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História Our Time - 70x7


Escrita por: paansy

Notas do Autor


/TOCA AS CORNETAS

CHEGUEI, EIN. Atrasada, mas cheguei, vou correr pra postar antes das sete, porque quero manter nosso ritual das 18h. Me atrasei, mas não foi por mal, ein? HOJE É MEU ANIVERSÁRIO E EU VOU COMEMORAR DO MELHOR JEITO:

COM VOCÊS, NA OURLANDIA. Vou desligar o caps pra dizer QUE: desde 2017 eu passo meu aniversário com vocês e isso é o melhor presente que eu poderia ter, sabe? Obrigada por tudo.

MAS VOLTAMOS, foco, quase 7k pra vocês de presentinho, ó. Espero que gostem. Boa leitura.

Capítulo 41 - 70x7


Moveu os dedos juntos, os braços repousados sobre as coxas. Respirou fundo, bem devagar. Parecia ter o peso do mundo em suas costas. Nunca disseram que a vida seria fácil, mas aquilo já era... nossa...

Jiwon. Kim Jiwon. O maldito Kim Jiwon. Olhou para seus dedos, os anéis, a pulseira roxa que divida com Yoongi. Jiwon. Seu estômago estava embrulhado desde que mencionou o nome daquele lixo. Tão podre. Ele era tão... abaixou a cabeça e expirou pelos lábios, se controlando.

Quer dizer, estava tentando se controlar, mas como iria? Olhava para o lado e via seu namorado dormindo sob o efeito de remédio, lembrava de como ele ficou confuso e agitado por toda aquela história. Por culpa do outro rapper, o músico quase passou mal pelas inúmeras dúvidas, a confusão... foi sedado. Mal tinha acordado e já estava dormindo novamente.

Taehyung achava isso injusto e, de fato, era. Não conseguiu falar muito com o mais velho antes do médico vir e lhe aplicar remédio no soro, o apagando por um tempo.

— O que-... — Colocou a mão sobre a barriga e fez uma cara de dor. — o que tá acontecendo? — Questionou olhando desesperado para o azulado que se via confuso, estava pálido. — Taehyung! — O chamou seriamente, mesmo que fraco. Sua cabeça estava rodando, sua barriga doía.

— Hyung. — Correu até a cama, tocando o rosto do músico que fugiu do toque. — Se acalme.

— O Jaebum saiu correndo. — Mencionou, querendo levantar, mas foi segurado pelas mãos do outro. — O que caralhos-...

— Você não pode levantar!

— O quê-... — Engoliu em seco, olhando desesperado para o rosto jovem do homem que tanto amava. Achou piedade. Odiava piedade! Negou, o empurrando, mesmo que sem muita força. — quem era aquele homem, Taehyung? — Quase implorou por respostas, porque aquilo, a dúvida, a ansiedade, ia acabar consigo.

'Amigo de Jiwon', o que aquilo significava? Porque seu padrinho pareceu tão obstinado quando ouviu aquilo e depois saiu correndo? Céus. O que diabos... seu corpo perdeu o restinho de força e caiu nos travesseiros. Puxou o ar, fraco. Levou a mão até o rosto, tocando a testa. Tudo estava embaçado. Merda.

Imagens pipocavam em sua mente. O julgamento de Kim Jiwon, a conversa que tiveram no último ano de ensino médio, quando ele o pediu ajuda. A imagem dele chorando e o entregando aquele pacote de papel cheio de drogas, o pedindo para sumir com aquilo. Apertou os dedos na testa.

— Amor. — Taehyung o segurou pelos ombros. O que estava acontecendo? Por que ele estava mais pálido que antes? — Yoongi. — Tocou a bochecha, querendo chamar sua atenção. — Você precisa manter a calma! — Curvou o corpo, querendo vê-lo, mas não adiantou muita coisa.

"Yoongi-ya, vamos compor juntos, que tal? Vai sair um som foda!"

— Yoongi! — O chacoalhou devagar, vendo-o grunhir de dor e apertar mais a cabeça. — Algum médico, por favor? — Gritou olhando para trás, a porta ainda aberta. — Por favor! — Insistiu desesperado, voltando a olhar para o namorado. — Yoongi, fala comigo. — Sentou na cama e passou o braço por trás da nuca do menor, ouvindo ele dizer "sim". — Respira devagar, você não pode se agitar. — Pediu ansioso, vendo-o assentir devagar, quase sem mover a cabeça. — Algum médico, por favor. — Chamou mais uma vez, olhando a porta, ninguém vindo ao seu desespero. Engoliu em seco. Não ia deixá-lo sozinho, alguém tinha que aparecer.

"Sabe, eu nunca tive um irmão, tá ligado? Minha irmã e eu não somos como você e seus irmãos, a gente briga pra caralho. Ela é o orgulho dos meus pais e eu sou o vagabundo... sei lá. Mas agora entendo porque seus irmãos gostam tanto de você. Tu é um cara foda mesmo, Agust D."

— Estou bem. — Murmurou abrindo os olhos devagar, tirando a mão do rosto, piscando os olhos, querendo limpar a visão e ver melhor o maior. — O que você disse-...

— Não disse nada. — Replicou mais alto, o calando, mantendo-o sobre seu braço, vendo que o corpo estava mole. — Esqueça.

Negou fraco. Não podia esquecer. Tentou tocar no mais novo, mas seus braços pareciam pesar. Por que seu corpo todo parecia uma tonelada? Sentiu sua mão ser segurada pela macia e quente, de Taehyung. A mão dele era tão bonita...

— Eu quero ouvir. — Forçou mais os olhos, vendo melhor o rosto preocupado do azulado. Assentiu consigo mesmo. — Preciso — Engoliu em seco, sentindo o pouco de saliva quase doer sua garganta ressecada. — ouvir. — Completou devagar, seus olhos embaçaram de novo.

