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História Our Time - To be honest


Escrita por: paansy

Notas do Autor


10k para me desculpar pela demora. Eu juro que achava que esse capítulo ia ficar menor, mas quando fui ver, foi tudo isso. Mas vocês gostam, não gostam? Eu acho que sim, né............... eu só quero agradecer mesmo pelos favoritos, pelos comentários, por vocês estarem nessa comigo mais uma vez. Valeu, amo vocês. ♥

Boa leitura.

Capítulo 4 - To be honest


Poucas coisas tinham um efeito tão bom em si quanto estar de volta ao trabalho. Era um workaholic assumido, então estar há dois anos longe do que mais amava era um pouco irritante. Sentia falta dos fãs, dos amigos, dos shows; por mais que fosse estressante algumas vezes, valia a pena.

Tinha acabado de chegar ao local da entrevista, em sua cola vinha Bobby, como de praxe, um segurança e seu assessor/agente. 

— Bom dia, Agust D. — A mulher rapidamente se levantou assim que viu o rapper chegando à cobertura da gravadora, onde daria a entrevista. Sorriu e cumprimento assim como foi cumprimentado, com uma curvatura corporal. — Sou Min Nari, da KBS. — Sorriu amigável. — Muito obrigada por conceder a primeira exclusiva após seu retorno, ficamos muito felizes ao vê-lo abandonando a base militar.

Forçou um pequeno sorriso e curvou de leve a cabeça em agradecimento. Olhou para o assessor e viu-lhe assentir, mostrando que estava tudo sob controle e, se estava nesse nível, então, ele havia lido as perguntas previamente, não?

Porque, assim, desde seu término com Jennie Kim e o sucesso forte dela no âmbito do kpop, o jornalismo parecia muito interessado no relacionamento falido dos dois, mesmo o músico alegando que não falava sobre isso.

— É bom vê-la, Nari-ya. — O homem de cabelo roxo e olhos inchados piscou para a jornalista que o encarou não parecendo muito feliz.

Não entendeu como Jiwon a conhecia, mas também fazia um grande – enorme – pouco caso. Tanto fez, como tanto faz.

— Vamos? — Voltou seus olhos e o sorriso gentil para o entrevistado. — Vamos filmar ali, caso não se importe. — Indicou duas poltronas encostadas no vidro que servia de parapeito.

Dava para ver o trânsito lá embaixo e também tinha uma visão incrível de Seul. Gostava de estar ali para pensar às vezes, por mais que preferisse usar seu studio caseiro. Ajeitou o boné virado para trás e seguiu a repórter até os assentos.

Ajeitou as correntes que usava por cima do moletom preto e ficou confortável, olhando brevemente para o amigo que tinha puxado o celular e estava pronto para gravá-lo como sempre faziam um com o outro para postar nas redes sociais. Max, seu agente, havia andado um pouco mais para frente, querendo ouvir aquela entrevista de perto.

Passou as mãos nas coxas cobertas com uma calça também de moletom e olhou para a câmera, a qual um rapaz manuseava, ajustando o ângulo.

— Podemos? — Perguntou para a mulher de cabelo curto e terninho vermelho. Ela assentiu. — O microfone está okay? — Referiu-se ao músico.

Olhou para si mesmo e viu que o microfone de lapela, que Max havia colocado em si assim que chegaram ali na cobertura, estava perfeito.

— Certo. — Assentiu para o cameraman que olhou para Nari.

— Certo por aqui também. — Ajustou a postura e o cabelo. Piscou os grandes olhos e lambeu os lábios, parecendo se preparar mentalmente.

Suspirou e alongou o pescoço. Para falar a verdade, estava com sono, fora tirado de casa cedo para resolver algumas coisas de contrato, tomou café no carro, o que Bobby havia comprado, e ali estavam. Sua noite foi longa, mal conseguiu dormir...

Sua tatuagem pareceu queimar a noite inteira. Sério. Levantou até para verificar se tinha pegado alguma alergia ou coisa assim, para ver se a pele estava vermelha... atestou o que já sabia. Era psicológico, claro que era.

O homem da câmera anunciou uma contagem e no sinal final a Min virou um pouco e olhou para a lente.

— Hoje estamos aqui para entrevistar o "KimGenius", como ficou conhecido assim que debutou. — Sorriu para o mais velho que sorriu junto ao lembrar-se daquele apelido. — Um dos nomes que mais se destacou e continua se destacando no cenário de k-hip hop, uma referência para tantos rookies... — Tomou um tempo e o moreno negou, modesto. — aquele que começou a carreira tão novo e já tão cheio de talento. — Virou para o músico e o cumprimentou novamente. — Bem-vindo de volta a Seul, Agust D. — Riu fraca e ganhou uma risadinha discreta. — Conta pra gente: como têm sido essas primeiras horas fora do exército? Como está se sentindo?

— Estou me sentindo muito bem, é bom respirar o ar de Seul novamente. — E pela primeira vez desde que havia pisado ali, formulou uma frase inteira. Olhou para a repórter que tinha a atenção em si. — Minhas primeiras horas foram ótimas. — Disse sem hesitar. — Passei com minha família e depois descansei, acho que já estou oficialmente de volta. — Riu nasal e alongou as pernas, claramente à vontade.

Tinha perdido a conta de quantas entrevistas já havia dado, uma hora a vergonha para de aparecer e você se acostuma.

— Sabemos que você ficou grande parte desses dois anos em uma base fora da cidade, o que contrariou o que todos esperavam que fizesse. — E o assunto que não gostava de tocar (um dos que mais detestava), se iniciou. — Porque visto que seu pai é policial, os fãs esperavam que você também ingressasse na polícia de Seul...

Suspirou. Se seu pai fosse a porra de um astronauta, também tinha que varrer a lua?

— Eu fui pra onde fui designado, nunca me interessei muito pela área de polícia, como meu pai. — Foi direto e ela assentiu. — Fui para a mesma base onde meu padrasto serviu, então acho que estou satisfeito,

E a menção de Seokjin foi errada e quis se bater por aquilo. Merda. Não gostava de citar ele e nem o próprio pai porque abria brechas para ser questionado sobre N coisas que não estava afim de responder.

Como, por exemplo: questões de gênero.

Era irritante falar algo que ninguém vai aceitar e vão discordar. Já estava cansado de deixar claro seu posicionamento, seus pensamentos. Parecia que faziam de propósito para ter o prazer de lhe tirar a paciência.

Os olhos de Nari brilharam com aquela oportunidade.

— Seu padrasto deve estar muito orgulhoso de você... — Disse devagar e o músico assentiu, não dando muita moral. Vendo que não teria muito dele naquele assunto, resolveu retomar o roteiro. — mas, — Suspirou. — visto que ficou parado esses dois anos, como pensa em retomar? Considera Seesaw sua ponte com o futuro de sua carreira?

— Ah, Seesaw... — E de repente, o rosto aliviou a expressão fechada e acabou sorrindo discreto, olhando para o nada por um momento. Seesaw era Taehyung; Taehyung estava ligado com o futuro de sua carreira com certeza. 

Não que pensasse bastante nisso, mas pensava um pouco e ficava difícil parar de fazer equações mentais da probabilidade daquilo tudo dar merda. Quer dizer, não era difícil notar que seria uma avalanche completa em cima de muitas coisas. Tais como: a relação familiar, as relações sociais e sobretudo a profissional.

E não importa o quão decidido estivesse sobre o assunto, o quão sincero fosse sobre seus sentimentos consigo mesmo, aquele assunto sempre lhe tiraria o sono. 

Piscou os olhos rapidamente, voltando a si segundos depois.

— Estou voltando devagar, pegando o ritmo novamente. — Olhou para a jornalista, vendo-a assentir. — Bobby está me ajudando bastante nisso, — Indicou o cara de cabelo roxo que filmava aquilo. — também outros amigos músicos, tem a minha equipe... — Deixou claro que era grato a cada um, porque era. Sem eles, poderia estar perdido por aí. — hoje é apenas o segundo dia, então não dá pra dizer muito sobre isso. — Coçou a nuca, rindo fraco.

Nari riu junto e aquele foi o momento mais descontraído da entrevista. Yoongi tinha uma risadinha bonita e ficava adorável quando murmurava algum pensamento em voz alta.

