1. Spirit Fanfics >
  2. Our Time >
  3. Bobby Death

História Our Time - Bobby Death


Escrita por: paansy

Notas do Autor


NÃO, VCS NÃO TÃO PRONTOS PRA ESSE EVENTO. NÃO TÃO. BOA NOITE, MEU POVO. Como estamos nesse dia chamado O DIA DA VINGANÇA????????

Eu to AQUI TODA ME QUERENDO. Hoje teremos nosso: quem ri por último, ri com a graça do Buda.

Espero que gostem desse capítulo, ele tem 8k lindo pra vcs. Comenta legalzinho que hoje a gente tá exaltado.

Tenham uma boa leitura. Tô agitada que nem o our jungkook.

Capítulo 48 - Bobby Death


— Você tem certeza? — Disse ao telefone, os olhos presos na janela, o quintal verde... no fim, ainda se sentia em casa. Houve uma confirmação. — Eles já sabem que eu vou lá?

— Tá tudo certo, Yoongi. — Hyowon respondeu cansado. Por que aquele idiota queria fazer aquilo? Era só entregar Jiwon. Estava um pouco receoso. — Mas ainda acho que você precisa pensar nisso, cara, é uma merda arriscada. — Murmurou e o rapper riu fraco. Arrogante. — O filho da puta atirou em você.

— Justamente. — Foi óbvio, quase ofendido por ter seu pai e o produtor tentando lhe parar. — Hyungnim, você acha isso justo?

— Claro que não!

— Então me deixa. — Colocou a mão disponível no bolso, calmo. Estava realmente calmo. — Você me conhece. — Suspirou. — É sangue por sangue.

— Yoongi! — Chamou a atenção.

Acabou rindo baixinho. Às vezes achava que tinha um avô no lugar de produtor, porque o que aquele homem fazia era lhe dar broncas. Tantas. Mas não se importava, ele era um cara legal para caralho e o considerava muito. Ele foi o único que restou, era o único que confiava.

Lambeu os lábios. Por que estavam tão nervosos? Seu pai, Hyowon, aquela criança medrosa do Hanse. Quase chorou quando ouviu sua voz pela ligação. Fala sério! Ele não entendia que tinha que manter a postura? Cara esquisito.

Inclusive, naquela ligação com o rapper mais novo, descobriu algumas coisas. O garoto sempre estava nas sombras e por ser apenas um rookie, era tratado como insignificante, por isso ouviu e viu muitas coisas. Coisas que o próprio Yoongi não fazia ideia. Nunca iria saber...

O rolex de fundo azul, a viagem para China, as conversas por suas costas, os esquemas sujos de Max. Ele via tudo, ouvia tudo. Aquele idiota não era burro.

Pediu o rolex para seu pai. Pediu de volta.

— Ah, eu preciso falar uma coisa. — O Kang voltou após um tempo, o tom mais leve. — Suran me apresentou umas pessoas-...

— Se importa de falarmos sobre isso pessoalmente? — Sussurrou. O produtor não entendeu.

— Não, tudo bem.

— Segure a Suran-ssi e o idiota do Hanse por perto. — Olhou por cima do ombro, vendo se alguém entrava ali. Não queria ninguém ouvindo seus planos ainda. Apenas Taehyung sabia em partes. — Sua família está bem? — Ele grunhiu em positivo. — Recebeu o dinheiro?

— Sim, muito obrigado, mandei minha esposa e minha criança para Jeju. Minha sogra mora lá. — Yoongi respirou aliviado, mais calmo. — Não se preocupe conosco.

— Do Hanse?

— Já providenciei dois seguranças e seu pai também emitiu uma medida protetiva, está tudo bem quanto a isso. — Assentiu consigo mesmo. Esses detalhes o preocupavam um pouco. — E sua família? Você?

— Não estou preocupado com isso. — Deu de ombros. — Meu pai está mais perto agora, meu padrinho também. Estamos todos bem, não se preocupe. — Mordeu o lábio inferior, sua mente indo imediatamente até Taehyung. Não gostava dele andando sozinho. — Escuta, — Coçou a nuca, meio encabulado. — se alguma coisa acontecer comigo-...

— Não, Yoongi, nem começa com essa porra. Sabe que eu odeio esse tipo de assunto.

— Escuta, caralho. — Falou mais alto. — O único que tem todas as minhas senhas e acessos, que sabe de tudo sobre as músicas, sobre tudo, é o Taehyung. — Dizer aquilo, pensar naquilo, era assustador, mas mesmo assim precisava dizer. — Procure ele.

— Yoongi, chega. — Disse irritado. — Vou desligar, vai dormir que seu mal é sono.

Acabou rindo. Tinha dormido tanto no hospital, estava descansado. Um pouco fraco, mas estava bem. Ficava em pé sem ajuda agora, andava, conseguiu almoçar com a família na mesa, assistiu um pouco de futebol na TV com seu pai e seus irmãos, voltou para o quarto só para telefonar. O dia estava tranquilo.

Tirando pelo fato de ter que lidar com seu telefone tocando e recebendo uma enxurrada de notificações. Estava considerando muito desligar o aparelho e ficar na sua, se desintoxicar de toda aquela merda. Andava sem paciência até para agradecer os "sinto muito" que recebia. Preferia que ninguém falasse nada.

A maioria queria saber o que tinha acontecido, queria saber quem foi e o porquê. Diziam que se importavam, mas nem o conheciam, falavam em seu nome, mas nem sabiam de sua carreira ou história. Viu tanta gente que nem fazia ideia de quem era, postando coisas como se fossem amigos, não era amigo de ninguém. Sempre foi ele por ele.

Lhe surpreendia muito ver pessoas que jamais viu, o tratando como um velho amigo. Não gostava disso. Era forçado e nunca foi muito fã de pessoas muito perto, principalmente as que não conhecia e queriam falar seu nome.

Que o deixassem em paz. Estava bem. Todos sabiam disso, Taehyung postou isso, seus irmãos postaram, seu pai falou isso em entrevista. Para quê precisavam de mais? Merda.

Não daria mais. Queria ficar na sua.

A ligação não durou, desligaram. Já haviam conversado sobre as coisas importantes. Hanse e Suran estavam ao seu lado, Hyowon estava o ajudando, logo tudo aquilo teria um fim. Só precisava colocar um ponto final e colocaria.

Não, não "colocaria" um ponto final. Ia socá-lo lá, ia marcar, ia destruir a história e fincar o ponto final naquela página. E para isso, estava pronto para tudo. Pronto para bater, apanhar. Estava pronto.

Ganharia aquela batalha com gosto de suor ou de sangue.

Mas em geral, estava tranquilo. Agora com tudo a limpo, sentia que o jogo tinha ficado equilibrado. Estavam olho no olho, lutando com as mesmas armas. Não era covarde e nem injusto, não gostava quando eram consigo.

Se quiserem ser assim, vai ser mais difícil. Só não sabia para quem. Cresceu ciente de que as coisas podiam ir e vir, nada era garantido e se você quer algo, tem que lutar por isso. Não pode ter medo de enfiar a cabeça debaixo da água, entrar no mar de lama e buscar o que é seu. Cresceu ciente que nada viria fácil, mas se lutasse muito, conseguiria chegar em algum lugar.

