que fez colaboração com outros artistas, harmonizando como se fosse um só. Lhe fazia feliz cantar músicas antigas e ver todo mundo acompanhando. Eles ainda gostavam de si, não é? Ainda era um bom rapper... eles ainda o queriam ali... sentiu-se acolhido. No exército ficou pensando se, quando voltasse, teria sido esquecido ou substituído...

Bom, aquela multidão mostrava que não. Não havia sido esquecido.

Depois daquilo veio seu Cypher, o que passou a cantar com mais vontade depois de ter passado por um momento ruim: Cypher 4.

Oh, I love myself. I know myself.

Ainda que ainda estivesse na tarefa de conseguir amar a si mesmo completamente, estava se esforçando. Não queria estar onde esteve em seus dias ruins, por isso estava tentando se apegar em si mesmo. Até porque na atual conjuntura de sua vida, se não amasse a si mesmo, o que faria? Iria enlouquecer.

Como quase enlouqueceu antes.

Após aquela música, vinha a que era muito especial para si. Ddaeng era uma criação conjunta. Começou só sendo sua e do pai, mas depois Hoseok entrou...

— Não, não, sem chance essa linha não combina. — Reclamou com o irmão que tinha uma tiara vermelha segurando o cabelo castanho para trás, mordendo um lápis. — Você não sabe harmonizar música, é isso? — Ralhou com o adolescente que o encarou com uma expressão de tédio.

Yoongi era chato, né?

— E quem é você pra me dizer que não harmoniza? — Devolveu com certo desdém, colocando os pés em cima da mesa, fazendo pose. — Tupac?

— Tira esse pé da mesa. — Namjoon empurrou os pés vestidos com meia de cachorrinho, para o chão, quase derrubando o garoto de quatorze anos. — Desculpa, filho. — Se retratou levantando da cadeira, para tentar segurar o garoto que tinha os olhos arregalados. O policial sorriu sem jeito. — Foi mal.

O primogênito nem estava prestando atenção naquela cena típica que tinha em casa. Estava mais ocupado revisando a letra de Hoseok para aquele rap que estavam fazendo. Era um sonho daquele trio, ter algo junto. Mesmo que apenas Yoongi fosse trainee de uma empresa de entretenimento.

Aliás, ele quem havia dado a ideia de realizarem aquele sonho. Mesmo que não gravassem, queriam ter escrito, juntos. Deviam isso uns aos outros.

— Se você fosse um rapper, — Iniciou o adolescente muito branco de cabelo preto, se referindo ao irmão de camisa havaiana. — seria um grande exibicionista.

Ainda assustado pela quase queda, se portou melhor na cadeira e fez uma expressão brava. Por algum acaso aquele maluco estava querendo dizer que não seria um rap gente-como-a gente? E ele seria? Ah, hipócrita...

Ia responder bem mal-criado, que lhe renderia castigo, com certeza, mas foi cortado por Seokjin vindo com uma bandeja, tendo três copos de limonada gelada.

— Pausa nos gangsters para se hidratarem porque tá muito quente. — Pediu abaixando, sendo prontamente atendido pelo marido e o filho mais novo. Yoongi só encarou o padrasto e negou. — Toma logo. — Forçou com uma voz mais meiga, apesar das palavras sérias.

Aquele homem era assustador. Pegou o copo, mesmo que contragosto. Queria continuar julgando Hoseok.

— Oba, limonada. — Comemorou o dançarino de Hula, tomando um grande gole da bebida fria.

— Obrigado, amor. — O mais velho dos rappers amadores, sorriu carinhoso para o marido que negou, mostrando que não havia sido nada. — Cadê as crianças?

Indicou o quintal, onde os menores brincavam com a mangueira. Tinha pedido para eles molharem suas plantinhas, não tomarem banho, mas já que começaram, né? O que podia fazer? Jungkook estava ensopado e achava que tinha que molhar os outros também.

Aliás...

— Kim Jungkook, eu não acredito! — Gritou ao olhar para trás após um barulho e viu que a porta de vidro que limitava a cozinha e o quintal, estava meio aberta e Jimin estava ali dentro com Taehyung, rindo, molhados, assim como seu chão! — Larga isso agora, olha o meu chão branquinho! — Reclamou horrorizado, vendo o garoto de cabelo grande sorrir sem graça, largando a mangueira no chão. — Saiam agora da minha cozinha, anda. — Ordenou para os dois baixinhos que foram correndo, quase escorregando. — Olha isso, sinceramente, como que recebe visita assim? — Refletiu olhando para o chão molhado, cheio de marcas de pézinhos.

Pézinhos sujos. Imundos. Ah... cara... seu TOC de limpeza. Por que ninguém respeitava seu TOC de limpeza?

— É só gritaria nessa casa, quem se concentra assim? — Resmungou o jovem músico, dando um gole na bebida que estava realmente boa.

— O hyung é um porre! — Provocou o de quatorze anos, vendo o irmão o encarando com uma expressão séria.

— E você não é um bom rapper!

