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História Out of Plans - Onze anos.


Escrita por: WonderMaris

Capítulo 33 - Onze anos.


– Será que podemos deixar pra amanhã? Hoje meu dia foi perfeito e eu quero deixá-lo assim. – Diana deu um sorriso cínico para ele e saiu do cômodo.

– Ha ha ha. – Ele a seguiu novamente. – Okay, eu mereci essa. – Passou a mão em sua nuca, lembrando que havia dado essa desculpa no dia anterior. – Mas, falando sério… precisamos conversar.

– É, eu sei disso, Leonard. – A chefona entrou em seu quarto e se virou para ele e cruzou os braços. – Mas o que te fez querer conversar agora?

Ele se sentou na cama e juntou suas próprias mãos; começou a remexer os dedos. Estava claramente nervoso.

– Está “brincando” com as mãos. – Notou ela. – Por acaso, está tenso? 

A pergunta foi retórica; o conhecia muito bem para saber qual era a resposta. 

Leonard respirou fundo.

– Será que você pode se sentar? – Ela o fez. – Bom, não posso te pedir pra ficar calma porque você não merece o que eu fiz, então aceitarei seja lá qual seja a sua reação. – Neste ponto, Diana já sabia qual seria sua confissão.

– Fala de uma vez, Leonard!

– Eu traí você. – Respondeu, sem mais delongas.

Diana respirou fundo e permaneceu em silêncio; não sabia o que sentir. A raiva a atingiu de imediato, isso é indiscutível; a sensação de depois, não sabia dizer se era de dor ou não, tendo em vista que fez o mesmo, talvez não se sentisse no direito de sentir dor; enfim, veio um certo alívio e sentiu-se mal por isso, foi como se o peso de sua culpa saísse de certo modo. Todos esses pensamentos corriam por sua mente ao mesmo tempo, sem intervalos.

– Diga alguma alguma coisa, por favor. – Ele implorou que sua quietude acabasse.

A mulher se levantou da cama.

– Quando isso aconteceu? – O questionou, ainda de costas.

– Quase aconteceu hoje, de novo, só que… – Ela o cortou no meio de sua frase.

– De novo, Leonard?! – Sua voz soava mais agressiva. – Por Deus!

– Calma, Diana.

– Não me peça pra eu me acalmar, apenas me responda: – Seu olhar era cortante como uma adaga. – Quando foi, e quantas vezes?

O homem começou a suar frio e mirou o chão.

– Umas três vezes. – Coçou a cabeça. – Não sei exatamente. – Diana pôs uma mão no rosto. – Uma vez na faculdade ainda. – Essa resposta doeu, e não foi pouco. Na faculdade ela era perdidamente apaixonada por ele e acreditava ser recíproco; agora que soube da verdade, não suportou. Uma lágrima estava prestes a escorrer, porém, ela a segurou. Leonard não valia seu choro. – Outra vez quando você estava grávida. – Esta doeu mais ainda. Sabia que naquela época eles não estavam tão bem assim, mas descobrir que ele não tinha consideração nenhuma para com ela nem quando estava grávida, era decepcionante. – E a última em alguma festa da empresa. Ia acontecer hoje de novo, mas pensei que não era justo eu ficar escondendo isso de você.

Diana permacia silenciosa, e é aí que habitava o perigo. Leonard tinha consciência de que uma Diana com raiva e gritando era melhor do que uma quieta e pensando.

– Ah, olha só, que lindo! – Ela bateu palma. Seu sarcasmo tomou conta. – Muito obrigada por ter lembrado que você tem uma esposa. Mas uma quarta vez não faria diferença, se nas anteriores não fizeram…

– Amor…

– Não ouse me chamar de amor! – Seu tom de voz se elevou. – Porque você não foi capaz de pensar no seu “amor” enquanto transava com outras mulheres!

Ele abriu a boca e logo a fechou; não tinha direito algum de protestar.

– Se servir de alguma coisa, todas as vezes foram quando eu estava muito bêbado. – Tentou se defender, inutilmente.

– E você acha que isso vai te ajudar em quê, Leonard? Fala pra mim! – Ela deu um tapa em sua própria perna. – Você é um homem de 41 anos, deveria agir como tal! Não como um adolescente bêbado que não sabe o que faz. – Ela fez uma pausa. – E ter citado a bebida só tornou sua situação pior, você sabe muito bem o motivo para eu odiar o fato de você beber o tanto que você bebe.

– Eu sei… me perdoe.

O cara estava tão envergonhado que chegava a dar dó.

– Perdão é a última coisa que você deve esperar de mim agora.

Ele engoliu seco; nunca vira Diana naquele estado.

– Desculpe. Não sei mais o que dizer.

– Tudo bem… eu só quero que você me diga mais uma coisa. – A mulher andava de um lado pro outro do cômodo, não conseguia parar no lugar. – Por que você fez isso? Você não me amava o suficiente? Eu não te satisfazia como você queria? Eu só preciso de um motivo. – Leonard se levantou e tentou uma aproximação; Diana se afastou automaticamente. – Não encoste em mim, eu só quero que você responda as minhas perguntas. – Sua feição era de indiferença, pior do que se fosse de tristeza. 

– Eu te amo sim, Diana, não diga dessa forma. – Sua pose de coitado a fazia querer vomitar.

– Leonard, por favor! – Ela se segurou para não surtar e fazer um escândalo, de tanta fúria que sentia. – Se você me amasse como você diz, não teria feito a merda que fez! – Exclamou, num berro.

– Desse jeito você vai acordar o Nicholas. 