"Tudo bem quase morrer por um sonho, contanto que sobreviva para vivê-lo." Levava muito a sério isso.

Foi difícil se estabelecer, fazer com que acreditassem em seu talento e capacidade. Seu histórico aberto para todo o país, sua cara exposta para críticas, mesmo tão novo. Ouviu coisas ruins, risadas maldosas. Aguentou tudo e estabeleceu seu nome.

Não foi ajuda, não foi "padrinho de carreira", não foi empresa, não foi amigo, não foi deus. Quis ser um rei e trabalhou para se tornar um. Seu sonho era: ser um rapper respeitado, cordão de ouro no pescoço e muito orgulho para sua família.

Conseguiu. Não acreditou quando diziam que não iria. Muito baixinho, introvertido, fobia social, ansiedade e depressão. Tinha uma família atípica, não tinha dinheiro, mas tinha talento e isso sempre foi o suficiente.

O rap lhe deu uma família. Deu uma carreira. Deu uma vida. Seu talento lhe deu o rap, para que precisava de mais?

Por isso não ia afrouxar para Kim Jiwon. Ele o desrespeitou em sua casa, desrespeitou a cultura que tanto lutavam para manter, para quebrar preconceitos. Não eram bandidos, não eram vagabundos. Eram poetas. Ritmo e poesia.

Onde estava o ritmo daquilo? A poesia? A tinta era seu sangue?

Fechou suas mãos em punho, a respiração ficando mais pesada. Não conseguia engolir aquilo. Podia facilmente deixá-lo ir, vê-lo ser preso e levado como qualquer um. A carreira dele seria destruída, a moral acabaria. Mas e seu orgulho? Ele poderia mesmo cuspir em sua cara, em cima do palco, e ficar por isso mesmo? Nunca permitiu isso antes, nem quando era criança. Permitiria agora? Não... ah, não.

Antes de ser Agust D de empresa, era Agust D, um rapper de Daegu. Antes de ganhar grana para comprar carros e jóias, ganhava para comer e não ser engolido pelo inferno. Se lá, dava tudo de si, por que agora seria diferente?

Era o mesmo. Se viu naquele sonho, era o mesmo. Realizado, mas o mesmo. Não admitiria sua essência morrer, foi ela que o levou ali, era a ela que agradecia.

E, namoral? Ia acabar com qualquer um que tentasse crescer em cima de si. Jiwon o ensinou isso, certo? Não temos amigos aqui, andamos sozinhos. Era ele por ele, o rap por todos.

O rap era seu único aliado e, ao contrário daquele filho da puta, sabia bem como usá-lo.

Ouviu a porta abrir e imediatamente virou devagar. Hoseok tinha ido embora e Jungkook... não fazia ideia de onde aquele maluco havia se enfiado. Provavelmente havia saído. Adorava uma rua! Seus pais... sei lá, também. Pela casa. E a pirralha Moon e a porca Moon...

— É uma visão minha ou tem um porco aqui em casa? — Apontou para trás, ainda um tanto confuso.

Viu mesmo um porco de saia correndo pela casa? Não... impossível. Estava com saia cheia de brilho e fazia barulhinho engraçado. Yeontan até latiu quando viu, se agitou todo em seu colo, querendo ir atrás daquele bicho rosa.

Bem... aquela casa era esquisita. Tinha cada coisa, daqui a pouco virava o país das maravilhas e um chapeleiro louco ia vir pulando oferecendo chá. Sinceramente. Estava rindo daquilo até agora, ainda segurando o cachorrinho em seu colo, a bolsa dele em seu ombro.

— Você pintou o cabelo? — Foi só então que lembrou daquilo. Ainda com um sorrisinho nos lábios, deu atenção para o músico.

O tom da voz tinha saído baixinho, surpreso. Céus. Taehyung tinha pintado o cabelo? Onde? Quando? Quer dizer... do nada? Sua respiração saiu devagarzinho pelas narinas, quase nem piscava. De repente todo aquele sentimento de fogo da raiva, que o consumia segundos antes, sumiu.

Era como se, não sei, nunca soube explicar, mas era como se Taehyung entendesse inconscientemente quando precisava dele. Seu cérebro produzia mais serotonina, seu coração batia mais forte e sempre vinha aquela queimação sutil no estômago.

Como aquele pirralho podia ser tão bonito? Nem conseguia desviar o olhar enquanto ele entrava no quarto, fechando a porta e deixando o cachorro no chão. Ele pintou o cabelo... lembrava de comentar uma ou duas vezes com ele antes de toda aquela merda, que ele devia dar atenção para ele próprio. Sempre tão vaidoso, estava um pouco relaxado com a própria beleza.

E então, do nada, ele vinha... daquele jeito... como prever aquele garoto? Como? Ele fugia de sua rotina meticulosamente programada, odiava seguir roteiro e sempre dava um jeito de bagunçar onde passava.

— Gostou? — Perguntou um pouco inseguro, apesar de estar se sentindo bem. Lambeu os lábios e o moreno suspirou fraquinho, relaxando o corpo assim que o segurou pelos braços. — Desculpe demorar. — Entortou os lábios, subindo e descendo as mãos grandes nos braços tatuados. — O Jinyoung me deu uma bronca, você precisava ver. — Contou rindo baixo, lembrando dos sermões que ganhou. Mesmo com tinta no cabelo, ainda precisou ouvir um monte. — Mas ele disse que vem te ver ainda hoje, só precisa resolver algumas coisas no banco e-...

Parou de falar assim que as mãos pálidas vieram para seu cabelo limpo, com nova cor. Não tinha os fios lisos como seus irmãos, quer dizer, era mais igual Jungkook. Tinham fios levemente ondulados, inclusive, muita gente jurava que eram irmãos de sangue. Gostava disso. Gostava quando as pessoas diziam: "oh, é seu pai? Parece muito com você!", quando se referiam a Namjoon.

Ganhava o dia quando falavam isso.

Os dedos finos do menor passaram entre os fios macios, grandes. Como não havia percebido que Taehyung estava com o cabelo tão grande? Era... bonito. Era muito bonito.

Isso o deixava confuso às vezes. Quando era adolescente e Hoseok veio conversar consigo, dizendo que estava namorando um menino, se questionou um pouco. Seus pais nunca falaram sobre isso, tratavam com naturalidade, sempre reforçando sobre os sentimentos e escutar o coração. Ser feliz, apenas isso. Jungkook tinha queda por meninos, Hoseok namorava um, Jimin nunca falou nada sobre, era mais ocupado com videogames e esportes, louco por dança, Taehyung era muito novo. E ele? O que era?

Amava Jennie. Só isso que sabia. Não tinha olhos para mais ninguém, ninguém parecia mais interessante, ninguém fazia seu coração quase parar e depois voltar tão forte. Então, bem, era hétero, não é?

Nunca foi ligado em admirar a beleza das pessoas, na verdade. Não julgava ninguém, já nem gostava muito de proximidade e quando tinha alguma, analisava a personalidade e as ideias. Se batesse com as suas, ótimo.

Exemplo: Jungkook era feio, mas sempre o amou. Afinal, era seu irmão. Viu? Era um homem sensato.

