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História Over The Rainbow - 35 - Drew.


Escrita por: ichris

Notas do Autor


Oiiiii gente!!!
então olhem, desculpem aí pela demora, eu ia postar mais cedo, tipo assim EU JURO que ia postar mais cedo, mas aconteceu umas coisas aqui que tenho vergonha demais pra contar e fiquei doente to aqui com a voz toda rouca e minha garganta ta merda e tenho que tomar comprimido que é maior que a minha fé na vida mas enfim VOLTEI E VOU TENTAR POSTAR MAIS RÁPIDO PRA CÊS
e além disso obrigada pelos comentários eles deram uma crescidinha haha #amém
AGORA IMPORTANTE: acho que quando postarei o próximo capítulo eu vou postar uma nova fic também então já sabem como é né gente
E OUTRA COISA IMPORTANTE:
ESSE CAP É UMA ALUCINAÇÃO, A-L-U-C-I-N-A-Ç-Ã-O. NADA DISSO É REAL, TÁ TUDO NA CABEÇA DO JUSTIN OK?????? OK
AMO VOCÊS!!!!!!

Capítulo 36 - 35 - Drew.


NOTAS INICIAS

JUSTIN BIEBER

–– Justin, você tem certeza disso?

A voz de Ethan ecoou em meus ouvidos enquanto que eu fitava o nada, ainda pensando no meu pequeno telefonema com Mackenzie. Eu não estava mais bravo com ela, no final das contas ela só queria me ajudar e eu finalmente tinha engolido o meu orgulho para aceitar isso, mas eu não tinha ideia do porque eu tinha falado aquela merda do “eu ainda te amo” sendo que a gente nunca mais poderia ficar junto. Não daria certo, e era hora de seguir em frente, mas era algo cravado em minhas células. Cada vez que eu ouvia Mackenzie chorando, o meu instinto era dizer que a amava e a abraçar com todas as minhas forças, chorando junto com ela, desejando que a sua dor fosse transferida para mim.

Isso nunca mudaria, nunca mesmo, por mais que eu tentasse. Era aquele tipo de coisa que vai sempre ser o mesmo, como um sábio disse, certas coisas nunca mudam. E isso era uma delas.

Finalmente levantei o meu olhar para Ethan, engolindo a seco, sentindo a saliva descer agarrando. Eu tinha plena consciência de que tudo isso poderia acabar ali, incluindo a minha vida, mas eu tinha que fazer isso.

–– Sim, eu tenho certeza.

Na verdade, eu não tinha certeza. Mas eu só queria acabar com aquilo de uma vez por todas.

Eu já tinha falado com Ryan sobre isso, e por mais que ele tentasse me convencer do contrário, eu já tinha minha decisão tomada. Porém, eu só contei isso para ele, e o fiz prometer que não iria contar tal coisa a Mackenzie, Caitlin, Chris, Chaz, minha mãe, Joney, e por aí fora. Eu tinha confiado nele para isso, afinal ele precisava saber. Ele ainda era meu melhor amigo, e embora eu estivesse feliz pra caralho que ele estivesse finalmente acordado, eu precisa me livrar dessa maldição que está dentro de mim mesmo.

Esse seria o dia mais assustador da minha vida.

Ethan tinha me falado sobre isso logo depois do telefona com Mackenzie, quando eu desabafei com ele dizendo que eu daria tudo para poder sair dali sano, para ir viver a minha vida com os meus amigos, conhecer pessoas novas, encontrar caminhos de felicidade, arrumar um emprego e fazer essas coisas típicas. Porém naquele momento eu não podia.

Fizemos alguns testes por algumas horas, análises ao sangue e ao cérebro, tomei alguns comprimidos e quando eu olhei em seus olhos e disse que estava disposto a fazer tudo, Ethan apenas suspirou e assentiu com a cabeça, me dando um abraço e então ele me falou sobre o derradeiro teste.

Toda a minha vida me falaram que paga esquecer um medo, você tem de enfrenta-lo. Mas agora eu percebia que isso tinha a ver com tudo ao nosso redor. Para eu conseguir ir além da loucura, eu precisava enfrenta-la também. Eu precisava explorar cada pontinho de loucura em meu corpo e liberta-lo por completo. Não era ciência, era apenas o instinto humano, que já existia muito tempo antes de existirem máquinas ou mesmo países. No tempo das pedras, tudo o que eles faziam era puro instinto e por isso eu tinha certeza que para conseguir ultrapassar isso, eu tinha que seguir o meu instinto. E só eu sabia como meu instinto era forte. Como um felino.

