História Out of Town Girl - Welcome to São Paulo, babe

Victória Franchescci’s P.O.V.

Dia seguinte: sábado. Acordei tarde, por volta das 14h. Não sei como, já que fui dormir cedo, talvez pouco mais de 00h. Nada que justifique eu dormir 14h. Levantei e fui direto para o banheiro. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo e entrei no boxe após despir-me. Saí e vesti uma roupa simples, um shorts jeans surrado com uma blusa simples acima do umbigo. Calcei minha Havaianas e fui para a sala. Minha mãe não estava, provavelmente fora à casa de alguma amiga, como sempre. De final de semana passamos apenas o domingo juntas, de sábado ela sai com as amigas. Não tenho nada contra, afinal ela também tem o direito de se divertir.

Fui até a cozinha e preparei apenas um leite com achocolatado, o qual terminei em segundos. Já na sala, liguei a tevê e deitei no sofá de quatro lugares e fiquei assistindo ao Disney Channel. Não havia nada de melhor passando, então fiquei vendo os novos programas tediosos e infantis do canal. Quando era mais de 16h eu finalmente desliguei a tevê e fui fazer almoço. Nada demais, apenas miojo. A preguiça estivera mais naquele sábado do que em qualquer outro. Meu celular tocou ao som de Sweet Child O’ Mine, um dos poucos rocks que gosto. Atendi imediatamente quando li Bieber escrito na tela. Sim, ontem acabei gravando seu celular, finalmente.

- Hey, Bieber! – Falei animada.

- Oi, Vic. Tudo bem? – Sua voz estava animada também, podia perceber que ele sorria.

- Sim e você? – Perguntei calmamente.

- Bem também. – Ele deu uma pausa. – Tem planos para hoje à noite? – Perguntou-me esperançoso.

- Na verdade, não. Por quê?

- Estava pensando se não gostaria de ir ao cinema comigo... – Ele parecia com vergonha. Sua voz saíra mais baixa que o normal, tornando-o a pessoa mais fofa do mundo.

- Claro, por mim tudo bem. Só fico preocupada com você, não vai ser ruim os paparazzis? Quero dizer, logo dirão que sou sua namorada... – fiz uma voz grossa, ele riu.

- Eu não ligo, de verdade. Lembra-se no parque? Você é minha namorada, agora. – Nós rimos. Lembrei do dia em que fomos ao Parque Ibirapuera. Foi perfeito. Nossas mãos entrelaçadas, nossa piquenique sob a árvore proporcionando uma bela sombra, nossa conversa sobre eu ser sua “nova namorada”.

- Lembro, lembro muito bem. – Disse ainda rindo.

- Então, pronto. Não tem problema algum em irmos ao cinema. A não ser, é claro, que você prefira outro programa.

- Venha aqui em casa, eu prefiro. Estou um pouco cansada hoje. – Falei sem graça.

- Tudo bem, mas está me devendo uma ida ao cinema. – Nós rimos. – Chego aí em meia hora.

Ele nada mais disse, apenas desligou. Oh, Justin, por que faz isso comigo? Joguei meu celular no sofá e fui à cozinha preparar meu miojo. Separei a panela, a água e o macarrão instantâneo junto com o tempero. Sinta como se fosse fazer uma grande receita, uma receita revolucionária – mas não é bem o que estava para acontecer. Coloquei a água para ferver e logo acrescentei o macarrão, enquanto deixava-o cozinhando fui para a sala. Fiquei jogando Zombie Smasher novamente, um jogo viciante esse – super indico.

Perdi-me nas horas, quando vi estava sentindo um cheiro de queimado. Ótimo, como fui capaz de queimar um miojo? É a coisa mais simples de se fazer! Peguei a panela e joguei toda a água na pia; o macarrão e o tempero joguei no lixo, não teriam mais como ser usufruídos. Resolvi pedir comida japonesa. Liguei no restaurante e pedi um yakisoba de carne bovina. Assim que desliguei o telefone, a campainha tocou. Atendi e era Justin. Ele me olhava de cima a baixo repetidas vezes.

- Entra aí – disse, sem nem mesmo dar-lhe “oi”. Antes de entrar, ele me deu um beijo na bochecha e entrou dizendo “licença” como sempre faz.

- Que cheiro de queimado é esse? – Ele perguntou com o nariz franzido.

- Deixei o miojo queimar – dei de ombros. Justin começou a rir, sentado no sofá.

- Como você teve a capacidade de queimar um miojo? – Ele parecia incrédulo. Quando mais ele pensava na possibilidade de eu queimar um miojo, ele mais ria. Já estava ficando nervosa.

- Pare de rir! – Falei autoritária, ele parou de rir. – Eu não sei como queimei, mas o fato é que queimei e pedi um yakisoba.

- Ai, eu quero! – Ele disse animado. As pernas juntas e as mãos juntas também em forma de reza.

- Nem pensar! O almoço é meu! – Falei brava.

- Não almoçou até agora? – Ele parecia confuso.

- Welcome to São Paulo, babe! – Falei rindo. Pensei nos almoços que tínhamos na casa de minha avó. Sempre almoçávamos depois das 16h. Todo domingo era a mesma coisa. E eu, é claro, ficava passando fome, nem bolo podia comer!

- Como assim? Vocês almoçam tão tarde assim? – Ele estava mais confuso ainda.

- Não exatamente. De domingo os almoços costumam ser mais tarde, mas de sábado às vezes tem gente comendo às 16h, como eu. – Dei um sorriso sapeca.

- Ahn, entendi. Então, eu também tenho que comer às 16h? – Justin, por que você nasceu loiro?

- Faça um favor, sim? – Ele assentiu. – Volta pro útero! – Falei pausadamente, como se ele fosse débil.

- Não precisa ser tão grossa, Victória! – Ele ficou emburrado e dessa vez eu sabia que era sério. Ele deu meia volta e se sentou no sofá.

Victória Franchescci’s P.O.V.