Negou, o mais alto. Não. Ele não precisava ouvir nada. Absolutamente nada. Aquilo não importava agora, só a vida dele tinha que ter atenção. Jaebum e Namjoon já estavam cuidando do que precisava ser cuidado, Yoongi não precisava dar atenção... não. Não precisava!

O que ele não sabia era que o rapper realmente queria ouvir aquilo. Era mais como um tapa em sua cara, um "eu te avisei" da vida. Não devia ter confiado tanto, não devia ter ignorado Jinyoung. Não devia ter achado que Taehyung era apenas implicante. Não devia ter fechado os olhos e achado que Jiwon era com ele.

Não devia ter deixado sua empatia o fazer abrir mão do senso crítico. Não devia ter calado seu cérebro quando pensava e repensava em todas suas decisões e ações envolvendo o arroxeado, por achar que estava fazendo a coisa certa.

Amigo de Jiwon. Porque aquilo não o surpreendia nem um pouco, só machucava. Foi apunhalado pelas costas.

De novo.

O corpo febril desfaleceu nos braços do pintor que abriu bem os olhos, assustado por ver os lábios que tanto amava beijar, que sempre sorriam tão bonitinho para si, brancos, sem cor alguma.

— Yoongi. — Chamou baixo, assustado. Não... o que tinha acontecido? — Yoongi? Fala comigo, por favor, não me assusta. — O deitou na cama com cuidado e tocou seu pescoço, as bochechas, testa. Ele estava ardendo. — Não... — Negou veemente. Não aceitava isso.

O deixou por um segundo e correu até a porta, algum médico tinha que ir até ali. Eles precisavam ver o rapper, dizer que estava tudo bem e aquilo tudo era apenas um susto. Eles...

— Algum médico nessa porra? — Gritou, grave, no corredor, sua respiração forte. Perdeu sua compostura.

Yoongi estava queimando em febre e nenhum médico vinha ao seu chamado. Olhou ao redor, nervoso. Ainda era cedo, onde estavam todos os profissionais dali? Inferno. Socou a parede. Não queria sair dali. Olhou para a cama de novo e viu o moreno ainda apagado.

O que ia fazer? Pelo amor de todos os deuses e sei lá mais que merda. Tudo parecia rodar, estava ficando zonzo. Respirou fundo. Viu um enfermeiro saindo de um quarto mais acima no corredor. Ia ser ele mesmo. Correu até o homem de jaleco branco e o pegou pelo braço.

— O Yoongi tá passando mal e ninguém nessa merda me ouve. — Reclamou para o homem que não entendeu nada, ainda segurando uma bandeja com remédios e seringas. — Você precisa ver ele. — Saiu puxando-o.

— Mas eu não sou autorizado a cuidar do paciente... — Tentou argumentar, um pouco nervoso.

Os cuidados daquele famoso, eram especiais. Apenas os médicos mais experientes estavam no caso, enfermeiros veteranos e experientes. Nenhum deles podia entrar com celular ou qualquer aparelho eletrônico, o diagnóstico era privado e sigiloso. Não tinham autorização nem para falar com os familiares dele, muito menos com o paciente.

Normas da empresa de entretenimento qual Yoongi fazia parte, assinado embaixo pelos responsáveis dele: Kim Seokjin e Kim Namjoon.

Se entrasse lá, estaria morto. Ou melhor, demitido. Era apenas um estagiário de enfermagem. Só que aquele homem alto de touca preta, o ignorou completamente e continuou puxando-o para o quarto que tinha o nome "Kim Yoongi" escrito na placa branca. Ficou ainda mais nervoso.

Ia ser demitido!

— Ele tá com muita febre. — Avisou assim que entraram. Largou o enfermeiro e voltou para o corpo pequeno que continuava como deixou. — Muita febre. — Sussurrou consigo mesmo, desesperado, tocando o rosto pálido, apagado. — Ele não tá bem. O meu hyung... — Olhou por cima do ombro e viu o garoto ainda parado. — você precisa fazer alguma coisa. — Gritou irritado, sem deixar o namorado, sem parar de tocá-lo.

Não ia sair de perto dele em momento algum. Nunca mais. Nunca! O enfermeiro assentiu rapidamente e deixou a bandeja em cima da cômoda antes de ir até a cama e tocar a testa do paciente. Quente. Checou a bolsa de soro, ainda estava pela metade. Precisava de um médico.

— Eu vou chamar um médico. — Avisou ao de olhos grandes e expressão séria.

Saiu correndo do quarto à procura de algum médico. Qualquer um. O estado do músico era um pouco grave, a febre estava alta. Não tinha tempo de procurar os encarregados, ele precisava de alguém. Qualquer um, para salvar-lhe a vida. Depois podia ser discutido demissões e qualquer outra coisa.

E foi assim, antes de Taehyung descobrir que seu namorado estava com altas chances de desencadear sepse e por isso precisavam, talvez, mudar a medicação e, ele não poderia mais ficar junto dele. Ele ficaria em UTI fechada, sem direito a visitas diretas, sob vigilância constante dos médicos. Mas isso não era suficiente.

Pegou o celular do bolso e discou o número de seu avô. Ia resolver aquilo. Tiraria Yoongi dali, não importa. Não era para ser adulto e assumir as responsabilidades? Não ia deixar o músico perto de Jiwon. Não ia.

Colocou o celular no ouvido e esperou pouco.

— Meu neto. — A voz pesarosa do homem mais velho soou do outro lado. — Estava conversando com seu pai agora pouco. Como Yoongi está? Ele está melhor?

— Vô, posso te pedir um favor? — Foi direto ao ponto, porque não gostava muito de enrolação.

— Sim. O que há?