— Mas Seesaw é a ponte que você deixou antes de ir? — Voltou a pergunta que realmente tinha interesse.

— Não, eu nunca pensei nisso. — Negou prontamente, porque não era mesmo. Seesaw era um desabafo, por mais que ninguém soubesse. — Seesaw é Seesaw e ponto. Não tem mais, não tem menos. Ela é uma criação única, não define a minha carreira e nem nada. — Afirmou aquilo um tanto grosseiro e a mulher assentiu compreensiva, olhando para o roteiro de perguntas.

O fato era que, ele precisava afirmar aquilo para si mesmo. Seesaw era um momento de aflição, em que ele quase implora para aquele joguinho parar, porque não dá mais. Não aguentava mais.

Quando criou, gravou e produziu, não imaginou o futuro com ela, imaginou o seu próprio futuro. O que vinha depois do jogo de gangorra? Quando aquilo parasse, o que vinha depois?

Sua carreira não era definida por Seesaw, mas sua vida sim; porém aquilo não era pauta para entrevista alguma!

— Há algum motivo em especial pra ter lançado essa música na sua ausência?

Maneou a cabeça.

Chegar em Taehyung e não precisar aturar falatório em seu ouvido quando o que mais queria era silêncio para pensar. É, tinha sim.

— Acho que meus fãs precisavam me ouvir, mesmo eu não estando aqui. — Assentiu para si mesmo. Era uma das razões, entretanto.

Teve um breve silêncio entre ambos, o som da manhã começando a se fazer presente. Pássaros, o trânsito lá embaixo... Seul estava despertando finalmente e o sol fraco servindo de iluminação natural para aquela entrevista era a prova.

— Alguns sites como: "Soompi" e "Dispatch" levantaram a questão que essa música foi lançada um pouco antes do single de sua ex-noiva, Jennie Kim. — E estava demorando... fechou os olhos por um momento, respirou fundo. Não ia xingar ao vivo. — A ligação entre Seesaw e Solo pode ser tomada como legítima?

Até mesmo Kim Jiwon ficou sem fala com aquilo. Talvez seu amigo não soubesse sobre a música citada, mas ele sabia e todos sabiam. Realmente faziam aquelas comparações maldosas e isso não era legal. Parou de gravar e olhou para o agente do rapper que caminhou até o cameraman e sussurrou algo em seu ouvido.

Aquilo acabava ali. Era uma das perguntas que pediu para tirar. Yoongi não respondia nada sobre Jennie, era desconfortável. Por que as pessoas não entendiam? Se eles superaram, por que as pessoas não podiam...?

— Eu sabia que Jennie Kim ia lançar um single, ela trabalhou muito duro nisso por um ano e alguns meses. — Respondeu educadamente, surpreendendo até Max e Bobby. — Mas em nenhum momento eu poderia prever o que seria, quando seria e como seria.

— Então você nega que seja uma resposta para sua música? — Jogou verde.

Que diabo de música era aquela que todo mundo tava tão emocionado? Céus!

Olhou discretamente para seu agente e sinalizou para ele se acalmar. Estava vermelho até as orelhas. Podia lidar com aquilo, não lhe ofendia.

Só era chato pra caralho mesmo.

— Sinceramente, — Riu nasal, um tanto debochado. — eu nem ao menos sei que música é essa, mas acredito fielmente que não há nenhuma ligação.

Aquela declaração fez o homem mais velho e responsável pela carreira de Yoongi bater na própria testa. Isso era o que ele chamava de autossuficiência? Sério? Belas palavras, agora ia ficar um joguinho midiático estupido. Pensou que todos tinham esquecido aquilo, mas pelo visto... que irritante.

Olhou sério para o músico que parecia relaxado demais para alguém que acabou de dar motivo para render um assunto de dois anos atrás.

— Corta. — Disse irritado e a entrevistadora encarou o homem alto e forte de aparência nada gentil. — Combinamos de não fazer nenhuma pergunta nesse sentido, Min Nari-ssi. — Encarou a morena que piscou os enormes olhos e ficou sem fala.

O entrevistado, porém, levantou. Já havia cansado daquilo, sinceramente. Plena manhã e tinha que ouvir que sua música era motivo de "diss" de término? Faça-me um favor. Cada um havia seguido seu caminho da forma que achou que deveria seguir. Não havia pontas soltas e nenhuma alfinetada.

Não por sua parte e acreditava que pela parte dela também não.

— Acho que já foi o suficiente. — Disse o rapper, olhando do agente para a repórter, mostrando claramente seu descontentamento. — Tenho outros compromissos.

— Claro. — Levantou-se rapidamente e curvou o corpo para o mais alto. — Me perdoe qualquer coisa.

Assentiu fazendo pouco caso, deixando aquilo nas mãos do assessor, mas não ligando para o que ela ia escrever ou mostrar. Não mentiu, ficaria preocupado se mentisse. Não sabia mentir muito bem.

Aproximou do amigo que ainda estava meio chocado. Ganhou um tapinha no ombro.

— Uau. — Disse voltando a si, rindo fraco e devolvendo o celular do menor. Yoongi riu e negou. — Parabéns, primeira capa das revistas de fofoca.

— Ela está tão famosa assim? — Resmungou desinteressado, desbloqueando o celular e vendo se Taehyung havia mandado mensagem...

Nada, desde a noite anterior. Abriu a conversa e atualizou, quem sabe era problema de internet, não é?!

Mas não era...

— Um pouco. — Deu de ombros enfiando as mãos nos bolsos da calça. Yoongi levantou o olhar e encarou o Kim mais novo. — Talvez muito...? — Murmurou fingindo um sorriso.

Rolou os olhos. Não se importava se Jennie estava famosa ou não, ficava feliz e tal, mas não tinha nenhuma influência em sua vida, não lhe dizia a respeito.

— Fico feliz.

— Hyung. — Agarrou o ombro do rapper que o encarou novamente. — Não acha melhor saírem juntos e dar um símbolo de "paz" para eles? — Indicou a jornalista que ainda ouvia um sermão de Max.

— Não. — Tirou a mão de seu ombro. O arroxeado bufou, tão cabeça dura. — Isso seria provar que temos algo interligado e não temos, isso é mentira. — A seriedade com que dizia aquelas palavras assustou até Jiwon, que assentiu mudo e não tocou mais no assunto. Suspirou. — Vou pedir um uber e ir pra casa, tenho coisa pra fazer. — Bateu amigavelmente no braço do outro rapper e já ia saindo.

Trabalhar com Kim Yoongi era aquilo. Se desse naquela cabeça criativa que ele tinha que ir embora, ele iria. Não perguntaria se poderia, ele simplesmente... ia. A personalidade dele era complicada se você vai querer exigir algo dele. Não dá certo. Nunca deu. Ele sempre teve seu próprio tempo e modo de ver as coisas.

Isso era uma das coisas que não mudou, nem com a idade adulta.

— Temos um almoço importante hoje, hyung...

— Vou almoçar em casa. — Nem ao menos se virou para responder, continuou caminhando para a saída onde pegaria os elevadores.

Max provavelmente iria matá-lo por cabular compromisso, mas, no momento, tinha coisas mais importantes para fazer. Uma delas era: sua roupa. Lavava 'em casa' porque gostava da maneira que Seokjin fazia e, mesmo que ele ensinasse, não saía igual. Nunca.

E outra, por que diabos Kim Taehyung sumiu daquela forma?

...

— Você está em casa? — Perguntou assim que olhou para o lado e viu que o padrasto havia atendido.

— Bom dia também, meu filho. — Que grosseiro! O que as crianças fazem com a educação que recebem durante toda a vida? Revirou os olhos e continuou prestando atenção na estrada. — Não, eu precisei vir para o restaurante. O arquiteto chegou mais cedo. — Lembrou-se daquilo! Namjoon tinha comentado sobre, não?

Seokjin colocou na cabeça que ia mudar todo o design do restaurante. Dos três que ele tinha. Julgava aquilo como falta do que fazer, porque o local já era bom o suficiente, mas vai dizer isso para aquele cabeça dura? Choi Minho estava sofrendo em suas mãos, aliás.