– Não estou preocupada com isso, assim ele pode ver o verdadeiro filho da puta que o pai dele é. – Disse, cara a cara com seu marido; ou ex, a partir desse momento.

– Diana… – Mais uma vez ele não tinha resposta.

– Só me responda: – Ela insistiu. – por quê? 

– Não foi por culpa sua, você sempre foi muito mais do que eu pedi. Foi só pra ter uma aventura momentânea, um prazer repentino, sei lá… 

Ele a olhou com lágrimas nos olhos e ela, sinceramente, adorou aquela cena. Leonard não era de demonstrar fraqueza na frente dos outros, e agora ele estava ali parecendo um animalzinho indefeso, clamando por perdão.

– Sabe, eu também tenho que te confessar uma coisa. – Diana não ousava se afastar dele agora, queria estar frente a frente ao revelar seu segredo, só para gravar na memória qual seria sua feição. – Eu também traí você. – O mesmo abriu a boca para replicar, mas ela foi mais rápida. – Cala a boca e me ouça! – Ela gritou; então tornou a baixar o tom de voz e o colocou mais ameaçador. – Agora é a minha vez de falar, então não me interrompa. – Pela primeira vez em toda sua vida, Leonard sentiu medo da mulher à sua frente; sendo assim, a obedeceu. – Há alguns meses eu venho te traindo, com uma pessoa apenas. – Deu um passo a frente. – Mas quer saber qual a diferença entre mim e você? Eu te traí porque eu achei alguém que me ama de verdade, que cuida de mim e do Nicholas como você não faz. Eu te traí porque eu entro nessa casa e não sinto mais alegria alguma, e quando eu estou com essa pessoa é como se, como se… – Suas lágrimas finalmente caíram. – quando eu estou com essa pessoa é como se eu realmente estivesse viva novamente. E estar com você é como sentir um pedacinho de mim morrer todos os dias. Já você, me traiu por pura insegura e fragilidade.

Nem ela acreditava que dissera tal coisa. Aquela penúltima sentença pegou os dois de surpresa e pôs um fim a qualquer coisa que eles pudessem vir a ter futuramente. 

Leonard também chorava. Sentia-se um prepotente, canalha, inseguro e todos os outros adjetivos que poderiam ser usados para diminuí-lo. Contudo, havia cavado sua própria cova e tinha noção disso.

Já Diana, após traçar uma enorme rota carregando o peso de um casamento infeliz, cheio de mentiras e sentimentos falsos, sentia-se livre. Entretanto, percebeu que a liberdade é dolorida e carecia de sacrifícios; muitos.

E nenhum dos dois saía do lugar ou fazia um movimento sequer, só observavam a relação desmoronando aos poucos, junto a tantas lágrimas. 

Foram 11 anos dividindo a vida um com o outro; 11 anos acordando ao lado da mesma pessoa; 11 anos escolhendo estar ao lado da mesma pessoa; 11 anos vividos dentro de uma teia de mentiras; 11 anos que ganharam um ponto final em 1 hora, ou um pouco mais.

O choro deles havia cessado. Ainda estavam de pé.

– Quero que você saia da minha casa agora, por favor. – Ordenou Diana. – Não me importa para onde você vai, eu só quero que saia de perto de mim. 

Leonard suspirou, rendido. É isso, o fim era ainda mais escuro do que ele esperava.

– Posso pegar algumas roupas antes?

A chefona assentiu e ele pegou sua mochila. Em seguida, buscou por umas 4 ou 5 peças de roupa e enfiou dentro da mesma; outro dia pegaria o resto de suas coisas. 

– O que a gente vai fazer com o Nick? – Ele a questionou.

– “A gente” não vai fazer nada. Você deixou de dar atenção pro garoto há um bom tempo e agora quer se preocupar com isso? – Suas palavras eram como levar um soco na boca do estômago, para ele. – Nicholas pode até ser seu filho, mas foi eu quem não saiu do lado dele em hora nenhuma. Vai ficar comigo. E você se contente em buscá-lo aos finais de semana ou quando quiser levá-lo pra passear.

– Diana, sei que fui um marido horrível e um pai até pior… mas ele não merece sofrer com isso. – Leonard segurou os dois braços da mulher. 

– Ah, me poupe! – Ela se soltou dele. – Você acha que ele já não sofre com um pai que dá mais importância pro trabalho do que pra ele?

Contra fatos não há argumentos; viu que estava errado, mais uma vez. Daí desistiu de tentar parecer inocente ou merecedor de sua pena, e só terminou de arrumar sua pequena bagagem.

Ele foi até a porta e ela o acompanhou.

– Posso, pelo menos, vir aqui amanhã ou outro dia dessa semana para conversar com o Nick? 

– Pode vir no final de semana que vem.

– Ótimo.

Eles se observaram. Leonard tentou abraçá-la, mas Diana se afastou.

– Adeus, Leonard. – Se despediu, da forma mais seca que conseguiu.

– Adeus. – Seus lábios tremiam. Aquela não era a última palavra que gostaria de ter dito a ela.

Então ele se foi. 

Diana fechou a porta, e ficou ali, presa no mesmo lugar, olhando para a maçaneta que acabara de girar. Não conseguia acreditar no que aconteceu. 

Quando voltou a si, sentiu uma forte dor de cabeça, logo, foi atrás de um analgésico. Foi até a cozinha, revirou uma cestinha de remédios, achou o que estava procurando e tomou o comprimido.

– Mamãe? – Ao ouvir aquela vozinha, quase se engasgou com a água.

– Filho? – Se virou para Nicholas. – Pensei que estivesse dormindo.

– Eu estava, mas acordei quando ouvi sua briga com o papai.



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