— Arrume um hospital em Seongdong, por favor. Vamos transferir o Yoongi hyung de Seocho. — Disse pacientemente o que já havia decidido, mesmo sabendo que seu namorado era contra, dizendo que queria continuar brigando. — Precisamos de uma UTI móvel e seria muito bom se ainda hoje fosse possível-...

— Eu ofereci o médico da família para Seokjin, eu disse que ele poderia trazê-lo para o hospital de minha confiança. — Ralhou o mais velho, fazendo o neto sorrir contra o telefone.

— Oh, — Lembrou de mais uma coisa. Havia uma coisa... precisava de uma outra coisa... — posso pedir outra coisa? — Era o neto mais apegado ao avô, ele não lhe negaria nada.

Era o mais mimado. Ele não o diria "não", nunca.

— Sim?

— O Jungkook hyung nunca vai te pedir isso, mas eu vou. — Respirou fundo. — Ele é orgulhoso e muito cabeça dura, mas — Olhou ao redor, vendo o corredor vazio. — o senhor poderia calar a imprensa e entrar com as ações legais no caso do meu irmão?

— Jungkookie não vai aceitar meu dinheiro... — E era verdade. Jungkook era muito orgulhoso. Não aceitaria!

Preferia ser acusado, apontado e escorraçado, mas não pediria ajuda, muito menos correria para aqueles meios onde precisava pagar mais para todo aquele bando de desesperado por furos de notícias. Ele não se submeteria. Mas Taehyung não ia deixar seu irmão ter o dedo de ninguém apontado para si.

Ele achava humilhante pedir ajuda? Até para o avô deles? Então, bem, pediria por ele.

— Só — Expirou devagar pela boca, cansado. Estava exausto, preocupado. Queria tanto que aquilo passasse. — não deixa afundarem o meu irmão. — Pediu baixo, o coração apertado.

Já haviam conseguido uma vez. Destruiram a carreira olímpica de Jungkook, o fizeram questionar quem ele era, para que ele foi feito. Veio o MMA, ele se reencontrou e amava aquilo. Era a vida dele! E então, mais uma vez, a mídia estaria tentando o afundar, puxá-lo para baixo. Mais uma vez queriam enterrar a carreira do lutador.

Naquela época era muito novo, não sabia que podia ajudar de alguma forma. Mas hoje tinha consciência, tinha força também. Não iam fazer isso! Não iam tocar no seu irmão.

Não iam tocar em sua família.

...

Conheceu Jiwon quando ele era criança. A primeira impressão foi péssima, porque para todos os efeitos, ele e Yoongi tinham uma rixa infantil boba. Torciam o nariz um para o outro sempre que eram obrigados a dividir algum ambiente. Vez ou outra ouvia seu filho dizer que algum dia ia "desinchar os olhos daquele merdinha com socos".

Isso foi preocupante, admitia isso. Realmente pensou que o rapper ia socar a fuça do colega de classe, por isso o repreendeu, disse que se fosse chamado no colégio por conta de alguma briguinha, quem seria amassado, seria ele, mas de tanto sermão.

Disse que Jiwon incharia os olhos, mas ele incharia as orelhas, de tanto ouvir.

Bom, os garotos nunca saíram no soco – ao que sabia –, em algum momento no ensino médio eles se aproximaram e não sabia direito como. Quando deu por si, aquele sujeitinho sorridente demais e com voz esganiçada, estava jogado em seu tapete da sala, jogando videogame com seu primogênito.

Eles ficaram amigos, eram parecidos demais. Ficavam depois da escola, no quarto do menor, ouvindo rap, discutindo quais melhores MC's, rindo de piadas que só eles entendiam, enchendo a cara de refrigerante e cheetos.

Às vezes Jiwon ficava para jantar, então todos comiam na mesa do quintal, ele se enturmava bem na família, embora fosse muito exibido. Isso fazia graça às vezes, até. Tinha memórias boas com aquele cara... gostava dele...

Era difícil estar sentado ali, em uma das salas de interrogatório, vendo-o como um possível suspeito do atentado à vida de seu filho. Todas aquelas memórias pesavam e seu coração ficava pequeno, tão pequeno.

— Conheci o San quando eu tinha quinze, ele era meu vizinho. — Começou a contar, tendo os olhos analíticos do mais velho em si. — Ele era um cara legal mas, um pouco maluco e nessa época eu tava passando umas merdas na minha casa. — Respirou fundo ao pensar naquilo, parando um pouco para lembrar daqueles dias difíceis. — Meus pais estavam se separando, minhas notas no colégio eram horríveis e meu pai sempre tirava meu couro por isso. — Riu nasal e coçou a cabeça. Mas Namjoon não riu! — Sempre pensei que ter meu próprio pai como professor no colégio, fosse facilitar minha vida, mas na verdade foi tudo um maldito inferno.

— Foi então que se juntou nos planos de San?

Assentiu cansado. Era mais ou menos isso mesmo. Estava meio cansado na época. Seus pais brigando todos os dias, a escola uma total merda, acabou topando em coisas novas.

Não boas, assumia isso mas, novas.

— Ele disse que ia resolver e realmente resolveu. — Explicou devagar e o delegado sabia à que ele estava se referindo. Riu fraco. — Mas depois se tornou só mais um problema nas minhas costas, fui preso e toda essa merda que o senhor já deve saber, né. — Se jogou contra a cadeira de ferro, querendo descansar as costas.

Namjoon ponderou. A história dele batia com a realidade, realmente a idade foi essa, o motivo. Ele não estava mentindo, mas ainda assim era algo a se pensar. San estava no carro no dia da perseguição, ele conhecia Jiwon, Jiwon conhecia Taehyung e Seokjin. Não podia ser uma coincidência!

Apoiou os braços sobre a mesa e encarou os olhos pequenos do rapper. A voz de Yoongi em sua cabeça, dizendo que ia socá-lo, quis rir. Aquele moleque desaforado...