Não sabia como Namjoon aguentava aquele ser humano cheio de energia. Tinha que se multiplicar em três.

— Precisa de mim? — Ouviu o som ficar mais nítido, então entendeu que ele havia entrado no escritório. — Aconteceu algo?

— Não, só preciso lavar minha roupa, pai. — Relaxou no banco e riu ao ouvir um: "ah, Yoongi... fala sério". — É sério. — Se fez de ofendido e escutou um xingamento. — Onde estão os modos?

— Quem te ensinou a ser tão debochado assim, criança? — Ralhou, mas agradecia imensamente por estarem em ligação.

Nunca sabia reagir quando ouvia a palavrinha mágica saindo da boca do rapper. Não era recorrente, o que tornava um evento perfeito sempre que acontecia. Realmente se sentia pai daquele desaforado, embora se tratassem mais como amigos quase sempre.

Depois de rirem juntos, notou que já estava próximo da casa onde passou bons anos de sua vida.

— Fica à vontade, você sabe que nem precisava me avisar. — Mas não era para avisar e sabia disso. Era para pedir, por isso colocou tanta ênfase no "avisar".

Yoongi riu novamente.

— O que pensa que eu sou, sinceramente? — Fez-se de ofendido e Seokjin exclamou abismado.

— Eu quem deveria te perguntar isso, garoto. — Gritou no telefone. Agradeceu por estar no viva-voz e não precisar aguentar o "zum" que ficaria no cérebro depois daquele berro. — De todo o modo, vá lá. Quer almoçar comigo hoje?

— Não vou nem te responder... — Resmungou e o Kim mais velho sorriu do outro lado, sabia que ele sorrira.

Ele era uma pessoa bem expressiva e sorria fazendo um barulhinho nasal adorável, como um gato. Era engraçado. E sobre o almoço... quando que recusava a comida do padrasto? Que pergunta idiota!

Despediram-se rapidamente, Seokjin dizendo que se não chegasse a tempo para o almoço, era para ele ir até o restaurante em Gangnam e então almoçariam lá.

É... bem... Kim Seokjin tinha um restaurante em Gangnam. Um em Incheon também. Como ele chamava aquilo? Ah... expansão comercial? Algo assim, não lembrava.

Estacionou o carro em frente a casa e saiu, pegando a mala pequena cheia de roupa para lavar. Aquilo era meio idiota, certo? Bem, um homem de quase trinta anos levando roupa para lavar na casa dos pais poderia ser mal visto, não que ele ligasse, em todo o caso. O fato era que, aquilo, lavar a roupa em casa, fazia-o sentir conforto e uma sensação de pertencimento. Quer dizer, saiu muito cedo de casa e às vezes sentia-se deslocado, então tentava arrumar caminhos para se manter naquela família, mesmo sabendo que jamais sairia dela. Era sua e ele era deles.

Fora que, o cheiro do amaciante rosa era muito bom e já salvara sua vida em crises de ansiedade. É sério! Hum... certo, talvez o fato de abraçar Taehyung e sentir o cheiro na roupa dele, ajudasse. Mas, é, detalhes, enfim.

Passou pelo portão e correu para dentro, chutando os tênis, fugindo do sol que estava ficando forte conforme o dia ia ganhando mais algumas horas.

— Ei. — Abriu um sorriso ao ser recebido por aquelas patinhas batendo na madeira do chão. — Garoto, como você cresceu... — Sustentou a mala em apenas uma mão antes de abaixar e encostar o joelho direito no chão, oferecendo carinho para a bolinha de pêlos marrons.

Sorriu quando ele latiu todo feliz, elétrico, aceitando ser pego no colo e logo se esticando todo para conseguir lamber o rosto do rapper que riu mais ainda. Aquele bichinho era tão adorável. Lembrava o pug que tiveram quando eram menores... aquele que nunca teve nome e era chamado de: senhor cachorro.

Senhor cachorro foi um bom cão...

Beijou a pelagem cheirosa e bem cuidada daquele animal fofo e ganhou uma bela lambida no nariz.

— Você continua o mesmo de sempre, certo? — Conversou com ele, levantando e seguindo para a lavanderia, carregando a mala na mão disponível. — Se eu te roubar do seu pai, será que ele vai me bater? — Perguntou e ganhou um latido e uma língua para fora. Riu. — É, eu acho que ele me bateria sim.

Não fazia ideia se Taehyung estava em casa, mas sabia que... bem, tecnicamente, não era para ter ninguém, não é? Seu pai era delegado e passava boa parte do tempo fora, Taehyung vivia trancafiado no ateliê de Jinyoung ou com Seokjin...

— Falando no seu pai... — Murmurou para o cão assim que chegaram na área de serviço e pôde largar a mala ali. — você sabe onde ele se enfiou? — Encarou os olhinhos de Yeontan que continuou com a língua para fora, encarando. Fez um biquinho pensativo, como se realmente esperasse uma resposta. — Não vai me deixar vê-lo? Como é egoísta. — Ralhou brincalhão, esfregando o nariz no focinho úmido do cachorro.

Ganhou mais lambidas e começou a rir, realmente à vontade como há muito tempo não se sentia. Não era como se assumisse uma postura mais rígida quando acompanhado, é só que... nunca conseguia relaxar totalmente se alguém estivesse perto. Era meio que um mecanismo de autodefesa. Não era por mal!

Seu psicólogo na adolescência dizia que isso era um dos efeitos da fobia social e que não sumiria, mas que Yoongi precisava lidar com aquilo e se esforçar para progredir. Bem, ele fazia isso, todos os dias.

Não percebeu que tinha companhia, nem ao menos desconfiou. Continuou brincando com a bolinha de pêlos, rindo e se deixando ser lambido, beijando o focinho dele... Taehyung cruzou os braços e sorriu devagar, apoiando o corpo contra o batente da porta, admirando aquela cena... era bonita demais para simplesmente ignorar. Até pensaria em fotografar, mas aí teria que ir ao quarto e pegar a câmera, nah, muito trabalho.

Encostou a cabeça na porta e piscou devagar, apaixonado... era tão... engraçado. Sentia claramente seu coração batendo, parecendo afundar no estômago.

— Se mimar ele desse modo, ele pode sentir saudades quando for embora e, aí, — O tom rouco do garoto acordou o homem que rapidamente o encarou, um tanto assustado. Desencostou dali e começou a caminhar até o menor. — vai ter que levá-lo para viver com você. — Encarou os olhos pequenos que o encaravam de maneira quase... perdida.

Sorriu devagar e parou bem perto dele, mas não o tocou, não ia fazê-lo. Ainda vestia roupas de dormir, o cabelo estava bagunçado e o rosto um tantinho inchado. E aquilo fez o coração do músico dar um salto. Ver Taehyung seria sempre uma surpresa, parecia que ele ficava mais bonito sempre. Era... loucura.

Piscou rapidamente e entreabriu os lábios para falar algo, mas nada saiu. Passou o olhar por todo o rosto perfeito do mais novo, vendo se ele estava ok. E estava.

— Bom dia. — Sussurrou divertido, notando que Yoongi não falaria nada.

— Acordou agora? — Foi o que ele disse, ainda um tanto aéreo.

— Hum. — Jogou o corpo preguiçoso para o lado, escorando na secadora, sendo acompanhado pelo olhar apaixonado do rapper. Coçou a testa. — Tava procurando roupa pra tomar banho quando ouvi o barulho da porta.

— Pensei que acordasse cedo... — Abaixou e deixou Yeontan no chão.

Taehyung maneou a cabeça e apoiou as mãos no eletrodoméstico, pegando impulso e sentando ali. O dorso estava quase despido porque aquela camisa branca mil números acima caía por seus ombros e chegava quase em suas coxas. A calça de moletom cinza era a única coisa justa.

Enfiou as mãos nos bolsos do casaco de moletom e virou de frente para o maior que parecia cansado.

— Eu acordo às vezes. — O tom grave e arrastado sinalizava que ainda tava com sono. — Mas ontem eu fui dormir tarde e aí... — Bocejou.

— Você saiu? — Questionou realmente interessado naquele assunto.

— Saí.