— Pai! — Hoseok olhou para o mais velho, injuriado com aquilo. Por que Yoongi tinha que ser tão mal?

Namjoon quase se engasgou, mas se recompôs na hora de olhar para o filho mais velho, tentando ser firme, mas a expressão de deboche mexia com seu senso de humor. Como aquele garoto podia ser tão... tão ele?

— Já parou? Os dois?

Cantar Ddaeng sem sua família, era estranho, embora quase nunca cantasse. Era como Seesaw, algo muito pessoal para poder ser mostrado assim. Mas como naquele evento estava tentando fazer uma homenagem indireta para sua família. Mesmo que estivessem naquele clima péssimo, ainda eram uma família, ainda eram uma unidade. Não tinha como fugir ou desfazer isso.

Não queria desfazer isso.

Jiwon cantou a parte de Hoseok, o rap que tanto julgou pelo prazer de irritar o irmão. Era bom! Era realmente bom. O dançarino podia ser facilmente um rapper se quisesse, tinha voz, tinha jeito... era bom pra isso. Mas ele preferia dançar, então...

Do Hanse também foi muito bem. Ele era bom, ao contrário do que seu amigo dizia, o garoto era bom. Tinha um futuro brilhante. Gostava dele. Se divertiram no palco, jogando água um no outro, pularam, interagiram com o público. Foi realmente um bom momento.

Depois de The Last, um freestyle, 140503 at Dawn, chegou ao fim. Cansado, suado e morrendo de calor. Parou para respirar enquanto sorria para o público e via que eles estavam iguaizinhos. Respirou fundo e retirou o casaco camuflado, mesmo sabendo que poderia dar problema. Estava muito quente. Ficou apenas de regata preta ali, no palco, mostrando os hematomas, o corte perto da raposa... sua raposa...

Jogou o casaco para trás e respirou fundo mais uma vez.

Não podia cantar para sua raposa, escondendo ela daquela maneira. Que desse problema, já estava cansado disso mesmo!

...

O amor era bonito, não é? Olhou para os dedos segurando aquele pinguim azul... sorriu sozinho. Yoongi já devia estar no show, não? Provavelmente. Esperava que ele se saísse bem. Ficou feliz por vê-lo alegre – do jeito dele – durante o dia, correndo para ensaiar, a passagem de som... ele estava realmente feliz!

Por isso ficou feliz também. Não citou o clima ruim que ficou entre ele e o pai, não citou o fato de Namjoon não querer vê-lo... não falou nada. Só manteve a compostura, falou o necessário, preferiu saber mais dele. Conversariam quando ele voltasse, mas por enquanto, aquelas coisas podiam esperar.

Ryujin se desvencilhou dos braços do marido, rindo por sido pega de surpresa em um abraço, ganhou beijos no pescoço e riu mais ainda. Tão bobo. Ainda risonha e segurando uma taça de vinho branco, foi para perto do cunhado. Ele estava pensativo...

Não gostava muito disso.

— Perdeu a língua no hospital? — Brincou a mulher de cabelo negro, rindo descontraída. Taehyung riu fraquinho e continuou olhando para a pelúcia. — Ya. — Chamou baixo, querendo a atenção dele. — Você está legal?

— Tô, eu estou bem. — Respondeu educado e olhou para o irmão que vinha se aproximando, o analisando. — Obrigado por me receberem e desculpe incomodar. — Sorriu sem graça para o casal. — Eu poderia ter ido para o apartamento do Yoon-...

— Eu ainda sou seu irmão, tá? — Não gostava muito do modo que o mais novo estava lidando com as coisas. Como se só Yoongi importasse, como se a casa dele fosse seu único lugar... — Jinyoung está uma fera com vocês! — Sentou-se na poltrona e descansou, recebendo o olhar receoso do esverdeado. — prepare os ouvidos.

— Yoongi disse que não queria falar nada pra ele antes da viagem. — Explicou o que já havia conversado com o namorado. — Disse que precisavam conversar direito.

— Mas ele ficou magoado por não terem dito nada. — Ryujin acrescentou, falando baixo. Estava presente quando o pintor ficou sabendo.

Sabia que ia dar errado. Disse para o namorado que iria. Jinyoung ia descobrir e ficar chateado por não ter sido notificado, mas também não era assim, certo? Não é como se pudessem ligar e falar: ei, então, a bomba estourou e está tudo uma verdadeira merda. Tchau, ein!

Não. Não tinha como!

Lembrou algo que queria perguntar para a cunhada e rapidamente a encarou. Ela era bonita, mal podia esperar para ter sobrinhos. Imagine que lindinhos?

— Noona. — Chamou baixo, encarando o rosto bonito da mais velha. — De onde você conhece a Jennie Kim noona?

— Ah. — Sorriu tranquila. — Conheci quando voltei para a Coreia. Ela estava formando o ballet para a estreia, então um amigo me indicou.

— E ficaram amigas?

