Se o pai dela não foi com a sua cara, desistir é a melhor coisa a se fazer.
Mas se quer enfrentar a fúria de um pai protetor, faça exatamente o que eu disser.
Quando eu era jovem igual você, o pai de sua mãe, o velho Hornet Swarovski, me odiava, mas um dia provei pra ele que eu não era o tipo de rapaz que ele pensava que eu era.
Fiz uma serenata bem na frente da casa dele pra sua mãe, e veja como deu certo.
Mas também..., Eu conhecia bem a sua mãe, na verdade, a conhecia melhor do que ela mesma poderia imaginar, agora você..., Você mal conhece esta moça Rickson, pra quê querer enfrentar o pai dela? - Parei de ler a carta.
Outono era a primeira moça com quem eu me interessei desde dos 15 anos.
A primeira garota que me interessei era Eliz Grendha.
Ela cantava na igreja em que eu freqüentava.
Não posso dizer que tivemos alguma coisa, a única coisa que aconteceu de nossa parte foram apenas olhares e sorrisos abertos, apenas isto.
Voltei a ler a carta.
Querido, eu conheço você suficiente para saber que você não vai desistir fácil de alguém que você estava interessado, então que tal você descobrir onde esta moça mora e conversar com o pai dela? Talvez ajude.
Um abraço de sorte.
Jonas Adam Park.
Encosto a cabeça sobre o banco detrás do táxi.
Quando enfim chegamos na palestra, a chuva está mais ou menos, então consigo sair do carro e atravessar a calçada e entrar no edifício.
Espero um pouco pois ainda existe outra palestra acontecendo e depois de trinta segundos a minha esperada palestra começa.
O palestrante e um homem bastante agradável, ele sabe bem o que faz e o que fala. E imobiliza o público com seu carisma no palco.
Escrevo tudo que poderia servir pra mim em alguma coisa e quando menos percebo a palestra já acabou e só resta eu no salão.
Vou andando até a porta e dou de cara com Ruth Denelly Conster, a mesma do supermercado.
Ela parece não me reconhecer, então passo direito fingindo não a conhecer também.
Já estou perto da saída quando escuto ela me chamar.
- Oi?
- Olá.
- Eu lhe conheço de algum lugar?
- Hum, não sei, seu rosto também me é familiar. - Digo.
- Ah, já sei, você é aquele rapaz educado do supermercado!
- Ah, é, poisé. Tudo bem?
- Eu estou bem, e você?
- Eu também estou bem.
- Quê bom. Bem, eu estava de saída, eu estava vendo a..., A palestra que teve ainda pouco.
- Hum, sei bem. Bom poisé foi bom te ver de novo.
- Digo o mesmo. Até mais.
- Tchauzinho.
Saio do edifício e pego outro táxi para ir para casa do professor Dornan.
- Bom professor, como o senhor pode ver aprendi muitas coisas. - Digo depois de dizer tudo que havia aprendido na palestra.
- Estou vendo.
- Acha que já estou preparado pra acertar de negócios com o empreendedor?
- Não. - Diz ele fazendo pouco caso da minha pergunta.
- Quantas outras palestras vou ter que ir para poder ficar afiado?
- Várias, você parece um desqualificado para a coisa, estou pensando seriamente em dizer para seu pai vir pra Chicago e conversar com este empreendedor no seu lugar.
- Ah professor, o senhor teria coragem de fazer isso comigo? - Digo meio chateado, enquanto ele pega uma xícara de café.
- É brincadeira rapaz, o que te aflige tanto?
- Ah, não sei. Me sinto um fracassado. - Ele me entrega a xícara, a mesma que dou um gole logo depois. - Ontem o pai da senhorita Bone veio falar comigo, e me tratou como um covarde.
- O que tem isso?
- Professor! Eu não sou um babaca.
Ele dá uma risada e se acomoda na proltona.
- Eu sei menino, deixe de ser tão bobo.
- Ele ainda ficou dizendo que se fosse pra mim machucar a senhorita Bone, era melhor eu me afastar, mas em momento nenhum tive a intenção disso. - Digo chateado.
- Vai ver ele está testando você, quer ver até você poderia ir com isso, e tenho quase certeza que não foi muito longe.
- Não.
- Bom, eu bem que tentei avisar você que você estava indo muito rápido, eu já sabia que uma hora ou outra isso iria pegar mal pra você.
- Como o senhor faz as coisa melhorarem, né.
Me levanto da cadeira.
- Quer saber professor, por hoje chega! Estou voltando pro hotel, ainda tem algo que o senhor quer que eu faça?
- Não, vá em paz.
- O Diogo está aí?
- Está no quarto.
- Eu posso ir falar um pouco com ele?
- Vá.
Saio do escritório e fecho a porta, logo depois atravesso o corredor e bato na porta de Diogo.
Consigo escutar com clareza a voz abafada falar " Já vai", ou talvez, " Já vou", e enfim abre a porta com um roupão.
- Senhor Park? O que deseja?
- Nada muito importante, você está ocupado?
- Estou enrolado.
- Como?
- Não dá pra mim ajudar você agora. - Diz ele sussurrando com a metade da cara na porta.
- Está bem, não vou fazer muitas perguntas pois não estou nenhum pouco interessado em saber o que a palavra " enrolado", está significando neste momento pra você, então quando der você poderia passar no hotel?
- Tá bom.
- Ok, até mais.
Vou andando até a porta, e saio da residência dos Dornan, atravesso o quintal e vou pela calçada até chegar no hotel.
Quando tento atravessar o salão imenso que a recepção tem, é quando os olhos de Outono me desfocam das escadas que era pra onde eu olhava.
Ela está descendo as escadas degrau por degrau e quando chega ao meu lado, ela sussurra em meu ouvido:
- Precisamos conversar. - Me arrepio por dentro quando o escuto.
Com delicadeza eu a olho e digo que sinto muito, mas que não poderíamos.
Então ela coloca as mãos em meu ombro direito e diz:
- Eu sei o que meu pai fez, mas ignore qualquer coisa que ele tenha dito.
- Isto é meio difícil.
- Olhe, seja lá o que ele disse a você...
- Na verdade ele só disse, afaste-se da minha filha e mais outras coisas como, " ela já foi ferida demais". - Digo tirando a mão dela do meu ombro.
- Ah, que mico. Eu sou uma mulher livre eu sei me cuidar, eu sou dona do meu próprio nariz, não moro mais com eles e não tenho intenção de voltar a morar, nenhum deles tem nada haver com isso, com as pessoas que eu ando saindo.
- Você é decidida demais para uma garota de 18 anos.
- Um segredo, vou fazer 19 na quarta-feira que vem, não sou mais uma menina, eu sou uma mulher.
- Uau, temos aqui uma mulher decidida na vida.
Respiro fundo, enquanto ela me fita.
- Escute senhorita Bone, a última coisa que quero é ter intriga com seu pai, e...
- Shhh, não se preocupe mais com essa história, quem decide se alguém vai se afastar de mim sou eu mesma. Se eu tivesse visto que você não é um cara bacana, nem teria beijado você.
- Entendi, mas de verdade, não estou afim de ter uma briga com o dono do hotel. - Digo sorrindo.
- É só fingir que ele nunca pediu para você se afastar. - Diz ela.
- Escute, eu vou subir, tomar um banho, e volto pra nós conversamos melhor, ok?
- Ok.
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