Mas agora estava ali. Completamente fascinado com Kim Taehyung. Apaixonado. Ele era... bonito. Muito bonito. O deixava com tantos pensamentos... pensamentos que nunca pensou ter.

— Você está lindo. — O elogiou com palavras completas. Sem piadas e apelidos. Apenas sinceridade. — Você está muito lindo, Taehyung. — Continuou penteando os fios ondulados para trás, mas eles insistiam em vir para frente, na franja desajeitada.

Acabou sorrindo todo idiota. Um elogio de seu namorado sempre era o mundo caindo em sua cabeça. Uma explosão nuclear. Yoongi não elogiava ninguém, mas quando o fazia, era porque realmente apreciava algo. Sempre que aquelas coisas aconteciam, lembrava dos tempos difíceis, quando era um sonho tão distante ouvir aquilo.

Quase acreditou que nunca ouviria. Já estava se acostumando a sonhar, apenas isso. Sonhar. Mas então... ali estava. Ganhando carinho no cabelo, recebendo aquele olhar entregue, tão próximos. O abraçou pela cintura.

— Faz muito tempo que não me vê de cabelo escuro, não é? — Continuou sorridente, recebendo carinhos. Ele murmurou em resposta. — Achei que devia sossegar um pouco. — Respirou fundo, um pouco mais sério. Yoongi o encarou, prestando atenção. — Eu não sou mais um adolescente, não é? — Seu olhar se tornou mais tristonho, o sorriso menor. Gostava de ser criança.

Isso significava liberdade, tranquilidade. Sempre falava para Moon aproveitar cada segundinho da infância, todos os momentos. Era a melhor fase na vida de uma pessoa. Sem preocupação, sem pendências, sem inveja e maldade. A única preocupação era o dever de casa e se a paixão do colégio ia responder seu bilhetinho.

Andar de bicicleta com os amigos pela tarde toda, cair e se ralar, tirar notas baixas e se achar radical por isso. Fugir de casa para ir em festa com os amigos...

Acabou. Seu tempo, ele acabou. Isso doía.

O músico assentiu, compreendendo o ponto. Não teve uma infância boa, teve que amadurecer muito rápido e a força. Depois, Namjoon só tinha ele para contar, teve que continuar crescendo cada vez mais. No fim, entendeu que tudo bem. Precisava disso.

Se antes sentia-se um inútil, ninguém confiava em si. Seu pai confiou. Seus irmãos confiavam.

Mas a parte boa disso, era que todos seus irmãos – e Taehyung –, tiveram uma infância boa. Curtiram a vida em seu tempo correto. Isso acalentava seu coração.

— Seja você. — Sussurrou, descendo as mãos para os ombros largos. — Não cresça rápido demais, — Apertou os dedos ali. — pode se perder se fizer isso. — Aconselhou amoroso, ele assentiu. Sabia disso.

A cobrança em cima de si era mais pessoal do que das pessoas propriamente. Às vezes isso se tornava insuportável, doía, porque no fim, se pressionava tanto, se exigia tanto, mas não saía do lugar. Não fazia nada direito. Era... era um desajeitado. Sinceramente. Como podia chegar em algum lugar se era um desajeitado?

Ganhou mais um aperto nos ombros, o mais velho puxando sua atenção. Assentiu de novo, o encarando, mostrando que estava ouvindo.

— Você está indo bem. — Subiu as mãos para o pescoço bronzeado, movendo os dedos delicadamente em um carinho. — Tenho muito orgulho de você.

— Obrigado. — Foi a vez do rapper assentir. Taehyung ficou feliz com todas aquelas palavras. Era o que precisava ouvir. — Gostei de me ver de cabelo castanho, agora só falta cortar.

O moreno negou veemente. Aí entravam em um assunto perigoso. O clima filosófico até morreu. Cortar? Por que cortar? Negou de novo quando viu aquele idiota começar a rir. Por que ele estava rindo? Não tinha graça. Foi puxado para um abraço, ganhou beijos estalados no pescoço, gostava de beijos no pescoço, chegou a suspirar.

Mas não esqueceu sobre "cortar".

— Não corta. — Pediu baixinho, agarrando os dedos nos fios macios. Adorava mexer no cabelo dele.

— Fica bom pra puxar na hora do sexo, não é? — Brincou risonho, esfregando o nariz na pele pálida. Estava com tantas saudades. — Eu tô com muita saudade de você.

Ganhou um tapa nas costas. Ele tinha uma mão pesada. Cruzes. Só foi uma piada e sua sinceridade sendo colocada em jogo. . Era namorado dele, não podia sentir saudades?

Hyung temperamental. Quando achava que estavam evoluindo, não estavam. Quando poderia falar umas sacanagens para ele? Tinha um monte na cabeça já.

— Esse pirralho... — Resmungou, descendo as mãos para os ombros dele, o empurrando sem muito jeito. Foi abraçado com mais força. — toma vergonha na sua cara, tem nem idade pra falar essas coisas. — O empurrou de novo, ganhando mais beijos. — Sai. Desencosta, tô sem ar.

— Mentiroso.

— Como ousa dizer que um mais velho está mentindo? — Engrossou a voz, parecendo realmente dar uma bronca no mais novo que só fez rir e afastar o rosto para encará-lo. Tão mentiroso. — Ein? — O instigou, vendo aqueles olhões o encarando com divertimento. — Um homem mais velho e debilitado.

— Oh. — Grunhiu em compaixão. — Devo te pegar no colo?

O empurrou com mais força. Ele estava ficando maluco? Seu rosto completamente vermelho só de imaginar aquela cena patética. Céus. Que esquisito. Não! Apenas, não.

— Vai se foder, pirralho. — Desviou o rosto assim que ele veio para tentar roubar um beijo. — Vaza, porra. — Continuou o empurrando, ouvindo ele dar selinhos no ar, fazendo barulho. — Eu vou te matar, namoral, que cara chato. — Não teve como, começou a rir, empurrando o corpo para trás, fugindo dos beijos.

O acastanhado não ia desistir. Mesmo com o cabelo atrapalhando sua visão, foi empurrando o seu próprio corpo para trás, acompanhando o menor, as mãos firmes na cintura estreita, o segurando firme para que não se machucasse, porque pelo que sentia, Yoongi estava bem relaxado e podia cair se o soltasse.

— Não quer me beijar? — Se fez de ofendido, ainda sendo empurrado. — Assim fico triste.

— Sai, caralho. — Quase gritou, risonho, sem ter mais para onde correr.

Foi quando sentiu patinhas baterem em seu perna e latidos. Yeontan. Olhou para o lado, vendo o cachorrinho pulando animado, sendo contagiado pela energia do casal que ria entre si e estava brincando, como sempre. Em casa, tinham muitos momentos como aquele. Sempre havia muitas risadas.

Um dia, Taehyung ficou correndo atrás do namorado pela casa, implicando, como sempre. Querendo ficar agarrado e ele fugindo. Parecia uma cena de filme. Primeiro corria Yoongi, depois o artista plástico, então o cachorrinho peludo, abanando o rabo todo alegre e latindo.

Podiam até sair de casa, mas o sobrenome Kim era forte onde estivessem.