— Você mantém contato regular com ele? Ainda são amigos? — O músico ponderou de novo. — Não se falam mais?

— Nos falamos, só que pouco. — Explicou dando de ombros. — Nossas vidas seguiram rumos diferentes, o senhor tá ligado, né. — Sorriu pequeno, um pouco nervoso. Ele tinha mesmo que ficar tão sério daquela maneira? Cruzes. — Nem sei mais por onde ele anda.

Oh. Isso fez a mente do acastanhado dar um estalo de lucidez. Lambeu os lábios secos e olhou para a mesa, onde tinha alguns papéis anotados, alguns documentos. Isso ia ser interessante. Gostava quando alguém mentia para si, ainda mais em um interrogatório.

Não era delegado à toa. Não havia sido escolhido à toa. Quem eles achavam que eram?

— Você não sabia que ele está em coma? — Ergueu o olhar para o arroxeado que apertou os olhos fechados e já ia negar, quando o interrompeu. — Isso é engraçado, na verdade. — Sussurrou consigo mesmo, dando uma risada nasal e negando. — É extremamente engraçado, porque o seu manager visitou ele na semana passada e levou flores no seu nome. — Voltou a se debruçar na mesa, encarando o rosto inexpressivo do músico. — Não faz ideia mesmo de onde ele anda? — Insistiu mais uma vez, um pouco irônico.

Parou de falar, o mais novo. Antes precisava pensar e analisar bem qualquer palavra que saísse de sua boca daqui por diante. Namjoon não era burro, ele não ia deixar passar nada, então precisava... ir devagar. Estava nervoso, mas não ia deixar aquilo atrapalhar.

 havia chegado tão longe... não ia perder logo agora. Já estava quase lá. Assinou o contrato com o Show Me The Money, sua composição foi aprovada pela empresa, de manhã o próprio presidente lhe ligou avisando que tinham que apressar seu comeback, ainda mais depois de toda essa repercussão do caso de Yoongi.

Estava indo como deveria ir. Por isso respirou fundo, ia manter a calma.

Ia abrir a boca para responder, tentar virar o jogo, mas foi interrompido novamente.

— Por que não subiu no palco com o Yoongi ontem? — Quis saber, porque aquilo era realmente uma pista. — Você sempre sobe e por que não ontem?

Seu coração falhou algumas batidas. O quê? De repente sua garganta ficou seca. Kim Namjoon estava mesmo seguindo seus passos e o investigando?

— Não entendi.

— Onde você estava quando o Yoongi levou um tiro? — Foi direto, não tinha mais paciência. — Sua última aparição antes do show, foi no backstage e, a primeira e última após o tiro, é ajudando o Jungkookie. — Empurrou as capturas de imagem da câmera de segurança, deixando livre aos olhos pequenos do músico que não disse nada, só abaixou o olhar para as provas. — Uma pessoa disse que te viu dentro do lounge privado da boate um pouco antes do show começar. — E de repente, o rosto do músico ficou branco. Mais que o normal. Analisou isso. — Armado.

— O quê? — Elevou o tom, assustado. Quase levantou da cadeira. — Isso não é verdade, eu não estava armado. Isso é-... — Deu uma gargalhada nervosa. — quem disse isso? — Apoiou as mãos na mesa, se inclinando para frente, vendo o mais alto extremamente calmo. — Eu sou uma testemunha, delegado.

— Por isso você está sem algemas e eu estou te fazendo perguntas. — Esclareceu, a voz rouca e séria, fazendo o outro voltar a se aquietar na cadeira. O olhou firme, mostrando que ali não era mais "pai de um amigo", era o delegado e ele era um suspeito. — Aonde você estava antes do show? Responda. Tem uma versão melhor do que a que eu ouvi?

Riu. Claro que riu. Que merda era aquela? Quem tinha visto o quê? Fala sério. Mordeu o lábio inferior para engolir as risadas e viu que Namjoon ainda o encarava sério, esperando respostas. Respostas... ele realmente esperava que se assumisse culpado ou qualquer merda do tipo?

— Tinha ido pegar umas bebidas, senhor. — Respondeu debochado e o policial acabou rindo dessa vez. — Seu filho gosta de beber cerveja ao invés de água nas pausas, eu fui pegar. — Respondeu como se fosse óbvio e o de colete à prova de balas fingiu acreditar. — Pergunte ao gerente se não nos encontramos lá. Ele mesmo me atendeu.

Curioso. Muito curioso. Jaebum havia interrogado o tal gerente e, se sua memória não estava ruim, ele não havia dito isso. Do Hanse, você estava certo... infelizmente...

Ao mesmo tempo que seu peito enchia de satisfação de pegar Jiwon na mentira, também doía por saber que aquele garoto que falava alto, tinha dentes tortos e ótimo gosto musical, tinha tentado matar seu filho. E amigo dele. Um dos mais próximos. O que lhe deu tudo o que tinha hoje...

Isso era covarde.

— Você não gosta do Yoongi. — Pensou alto, olhando o rosto do, agora, suspeito. Seu suspeito número um. O rapper franziu as sobrancelhas, estranhando. — Você não gosta do meu filho e mentiu esse tempo todo... — Engoliu em seco após aquelas palavras, porque elas machucavam.

Talvez Jiwon não sentisse nada, mas ele sentia. Sentia por Yoongi, sabia que ele ia se machucar e merda, mais uma vez as pessoas estavam sendo ruins com ele. Conhecia toda a vida de seu filho mais velho e isso machucava ainda mais, porque só queria que ele tivesse coisas boas na vida depois de ter passado por tudo aquilo.

Mas, infelizmente, nem tudo dependia de si. Não mandava no destino.

O arroxeado não entendeu, mas também não respondeu. Sim. Não gostava de Yoongi, na verdade, o odiava. O odiava muito, como nunca odiou alguém na sua vida. Ele era tudo o que não gostava e... inferno. Ele o odiava de verdade. Muito. Tanto... tanto... seu estômago chegava embrulhar.