— E não me disse nada? — Riu irônico. Mal havia chegado do exército e já precisaria se estressar com Taehyung? Ele não pareceu entender, mas acordou de vez, porque abriu bem os olhos e endireitou o corpo. — Fala sério... — Murmurou e revirou os olhos, rindo novamente.

— Hyung, eu saí com os garotos, fomos em uma hamburgueria artesanal. — Explicou-se cuidadoso. — Na verdade eu queria ter ido na sua casa, mas você não queria... — Acusou o que havia chateado seu coração.

Era pedir demais um tempo à sós? Sério? Tudo o que tiveram desde que começaram aquela "relação" foi drama, choro, grito, problemas... não podiam mesmo ter um momento de paz?

Dois anos se passaram e iam continuar naquela mesma vida?

— E desde quando você precisa da minha autorização pra fazer qualquer merda na minha casa? — Ergueu uma sobrancelha, encarando o rosto chateado do caçula.

Espera... ele estava dizendo que era para ter ido para o loft? Mesmo tendo dito que não queria companhia? Bufou e negou, realmente meio chateado com tudo aquilo. Queria ter ficado com ele, não queria ter ido para lugar algum...

Vendo que Taehyung realmente havia levado ao pé da letra o que tinha dito no dia anterior e havia se magoado com aquilo, acabou ficando chateado também. Por birra de ambos os lados não ficaram juntos. Que idiota.

Deu alguns passos até estar de frente para o pintor que ainda não o encarava. Tocou-lhe os joelhos e apertou os dedos ali, subindo devagar em um carinho pelas coxas e parando no quadril largo. Nem assim conseguiu o olhar dele. Odiava ser ignorado por Kim Taehyung, já havia dito isso, certo?

— Taehyung-ah. — Chamou baixo, o tom doce apesar de rouco. Ganhou um "hum?", mas não gostou disso. — Eu sou seu hyung, olhe pra mim, porra. — Exigiu baixinho, dando um leve tapa no quadril do garoto que revirou os olhos e virou a cabeça, olhando um pouco para baixo, acabando por quase sorrir ao ver o rosto fofo daquele homem que acabava com seu coração. — Me desculpe, tudo bem? — Pediu devagar, voltando a passar as mãos no quadril vestido com moletom. O outro nada disse. — Você sabe que pode ir, não precisa me pedir. — Resmungou sem jeito, desviando o olhar.

Aquilo foi mais fofo ainda aos olhos do de cabelo azul. Yoongi sem graça era muito apaixonante! Ele abaixava a voz e desviava o olhar, como a droga de um gatinho. Merda. Reprimiu um sorriso, vendo que sua manha havia dado certo, porque conseguiu o que queria. E, alô, estava ganhando carinhos.

Vocês entendem o nível de importância nisso? Kim Yoongi, por vontade própria, estava tocando seu corpo sem que praticamente tivesse que jogá-lo contra a parede.

Tocou o pescoço dele com ambas as mãos e delicadamente foi trazendo-o para si, puxando o rosto bonito para si, querendo vê-lo e ser visto. Sorriu todo preguiçoso assim que teve que curvar um pouco a coluna, aproximando os rostos.

— Hyung idiota. — Xingou birrento e ganhou outro tapa, esse mais forte. Começou a rir.

Yoongi ficava bonitinho com aquela cara brava...

— Ya! Voc-... — Não deixou que terminasse, aquela boca pequena de lábios cheinhos ficava tão melhor quando pressionada na sua.

E mesmo que ele tivesse muita marra e vivesse arrogante, sempre amolecia quando se beijavam. Era como um choque térmico. Sentia tão claramente o corpo dele relaxando, deixando todas as barreiras caírem. Era interessante ver que aquele rapper sempre tão sério, o homem que tinha solução para tudo, que parecia intocável, transformava-se quase em alguém totalmente maleável quando tocado da maneira certa

Não por qualquer pessoa. Óbvio que não! Yoongi só abaixava suas defesas se Taehyung o tocasse daquela forma. Era ele, apenas ele. Ninguém mais.

Os lábios se entreabriram e logo havia língua no meio, o toque vagaroso, aquele encaixe bom e os estalos leves de um beijo preguiçoso, arrastado... o primeiro beijo de verdade depois de dois anos. Aquilo era tão... céus. Os dedos do músico se prenderam no moletom grosso da calça do irmão, enquanto se inclinava mais para cima, quase ficando na ponta dos pés para conseguir aprofundar mais o beijo.

Mas para aquilo havia uma solução. O azulado escorregou o corpo para a ponta da lavadora e desceu, ficando um pouco mais acessível, mas ainda curvado, tentando suprir a diferença de altura de alguma forma. Mordeu o lábio inferior do mais velho e puxou devagarzinho, ouvindo um "Taehyung-ah" murmurado em uma falsa birra. Tão birrento.

Riu fraco e voltou a beijá-lo porque era isso que Yoongi queria, ser beijado. Ele estava com tanta vontade, sentia isso com o modo que jogava o corpo contra o seu, o modo que o segurava, como se tivesse medo de perdê-lo... mas apesar de toda aquela vontade reprimida, ainda mantinham o ritmo tão lento, mas agora já havia alguns – poucos – grunhidos de satisfação.

Aquilo... podiam ficar naquilo por todo o dia...

O ar se fez necessário e Yoongi fez o mesmo que sempre fazia, escondeu o rosto no pescoço bronzeado do mais alto, inalando seu cheiro, sentindo a pele contra seus lábios. Abraçou o quadril largo com mais vontade, prendendo o corpo dele, deixando alguns beijos na derme com pintinhas, sentindo um cheiro gostoso que misturava algum hidratante, perfume. Taehyung era tão cheiroso, porra.

Ganhou carinhos no pescoço, nas costas, como um "fique à vontade". E ficava. Sempre ficava. Aquele corpo sempre o deixava à vontade. E com vontade.

Fechou os olhos e se desligou. Nada mais importava a não ser aquele ser humano hiperativo e de cabelo azul, seu cheiro gostoso e o corpo quente o abraçando. Não estavam mais na casa dos pais, em uma manhã de segunda, no meio da lavanderia; não, havia abstraído isso tudo.

— Oppa, acabei. — O grito fino soou do nada e Yoongi até tomou um susto.

Por um momento havia esquecido que tinha mais uma irmã. Droga, ele realmente esqueceu-se de Moon. Imediatamente largou do maior que não o impediu, porque tinha mesmo que ir até a criança.

— Tô indo, não faça bagunça. — Gritou de volta, mas as mãos caíram para a cintura fina do rapper, segurando-o.

— Onde ela está? — Preocupado, questionou, olhando o mais novo que parecia extremamente relaxado.

— Tomando banho para ir ao colégio. — Roubou um selar demorado. — Eu já volto, não fuja. — Beijou a ponta do nariz dele e ganhou um resmungo.

Ele sempre resmungava quando ganhava carinho demais. Afastaram-se e o garoto saiu a passos largos.

— Já se secou? Eu não sou seu empregado, espero que saiba disso. — Ouviu Taehyung dizendo e acabou rindo. — Se não se secou, vai toda molhada assim mesmo.

— Oppa! — Resmungou chateada.

Riu novamente. Lembrou de quando brincava do mesmo jeito com Jungkook, com Jimin... encostou-se onde o irmão estava sentado antes, parando para refletir sobre como o tempo passa rápido, como as coisas mudam. Nostalgia o fazia querer chorar e por isso preferia não pensar muito, mas tinham coisas que realmente faziam falta.

Menos o gênio agressivo de Jungkook. Isso jamais faria falta. Quando descobriram que ele precisava externar a hiperatividade dele em alguma atividade e finalmente conseguiram domar a fera, a paz reinou e a Coreia do Sul foi mais feliz.

Começou a rir sozinho ao lembrar algumas coisas, principalmente os momentos que tinha com os irmãos. Sentiu saudade de cada um deles. Eram feios, mas os amava!

Suspirou e olhou para o teto, um tanto analítico. Pensar sobre os garotos era tão simples, mas não incluía Taehyung naquilo. Nas memórias fraternais. Quando pensava no garoto, pensava no quanto era bonito, no quanto ele o deixava a ponto de colapsar de ansiedade... o beijo incrível, o cheiro, a voz, a risada, o corpo, o talento, as manias, a preocupação...