— Tannie. — Gritou pelo cachorrinho, o corpo todo torto nos braços do namorado. — Seu pai quer me matar, não respeita meu pós operatório, por favor, morda ele. — Suas palavras acabaram soando entre risadas no fim porque o garoto conseguiu beijar-lhe a bochecha.

Lembrando desse fato, o ex azulado levantou o corpo e puxou o músico para fazer o mesmo, porque realmente não podiam se exceder. O médico foi muito claro quanto a isso. Até largou o corpo pequeno, após se certificar que ele estava seguro. Olhou para baixo e levantou um pouco a blusa dele, vendo o curativo feito ainda no hospital.

Precisavam trocar algumas vezes no dia. Será que já era hora? Precisava pegar os utensílios. Comprou tanta coisa. Onde estava sua mochila?

— Posso ver? — Subiu o olhar para o rapper que ainda ria, mas assentiu, não ligava muito para sua família pedindo para ver e também não tinha vergonha.

Tirou a camisa, jogando para o lado. Sentou na cama, deixando o corpo livre para o cuidado do mais novo.

— Tannie, — Chamou e assobiou para o cachorrinho, batendo no colchão. — vem cá. — Obedecendo seu segundo dono, ele pulou e já foi para o colo, sendo segurado e abraçado com saudades. — Que saudade, meu soninho. — Encheu de beijinhos o focinho. Saudades de dormir abraçado com aquele bichinho.

Enquanto estava dando carinho ao cachorro, Taehyung ajoelhou entre suas pernas e com todo o cuidado do mundo, começou a tirar os esparadrapos, a gaze. Havia um corte ali, suturado. A pele muito branca, ainda estava um pouco irritada, vermelha. Ficaria a cicatriz da operação e toda vez que olhasse, ia lembrar da covardia que fizeram com o homem que mais amava no mundo.

Olhou para cima, vendo ele todo alegre brincando com seu cachorro. Ele aguentava aquilo com a cabeça erguida, o admirava muito. Muito, muito. Não fazia ideia do que faria se estivesse em seu lugar. Traído por pessoas que deveriam ser seus maiores confidentes...

Voltou o olhar para baixo. Aquilo não era justo. Tocou o quadril coberto com o jeans claro, movendo os dedos devagarzinho. Yoongi era a prova viva do orgulho próprio. Queria ser metade do homem que ele era, algum dia. Queria muito crescer e se tornar aquele adulto tão bom.

Curvou o corpo, levando os lábios um pouco acima de onde havia a sutura, dando um beijo leve. Inspirou o cheiro dele, ficando ali por algum tempo. Pensou de perdê-lo e se pensasse nisso, ficava agoniado de novo. Não podia perder seu namorado, nunca. Não. Isso não.

Yoongi parou de brincar com o cachorrinho só para olhar para baixo, seu sorriso diminuindo. Só sabia preocupar aquele pirralho. Suspirou.

— Eu só te preocupo, não é? — Murmurou rindo baixinho, um tanto sem graça. — Sabe que, — Suspirou, deixando Yeontan livre para pular no chão de novo. Taehyung afastou o rosto e olhou para cima, prestando atenção. — sempre quis que todos os garotos tivessem um relacionamento legal, sem muita merda pra lidar. — Tocou a franja ondulada, jogando para trás. — Mas eu mesmo não sou capaz de te dar isso. — Voltou a rir. Era tão... complicado. O acastanhado negou, se aproximando mais. — Eu sinto muito... — Murmurou, seu coração dolorido.

Taehyung era o tipo de cara legal, sabe? Se vestia bem, era inteligente e muito educado. Tinha currículo bom e sabia se portar em qualquer lugar. Muito comunicativo, se encaixava em qualquer lugar e sempre se destacava, não importa como. Todas as atenções sempre caíam nele. Aqueles olhos grandes, os traços marcantes e a voz grave... ele sempre era a atração principal. Desde sempre.

E ele o escolheu. Entre tantas opções, ele escolheu se machucar por sua causa.

O maior riu fraquinho e apoiou os antebraços nas coxas finas do rapper. Que bobo!

— Gosto de aventuras. — Explicou sorridente, querendo o olhar do namorado. — E além do mais, eu não me importo com nada disso. — Se aconchegou mais entre as pernas dele, olhando para cima, ainda com aquele sorriso despreocupado, o olhar sério sobre si. — Tinha que ser você. — Inclinou o corpo para cima, aproximando os rostos. Por que aquele hyung estava tão melancólico? — Eu quero você. — Sussurrou leve, os olhares cruzando.

O mais velho negou fraco. Como podia aquela criança ser tão mimada. Idiota. Deu um peteleco na ponta do nariz, fazendo-o franzir. Acabou rindo. Não entendia o porquê ainda dificultava as coisas para Taehyung, se isso não funcionava.

Ele sempre insistia, persistia e o pegava.

— Eu já sou seu. — Respondeu o óbvio, porque já havia se entregado há tanto tempo.

Estava disposto a tudo por aquele garoto teimoso. Mesmo que sua mente o lembrasse sempre que era menos do que ele merecia, que só causava problemas e estragava tudo que tocava, ainda assim, era dele. Não tinha escolhas. Era de Kim Taehyung desde aqueles dias onde só ele, apenas ele, conseguiu o puxar de volta para a vida. Foi apenas ele que o aqueceu quando tudo estava frio.

Seu corpo dormente, sua mente querendo desligar, então ele veio de fininho, o abraçou e lhe deu novos motivos para compor, para cantar, para querer estar. Mostrou a vida em outra perspectiva e o fez acreditar que os dias podiam ser melhores.

Ele podia ser melhor.

Seu corpo relaxou assim que sentiu o toque macio dos lábios nos seus. Fechou os olhos e se entregou naquele toque delicado. O segurou pelo pescoço, puxando para cima. Estava com saudades. O acastanhado vinha o tratando com cuidado demais, não gostava disso. Por isso embolou os dedos nas mechas recém-tingidas e o puxou mais ainda, as línguas se tocando. Cara... amava aquela sensação. Seu corpo arrepiou todo.

As mãos grandes estavam tocando seu peitoral, suas laterais. Suspirou entre o beijo vagaroso. Seu corpo obedecia todos os comandos do mais novo.

— Toca alguma coisa pra mim? — Interrompeu o beijo entre alguns selares, ainda acariciando o corpo pequeno, os olhos fechados, os narizes se atrapalhando. — Hum? — Grunhiu, pedindo respostas, porque foi puxado para mais um beijo. Queria ouvir Yoongi tocar... — Por favor... — Sussurrou e o músico assentiu, não querendo soltá-lo daquele beijo.

— Mais tarde. — Respondeu grave, mordendo devagar o lábio inferior dele, demorando a soltar.

Negou. Puxou o rosto para trás e riu fraquinho quando foi puxado para perto de novo. Tava explicado porque Yoongi queria seu cabelo maior. Entendeu tudo!