Não conseguiu negar, porque aquilo era a mais pura verdade, mas também não cedeu. Manteve sua expressão confusa.

— O senhor está me acusando sem provas, delegado? — Perguntou após um tempo, testando se era aquilo mesmo que parecia.

— Por que o Jin e o Tae?

— Desculpe? — Mostrou não entender a pergunta.

— Por que odeia tanto o Yoongi? Ele sempre foi seu amigo. — Devolveu mais uma pergunta, vendo os olhos escuros cintilando um pouco. Ele tinha que confessar!

— Eu não o odeio. — Respondeu por fim, como se fosse óbvio. — Somos amigos, por que o senhor está me acusando?

— Porque você está nisso, Kim Jiwon e eu vou pegar você. — Levantou da cadeira e deu um tapa na mesa de ferro, fazendo os documentos pularem com o impacto. O rapper se acuou na cadeira. — Eu não acredito em você. — Murmurou raivoso, vendo que estava intimidando o mais novo. — Quero que pense em mim como a vingança do seu deus multiplicada por setenta vezes sete. — Retomou a conversa que tiveram dentro da igreja e o menor desviou o olhar.

Não ia deixar passar, não ia esquecer, não ia aliviar para ele. Agora estava mais do que certo que Kim Jiwon estava nesse meio e precisava segurá-lo pra pegar os outros, ir à fundo em quem começou com toda essa merda e fazer cada um pagar. Eles tinham que pagar.

Todos eles.

— O senhor não pode fazer nada sem provas. — Disse calmamente o mais novo, encarando de baixo, mantendo a pose.

Estava com medo, mas não ia mostrar isso, não ia perder sua compostura. Não tinham provas, então, não tinha motivos para ser acusado publicamente. Estava bem, tranquilo.

Ainda.

A porta da sala foi aberta com brusquidão e o mais velho olhou imediatamente, irritado pela falta de educação, mas ao ver o rosto pálido de Seonghwa, temeu. O que... O que merda tinha acontecido agora?

— Chefe, o Hongjoong foi esfaqueado. — Disse rapidamente, ainda um pouco abalado. — Baekho o matou e-...

— O quê? — Saiu de onde estava, indo para perto do policial. — O que foi que você disse?

O mais alto assentiu e abaixou a cabeça em respeito ao superior. Seu coração estava acelerado, ainda não sabia muito o que fazer. Foi tudo tão rápido... foi sua culpa. Não devia ter tirado os olhos dele, o prendeu na cela com Baekho e esqueceu o que seu delegado falou sobre eles, em alguma hipótese, estarem juntos no mesmo plano.

Agora tinha ficado óbvio, mas não tinha como pedir desculpas, ele estava morto.

— Momo tentou salvá-lo, mas-...

— Com licença, senhor delegado, — O rapper de cabelo roxo levantou da cadeira e ajeitou o casaco jeans. — posso ir? — Apontou para a porta. — Ainda tenho alguns compromissos antes da hora do almoço. — Fingiu um sorriso sem jeito, ganhando os olhos frios em si.

Namjoon queria dizer não, mas como podia? Para todos os efeitos gerais, aquele homem ainda era uma testemunha e não um suspeito. Não podia segurá-lo ali, ainda não. Se Hongjoong confirmasse suas suspeitas... fechou os olhos e esfregou as mãos no cabelo castanho, despenteando mais do que já estava.

O que faria agora? Quem poderia testemunhar? Precisava entender como aquele desgraçado conseguiu matar o Kim de cabelo loiro, ali, em sua delegacia. Ele foi revistado, de onde havia saído aquela suposta "faca"? Porra! Queria tanto ver Yoongi, mas parece que ia demorar um pouco mais.

Sua saudade tinha que esperar. Primeiro ia punir os desgraçados, depois ia abraçar seu filho com tanta força. Ia protegê-lo, assim como prometeu que iria. Não ia voltar atrás em sua palavra. Nunca o fazia!

Indicou a porta para o músico que os reverenciou separadamente, agradecendo, antes de sair dali. Suas pernas estavam um pouco dormentes e seu coração acelerado. Hongjoong estava apagado, ainda bem.

Respirou fundo assim que passou pela porta, olhando para o lado, vendo a aglomeração de policiais indo para a cela compartilhada, onde eles prendiam os detentos que estavam esperando para ser interrogados.

Limpou as mãos no jeans. Ato simbólico. Suas mãos estavam limpas.

Virou para o corredor que daria para a saída e deu de cara com aquele cara... chegou bufar de irritação. Nem o conhecia e já sabia que o odiava. Intrometido e arrogante. Ah, quer saber? Foda-se. Ia continuar seu caminho, ignorá-lo. Ele não merecia sua atenção e já ficou tempo demais naquele lugar.

No entanto, realmente não conhecia Im Jaebum. Não sabia que ele não gostava de ser contrariado. Ignorado.

O militar pegou o rapper pelo colarinho da jaqueta e o jogou na parede com força, ouvindo-o grunhir pela dor. Dor? Ele sabia mesmo o que era dor? Desgraçado. Se ele estava saindo daquele lugar, ainda mais sem algemas e sem nada, como se fosse um inocente, então chegou atrasado.

Ele sabia mesmo o que era dor? Hongjoong, provavelmente, soube.

Prendeu seu antebraço no pescoço dele e forçou, o segurando ali.

— Me solte. — Disse o músico, entredentes, agarrando o braço dele, vestido com o casaco de couro. — Se não tem o que dizer pra mim, me solte.