Eu sempre confiei nele. Isso não me trouxe muito longe, quer dizer, eu estou numa rehab. Mas isso não teve nada a ver com o meu instinto, ou meu sexto sentido.

É claro que eu tinha medo, eu tremia só de imaginar o que era aquilo. Ethan apenas tinha me falado que iriam me prender num quarto escuro, mas um quarto especial. Ele deixou escapar que eu teria a maior crise de loucura de sempre e que eu sem dúvidas iria sair machucado dali, talvez até morto, mas eu precisava enfrentar isso.

–– Eu não to gostando nada dessa ideia. –– Khloe falou, visivelmente perturbada com aquilo.

–– Vamos lá, Khloe. –– suspirei –– Você mesma disse que isso já tinha funcionado antes.

–– Sim, com duas pessoas. DUAS! –– ela gritou, nervosa –– Sabe quantas pessoas tentaram? Hum? DOZE! Em doze pessoas, só duas saíram vivas!

–– Eu ainda tenho chance de ser a terceira.

–– Mas...

–– Você precisa acreditar em mim –– falei sério, a olhando profundamente –– Eu sei o que vai acontecer. Eu sei como essa loucura funciona, e eu sei que vou ter a loucura para sempre, mas esse é o único jeito de eu aprender a controla-la. A loucura deixaria de ser um obstáculo para mim e eu podia até utiliza-la para outros fins. A loucura não é completamente ruim, apesar de toda a dor, a loucura me faz sentir vivo, dá muita adrenalina, e eu amo isso. Eu amo me sentir diferente. –– ri –– Claro que eu quero me ver livre dessa praga, mas essa a realidade. Os loucos não se importam com a loucura, porque ela é uma parte deles.

Ela suspirou, as lágrimas se acumulando em seus olhos quando ela me olhou.

–– Você vai se arrepender disso.

Neguei com a cabeça, sorrindo de canto.

–– Eu não estou preocupado com isso agora.

Logo ela bufou e se sentou na cadeira ao lado de Ethan. Ambos estavam atrás de um grande ecrã que transmitia ao vivo o quarto por onde eu ficaria. Não seria uma coisa rápida, demoraria mais que duas horas, pelo menos. Eu estava equipado com uma garrafa de água, para quando a loucura bater á porta e eu começar suando que nem um porco com medo, umas jeans pretas e uma camisa também preta, e nada mais que isso. Eu não sabia como eu podia me machucar não tendo nenhum objeto afiado do meu lado, mas quando eu falei isso, Ethan apenas riu e disse que a loucura não tem limites.

Khloe apenas olhou para minhas unhas e eu entendi tudo.

Caminhei para fora dali, respirando fundo enquanto que caminhava pelo corredor, todas as pessoas me olhando já sabendo do que iria acontecer. Tentei controlar a minha ansiedade e eu já sentia o medo correr nas veias mesmo sem nem entrar no quarto, que era bem no fundo do corredor. Antes de abrir a porta, rezei mentalmente e me benzi, logo suspirando e abrindo a porta, entrando no local pouco iluminado. Lá estava um enfermeiro me esperando, os seus olhos cansados me olhavam com pena.

–– Você tem certeza disso?

Fiquei calado por um tempo, apenas sentindo o meu coração tentar sair por minha garganta. Eu sabia que isso podia acabar com o suicídio mais brutal de todos.

–– Tenho.

Logo ele me conduziu até a pequena cama que tinha ali. Me deitei imediatamente, ignorando o corpo tenso e tentei relaxar os meus músculos enquanto que ele prendia umas cordas finais em meus pulsos e meus pés, me prendendo á cama. Porém eu sabia que aquelas cordas não eram como as cordas do primeiro dia que eu estivesse aqui, essas aqui não eram impossíveis de se livrar. Por outras palavras, eu já sabia que eu iria sair dali machucado.

Quando eu já estava preso, o moço caminhou até á porta e me encarou.

–– Essa é sua última chance. Quando eu fechar a porta, você pode até gritar e berrar que está arrependido, que é o que você vai fazer, mas ninguém vai te tirar daqui.

Os meus olhos molharam e meus lábios tremerem enquanto que eu encarava o teto. Eu não queria fazer isso, mas era uma necessidade.

–– Está tudo bem.

Ele me encarou com pena e suspirou, abanando a cabeça como se aquilo fosse demasiado para ele e logo saiu dali, fechando a porta e a trancando várias vezes. Logo ouvi ruídos de mais cadeados sendo colocados e me apercebi que não importava o quanto eu esmurrasse a porta, eu nunca, nem em mil anos, conseguiria sair dali. Eu podia espernear, berrar, sangrar, não havia mais volta.

