História Out of the Masks - Chapter 39 - Loved

Lembrava-me de um mundo em que nós poderíamos ser o que quiséssemos, e assim não precisaríamos usar algo pra encobrir o que você é, verdadeiramente. Mas acontece que esse mundo em que eu me lembrava, não passava de uma breve ilusão da minha mente infantil, de quando eu tinha um acesso considerável ao mundo através da minha janela.

Então agora, todos encontravam o herói convencido e alegre chorando, em frente de todos que estavam, sem ao menos ligar, ao menos uma vez. Sempre me esquentei com o que pensariam em ver um herói fragilizado, mas pensando bem, eu também sou um humano, e como todos, tenho as minhas dores, não só a das pessoas.

Só precisava da minha âncora.

Sento-me numa espreguiçadeira, e observo a lua sendo coberta pelas nuvens escuras, que evitavam que as estrelas foseem vistas. Tudo estava tão escuro em minha volta, refletindo tudo o que sentia. Precisava tanto de Marinette, a única pessoa com quem eu sabia que poderia confiar de olhos fechados.

-Minha princesa... -Sussurro para mim mesmo, com um mínino sorriso- Eu amo tanto ela... Como eu pude não ver ela antes? Poderia ter sentido tudo tão antes disso.

-Gatinho? -Seus cabelos soltos me entregavam o seu sono pesado, mas que havia sido finalizado por alguma coisa- O que faz aqui em cima? Vamos descer.

Desço para o seu quarto, e sem me parar para pensar, me jogo sobre seu corpo, abraçando com todas as minhas forças. Ela parecia surpresa, entretanto não hesitou em me retribuir, caindo comigo em tudo o que me tomava.

Nossos corações batiam um contra o outro, num encontro acelerado, e logo depois as minhas lágrimas em sua pele pálida, desnuda e esquentada. Ela me parecia justamente uma princesa, porém uma princesa tão diferente da que vemos em contos de fadas...

-Eu só quero saber o porquê de estar desse jeito, gatinho. -Nos separou, secando o meu rosto- Odeio quando o seu sorriso convencido não está no seu rosto. Odeio quando não está falando aquelas perversões, mas sim chorando. Saiba que eu sinto tudo o que sente, pois eu te amo demais. Eu amo quem você é.

-E se eu também for uma outra pessoa? -Questiono, sabendo que essa era uma realidade para mim. Poderia ser duas pessoas distintas, mas únicas- Eu não sou assim em minha identidade civil, Marinette. Eu sou um garoto quieto, e que infelizmente não sabe ser isso aqui sem a máscara.

-Eu te amaria mesmo assim. -Ela disse, convicta da sua ideia, mas não era algo tão fácil como ela pensava.

Sabia que ela poderia não gostar de quem está atrás dessa máscara, porque ela ama quem está fora da verdadeira máscara, por mais que já tenha amado o outro lado um dia distante. Me sentia com uma vontade de falar quem eu era, mas sabia que isso poderia acabar com tudo o que nós temos, de uma vez só.

-Acontece que não. -Coloco minhas mãos no rosto, suspirando- Penso que não gostaria, ainda mais quando você conhece essa pessoa, princesa. Tenho medo de não gostar, porque de um certo modo, eu te recusei.

-Mas do que está falando? -Ela franziu o cenho, pouco irritada- Você fala como se eu não tivesse certeza dos meus sentimentos, Chat Noir. Eu sei que eu te amaria do mesmo jeito! Então não me venha com esse assunto.

-Mas eu também sei que não! Você não sabe quem eu sou, e por eu saber, eu sei que não me amaria. Não de novo. -Sussurro a última parte. Ela entortou a cabeça, e me olhou profundamente.

-Eu te amaria sim. -Sua voz soara firme- E eu não quero que duvide mais diseo, senão serei eu a duvidar de você, seu gato estúpido. -Segurou o meu rosto com ambas as mãos- Não quero falar mais sobre isso.

Não adiantava mais esconder sobre isso, não quando eu estava tão perto do inferno. Agora só faltava abraçar o capeta, que no caso seria os problemas que viriam com tal coisa que eu estava pronto para soltar.  Não queria guardar isso para mim, ao menos não mais.

-Você já me amou uma vez.