E pela primeira vez, sua mente estava sendo conduzida e clareada pelo coração. Estava entendendo melhor as coisas, pelo menos achava. Amar Taehyung era a coisa mais difícil com que se deparou em sua vida, mas não exatamente por "ele", claro que não, a pessoa dele era incrível.

Por que não podia ter a sorte de viver um amor tranquilo?

— Hyung, faz um favor pra mim? — Ele gritou de algum lugar e rapidamente prestou atenção. — Esquenta a comida, por favor. Estamos meio... atrasados.

— Com quem você tá falando, oppa? — Moon desatou a rir.

E como não riria junto dela? Era meio adorável. Mesmo sem dizer nada, saiu da lavanderia e foi para a cozinha disposto a fazer o que o mais novo havia pedido.

— Com o fantasma que vai puxar seu pé se não parar quieta.

— Oppa! — Gritou amedrontada.

Riu novamente enquanto abria a geladeira e encontrava tudo muito organizado como se lembrava de ser desde que eram menores. Seokjin era muito organizado quando se tratava de comida e, pelo fato de alguns deles comerem algo diferente, sempre tinha etiquetas.

Havia a dieta especial de Taehyung, a de Jungkook, as de Namjoon quando ele colocava na cabeça que ia ficar mais forte ou ia emagrecer... e no meio disso tudo, havia ele, Jimin e Hoseok, que comiam tudo de todo mundo.

Família.

Pegou o pote rosa que tinha um desenho muito interpretativo de uma lua minguante, vendo que era a comida que o padrasto provavelmente havia deixado pronta. Abriu o armário e puxou uma tigela, despejando a comida de forma ordenada antes de colocar no microondas.

— Oi, oppa! — Ouviu após um som repetitivo de correria e ao olhar para trás, vendo aquela criaturinha de sorriso grande.

Sorriu pequeno. Ver Moon com o uniforme que conhecia bem era engraçado. Tá que havia mudado, por exemplo, agora as meninas usavam saías plissadas e meias três quartos. Antes não era assim. Era short para todo mundo.

Ela até usava gravatinha, céus. E estava torta.

— E aí. — Aproximou-se e abaixou, ficando na altura dela, arrumando a gravata borboleta preta. Olhou para o cabelo molhado, a franja colada na testa. — Taehyung-ah. — Chamou o azulado que entrou na cozinha com a roupa um pouco molhada. — Seca o cabelo dela, pelo menos.

— Ela não deixa. — Disse como se fosse óbvio. — Fica se mexendo pra lá e pra cá. — Imitou-a, como se fosse um pinguim.

— Eu não sou assim. — Negou injustiçada, mas rindo da careta que o irmão estava fazendo.

Revirou os olhos e levantou, pegando a garota pela nuca, como fazia com Jungkook quando ele fazia birra e manha, não querendo se arrumar para o colégio. Não devia ser diferente, certo? As crianças não mudam.

São chatas em qualquer ano.

— Vem, vamos secar esse cabelo pra você não acabar gripada. — Não deu margem para negação, já foi empurrando a garotinha, fazendo-a deslizar pelo chão, ainda de meias.

— Oppa.

— Você sabe secar o cabelo de alguém, Yoongi? — Arqueou o cenho para o moreno que o encarou e riu debochado.

Fala sério, estava escutando aquilo mesmo? Quem que aquele idiota achava que era para falar aquilo? Será que ele tinha amnésia ou algo do tipo? Esqueceu que foi ele, Kim Yoongi, quem havia cuidado de todos aqueles pirralhos?

Quanta audácia...

Moon colocou as mãozinhas na boca, assustada, e chamou a atenção dos dois mais velhos. Olhou incrédula para o irmão de cabelo azul turquesa e negou.

— Você falou de maneira informal com o oppa... — Sussurrou e o artista plástico franziu as sobrancelhas.

Assim, não que ele e Yoongi tivessem "abolido" essa questão de formalidade entre eles, mas não era muito raro as vezes que acabava o chamando pelo nome ou por algum apelido. Criaram um nível de intimidade grande e, além do mais, tinham um relacionamento, não tinham? Tudo bem se tratarem de maneira informal às vezes.

Olhou para o mais velho que também o olhava, mas de um jeito debochado.

— Ele não tem respeito. — Pronunciou devagar e provocativo, ainda olhando o maior. — Nenhum respeito. — Quase silabou e o garoto apertou o olhar.

Sério que Yoongi ia provocar ali? Naquele momento?

— Você sabe secar meu cabelo, Yoongi oppa? — Virou o corpinho e olhou para cima, encarando o rosto do irmão mais velho.

— Hum. — Segurou-a pela cabeça e foi guiando para fora do cômodo. — Eu secava o do Jungkook, não deve ser tão diferente o seu.

— Mas eu quero fazer trancinha. — Levantou os braços, animada e dando alguns pulinhos pelo caminho.

— Eu não sei fazer trancinha. — Resmungou abrindo a porta do banheiro e deixando que ela entrasse primeiro. — Vem aqui. — Agachou e encaixou as mãos nas axilas dela, erguendo o corpo franzino e lhe colocando sentada na pia. — Não pode sair com o cabelo molhado por aí. — Ligou o secador na tomada e ajustou a temperatura.

Certo, tinha chegado do exército no dia anterior, tinha descoberto que tinha uma nova irmã e já estava cuidando dela. Mesmo sem nem saber como seria o jeito certo de cuidar de uma garota pequena.

Bom, em todo caso, sua experiência com crianças era limitada, mas não escassa. Trataria Moon como tratava Jimin. Isso. Um irmão bom, sem muita brutalidade e delicadeza. Um meio termo ok.

— Eu quero. — Fez um biquinho e moveu as pernas manhosamente, fechando os olhos quando o vento morno foi jogado em seu rosto para secar a franja. — Oppa. — Resmungou e o músico engoliu uma risada. — Meus olhos... — Tentou levar as mãos até os olhos, mas foi jogada mais uma lufada de ar, agora em seu rosto. — O oppa está fazendo isso de propósito. — Choramingou. 

Arqueou o cenho, ofendido. Que ousadia. Como faria aquilo de propósito? Claro que não! Isso era uma grande mentira.

— Claro que não. — Respondeu baixo, segurando as mechas de cabelo e secando.

Não era tão difícil, certo? Já havia secado os pêlos de Yeontan, o cabelo de Jungkook, Jimin, o próprio cabelo... a diferença era que Moon tinha cabelo grande, mas era tudo cabelo, né? Não devia ser difícil.

Demorou poucos minutos para o cabelo preto estar completamente liso e seco.

— Tá, agora — Pausou a fala só para abrir a gaveta do armário, pegando uma escova preta. — pentear. — Lembrou consigo mesmo, já que tava tudo bagunçado.

A garotinha de olhos grandes o encarava sem saber muito bem como se portar. Não estava acostumada com Yoongi e não sabia muito bem se ele gostaria das suas piadas e caretas, como Jungkook gostava. Ou se ele gostava de dancinhas malucas como Hoseok. Se fazia aegyo e gostava de carinho como Jimin...

Se gostaria de conversar como Taehyung... não sabia. Bom, ele era quietinho, né? Não chato, mas não parecia falar tanto quanto seus outros irmãos.

Ficou quietinha enquanto tinha o cabelo escovado com delicadeza, nem reclamando quando tinha algum nózinho e ele tinha que colocar um pouco mais de jeito para desfazer. Não doía e ele também não parecia desajeitado. Com muita paciência e dedicação, o filho mais velho dos Kim arrumou aquela criança.

— Espera, me ajuda com uma coisa? — Pediu para a criança que assentiu. Pegou o celular do bolso da calça e desbloqueou, indo até o YouTube. Digitou rapidamente algum tutorial de como fazer tranças e abriu no primeiro vídeo que apareceu. — Segura assim. — Deu o aparelho grande e ajustou de modo que conseguisse ver bem. Foi obedecido, mesmo que sem entender. — Tá, onde ficam os elásticos de cabelo? — Olhou para a garotinha confusa.

Ela fez um biquinho pensativo e piscou os olhões.

— Aqui. — Moveu a perna esquerda, batendo o calcanhar em uma gaveta.