A pouca iluminação que havia no quarto desapareceu de repente, me assustando. Fechei os meus olhos com força, puxando as minhas mãos, mas elas estavam atadas. Senti o meu coração palpitar fortemente e as lágrimas quentes começaram caíndo.

Eu tinha medo, muito medo. Muito mais medo daquele que eu senti na sessão de desabafos.

–– Justin –– a voz de Ethan soou por todo o quarto, que agora parecia ser grande demais por causa do eco –– Vai começar agora.

Não respondi.

–– Quer dizer alguma coisa?

Suspirei com dificuldade, o choro já estava entalado na garganta.

–– Se eu não sair daqui vivo, falem para Mackenzie que eu a amo, para Ryan que ele é o melhor cara do mundo, para os outros meus amigos que eles são os melhores amigos de sempre, para minha mãe que mesmo depois de tudo eu ainda a amo, para meus irmãos a mesma coisa, assim como para Erin, para Camille que ela me deu forças para estar aqui, e Khloe, obrigada por tudo.

Eu sabia que ela estava chorando, nesse pequeno tempo que ela ficou tratando de mim nos aproximamos pra caralho. Ela era tipo a minha pequena irmãzinha.

–– Tá bom –– Ethan suspirou –– Desligando em três... dois... um... Boa sorte, Justin.

Logo o quarto ficou silencioso. Não havia mais Ethan ou Khloe, eu estava ali sozinha com a minha loucura. A minha única amiga naquele momento, a única que nunca me abandonou. Mais uma vez, não importava se eu fechasse ou abrisse os olhos, eu continuava vendo tudo negro. Isso me lembrou a noite em que meu pai morreu, em que eu estava no quarto escuro, sozinho, e eu sabia como aquilo tinha terminado. E também sabia que essa vez não havia Mackenzie nenhuma para me parar.

–– Eu sei que você está aí –– falei, ainda com os olhos fechados, suspirando tranquilamente enquanto que fechava as minhas mãos em punhos.

Quem estava ali? A loucura. Pois é.

Ouvi uma risada soar no quarto e estremeci com isso, me fazendo abrir os olhos instantaneamente. A risada não pertencia a Mackenzie ou a alguma outra pessoa, mas sim a mim.

Eu mesmo.

Os meus olhos se esbugalharam ao ver aquela imagem. Eu me senti doente ao ver a minha própria imagem, o próprio Justin Bieber escorado na parede, com um pé arqueado contra a mesma enquanto que me analisava. Ele estava vestindo as mesmas roupas que eu, era exatamente igual a mim, não havia nada que nos diferenciasse. A não ser o sorriso maldoso estampado em sua cara e os seus olhos que brilhavam em insanidade, um olhar que poderia ser considerado o olhar de um demônio. Louco.

É claro. A loucura brinca com a sua mente de jeitos incríveis. Eu sempre soube que para vencer a loucura é preciso batalhar com você mesmo, mas eu sempre pensei que fosse apenas mentalmente, mas não, claro que não! A loucura sempre arruma um jeito de vencer a guerra, fodendo com a sua mente de todos os jeitos possíveis, até você não aguentar mais e então a loucura ganha. Ela podia ser a minha melhor amiga, mas eu era masoquista e a loucura era sadista. Parecíamos ser feitos um para o outro. Na verdade, a loucura não era bem feminina, visto que quem estava representando a mesma, era eu mesmo, naquela parede, me olhando.

A loucura não é uma doença. É uma parte de você.

–– Oi, Justin –– aquele garoto completamente igual a mim me cumprimentou, com um sorriso de escárnio –– É bom conhecer você.

Era só um jogo da minha mente. Parecia realidade, mas não, era apenas um sonho, e eu precisava fingir que era realidade para enganar a minha mente, isso seria a coisa mais complicada da minha vida. Lutar contra você mesmo, estando você aprisionado em sua própria mente doentia.

A que ponto a dor humana pode chegar.

–– Oi, loucura –– falei num suspiro, abanando a cabeça.

–– Ah não, loucura é um nome escroto –– a sua voz era completamente igual à minha, e isso me fazia arrepiar –– Podia me chamar de Madness?  Tipo aquela boate que você passava o tempo todo? Eu sei que você tem saudades dessa boate.

–– Como sabe?

–– Justin, –– ele riu cínico –– Não sei se ainda percebeu mas... eu sou você.

–– Ah, é –– ri fraco –– Eu tinha me esquecido desse pequeno pormenor, sabe.

–– Hm... –– ele riu –– Oh, querido Justin... Eu sei o que está passando na sua mente.

–– O que está passando em minha mente?