— Agora. — Resmungou recebendo alguns selares, apertando o peitoral definido, apesar de magro. Ganhou um suspiro deleitoso. Conhecia aquele hyung. — Toca pra mim. — Quase suspirou aquelas palavras, transformando o aperto em leves carícias com a palma da mão. O músico assentiu, mesmo sem nem notar. — Toca Best Part? — Foi instantâneo. Teve que segurar a risada, porque Yoongi abriu os olhos tão sério e rápido que queria muito rir.

Vez ou outra, testava o terreno e via quanto podia avançar. No início, o mais velho não podia nem ouvir a palavra "sexo" que já ficava vermelho, quase sufocado. Mas então, desde que tiveram sua primeira vez, vinha descobrindo novas possibilidades. Podia falar o que queria? Fazer? Hum, precisava checar.

Com brincadeirinhas e palavras de duplo sentido, via o desenvolvimento do músico naquele assunto. Se ele estivesse mais confortável, então se aproveitava disso, ou, naquele caso, tinha o prazer de fazer uma piada.

Mesmo que não rendesse sexo, rendia boas risadas.

— Best Part? — Indagou confuso, vendo aquela cara de humor. Fala sério. — Vai pra casa do caralho, filho da puta. — O empurrou pelos ombros, o jogando sentado no chão. Idiota. Ele estava morrendo de rir. — Fala sério, você é um idiota. — Levantou da cama para pegar a camisa. 

Chega de palhaçada. Tinha nem saúde para ficar aguentando brincadeirinha daquela criança. Vestiu rapidamente, ouvindo o garoto brincando com Yeontan e ainda rindo de sua cara. Era muito motivo de piada. Nossa, que engraçado, estava morrendo de rir.

Vai se foder, Kim Taehyung.

— O quê? — Perguntou ainda jogado no chão, segurando o cachorro que estava todo agitado em seu colo, querendo lamber sua cara. — Pensou que era tocar o quê?

— Vai se foder. — Repetiu a única coisa que vinha na sua cabeça, deitando na cama e puxando o cobertor para seu colo.

Ah, ele ia pagar caro... iaia sim.

— Amor.

— Enfia no cu. — Pegou o celular, fingindo se entreter rapidamente em algo. Estava desnorteado até de escolher algum aplicativo.

Suas bochechas estavam queimando. Que merda de garoto. Onde estavam seus fones? Será que na mala? Teria que ir pegar, mas como levantar? Ah, cara. E ele estava morrendo de rir. Não era justo. Massageou as têmporas, deixando o celular sobre a barriga.

Não tinha idade e nem paciência. Queria chutá-lo lá para o quintal.

— Hyung. — Engatinhou até a cama, ignorando Yeontan pulando em seu braço. — Você está machucado. — Tentou subir na cama, mas ele o empurrou, caiu sentado de novo. Estava tentando não rir, mas ficava difícil. — Você não pode tocar p-...

— Pega o meu fone. — Falou mais alto, o rosto queimando dois tons mais fortes. Se recusava até olhar aquele... ugh.

Taehyung levantou e colocou as mãos na cintura, vendo como o namorado parecia querer se esconder em seu cobertor. Seu. Que hyung mais mal humorado. Não entendia seu senso de humor e suas piadas. Pegou a ponta da coberta e tentou puxar, mas ele prendeu entre as pernas.

— Sai. — Avisou olhando para o de cabelo grande que negou. — Vou chutar você lá pra fora.

— Yoon-ah...

— Sai. — Repetiu baixo, engolindo em seco, agarrado na coberta azul. — Vaza.

— Vou embora. — Ameaçou apontando para a porta e o músico assentiu repetidas vezes. — Tô falando sério, vou pra casa, não vou ficar aqui. — Finalmente parou de rir e o rapper notou que não era mais uma brincadeira, por isso até relaxou a expressão. — Vim só cuidar do seu curativo e ficar um pouquinho contigo. — Sentou próximo dos pés dele e acariciou a perna por cima do cobertor. — Quer que eu deixe o Tannie com você?

— Você não vai ficar? — Praticamente murmurou, confuso. Como assim...?

Negou.

— Preciso adiantar algumas coisas. — Passou a mão no cabelo, tirando do rosto. — Trabalhar, também. — Grunhiu já com preguiça só de pensar. Aí o moreno entendeu e abaixou o olhar. — Mas eu virei todos os dias pra gente almoçar junto. — Deu um sorriso grande, querendo animar o mais velho que assentiu. — E de todo o modo, tenho certeza que o Jungkook hyung vai ficar aqui.

E era certo isso. O lutador havia dito que dormiria ali, ia passar uns dias. Foi questionado se era maluco ou se fazia, porque tinha um apartamento e nem havia decorado direito, não passava tanto tempo lá. Para que tinha, então? Só pelo prazer de gastar? Ele respondeu que era para "casualidades". Dá para acreditar? Casualidade? Era a casa dele, não uma casa de veraneio.

Vai entender. Jimin que se aproveitava daquilo, porque tinha o apartamento todo para si praticamente.

— Então, — Com um pouco de dor por ter se esforçado tanto nos minutos anteriores, sentou na cama. — chama o Yugyeom pra ficar com você, assim não vai se sentir sozinho.

— Eu tô legal, hyung. — Fez um bico injuriado. Aquele hyung não acreditava que podia se cuidar sozinho? — Não se preocupe.

— Eu prefiro assim. — Falou mais sério e o mais novo assentiu. Sabia que com tudo aquilo acontecendo, Yoongi estava inseguro, principalmente se tratando de si. — Deixa o Yeontan comigo?

— Uhum. — Grunhiu se aconchegando mais na cama, indo para cima do outro. Roubou um selar demorado.

O segurou pelas bochechas e retribuiu aquele gesto, esquecendo por alguns segundos que estava bravo com aquela brincadeira. Saber que ficaria longe dele por alguns dias, o deixava meio inseguro. Viviam juntos há muito tempo, os dois, todos os dias. Dormindo e acordando juntos. Era certo acordar e ganhar um bom dia rouco, cheirinhos, dizer que estava sendo sufocado e precisava de férias dele... e agora ia faltar isso e era estranho. Sentia-se desconfortável.

Mas entendia. O trabalho dele era importante e de fato, o garoto precisava de concentração. Entendia isso, mesmo que incomodasse.

— Eu volto pra te ver tocando pu-... — E antes que terminasse aquela frase, com os lábios colados, uma das mãos passando perigosamente por cima do que sabia ser o volume da calça do mais velho, foi jogado da cama.

Assim. Nem conseguiu se divertir, foi chutado. Que falta de consideração e respeito.

— Meu maldito fone, criança irritante. — Gritou voltando a ficar sem graça, fechando as pernas e colocando as mãos em cima.

Qual o problema daquele pirralho? Tudo bem, não sabia se era tão incômodo assim ele estar longe por uns dias. Criança maluca.

Estava com calor agora.

...

Fazia muitos anos, muitos anos mesmo que não pisava em um lugar como aquele. Não tinha como, na verdade. Ainda jovem, quando sua carreira estava começando, ainda tentou permanecer frequentando rodas de rima e eventos culturais. Em um momento se tornou impossível.

A empresa implicava, sua agenda não permitia... acabou perdendo o costume de achar pessoas comuns, voltando do trabalho, saindo da escola, se juntando em um espaço aberto com uma caixinha de som ou apenas uma pessoa servindo de beatbox, para rimar. Falar merdas, morrer de rir ou até mesmo criar rincha de mc's.

