História Out of Town Girl - Three for your thinking. I love you

Victória Franchescci’s P.O.V.

Dentro de dois dias Justin voltaria à sua turnê, à sua vida de famoso, à vida em que eu nunca pertencera. E era isso... Mais nada... Beijamo-nos, mas o beijo daqui uns dias não teria significado algum a ele, não mudaria sua vida... Seria como se nunca tivéssemos nos beijado. Eu tentaria voltar à minha vida tradicional de filha de dermatologista, tentaria voltar à minha vida de melhor aluna da sala, tentaria focar no meu intercâmbio e, o mais importante, tentaria esquecer tudo que acontecera entre mim e Justin durante esses seis dias.

- Justin – comecei –, vá para o meu quarto. Vou fazer o brigadeiro que prometi a você – dei um meio sorriso.

Ele me abraçou. Abraçou-me fortemente, como se eu fosse embora. Deus, diga-me, como eu sobreviveria sem aquele abraço? Como sobreviveria sem seu toque? Como sobreviveria sem as idiotices de Justin? Como sobreviveria sem meu amigo?

- Vic, não aja como se nada tivesse acontecido! – Ele parecia bravo. – Nós nos beijamos, qual o problema nisso? Nós tivemos uma ligação forte, qual o problema nisso? Nós viramos amigos, viramos amantes, Victória! Aceite que há algo forte entre nós, pare de agir como se não tivesse percebido nada!

- Não aja você como se isso fosse mudar alguma coisa! – Exclamei revoltada. – Você vai voltar à sua vida normal, vai voltar como se nada tivesse acontecido. E eu vou ficar aqui, tentando viver minha vidinha medíocre de filha de dermatologista! – Dei ênfase em “tentando”. – Só quero que uma coisa fique muito clara aqui: você é meu ídolo e aos poucos está se tornando um grande amigo, não era para isso ter acontecido nem em um milhão de anos! Isso não pode acontecer, Bieber! Não pode!

Minhas lágrimas dançavam alegremente pelas minhas bochechas. Nada do que falara, nada do que viria a falar era verdade. Eu amo Justin, mas isso não pode passar de um amor de amigo! Já saiu pelas estribeiras quando passou a ser um amor de amigo. Como dissera, isso não poderia acontecer sem em um milhão de anos.

Mas aconteceu. Aconteceu e eu não me arrependera. Apenas tinha medo, medo de ser esquecida, medo de sofrer, medo de chegar aos Estados Unidos respirando o mesmo ar que a pessoa que eu amo e não poder fazer nada, não poder nem ao menos vê-lo.

- Três milhões para saber seu pensamento – ele disse. Eu ri baixo, mesmo achando a frase uma idiotice completa – exatamente como achava a pessoa que amo idiota.

- Quer saber tudo? – Ele assentiu.

- Tudo, nos mínimos detalhes.

- Vamos lá, então... – dei uma pausa. – Pensava no por que de ter dito aquelas palavras a você. Quer dizer, eu amo você, Justin. – Ele sorriu abertamente. – Mas nunca poderia ter acontecido isso. O objetivo disso tudo era apenas ser seis perfeitos dias ao lado do meu ídolo, da pessoa que mudou minha vida. Mas tudo saiu pelas estribeiras. Passei a amá-lo como amigo e com esse beijo tudo só se aprofundou mais. Eu o amo e faria qualquer coisa para tê-lo. Mas somos de mundos diferentes, nossas realidades são diferentes. Isso nem o amor, pode mudar. E você tem que parar de agir como se, se ficássemos juntos todas as barreiras desapareceriam, porque elas não irão. Continuarão lá, exatamente como estavam no começo do nosso relacionamento como ídolo e fã. A diferença é que você irá fingir que elas não estão lá, enquanto eu não serei feliz ao seu lado, sabendo que tudo do que passaríamos seria como uma mentira, uma ilusão.