–– Você quer me enfrentar, e ganhar essa guerra... –– ele caminhou até mim lentamente, logo ele acariciou o meu rosto carinhosamente, enquanto que eu desviava o olhar.

Eu não gostava de olhar para aquele ser tão parecido comigo. Era uma das coisas mais assustadoras de toda a minha vida, eu me sentia fora de mim, eu me sentia... estranho.

–– Justin... Você não pode fazer isso. –– ele suspirou –– Eu sempre vou ganhar. Você sabe disso.

–– Eu vou conseguir. –– falei firme.

–– Justin! –– riu alto –– Meu Deus! Quanta teimosia, garoto! –– negou com a cabeça –– Nós somos um só, entendeu? Você precisa de mim. Eu preciso de você. Um só. –– beijou a minha testa, o que me fez tremer por completo.

Eu senti aqueles lábios gélidos em minha testa. Eu senti. Eu estava perdendo o contato com a realidade e isso não era coisa boa.

As lágrimas começaram caíndo por meu rosto e eu prendi os soluços o máximo que eu pude. Quando ele se afastou de mim, e notou as minhas lágrimas quentes, eu juro que ele pareceu triste. Levou os seus dedos até meu rosto e enxugou as lágrimas, suspirando. Os seus olhos avelã me analisavam cuidadosamente, ainda parecendo demoníacos, mas preocupados ao mesmo tempo.

–– Eu sou a loucura, Justin –– os seus olhos molharam também –– Eu sou a sua melhor amiga. Eu não gosto de ver você triste.

Ri irônico, bufando.

–– Claro que não! Você quase me mata, caralho!

Ele travou o maxilar.

–– EU SÓ QUERIA ACABAR A SUA DOR! –– ele berrou saindo dali, puxando os seus cabelos com força e socando a parede.

Algo que eu faria.

Realmente, éramos um só.

Houve algum tempo de silencio e quando ele se acalmou ele caminhou até mim novamente, se sentando do meu lado e me encarando com ternura.

–– Eu sei que está se sentindo estranho agora. Parece que está olhando para um espelho, não é?

Eu não respondi, apenas continuei a olhar para longe dele, assentindo.

–– Podemos fingir que eu sou o seu irmão gêmeo... Vamos lá, qual é o seu nome do meio?

–– Você sabe qual é o seu nome do meio.

–– Claro que eu sei, mas eu queria que você dissesse. –– suspirou –– Pode me chamar de Drew, então...

–– Te chamar de Drew? –– ri irônico, agora o encarando –– Eu não vou fazer isso. Eu não quero nem olhar pra você!

Ele me encarou com mágoa e pareceu controlar a sua raiva.

–– Então, quer que eu seja assim? –– quando eu pisquei eu já não tinha um Justin Bieber na minha frente. Eu tinha uma Mackenzie com olhos demoníacos e eu quase tive um ataque cardíaco por isso –– Quer que eu pareça o seu amorzinho, é isso Justin? –– falou bravo, ou brava, eu não sei –– QUER QUE EU PAREÇA O SEU AMOR, É ISSO? É ESSE O ÚNICO JEITO DE VOCÊ OLHAR PRA MIM? DE ME AMAR? DE FALAR COMIGO? FALA, PORRA!

–– Não –– fechei os olhos com força –– Por favor não seja a Mackenzie. Isso é demais para mim.

Quando eu abri os meus olhos novamente, alguns minutos depois, eu não vi Mackenzie. Eu vi novamente a minha imagem me encarando com lágrimas em seus olhos demoníacos.

–– Mackenzie te abandonou, eu não –– ele falou com as lágrimas correndo –– Quando você estava sozinho, quando mesmo a sua própria sombra te deixava na escuridão, como agora... eu sempre estava com você. Sempre estive. Eu era incapaz de te machucar. –– suspirou –– O meu trabalho era acabar com a sua dor. Foi isso que eu sempre tentei fazer.

–– Mas... O que eu fiz comigo mesmo... Os meus pulsos...

–– Eu sei... –– ele suspirou –– É que a dor física alivia a dor emocional. A dor física é só uma ilusão, Justin. São só nervos do seu corpo. Agora, a gente não está mais em seu corpo. A gente está em sua mente. –– acariciou os meus cabelos –– Em sua alma. A dor física nunca teve importância.

–– Eu podia ter morrido.

–– Eu iria com você. –– sorriu fraco para mim –– Sabe porque?

Neguei com a cabeça, de um jeito estranho, empatizando com aquele ser estranho na minha frente. Como ele tinha dito, nós éramos um só. Eu sabia o que ele estava falando era verdade, eu sabia o que ele sentia, eu compreendia a sua dor.