— Mais ou menos. Éramos só colegas de trabalho. — Cruzou as pernas finas e respirou fundo, lembrando da história com a amiga. — Acho que ficamos amigas de verdade quando comecei a namorar seu irmão e ele me apresentou Jisoo, então tivemos uma amiga em comum. — Explicou e o garoto entendeu, assentindo compreensivo.

Ficou curioso para saber como sua cunhada tinha conhecido sua antiga cunhada – e ex de seu namorado. Quão estranha era sua vida? Sinceramente... de todo o modo, elas eram próximas e isso sempre o deixou com uma pontinha de ciúmes. Gostava de Ryujin, de Jennie, não.

Mas... certo...

— Você não gosta dela, não é? — Adivinhou o óbvio, vendo a carinha de emburrado do mais alto. Conteve o riso. Ciúmes eram engraçados!

Não os seus, mas o dos outros, obviamente. Hoseok chamava atenção, às vezes sentia que podia morrer de raiva com tanta gente olhando seu marido. Droga! Não gostava. Ele era lindo, mas era seu.

Poxa. Era seu marido, olhem a aliança.

Tomando o silêncio do cunhado como retórico, tomou um gole do vinho antes de falar.

— Bom, ela gosta de você. — Disse como quem não quer nada, vendo o olhar desconfiado do mais jovem. — Foi à sua exposição, inclusive. — Contou o que o garoto, provavelmente, não sabia. O olhou contendo um sorriso. — Até promoveu nas redes sociais dela...

— Como?

— Você não sabia disso? — O mais velho questionou. Negou. Não sabia mesmo... como assim ela havia ido? — Ela foi no dia seguinte da estreia e promoveu no instagram.

Abaixou o olhar para os dedos e ficou pensativo. De repente se sentiu mal. Por que ela havia feito isso? Não... por que ela gostava de si? Foi ruim com ela. Foi rude e grosseiro, por que ela...? Não fazia sentido. Não, não fazia. Não queria que ela gostasse de si, porque... não gostava dela.

Merda.

Tomou um susto quando seu celular começou a tocar e imediatamente pegou do bolso e viu o nome de Yoongi. Quê? Pediu licença ao casal e levantou, saindo dali e indo para o deck da casa, passando pela porta automática, mas não indo muito para fora por causa da chuva. Atendeu o celular.

— Yoon-... — Antes que pudesse continuar, ouviu Seesaw. Riu fraco. Ah, mas que hyung idiota... fechou os olhos.

A voz dele era linda. Tão fodidamente linda que escorou na parede e ficou ali, apenas ouvindo. Então ele cumpriu com o que havia pedido, não? Um homem de palavra, realmente. Não conseguia saber como o rapper havia feito aquilo, mas também não importava. Não importava nada enquanto estivesse ouvindo aquela voz que tanto amava.

Estava com saudades... tanta saudade...

Mordeu o lábio inferior para tentar conter o sorriso, mas não conseguiu. Nunca conseguia se conter. Olhou para o céu carregado, a chuva caindo... por que até aquilo parecia bonito? Passou a mão livre no cabelo, tirando a franja de cima dos olhos. Riu fraquinho. Estava tão apaixonado, tão... riu novamente.

Se alguém o falasse que amaria tanto aquele homem, que ficariam juntos em algum momento, iria rir. Era insano, era inesperado, era loucura. Mas aconteceu. Estava acontecendo. Estavam juntos. Era como um verdadeiro incêndio, tudo estava queimando. Estavam juntos, mesmo com a morte – no sentido figurado – sendo certa.

Namorar era uma má ideia. Estar junto era uma péssima ideia: mas ainda assim, estavam juntos. Sabiam que era loucura, mas aquele sentimento... ele era tão perfeito, perfeito de algum jeito na situação errada.

E era como seu pai sempre dizia, não é? Tudo bem quase morrer por conta de um sonho, contanto que sobreviva para vivê-lo. Estava sendo queimado vivo, mas sobrevivendo, porque assim sentia-se vivo. Vivo, porque Yoongi o queimava por inteiro. Era tudo o que queria. Era como sua gasolina.

Amar Yoongi era uma má ideia, mas queria aquilo. Queria se queimar até não restar mais nada.

Queria Yoongi, porque sabia que queimava ele tanto quanto. E, bem, aquele cara gostava de fogo.

Era o fogo e ele a gasolina. Má ideia, lembra? Mas um perfeito casal.

 


Notas Finais


E aí? Como estamos? Com ficamos? O que achamos? Me contem aqui embaixo. Eu tô feliz por ver todo mundo contribuindo para as teorias do plot da fanfic, eu realmente LEIO os comentários, mas não consigo responder, porque se eu responder um, terei que responder todos, já que não dá pra responder todo mundo, prefiro responder em geral, para que vocês se sintam (todes) abraçados por mim. Eu sou muito grata pelo carinho, por cada favorito, cada review... isso realmente me faz feliz.

Comentem aqui embaixo o que acharam. A hashtag oficial da fanfic no twitter é #wuahtaegi e é lá que compartilhamos memes, muitas teorias, risadas e mimo. ♥


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