Yoongi abaixou um pouco, abrindo a gaveta e vendo um potinho rosa cheio de elástico preto. Abriu e pegou um. Ok, agora... precisava fazer aquilo. Não devia ser tão difícil. Ora, era um rapper muito bem sucedido, um homem vivido, experiente, não tinha nem porque temer aquela tarefa tão simples.

Respirou fundo e deu play. Com muita atenção, foi seguindo passo a passo, às vezes voltando quando não entendia.

— Isso é... ridículo. — Resmungou quando não conseguiu pela terceira vez consecutiva, o rosto vermelho de irritação.

Moon riu e revirou os olhos. Seu papai Jin fazia aquilo em segundos, era muito rápido e ainda ganhava beijinhos. Mas Yoongi parecia realmente irritado por não conseguir.

— Tudo okay por aí? — Taehyung se apoiou no batente da porta e sorriu todo feliz quando viu o mais velho tentando se desdobrar para trançar o cabelo da garotinha e ver o vídeo ao mesmo tempo.

Sabe a ideia de que seu irmão poderia detestar a nova membro da família? Agora parecia uma piada bem idiota, porque... né?! Alô, ele estava trançando o cabelo dela. Todo dedicado.

Como ele seria sendo pai? Ficou curioso.

— Isso é difícil. — Resmungou tentando trançar pela quarta vez. — Como as mulheres conseguem entender isso? Sinceramente. — Irritado, bufou e tentou se concentrar em transpassar as três partes do cabelo.

— Não é tão difícil depois que você pega o jeito. — Aproximou-se um pouco mais, deixando um beijo na testa da irmã. — Quer ajuda aí? — Levou o rosto para tão pertinho do menor que, no ímpeto, ele virou e quase encostaram os lábios.

Sorriu provocativo e o rapper abriu os olhos, afastando-se e arqueando as sobrancelhas, nervoso. Qual o problema daquele garoto? Nossa. Ele realmente não tinha respeito, certo? Ficou ainda mais vermelho.

Moon deu uma risadinha ao ver o irmão todo sem graça e o outro sorrindo todo provocante, como sempre fazia.

— Do que você tá rindo, lua? — Segurou as bochechas fofas e trouxe o rosto delicado para si, dando um beijinho de esquimó e ganhando risadinhas. — Ein? Do que a senhorita tá rindo? — Disse entredentes, rindo rouco, beijando a bochecha repetidas vezes.

O mais velho riu fraco observando aquela cena e negou. Quem diria que o caçula – não mais caçula – ia ser tão bom com crianças? Ele não tinha nenhuma experiência assim, porque depois dele, não tinha nenhuma criança exceto as primas, filhas de Seokjung. Mas elas moravam em outra cidade, não contava. Assim como as filhas de Lalisa também não, porque moravam na Tailândia.

Mas ali estava, provando que a experiência era o menor dos problemas, porque ele sabia muito bem como fazer, ao contrário de si, que cuidou de todos os irmãos mais novos, inclusive o próprio Taehyung por um tempo, e mesmo assim parecia desajeitado.

— Você está atrasando mais ainda. — Resmungou empurrando o maior, afastando ele um pouco. — Deixa eu terminar de arrumar o cabelo dela e você — Tentou ignorar o olhar debochado do mais novo, porém acabou ruborizando mais ainda. — Vai colocar a comida. — O tom abaixou enquanto voltava a mexer no cabelo da irmã, voltando à tarefa.

Riu baixinho, claro que riu. Por que o homem que amava era tão adorável? Queria mordê-lo. Bateu continência só para brincar com o irmão, mas foi ignorado. Ou ele tentou ignorar porque se desse muita confiança Taehyung não ia sair dali nunca.

Terminou de trançar o cabelo liso que quase fugia de suas mãos, os olhos presos no vídeo de alguma blogueira aleatória. Pelo menos adiantou.

— Oppa, você conseguiu. — Comemorou a garotinha de franja após ter o elástico amarrado na ponta do cabelo.

O moreno abriu um sorriso satisfeito e olhou para aquela criança que tinha um sorrisão e agora uma trança para o lado, meio desajeitada, ok, mas o que vale é a intenção, não é? Pelo menos ela não apareceria na escola com o cabelo todo molhado.

— Bate aqui. — Estendeu a mão e deram um hi-five. — Agora vai comer, anda. — Desceu a garota da pia e deixou que ela saísse correndo toda animada, claro, antes lhe devolvendo o celular.

— Eu vou colocar o lacinho que o Jimin oppa me deu. — Avisou de algum lugar da casa.

Fechou o YouTube e já ia bloquear o celular quando uma notificação chegou. Abriu sem muito interesse. O que Jiwon queria? Tinham acabado de se ver. 
 

• Bobby-$$i: Tá aqui o que você me perguntou mais cedo. Assiste o mv. [Anexo de link] (11:40AM)
 

Ignorou por ora. Tinha mesmo que ver aquilo? Era relevante? Porque... bem, não dava a mínima. Foi sincero quando desejou que Jennie fizesse sucesso e que, acima disso, fosse feliz, porque gostava dela como pessoa, era uma mulher ótima. Não é porque o relacionamento não deu certo que havia mudado de opinião, mas o fato era que realmente não ligava para o que ela fazia. Não era do seu feitio se interessar por coisas assim.

Não conseguia realmente se importar. Mas, o que custaria, certo? Não ia cair os olhos.

Bloqueou o aparelho e guardou, arrumando o secador de volta no lugar. Podia ficar anos sem pisar naquela casa, mas ainda iria parecer seu lar. Não havia jeito. Voltou para a cozinha a tempo de ver Taehyung colocando a comida da irmã mais nova.

— Você já tomou seus remédios? — Perguntou fingindo não estar interessado, mas o garoto sabia, oh se sabia...

Riu antes de colocar a tigelinha rosa de porcelana na mesa e o par de hashis de bichinho ao lado.

— Ainda não. — Murmurou antes de olhar para o parceiro e sorrir pequeno. — Por quê? — Questionou irônico, balançando a cabeça, desafiador. — Tá preocupado comigo, amor? — E desatou a rir daquele jeitinho infantil que dava arrepios em qualquer um.

Porque, fala sério, Yoongi se negava a acreditar que houvesse uma pessoa sã no mundo que não tremesse no exato momento que Kim Taehyung abrisse aquele sorrisão dele.

Mas se tinha uma coisa que o primogênito dos Kim dominava muito bem, era a manha de provocação. Principalmente se fosse o mais alto o alvo.

Piscou demoradamente os olhos e se aproximou segurando-o pelo queixo, deixou os rostos bem próximos. Era tentador ver aqueles lábios tão pertinho, moldados em um sorrisinho maldoso. Queria beijá-lo.

Aproximou-se mais ainda, quase roçando. O maior até fechou um pouquinho os olhos.

— Vai sonhando. — Sussurrou fingindo que ia selar os lábios, mas recuou, soltando o rosto perfeito do outro.

Taehyung choramingou, fazendo um biquinho contrariado.

— Perverso!

Ia até rebater, claro, mas Moon entrou feito furacão na cozinha. Endireitou a postura e coçou a garganta, visivelmente desconfortável com aquela situação. Não podia cair nos joguinhos do mais novo e nem tampouco perder a consciência, porque... porra, existia uma criança ali. O perigo era real!

Não podiam. Droga!

Coçou a nuca e observou o irmão pegando a garota e colocando sentada. Havia realmente um lacinho, este vermelho, preso onde também estava o elástico. Jimin havia dado aquilo? Que bonitinho.

— Agora come e fica aí com o Yoongi hyung que eu vou tomar um banho e me preparar pra sairmos, ok? — Ela assentiu enquanto levava um beijo no topo da cabeça e pegava os hashis.

— E seu almoço? — Questionou, o rapper, não entendendo.

Encarou-o um tanto sem jeito e deu de ombros. Comeria algo depois, sei lá, pediria pela internet...

— Depois eu como.

— Você vai tomar seus remédios e isso quer dizer que precisa comer. — Riu, óbvio. Que imbecilidade era aquela?

— Mas não temos tempo. — Indicou o relógio da parede da cozinha.

Olhou para os ponteiros e realmente notou que a hora já era passada. Só tinham uma alternativa...