— Eu tenho. — Respondeu no mesmo tom, seu sangue correndo quente depois de todo o esforço para chegar ali. A raiva. — Seu filho da puta covarde, foi você. — Apertou mais o antebraço, fazendo o mais novo tossir e tentar o empurrar com mais força. — Você fez toda essa merda, você mandou matar a única testemunha que tinha. Foi você!

Ele riu. Kim Jiwon riu, mesmo sem muito ar, ele riu. Olhou bem para o rosto sério daquele homem que não fazia ideia de quem era, mas ele estava um passo à frente e o conhecia. Sabia o que tinha feito. Por isso riu. Riu de desespero e nervoso. Riu porque estava com raiva. Riu porque queria tanto socar a cara daquele homem, mas ele parecia mais forte.

E foi sua última risada antes de levar um soco no rosto, seu corpo foi jogado para o lado e caiu no chão. Apoiou as mãos ali e grunhiu um xingamento. Ele tinha a mão pesada, seu maxilar parecia ter saído do lugar. Merda. Aliás, quem aquele merda pensava que era?

— Levanta. — Jaebum abaixou e agarrou os dedos novamente no colarinho do casaco do músico, o trazendo para cima. — O Namjoon não pode bater em você, não é? — Abriu um sorriso irônico, vendo o outro engolir em seco. Que Buda o perdoasse, que Youngjae pedisse por sua vida e redenção aos seus pecados, porque ia pecar e muito naquele momento. — Mas eu posso acabar com você. — Disse baixo, vendo os olhos assustados do arroxeado que tentou se soltar, não gostando daquela conversa.

Empurrou os ombros largos do militar, tentando se soltar. Nunca foi muito bom de briga, por isso juntou-se com pessoas mais fortes e que guardavam suas costas. Descobriu que ser inteligente era melhor do que ser brigão. Sempre acreditou nisso, sempre saiu ileso por isso.

Inclusive naquele momento. Porque o tenente daquela delegacia chegou na hora, estranhando o que estava acontecendo.

— O que é isso aqui? — Perguntou ao ver um homem segurando o outro pela camisa. — Isso virou uma espécie de circo? Playground? — Deu mais alguns passos para dentro, sendo acompanhado por mais dois oficiais de sua guarda. — Solte. — Ordenou para o de jaqueta de couro, vendo-o quase bufar de raiva em cima do estranho de cabelo roxo.

Não demorou meio segundo para Namjoon sair apressado da própria sala, afim de ver o que estava acontecendo, desesperado para ver Hongjoong e tentar salvá-lo. Precisava salvá-lo, porém, sua visão foi para o lado e seu coração gelou assim que viu seu tenente, Jaebum e Jiwon.

Certo, Kim Namjoon, assuma suas responsabilidades. ... siga! Não importa,  siga.

— Tenente. — Cumprimentou educadamente o superior, abaixando a cabeça e logo depois se direcionando ao melhor amigo. — Im Jaebum.

— Foi ele. — Disse rapidamente, não se importando com mais nada. — Ele quem mandou matar Kim Hongjoong. — Jogou o rapper para frente, fazendo-o cambalear e quase cair nos braços do delegado.

No meio de todo aquele alvoroço dentro da delegacia, entre aquele pequeno grupo de pessoas, ficou um silêncio. O próprio Jiwon ficou desacreditado no lugar. Como...? Rodopiou devagar no lugar e encarou o tal Im Jaebum. Que desgraçado, o que ele estava falando?

— Como pode me acusar assim? — Gritou injuriado. — O senhor tem provas? — O enfrentou, temendo ser massacrado na frente das duas forças máximas daquele lugar. — Hum? Isso é muito grave! — Se exaltou mais ainda, vendo o olhar fixo daquele homem. — Você me bateu, — Foi enumerando nos dedos. — me acusou e ainda está me humilhando em público. — Riu fraco. — Eu não faço a menor ideia de quem seja você, mas espero que tenha um ótimo advogado!

O homem de cabelos grisalhos, que até então estava em silêncio, resolveu se pronunciar. O que estava acontecendo em sua delegacia? Aquilo era um circo? Como levariam a sério a polícia de Seul se seus próprios subordinados não se davam ao respeito e não faziam o trabalho corretamente?

— Quem é o senhor, afinal? — Perguntou para o homem de semblante sério e cabelo muito preto. — Tem provas? Onde estão? — Pediu, porque se tivessem provas, tinham que ser jogadas na mesa.

Mas ele não disse nada. Não sabia o que dizer...

O Im não soube o que dizer diretamente. Em um ponto aquele desgraçado tinha razão, não podia usar o que sabia, não podia falar como tinha conseguido aquela informação. Chegou a abrir a boca, mas fechou. Maldito. Expirou devagar pelas narinas e deu de ombros.

Foda-se, certo? Já entrou naquilo sabendo que iria colocar em risco seu cargo, então...

— Ele é Im Jaebum, senhor, — O delegado tomou a frente, chamando a atenção de todos para si. — um amigo muito próximo, ele é do exército. — Disse por alto, não querendo explanar o cargo do amigo. O encarou, sinalizando para que ele ficasse quieto. — Está me auxiliando no caso do Yoon-...

— Eu falei pra você não se intrometer nesse caso, Kim Namjoon. — O homem mais velho disse alto, irritado. — Casos pessoais são resolvidos por outras equipes e eu deixei em suas mãos para montar a equipe, não fazer parte dela! — Odiava insubordinação, ainda mais de homens como Namjoon, porque o decepcionava. — Não satisfeito de ignorar minhas ordens, ainda trouxe mais "sua gente" para minha delegacia! — Opa! Aquilo ofendeu o ego do Im. — Isso aqui não é um jogo, não é uma festa!

"Sua gente"? O que ele quis dizer com "sua gente"? Apertou o olhar em direção ao homem mais velho. Não lhe devia obediência e nem tampouco continência. Era um cargo acima do dele. "Sua gente"...?