Acabou sorrindo, olhando pela janela aquele amontoado de gente. O Show Me The Money naquela edição estava trazendo as batalhas de rua como destaque, ficou sabendo disso assim que foi chamado para participar. Era de conhecimento geral que foi assim que começou, então queriam contar com sua experiência. Era interessante, mas se recusava a estar no mesmo ambiente que certas pessoas da cena.

É, tinha um ego grande e um orgulho maior ainda. Não é como se fosse algo ruim. Se você quer ser famoso, um mc de respeito, tem que saber seu lugar no mundo. Se abaixar muito a cabeça, pode virar tapete deles. E, sinceramente? Fodam-se eles. Nunca ligou o suficiente.

Quando era jovem, foi chamado. Estava explodindo, eles queriam seu nome, não foi porque não quis e por isso, ficou mal falado no cenário underground. Ah, lembrar disso era até meio engraçado.

Olhou o celular pela última vez, Taehyung tinha mandado mensagem, dizendo que ficaria a noite toda trabalhando em um quadro e por isso poderia demorar vez ou outra para responder. Respondeu que tudo bem e desejou ir para casa só para vê-lo sujo de tinta, todo concentrado, usando óculos e roupas largas, música clássica tocando no fundo... aquela imagem mais parecia um dos quadros do garoto.

Olhou de novo para a janela.

— Pronto? — Assentiu, relaxado no banco, respirando devagar. — Eu vou estar por perto o tempo todo, então fica tranquilo.

— Eu tô tranquilo. — Abriu a porta do carro, olhando por cima do ombro, vendo o pai. Ele sim estava preocupado. — Sabe que eu tô em casa. — Sorriu por dentro da máscara antes de descer do carro.

Ajeitou o boné virado para trás, seu rosto escondido por uma máscara preta. Estava bem à vontade na verdade. Vestia seu moletom preto grande, calças rasgadas e converse. Não tinha como estar mais em casa.

Sabia que Namjoon não desgrudaria os olhos de si, assim como tinham mais alguns policiais infiltrados entre as pessoas. Não estava com medo. Jiwon não trouxe aquela briga para o palco, envolveu o rap?

Então iria, no rap, para cobrá-lo. No cenário underground, você tem que manter a conduta, estava sujeito a cobrança em qualquer momento.

Agora iria cobrar aquele covarde.

Cumprimentou algumas pessoas da produção, sabendo que eles estavam o esperando. Encontrou alguns amigos, foi cumprimentado, abraçado. Como havia dito: estava em casa. Aquilo ali só o fazia sentir aquilo que sentiu muitos anos atrás, quando decidiu que gostava muito de falar palavras que combinavam e no fim, xingava os mais velhos só para ouvir o som de grito.

Cresceu, amadureceu, aprendeu e enriqueceu. Agora, quando estava regressando, voltando para o início para rever toda sua trajetória, nada melhor do que uma última batalha.

Bater em Jiwon era fácil. Atirar nele? Não ia sujar seu nome e sua reputação. Sabia um jeito melhor de acabar com ele, de dentro para fora, fazê-lo sangrar de verdade, com dor, com muita dor.

Seokjin o disse para esquecer isso. Jungkook queria ir consigo para resolver. Ainda estava operado e sentia dor, mas não podia perder a oportunidade de sua vida. Era agora ou nunca mais.

Era como qualquer batalha. Nada mudou muito. Ainda tinham muitas crianças e pré-adolescentes, só que por causa do programa, tinha um palco e boa iluminação. Microfones que não chiavam e uma caixa de som de respeito.

Mas seu coração batia tão forte quanto na primeira vez.

Foi direcionado para uma área mais segura, próximo do palco, tinha outros rappers ali. Teria uma das famosas punchline do programa, em uma batalha de rima aberta, como episódio zero da temporada e, obviamente, era o convidado ilustre. Aceitou o convite em partes, só queria participar daquilo ali, depois, podiam fazer o que quiserem.

Mas nem ele, nem Jiwon iam compor o elenco naquela temporada.

Seriam os terceiros. Esperou pacientemente, guardado pelas pessoas da produção, mantendo sua discrição naquele evento. Ninguém sabia da sua presença. Ninguém sabia o que queria.

Foi o primeiro. Bom, até que os garotos eram bons.

Foi o segundo. Não respeitava muito rapper grande que rebaixava os novatos. Um dia todo mundo foi novato, era muita hipocrisia.

O terceiro. Sua vez. Arrancou a máscara e deu para uma das pessoas da produção. Puxou o capuz para cima do boné e tocou sua barriga mais uma vez. Faria aquilo, faria bem. Tomou remédio em casa, só não podia se envolver muito, tinha que manter a calma. Tentarianada era garantido.

Ia olhar na cara de Kim Jiwon, isso era o suficiente para fazer seu sangue esquentar. Pegou o microfone e subiu as escadas.

— Rodada três. — O apresentador disse animado. — Levanta a mão se você veio aqui pra ver essa batalha sangrenta. — Incitou o público que gritava animado. — Batalha de gigantes agora, Bobby vs Agust D. — Anunciou e os gritos dobraram de volume.

O arroxeado congelou enquanto subia os degraus. Yoongi? Como assim? Olhou por cima do ombro, seus amigos o encarando naquele mesmo clima. O que aquele...? Fechou os olhos e inspirou fundo. Um tiro não o seguraria na cama, não é? Desgraçado.

Ganhou um tapa nas costas dos homens que vinham lhe acompanhando. Okay. Lidaria com isso. Pegou um cigarro de maconha com um deles e tragou com força, enchendo os pulmões antes de soltar pelas narinas. Precisava daquilo, suas mãos já estavam trêmulas.

Devolveu e respirou fundo. Então aquele idiota tinha vindo mesmo? Corajoso. Tinha que admitir. Pena que o cemitério é povoado com os mais corajosos.

Ele devia saber disso. Tentou avisar...

Subiu o restante das escadas, recebendo o microfone. Alongou o pescoço, o cabelo roxo caindo sobre seus olhos, seu corpo coberto com aquela camisa larga, grande. Trazia o símbolo de seu grupo de amigos rappers. Estava em casa, batalhas de rima eram seu forte, mas e daquele idol? Vendido!

Yoongi era uma puta da indústria. Vendido. Hipócrita.

Subiu no palco ao mesmo tempo que ele e seus olhares cruzaram. Era ele mesmo. Vivo. Ainda lembrava daquelas rimas atrás do auditório da escola, no inverno. Naquela época eram do mesmo tamanho e falavam tanta merda... agora era mais alto. Ele era mais rico. Ainda continuava rimando merdas.

Quem mudou aqui? Quem se vendeu? As pessoas sabiam quem estava certo no final das contas. Sabiam a verdade por trás de toda aquela máscara.

Se aproximaram. Olho por olho.

— Cara ou coroa? — Perguntou o homem vestido de cordões grossos e uma camisa preta. Yoongi negou.

— Vou dar honra ao participante. — Disse no microfone e sorriu de lado para o ex amigo.

Assentiu rindo baixo. Arrogante.