Respirou fundo e voltou a encará-lo.

— Certo. — Engoliu em seco. — Levamos ela pra escola e depois almoçamos junto com o Jin. — O artista plástico abriu um sorriso e assentiu. — Tá, agora tchau, vai pro banho.

— Sim, chefe.

— Cala a boca e vaza. — Apontou para a porta e Moon riu de boca cheia, realmente achando graça daquilo.

Geralmente seus irmãos eram muito implicantes entre si. Era engraçado ver Jungkook fazendo piadinhas com a altura de Jimin, Taehyung imitando Hoseok... era realmente legal. Agora também sabia que seu irmão mais velho de todos era engraçado.

Embora fosse fofo, porque achava o rosto dele bem fofo, na verdade.

...

Dirigir era uma coisa de que definitivamente não sentia tanta falta assim. Ainda mais dirigir no trânsito de Seul em plena segunda-feira. Era um verdadeiro caos. Odiava! Não sabia porque tinha dado a ideia de levar Moon para o colégio. Seria tão mais fácil pedir um uber para ela e Taehyung. Fala sério, até pagaria.

Mentira! Nem tinha o aplicativo do uber. O negócio era que estava arrumando uma desculpa bem esfarrapada para ter o mais novo consigo por mais tempo. Almoçariam juntos e depois o levaria para o ateliê de Jinyoung.

Isso tudo sem esboçar o tanto de vontade de pedir para passarem o dia juntos.

— Podemos escutar Twice? — A voz da menina soou animada enquanto estava presa no banco de trás.

O carro estava em um silêncio confortável, onde só era ouvido o barulho suave do ar condicionado e o trânsito lá fora. E assim estava ótimo.

Para Yoongi, é óbvio.

— Me empresta seu celular? — Pediu o de cabelo azul e camisa social branca.

Ele estava... bonito demais. Não entendia aquela roupa tão requintada para ir praticar no ateliê e fez questão de deixar isso claro para o maior. Então descobriu que ele iria ter uma reunião e depois iria à uma exposição com Jinyoung. Então ficou mais óbvio.

Só não mudava o fato de que ele estava muito lindo e isso significava um teste ao seu controle.

— Toma. — Pegou do bolso e estendeu para o irmão, sabendo o que ele faria.

Usou a própria digital para desbloquear o aparelho e foi direto para o Spotify, procurando o que a menor havia pedido para ouvir. Porém quando ia clicar na conta do girl group, uma ligação de vídeo começou a chamar.

"Menor que eu", esse era o nome que piscava.

— Hyung, você não vai acreditar em como seu nome está salvo aqui. — Já atendeu rindo, vendo o irmão aparecer do outro lado com o cabelo preto.

Oh, ele realmente ficava bonito daquela forma.

— Quê? — Perguntou sorrindo só por ver o rosto adorável do irmão mais novo. — Como?

Pelo jeito ele estava andando, porque o cabelo esvoaçava e a câmera tremia a todo instante. Continuava aquele ser humano bonito demais para ser natural, ou pelo menos era assim que era julgado pelos irmãos.

E pelos pais, pelos amigos, por toda a população coreana e tal.

— Jimin-ssi! — Yoongi gritou rindo, mas sem olhar para o lado, mesmo com o celular virado para si.

E foi aí que o moreno baixinho abriu um sorrisão ao ver o irmão, realmente satisfeito em vê-lo depois de tanto tempo. Sempre se desencontravam e não pode vê-lo durante a folga, mas sabia que quando voltasse ficariam juntos e conseguiria matar a saudade fazendo qualquer coisa.

Inclusive...

— Hyungnim! — Gritou de volta, animado. — Que saudades de você. — Resmungou manhoso, como sempre fazia e ganhava os mimos dele.

Tão aproveitador...

— Onde está? — Parou no sinal e virou o rosto, podendo ver o rosto que tanto amava.

— No momento? — Assentiu interessado, observando o lugar que aparecia vagamente pelas costas do professor de educação física. — Tô passeando pelas ruas de Daegu.

— Mentira? — Abriu um sorriso maior e foi observado por Taehyung. — Você foi na casa da tia Sook, da vovó?

— Ainda não. — Parou por um momento enquanto abria a porta de loja de conveniência e cumprimentava o balconista, indo para o fundo da loja. — Vou mais tarde. — Divagou olhando para alguma coisa.

— Quando volta? — Taehyung quem perguntou, virando o celular para seu rosto.

— Ainda essa semana. Quarta, provavelmente. — Pegou alguma coisa que depois descobriram ser um engradado de cerveja. — E, prestem atenção, — Olhou sério para a tela e viu apenas o rosto do mais novo. — não marquem nada para sábado, entenderam? — Falou firme. Os dois homens no carro se entreolharam. O que aquele louco estava planejando? — Tô falando sozinho?

— O que tem sábado? — O de boné questionou dando partida no carro, voltando a andar.

— Vou reservar o dia todo no campo society. — Parou por um momento, colocando o engradado no balcão do atendente. — Fala com os outros, não quero desculpas quando chegar.

— E quem disse que eu quero jogar futebol? — O azulado fez uma careta.

— E quem disse que eu te chamei? — Debochou olhando para o irmão que fez uma cara brava. — Eu liguei para Kim Yoongi-ssi, para convidar ele. — Foi bem claro e o rapper começou a rir, assim como Moon também. — Você atendeu de curioso. — Resmungou dando atenção para o vendedor que passava as bebidas. — O cara mal chegou e já tá você grudado nele.

A cara de bravo se desmanchou na hora e foi substituida por uma de sem graça. Engoliu em seco e desviou o olhar, sem saber o que responder. Olhou discretamente para o lado e viu o mais velho com um sorrisinho discreto nos lábios pequenos, mas nada disse. Apenas... ficou lá. Sorrindo e dirigindo.

Fala sério, como não se apaixonaria por aquele homem? Ele era... porra. Olha só o que ele fazia!

— Oppa, olha o que eu tô usando. — A menina de trança se jogou para frente, mesmo de cinto, tentando mostrar para o irmão o lacinho vermelho. — Olha, olha, olha. — Ergueu a trancinha e mostrou o laço vermelho preso.

Jimin sorriu e Taehyung ajeitou melhor o celular, dando uma visão melhor para ambos. Suspirou aliviado! Por um momento não soube onde enfiar a cara... aquilo não havia sido uma mentira, realmente. Yoongi tinha acabado de chegar e já estava grudando nele. Mas é que, ah, estava com saudades.

E outra, não suportava mais ficar fingindo que não queria estar com ele.

— Ficou lindo, Moonie! — Exclamou cheio de adoração. — Você está linda.

— Oppa, — Tentou chegar mais perto, agora se segurando no banco de Taehyung, tomando impulso. — Posso jogar futebol também? — Sorriu realmente interessada naquilo.

— Você pode ser a nossa juíza, o que acha?

— Legal! — Gritou animada, ganhando um sorrisão com direito a olhinhos fechados do Kim mais fofo da gangue. — Vou pegar o apito do papai Joonie. — Sorriu travessa. — E fazer cartão de papel colorido. — Contou entusiasmada.

— Ele vai matar você se roubar o cordão-apito dele. — Resmungou o filho mais novo entre os homens.

— Por que ele anda com um apito? — Questionou o músico, realmente não entendendo aquilo.

Um apito? Sério? Ele não era guarda de trânsito até onde sabia.

— As pessoas vão envelhecendo e ficando estranhas... — O maior disse como quem não quer nada, olhando para a janela, tentando segurar o riso. Sabia o quanto Yoongi odiava o fato de já quase ter trinta anos.

Mas já havia dito o quanto gostava dele nervoso? Ficava tão adorável.

— Ya, Kim Taehyung! — O tom grave do músico foi tudo o que precisava para começar a rir discretamente.

Olhou para o lado e quase, repito, quase, suspirou apaixonado. Como alguém podia ser tão lindo e adorável daquela maneira? Impossível! Os olhinhos, as bochechas, os lábios...

E o nariz? Oh, sim. O nariz tão bonitinho. Sem falar dos dentes pequenos; já falou que amava os dentes de Yoongi? Não? Então, ele vai falar e vai repetir mil vezes só para reforçar.