— Tenente, eu sinto muito. — Antes que falasse algo, irritado, Namjoon reverenciou o superior mais uma vez. — Espero que entenda que é do meu filho que estamos falando. — Voltou a levantar o corpo e encarou o menor. — O senhor não tem como me isentar disso.

Riu nasal. Não tinha como isentar? Perfeito. Deu uma última olhada naquele soldado ridículo e depois em seu delegado inútil e insubordinado. Sabia que colocá-lo em um posto alto era faca de dois gumes. Talvez estivesse mesmo errado, precipitado.

— Não tenho? — Colocou as mãos dentro do bolso do sobretudo. — Estou te afastando por tempo indeterminado do seu cargo de delegado e de policial de Seul, Kim Namjoon. — Disse devagar para que ele entendesse, sorrindo no fim. — Vou escrever um relatório com seus grandes feitos revolucionários dos últimos dias, pode deixar. — Olhou para o lado, vendo o militar mudo. — E você, senhor, — Jaebum levantou o olhar, não escondendo a raiva em seu rosto. — deixe sua identificação militar na minha sala. Vou enviar um fax para seu quartel.

Jaebum riu. Era assim? Enfiou a mão no bolso da calça jeans, tirando a carteira de lá.

— Jaebum, não. — O delegado pediu baixo, temendo pelo cargo do melhor amigo.

Porém,

— Aqui. — O comandante tirou sua identificação militar e estendeu para o tenente. — Mande o fax, faça o que o senhor achar ser o certo. — Sorriu educado, abaixando a cabeça devagar em uma falsa reverência.

O acastanhado negou e lambeu os lábios. Provavelmente o Im seria punido por isso, já não bastava ele mesmo sendo rebaixado se seu posto? Olhou para o mais novo que negou fraco, aparentemente tranquilo quanto o assunto. Estavam naquela sabendo os riscos, não era surpresa alguma.

Namjoon tirou a arma de trabalho de seu coldre e entregou para um dos oficiais do tenente. Fez o mesmo com seu distintivo, as algemas e o colete à prova de balas. Não era mais o famoso delegado Kim Namjoon, agora era  Kim Namjoon.

Marido de Kim Seokjin, pai de seis filhos lindos.

— Comandante Im Jaebum. — Leu por alto a identificação militar do mais novo, se surpreendendo com o cargo alto do moreno que abriu um sorriso.

— Sou eu. — Disse cheio de orgulho. — Ah, a propósito, — Chamou a atenção do mais velho que o entregou a identificação militar de volta. — não esquece de colocar no fax que agora a responsabilidade do caso, é minha, pode pôr detalhes da insubordinação "da gente do Namjoon". — Olhou para o melhor amigo e suspirou. É... ia dar um pouco de merda naquilo. — O nome do meu superior é Shin Hoseok. — Avisou para o mais velho que tinha a expressão confusa e um pouco irritada pelo deboche daquele homem. — Escreva, por favor, mais de mil páginas, só não erre a caligrafia do meu nome. — Pediu educadamente antes de curvar o corpo. Logo depois olhou para o lado, vendo Kim Jiwon massageando o maxilar. — Espero que no fax também tenha um parágrafo só dedicado pras porradas que vou fazer o Yoongi dar na sua cara. — Ameaçou avançar no rapper que deu um pulo no lugar, indo para trás. — Vou ser punido sorrindo.

— Chega, Jaebum!

Namjoon, vendo que seu melhor amigo já estava se excedendo e com certeza traria muito problema para sua carreira, o pegou pelo braço e o puxou para sair dali. Não tinham mais o que fazer ou falar. Já havia perdido seu cargo: temporariamente ou não, havia perdido.

Mas, sabe? Era uma pessoa que gostava de acreditar no lado bom das coisas. Ou seja, não era difícil pensar que toda aquela coisa também tinha um pouco de positividade. Não tinha mais responsabilidade com a instituição, logo:

— Vamos fazer do nosso jeito, JB!

...

Polêmica gera notícias, notícias geram engajamento.

Saiu do carro e fechou o botão do terno, olhando ao redor. Em pleno domingo estava trabalhando e se não fosse por causas tão boas, estaria com um péssimo humor. Cuidar das redes sociais de Yoongi nunca foi tão prazeroso quanto naquele momento, porque estava tudo indo perfeitamente.

Quem não gostava de uma grande notícia? As visualizações nos vídeos dele haviam aumentado, as visitas nas redes sociais... todos queriam saber sobre o rapper, saber como ele estava no meio de tanta fake news sobre possível morte, coma e tantas outras coisas que sites sensacionalistas estavam criando.

Famosos se comovendo, aumentando ainda mais o alcance das notícias. Céus. Aquilo estava perfeito! Só precisava acertar algumas coisas com Yoongi sobre o comeback, noticiar cadenciado no meio de toda aquela procura sobre o bem estar do músico e pronto. Ele teria uma taxa de sucesso de 100%.

Entrou no hospital, indo direto para a recepção. Pelo que ficou sabendo pelas redes sociais da própria família de seu cliente, ele já estava acordado e "vivo". Isso que importava.

Enquanto há vida, há trabalho a ser feito. Não é esse o lema?

Apoiou-se na bancada de informações.

— Queria ver o paciente Kim Yoongi, sou o assessor dele. — Avisou um pouco arrogante, vendo a mulher assentir meio desinteressada. — Aliás, eu poderia conversar com a equipe médica que está tratando dele? Havíamos planejado sobre uma coletiva de imprensa ainda hoje... — Enquanto ia falando, ela ia digitando. A ideia da coletiva de imprensa com os médicos era boa, ia tranquilizar os fãs e deixar o assunto mais sério.

A recepcionista franziu as sobrancelhas, confusa. ? Procurou mais algumas vezes, apenas pelo sobrenome, pelo nome, pelos detalhes do paciente, mas nada achou no banco de dados do hospital. Estranho...