— Mantenha a conduta. — Avisou antes de se afastar e ele riu de volta. Ele não cairia na besteira de falar merdas ali, certo? Na frente de todo mundo.

— Não leva pro coração. — Avisou piscando antes de dar as costas, se afastando alguns passos.

O beat começou. OGZ iniciou e ambos ficaram familiarizados com aquele som. Bobby lambeu os lábios e balançou o corpo, entrando no ritmo.

— Aí, assim. — Iniciou no microfone, vendo o menor virar de frente, esperando o primeiro ataque. — Bobby on the track, fazendo rap, na maior satisfação de ter sido convidado, pela minha sorte dei de cara com um fracassado quase aposentado. — Apontou para o de moletom que só observava. — Sorte minha, seu azar, é foda, Agust D, hoje nossa amizade vai ter que acabar. — Deu de ombros. — É, — fingiu parar para pensar e sorriu. — hoje eu termino de te matar. — E gritos da plateia. O olhar do rapper menor se tornou mais sério. — Primeira rodada já tá ganha, pode notar, veio aqui só pro Bobby te fazer sangrar.

O moreno sorriu e olhou para o público, fazendo uma expressão de incerteza. Estar em cima do palco, hoje, era estranho. Tinha aquela sensação estranha que alguém viria e atiraria em si. Aquelas palavras foram pesadas. Talvez, para quem estivesse ouvindo, não passava de punchline, mas sabia que o que ele estava falando, era o que queria fazer.

Afinal, seu sangue já tinha sido derramado.

— Sabe, Jiwon, amizade é uma palavra muito forte, acorde, é realmente foda, quando você cai e seu amigo não te acode. — Iniciou no primeiro verso, trazendo os gritos consigo. — Judas. — Falou mais alto. — Disse que vai me fazer sangrar, disse que vai terminar de me matar, qual foi, Jiwon? — Incitou, chegando mais perto. — Tem algo pra me falar?

 Não, irmão, o único problema aqui é o seu ego. — Bateu no ombro do mais velho. — A única coisa que quero te falar, é sobre sua conduta, quer brincar de punchline, Yoongi? — Também avançou, o encarando de cima. — Logo você? Uma puta da indústria?

Mais gritos.

— Ah. Olha só quem quer falar. — Gritou no microfone, olhando para o público. — O mc que veio pra mim, chorar. — Voltou o olhar para o mais alto. — Como que eu faço, Yoongi? Eu só sei perder, não vou crescer assim, Yoongi, dá umas aulas pra mim. — Fingiu chorar e todo mundo riu. — Farsa. — Tocou o indicador no peitoral dele. — Não se cria muito não, porque agora vou ter que te lembrar. O título que você se deu, — Falou mais forte as últimas palavras, apontando para a plateia. — eu não precisei me dar, eles que vão gritar.

Fez referência ao fato de Jiwon usar muito em suas redes sociais, o título de "rei do flow", "rich korea kid", que foi os primeiros apelidos que o próprio Yoongi ganhou, quando começou a fazer dinheiro com suas músicas.

— Você nunca representou o seu país, acabou seu rap raiz. Aquele Yoongi que batalhava ficou pra trás, você assinou um pacto, foda-se a indústria, eu quero passar o meu recado. — Explodiu em rimas fortes e todo mundo gritou em excitação. — Ei, ele tá brincando com muita simpatia. — Olhou para as pessoas, encaixando suas rimas na batida. — Pergunta pro idol: qual foi sua última batalha de rima? — Virou para o menor. Mais uma vez tocando no assunto de seu contrato.

 Ha, minha batalha de rima eu não sei. Mas carrego Daegu comigo, antes desconhecido, cresci, me tornei forte, hoje eles tem grito de guerra com meu nome. — Avançou mais agressivo, pegando o ritmo da batalha, esquecendo por um momento que não podia se agitar tanto. — Ei, eu nunca abandonei minhas raizes, nunca neguei de onde eu vim, só avancei mais uma casa, represento a Coreia com muita raça! — Bateu no peito, remetendo suas conquistas internacionais e prêmios em outros países. — Esse cara tá falando muita merda, esquecendo do perigo, — Apontou para o de cabelo roxo — esqueceu que você é sempre comparado comigo? — Lançou, irônico.

Ele não queria falar sobre seus contratos e patrocínios? Todas suas conquistas? Logo ele? Tão fodidamente hipócrita.

— Seul lar de kpop, vim na contramão citando Rocky, ei, Bobby veio com os dois pés na porta e com a mão no revólver. — Tocou a cintura e Yoongi notou que tinha sido uma ameaça indireta. Seu pai tinha ouvido isso, não? — Pode ir lá no meu bairro e perguntar quando Bobby decepcionou, quanto o Bobby conquistou, quanto o Bobby ajudou? Se quer falar de visualização e troféus, então espera que eu tenho também.

— Eu tô pouco me fodendo pros troféus e visualização. — Enfiou a mão no bolso do jeans e se aproximou do ex amigo, tirando de lá o rolex de fundo azul. — Tá vendo essa porra? — Tacou no chão com força, deixando todo mundo extasiado pela ousadia do músico. — Você não queria? Toma, taí nas suas mãos. — Chutou para o outro que ficou encarando o relógio quebrado... como ele pôde? — Fala pra caralho e ainda é um ingrato, falo pra caralho e ainda ainda é mentiroso, fala pra caralho e continua dentro do poço.

— Nossa, o Yoongi jogou um relógio no chão. Nossa, o Yoongi é tão fodão. — Debochou fingindo estar assustado. — Assim fica fácil, quando se tem tudo na mão. — O enfrentou, evitando pisar naquele relógio. — Isso só prova sua personalidade escrota, uma coisa na TV, na realidade, outra. Falou que tô no poço? — Gargalhou. — Hoje é dia de tbt, galera, vamos lembrar o dia que o Agust queria cortar o próprio pescoço.

Aquilo foi um soco em seu estômago. Como ele podia ser tão baixo? Como? Como pôde chamar aquilo de amigo? Quão idiota foi... não fazia sentido tanta raiva. Por quê? O que porra fez de errado?

Certo, não era hora de compreensão. Precisava continuar no beat e fazer seu trabalho. Mas foi parado. O primeiro round tinha acabado.

— Vamos pro segundo round de bate e volta. — O apresentador disse animado, vendo que todo mundo estava acompanhando aquele ritmo frenético. — Temos dois gigantes brigando, me sinto no Coliseu. — Olhou para ambos os músicos que bebiam água e se preparavam pra voltar. — Bobby terminou, Agust D começa.

O menor levantou o próprio casaco, ainda de costas para todos, vendo se seu curativo ainda estava bom. Não estava com dor e nem nada disso, só esperava continuar assim até acabar. Respirou fundo. Manteria o controle, não podia dar espaço para aquele imbecil o desestabilizar.

O beat virou. AIYA do CHANGMO começou a tocar e ambos voltaram a se aproximar.