Justin nada disse, ficou calado. Seus olhos fora de foco olhavam para algo atrás de mim, algo aleatório.

Victória Franchescci’s P.O.V.

Justin Bieber’s P.O.V.

Victória é uma garota inteligente, filosófica até eu diria. Sabe ver as coisas de uma perspectiva diferente de qualquer outro ser humano. Ela consegue ver – apenas estudando os fatos – o que acontecerá daqui dois meses, quando estivermos separados.

Não irei esquecê-la, mas não vou negar quando digo que vou continuar vivendo minha vida. Não posso parar tudo por causa dela, não posso decepcionar milhões de garotas. E minha vida nos Estados Unidos é tão diferente do que acontece aqui. Não poderia apenas deixar de ir às festas, deixar de conhecer garotas, deixar de chegar perto de garotas porque sinto algo desconhecido por mim por Victória. Eu a amo, isso eu sei. Mas o que eu sinto por ela vai além de amor.

Sim, eu sei. Amor já é uma palavra forte, e dizer que o que sinto vai além de amor faz tudo piorar ainda mais. O que eu sinto por ela é uma necessidade descomunal de tê-la ao meu lado, a necessidade de ter a sua existência, a necessidade de tê-la apenas para mim. Eu seria capaz de matar e ser matado por ela. Mas afogar-me nas lembranças dos seis dias no Brasil, pioraria tudo. Eu deveria continuar vivendo minha vida exatamente como era antes, assim como queria que Victória continuasse vivendo a dela.

Apesar de ter dito a frágil garota que estava em minha frente que nos encontraríamos em breve, eu não poderia ter tanta certeza. Minha vida é um turbilhão de acontecimentos, nada nunca sai da forma que quero e que esperava. Se penso que vou sair do Brasil daqui dois dias, de repente recebo uma ligação dizendo que vou sair do Brasil daqui quatro dias – e como queria que isso fosse verdade.

E entre todo esse amor e necessidade de sua existência que sinto por Victória, há também o medo de deixá-la envolver-se na minha realidade. Não posso simplesmente pedi-la em namoro, colocar ela em um jatinho para a Austrália comigo e deixar que os paparazzis tirem fotos dela, que as Belieber a ataquem com palavras ofensivas. Não posso e não quero, em nome do meu amor por ela.

- Três reais pelo seu pensamento. Repare, reais, não dólares – ela disse arqueando as sobrancelhas. Nós rimos alto.

Como diria a ela tudo que estivera pensando agora e nos últimos dias, nas últimas semanas? Porque eu venho pensando na garota do cabelo pintado, desde o meu em São Paulo – dia dois de novembro, às 20h. Não há jeito de explicar a ela tudo que passa por minha mente sem magoá-la e sem magoar a mim. Ambos sabemos que esse relacionamento é difícil, mas por minha parte, eu faria qualquer coisa para tê-la. Enfrentaria o mundo, os oceanos e a distância para tê-la em meus braços para sempre.

- Não há como explicar tudo que vem passando por minha cabeça durante os últimos dias – falei, um sorriso torto nos lábios.

- Tente – ela disse.

- Resumindo tudo, só me vem uma coisa em mente – falei aproximando-me dela. – Eu amo você, amo tanto que mataria e seria matado por você.

Ela sorriu, um sorriso envergonhado. Sua cabeça baixa e sua mão direita colocando a mexa de cabelo que caíra atrás de sua orelha – a mania que mais amava nela. Toquei seu queixo e levantei sua cabeça delicadamente. Seus lábios ainda estampavam um sorriso delicado, seus olhos brilhavam e suas bochechas coravam cada vez que olhava mais fundo em seus olhos. Eu sorria ao ver a forma que a deixava por apenas dizer algumas palavras. Aproximei-me e beijei seus lábios, beijei desesperadamente.

- Eu também amo você – ela disse quando encerramos o beijo. E nos beijamos de novo.

Justin Bieber’s P.O.V.