— Por que tem que ser futebol? — Choramingou, virando a tela para si. Detestava esportes, não faziam seu tipo. — Não podemos fazer algo normal em família? Jantar fora? Uma festa, sei lá?

— Lembrando que, — Pegou a sacola com o engradado de cerveja e já ia saindo. — eu não te convidei.

— Por que tá tão maldoso? — Gritou injuriado e ganhou uma risadinha. — Prefere suas irmãzinhas americanas só porque elas jogam futebol na liga feminina? É isso? — Provocou, ciumento como sempre foi e sempre seria.

Sabia o quanto Jimin gostava do fato de suas meio-irmãs jogarem futebol em um time da segunda divisão nos Estados Unidos. As garotas eram boas e ligadas ao esporte desde sempre! E o homem, por gostar tanto de futebol, acabava por se entusiasmar muito com as garotas.

Claro que isso feria o grande ciúme que Taehyung tinha com o irmão.

— Pronto, começou. — Resmungou saindo da loja, voltando a dar atenção para a tela do celular. — Eu te amo, ok? Você sempre vai ser meu preferido. — Declarou como sempre se declarava e o maior se desmanchou. Como sempre se desmanchava.

Fala sério, o que Kim Jimin não falava sorrindo que não aceitava chorando?

— Tá, tchau, Jimin. — Yoongi estacionou o carro em uma vaga próxima do portão do colégio. Pegou o telefone da mão do mais novo. — Temos um dia inteiro ocupado e você, — Olhou sério para o professor que piscou os olhos inchados, todo bonitinho. — volte logo, porque sinto sua falta.

— Oh. — Abriu os olhos fingindo susto. — Estou arrepiado. — O músico revirou os olhos para a bobeira. — Pode repetir? Vou colocar pra gravar a tela...

— Tchau, Jimin! — Repetiu mais alto antes de começar a rir ao vê-lo rindo. Que saudades... — Até quarta.

— Até. Tchau, gente! — Fez uma carinha fofa, não podendo fazer coração por estar com as mãos ocupadas.

Houve uma série de: "tchau, oppa" e "vai ligar para suas irmãs jogadoras de futebol?" antes da ligação ser encerrada e finalmente a atenção voltar para quem estava ali, em Seul, naquele carro, atrasados para a rotina.

— Vamos, Moon. — O de roupa social pediu, desatando o próprio cinto. — Escovou mesmo os dentes? — Encarou-a pelo retrovisor, observando ela tirar o cinto e lhe olhar rapidamente. Franziu as sobrancelhas. — Escovou? — Assentiu devagar. — Mostra os dentes. — E ela mostrou. Yoongi observou aquilo e riu fraco, negando. Taehyung sempre agindo como um grande responsável mesmo sendo o segundo mais novo... — Ótimo, dê tchau para o Yoongi-ssi e vamos. — Abriu a porta e desceu.

Moon jogou o corpo para frente, apoiando nos bancos só para conseguir olhar o irmão que virou um pouco no banco e deu uma olhada no rosto adorável que aquela menina tinha. Era fofa.

— Tchau, oppa. — Sorriu e ganhou outro sorriso. — Obrigada por trançar o meu cabelo, o oppa é demais! — Fez um jóinha antes de agarrar a mochila rosa e sair do carro.

Apoiou o cotovelo na janela fechada, levando os dedos para os lábios, empurrando o lábio inferior para entre os dentes naquela mania que sempre reproduzia quando estava pensativo. Ficou olhando Taehyung andar de mãos dadas com a irmã, levando-a para onde um monte de crianças estava entrando. Suspirou. A escola era a mesma, apesar de N reformas.

Ficou nostálgico. Viveu ali por todos seus anos escolares, foi ali que conheceu seu melhor amigo e também a mulher que mais amou em sua vida. Foi ali que batalhou freestyle no inverno, no terraço do auditório. Que começou a dar vida para seu primeiro Cypher...

Por um momento sentiu saudades dos dias que eram fáceis. Quando sua maior preocupação era se Namjoon ia se empolgar demais com Seokjin e abandoná-lo, se Jennie Kim ia preferir Kim Jiwon, se Jackson continuaria chateando Jimin e Jungkook...

E, claro, aquelas malditas cartinhas de Hoseok. Seria muito sociopata dizer que sentiu muito prazer em pegar todas e tacar fogo em um dia que o irmão foi para uma viagem da escola? Porque... nossa...

Pegou-se rindo sozinho, mas o olhar ainda fixo no irmão que agora entregava a pequena menina de laço vermelho no cabelo para a mulher do portão.

— O papai vem te buscar hoje. — Avisou e ela sabia que se tratava de Namjoon, porque ele havia dito no dia anterior. — Colocou o kimono na mochila, Moon? — Perguntou em um tom alto, já que ela havia encontrado uma amiguinha e agora pareciam entusiasmadas demais. — Ya, Kim Moon. — Chamou quase entrando no colégio, mas ela não estava nem aí, distraída no meio das crianças. — Fala sério, quando me tornei babá? — Resmungou consigo mesmo. Desistiu de falar qualquer coisa.

Não valeria a pena mesmo. Afastou alguns passos, mas ainda de olho na menina baixinha que agora ria escandalosamente de algo que alguma outra amiguinha tinha falado. Era bem popular, uh? Suspirou e sentiu algo vibrar em sua mão direita, só então notando que ainda segurava o celular de Yoongi e ele tinha recebido uma mensagem de Bobby. 
 

• Bobby-$$i: Viu o MV da Jennie? Tô curioso para saber o que você achou. (12:20PM)
 

Franziu o cenho confuso. Jennie? Bloqueou o ecrã, sem nem tocar na notificação que acabou lendo por puro desgosto do destino. Mordeu o lábio inferior e respirou fundo. Ok, Taehyung. Calma. Não é nada demais, é só o MV... relaxe. Vocês já se resolveram, certo? Yoongi havia sido muito claro quanto aos sentimentos e por mais que tivessem problemas – e muitos – confiava nele.

Se ele dizia que não sentia mais nada por Jennie, então acreditava. Merda.

Voltou em passos duros para o carro, batendo a porta ao entrar. Assustou o músico que o encarou demoradamente, tentando adivinhar qual era o grande motivo daquela cara emburrada.

— Quer trazer a porta do carro pra dentro junto contigo? — Resmungou debochado e, em vez de fazer o mais novo sorrir ou revirar os olhos, deixou-o mais irritado. — Qual o grande problema? — Suspirou ligando o carro, já saindo dali.

O artista plástico lambeu os lábios e colocou o celular preto dentro do porta-copos, ficando livre para cruzar os braços e olhar analiticamente para Yoongi. Porque, ah, se ele mentisse... saberia claramente!

— Jiwon-ssi mandou mensagem. — A voz grave denunciava seu claro descontentamento. — Ele está curioso... — Jogou verde, mas a expressão do rapper não se alterou. 

Do que ele estava falando? Ficou esperando, porque realmente não fazia ideia.

— E?

Riu nasal e negou. Respirou fundo e engoliu em seco. Fala sério...

— Jennie-ssi, Yoongi. — Foi claro e ganhou o olhar confuso do menor. — Ele está confuso pra saber o que você achou do MV dela.

— Ah.

Sua feição clareou, mas seus dedos se apertaram no volante. Que situação mais desconfortável. Sentia o olhar pesado do Kim mais novo, e sabia que aquele assunto era delicado para ele. Lambeu os lábios e olhou rapidinho para o passageiro, tendo a plena certeza de que Taehyung estava o encarando.

— Você também tá curioso? — Perguntou debochado e o rapper revirou os olhos.

Infantil.

— Taehyung, por favor...

— O que você sente por essa mulher? — Perguntou direto. Queria saber de uma vez por todas em palavras claras. — Seja honesto comigo e consigo mesmo de uma vez por todas!

Céus. Por que só se metia com gente louca?


Notas Finais


Conforme os capítulos vão avançando, os taegi vão ficando mais juntinhos, claro, do jeito deles. Espero que tenham gostado, me deem aquele feedback pra eu saber se tá indo legal or nah. Meu twitter pra quem quiser: @sarcasmoflet e é isso aí. Beijo ♥


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