 Adoro quando você rima remetendo o passado, porque sua história de fracassado é mais longa que a de esforçado. — Começou bem, mantendo a voz baixa e linear, sem se exaltar e muito menos se abater com o olhar firme do maior. — Ele quer falar de tbt, de tbt ele quer falar, — Fingiu ter um telefone na orelha. — "alô, você tem uma ligação do reformatório de Seul, aceitar ou recusar". — Negou para ele, realmente decepcionado com toda aquela merda. Mais gritos. — Pensou que eu ia morrer cortando meu pescoço, — Bateu a mão no ombro dele, rindo. — tava feliz, bom moço? Só assim pra me ganhar sem o menor esforço.

 Valeu, pode me chamar de fracassado, só acho que está errado: Billboards, AMAs, MTV, MAMA, quando você for indicado, aí você pode falar. — Yoongi riu e negou. — Aí você vem e fala: "eu também fui indicado na Billboards", legal, então vamos mudar. Fica no top 100 por uma semana, ganha o respeito da cena americana e volta pra Coreia pra ostentar. — Seu rosto estava vermelho, as veias saltadas. Não aguentava mais ouvir a voz daquele cara. — Larga o 'mic, desce do palco, vamos lá embaixo conversar. — Chamou para briga e o rapper de cabelo escuro riu.

— Esqueceu de mencionar o Show Me The Money. — Indicou o palco. — Que você só tá, porque eu disse que não ia participar. — Explanou para todo mundo o que ficava sempre só em assuntos da empresa. — Billboards top 100? Legal, palmas pra você. Enquanto você tava top 100, — Avançou nele, o rosto vermelho pela raiva. — eu tava top sem um zero. — Fez um trocadilho com o top 10. Jiwon tocou seu ombro e empurrou, não querendo proximidade. — O que eu faço desde minha adolescência, você demorou a vida inteira pra fazer. — Se referiu aos prêmios e indicações.

— Abaixa sua bola, arrogante do caralho. — Gritou no microfone, seus olhos brilhando em raiva. — Eu tô aqui por causa do meu talento, nem tudo gira em torno de seu mundo, pode vestir roupas de marca mas vai continuar sendo pra sempre um pivete imundo. — Atacou forte. — Demorei, mas fiz com excelência. Coloquei minha essência. Esplêndida. Me explica como é viver sem nenhuma consciência? — Foi pra cima do outro e logo o apresentador entrou no meio, evitando brigas. — Pisa nos outros, se acha o rei, você não é porra nenhuma, seu merda. Acho melhor tomar cuidado com suas palavras, porque se não o próximo vai ser na sua cara.

— Foda, Jiwon, só esqueceu de rimar. — Provocou vendo que ele estava ficando irritado de verdade. — Fiz com desleixo? Vai ter que se redimir, — Indicou as pessoas. — como é ser conhecido só como o cara que anda com o Agust D? — Sorriu debochado que ele silabou um "imbecil". Agora sim estava ficando divertido. — Daechwita, Daechwita, — Gritou no microfone o refrão de sua própria música que ainda nem tinha sido lançada. — o Bobby pra me ganhar, tem que me matar!

— Cala sua boca, seu merda, doente. — Retomou o argumento, iniciando sua defesa. — Entendi que o término com Jennie Kim foi por justa causa, nunca imaginei que o Agust D levava homem pra casa. — Gargalhou a plenos pulmões, entrando naquela guerra de exposição. — Enquanto esse merda tá chupando pau, eu tô me fodendo no rap, no trap, tentando tocar essa porra pra frente. — Novamente foi segurado pelo apresentador. — Sabe como é conhecido o Bobby? O Agust tá em destaque, mas era pra ele estar lá.

— Era pra tá lá, mas não conseguiu matar o Agust, — Esqueceu que precisava manter a linha. A citação sobre seu namoro... sabia que viria. Foi sua vez de ser segurado. — então, por que não tá? — Reforçou mais ainda a informação da tentativa de homicídio. Jiwon se exaltou, dizendo que era rima repetida. — Repetida sim, cala a boca seu filho da puta falso! — Desviou do apresentador que sinalizou pra cortarem a batida. Yoongi jogou o microfone no chão, se recusando a continuar expondo tudo aquilo. — Eu confiei em você e você tentou me matar e agora eu acabo com sua carreira. — Desistiu de rimar, porque já nem mais tinha sentido. — Se eu vou sangrar, se prepara que você também vai.

— Você tá louco pra caralho! — Riu na cara do ex amigo, não acreditando que estavam tendo aquela conversa em cima de um palco. — Vai pra porra da tua casa, puta vendida.

— Eu vou pra casa, vou foder pra caralho com meu namorado, escrever as minhas músicas e gravar um mv. — Puxou o braço quando sentiu alguém segurar. Merda. Não era para ser segurado. — E você? — Perguntou irônico, olhando para cima, encarando aqueles olhos que pensava transmitir respeito algum dia. — O que você vai fazer?

Deixou seu rosto livre. Estava todo livre. Ele faria o quê? Não tinha medo. Medo nenhum. Jiwon tremia de ódio, ouvia todas aquelas vozes de fundo adorando aquele clima hostil, mas só conseguia enxergar a cara daquele homem que tanto odiava. Era sempre ele, culpa dele. Sempre!

Levou a mão para a cintura, pronto para tirar sua arma de lá. Ia acabar com ele com suas próprias mãos, ia ter certeza agora sobre a morte, antes de ir embora. Ele acabou com sua noite, sua chance, ia acabar com a vida dele. Se ia para o inferno, o traria consigo.

Foi segurado. Seu pulso foi segurado com força e puxado para trás, assim como sua outra mão. Logo o frio dos círculos de aço em sua pele quente, o "click" e sua prisão. Não conseguia mais segurar o microfone, ele caiu ao chão.

— Kim Ji-Won, você está preso — A voz de Namjoon soou ao seu ouvido. Seu corpo puxado para longe do rapper baixinho. — por porte ilegal de armas, tráfico de drogas, organização criminosa, tentativa de homicídio, falsificação de documentos, roubo e por tirar a minha paciência. — Apertou mais as algemas. — 70x7, seu merda. — Sussurrou antes de puxá-lo consigo, querendo levar de uma vez para a delegacia.

O último desejo de Yoongi era esse. Batalhar com o ex amigo porque sempre diziam que precisavam voltar às raízes e fazer um bate e volta de amigos. Diziam que precisavam se reconectar com o rap da forma mais pura e singela, mas nunca fizeram. Sempre tão ocupados, não tinham tempo para isso.

E, mesmo naquela situação ruim, descendo no nível dele, permitindo ser exposto na frente de todo mundo, quis fazer isso. Assumia estar desajeitado para rimar ao vivo, tinha bons anos que não fazia isso. O último desejo daquela amizade tinha que ser concretizado, então o ciclo havia sido encerrado.

A amizade que começou no rap, acabou no rap.


Notas Finais


fim, game over. cabô. alguém aí esperava que o yoongi ia pra batalha de rima só pra enfrentar o bobby? a gente dá valor aos velhos tempos.

hoje tamo querendo chegar nos trends do brasil pela 3ª vez lá no Twitter, vamo ajudar???? vai lá na tag #wuahtaegi e comenta o que quiser, a gente une a família e ainda comemora esse dia de janta do yoonz. bendito seja o yoongi.

até terça-feira que vem, agora vou lá me acalmar. to nos 220v.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...