— Aqui só tem a informação que ele foi transferido, senhor. — Avisou para o homem que se espantou. — Não diz mais nada.

— Como assim? — Riu desacreditado. Yoongi havia sido transferido? Como? A empresa tinha uma cláusula muito específica sobre "tomar decisões sem consultá-los". — Se ele foi transferido, então a ambulância do hospital-...

Ela negou.

— Não foi com uma ambulância do hospital, pelo visto, senhor. Foi uma particular! — Torceu os lábios, um pouco sentida por não poder ajudar. — Não sei mais te informar nada.

Apenas assentiu antes de sair, incomodado com aquela notícia. Precisava falar com os pais de Yoongi, saber onde enfiaram o rapper. Ele não podia sumir do mapa daquele jeito, o que diria para as pessoas? Merda. Tinham a coletiva de imprensa, as entrevistas... os contratos a revisar... patrocínio a fechar. Ele não podia sumir.

Ainda havia o comeback... aliás, onde estava Hyowon? Todos resolveram sumir naqueles dias. Malditos.

Saiu do hospital e deu de cara com Jiwon. Era o que faltava... revirou os olhos e já ia saindo quando ele lhe segurou pelo braço. Oh, ótimo. Virou-se para ele.

— Sua cara está horrível. — Foi a primeira coisa que disse ao vê-lo com a cara inchada. Soltou o braço e ajeitou seu paletó. — Se veio visitar seu melhor amigo-irmão, — Debochou. — pode dando meia volta, perda de tempo.

— Por quê?

— Ele foi transferido. — Respondeu, contrariado. — A família o levou para algum lugar que ninguém sabe onde.

O arroxeado fechou as mãos em punho e respirou fundo. E agora? Estava perdido. Com Im Jaebum e Kim Namjoon já sabendo de tudo por alto, corria um grande risco de perder aquela guerra. Sua última alternativa era ficar perto de Yoongi e esperar que ele acreditasse em si, até porque não tinham pistas de que ele quem havia dado a arma para Baekho, não havia nada.

E, no mais, o baixinho sempre acreditou em si. Eram melhores amigos, não é? Eram quase irmãos. Ele acreditaria em si.

— Filhos da puta! — Murmurou com raiva, rindo sozinho, desacreditado que eles haviam feito aquilo.

Como ia fazer o músico mais velho acreditar em si se ele estava em algum lugar secreto que aquela gente o enfiou? Merda de pessoas imbecis, eles estavam estragando tudo. Tudo! Tinha tudo para dar certo, mas então... claro, eles tinham que estragar tudo.

Sempre eles tinham que sair por cima.

— Você já conseguiu o contrato com reality, está com comeback marcado e tem o caminho todo livre. — Disse o canadense, baixo, quase sem voz, aproximando-se do mais alto. — Já é hora de parar, Kim Jiwon. — Avisou para o rapper que o olhou com os olhos ardendo em raiva. Respirou fundo. — Eu ainda trabalho pro Yoongi e não vou deixar você destruir ele.

O arroxeado riu e estalou a língua no céu da boca. Max... Max... ele ainda não havia entendido como funcionava aquilo, certo? Só acabava quando aquele cara estivesse aos seus pés e isso ainda não havia acontecido.

Max queria mesmo se tornar um Kim Hongjoong?

— Cuidado, Max. — Colocou a mão no ombro do mais velho e respirou fundo. — Não é o meu nome que está em certos documentos e registros...

— Você está me ameaçando? — Aquele fedelho...

Deu de ombros. Nunca se sabia, certo? Nunca se sabia.

— Cuidado, Kim Jiwon. — Tirou a mão dele de seu ombro, extremamente calmo. — Não seja tão arrogante, você só está onde está, por ajuda, nunca se esqueça. — Ajeitou o paletó. — Cresceu porque o Yoongi te fez crescer e está ganhando porque eu te ajudei. — Viu os olhos raivosos daquele cara que se achava tão esperto, mas na verdade... tsc. — Com um passo em falso, eu te destruo. — O empurrou pelo ombro. — Com uma entrevista, o Yoongi acaba com sua carreira e sua vida, então pensa muito bem antes de abrir sua maldita boca. — Sorriu irônico, enfrentando aquele grande idiota. — Se você acha mesmo que um tiro vai fazer o Yoongi temer você... — Deu uma gargalhada. Jiwon era tão ingênuo, tão estupidamente idiota e ingênuo. — só te ajudei nisso, porque me beneficiava a construir a imagem do Yoongi, ele nunca vai temer você, seu invejoso de merda. — Avisou sorridente, vendo as bochechas coradas do arroxeado, os olhos cintilando de pura raiva. Podia sentir o ódio saindo pelos poros. — Então, pare de brincar de bandido e ponha-se no seu lugar, garotinho. Já é hora de tirar a fantasia e parar.

E essa foi sua cartada final. Quem aquele imbecil era para lhe ameaçar? Ele realmente estava se achando muito, certo? Coitado. Que piadista. Não tinha medo dele e nem daquela coisinha que ele chamava de grupo. Haviam sido todos pegos, ele era o próximo. Vamos ver se na cadeia ele faz mais sucesso. Que podre...

Foi rindo para seu carro, porque aquilo era realmente engraçado, não vendo o rapper quase tremendo de ódio, com os punhos cerrados. Pouco ligou para a lágrima rolando em sua bochecha.

Setenta vezes sete... isso repetia em sua cabeça. Setenta vezes sete.


Notas Finais


E AÍ????????????????????????????????? Tem pessoas que já sabiam que o Max tinha um pézinho na bandidagem. Estavam certos, btw. Me digam aqui embaixo o que acharam, eu gosto da opinião de vocês.

A tag da fic pra quem quiser: #wuahtaegi e é noix. ♥


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