–– Porque eu te amo, Justin –– ele riu, abanando a cabeça –– E não. Eu não sou um homem. Eu não sou mulher. Eu sou você mesmo. E isso é estranho de compreender, mas é isso mesmo. –– deu de ombros –– Quando você nasceu, eu nasci também. Dentro de você. Eu vou te contar um segredo, mas você promete não contar para ninguém?

Assenti fraco, agora olhar para ele não era mais estranho. Era reconfortante, até.

–– Bom... é assim... –– ele riu –– Na verdade, todas as pessoas são loucas. A loucura existe sempre dentro delas. Sempre. Desde que nasceram. A única diferença entre você e elas, é que elas conseguem controlar a loucura, e você não. –– alisou os meus cabelos, suspirando –– Se você não consegue me dominar, eu preciso dominar você. É isso que acontece, sinto muito, mas foi isso que aconteceu.

Abaixei o olhar.

–– Não, Justin. Você não é fraco. As coisas que aconteceram com você não foram justas, só isso. –– sorriu de canto –– Eu precisava cuidar de você. Sei que o meu jeito de acabar com a dor é um pouco diferente do seu, mas funcionava mesmo assim, não é?

Assenti, não porque estava sendo forçado, mas sim porque era verdade. Quando eu me cortava vezes sem fim e via o sangue correr por meus braços, por alguns segundos, toda a dor acabava. Só por algum tempo, mas ainda assim acabava.

–– Drew... –– falei baixinho, e ele me encarou surpreso –– Eu... eu não sei... –– arfei –– É verdade. A loucura sempre me ajudou, sempre esteve comigo, mas... entenda, eu não queria me matar.

Ele riu, abanando a cabeça.

–– Não, Justin... você está confundindo tudo.

Juntei as sobrancelhas, confuso.

–– O que?

–– Essa coias toda de apontar uma arma em sua própria cabeça. Não foi eu quem decidiu isso. Foi você.

Tudo o que eu senti foi choque. O meu corpo paralisou e eu me senti tonto.

–– O que?

–– Suicídio não é uma obra de loucura, Justin –– suspirou –– As pessoa que se matam não estão loucas. Elas apenas querem fugir da loucura. Você quis se matar, e eu apenas juntei a coragem em seu coração pra você fazer isso. –– riu fraco –– Acha mesmo que se fosse obra minha, a pequena Mackenzie iria te impedir de te matar? Claro que não, Justin. Quando ela falou tudo aquilo e você desistiu, não era a loucura cedendo. Era você. Sua humanidade.

–– Então você nunca quis me matar?

–– Eu só te ajudei a fazer isso. –– lambeu os lábios –– Veja... Você me controla. Ou pelo menos, na maioria das vezes. Nesse momento não está me controlando, mas quando você tentou se matar, você estava no controle, pois eu estava com medo. Você ia me matar também. –– deu de ombros –– Mas eu tinha de obedecer aos seus comandos. Eu precisava te deixar louco, de te confundir, de te matar... Porque era o que você queria. Mas Mackenzie apareceu e naquele momento você não queria morrer... você queria viver. Então eu te ajudei a viver.

–– Isso... Não faz sentido.

–– Não precisa fazer. –– deu de ombros.

Eu iria responder aquela informação idiota, mas parei assim que senti uma dor aguada em meus braços. Abaixei o olhar para o gesso que rodeava os meus braços, naquele momento ele parecia estar sangrando e eu não sabia como. Eu não estava tentando me machucar e Drew não estava fazendo nada ainda.

–– Drew? –– perguntei afobado –– O que tá acontecendo?

–– O que? –– ele perguntou e logo olhou os meus braços, logo ele revirou os olhos –– Justin, você é muito lerdo, garoto.

–– O que? Porque?

–– Não está vendo? –– deu risada –– Você já perdeu todo o contato com a realidade. Nós estamos em sua mente –– botou o dedo indicador em minha testa –– Isso tudo aqui é apenas uma ilusão. Uma ilusão que faz sentido, mas ainda assim, uma ilusão.

–– Mas então... o que está acontecendo?

–– Você não está suportando receber todas estas informações ao mesmo tempo. Você está sentindo dor, não física mas sentimental, então você inevitavelmente está tentando coçar as feridas, porque você quer parar com isso. Quer parar de falar comigo, é isso?

–– Não! –– me apressei em dizer –– Eu preciso de respostas, por favor!

–– Eu sei que precisa de respostas –– falou firme –– Eu só não sei qual as suas perguntas.

Antes mesmo que eu pudesse deixar toda a informação entrar eu dei um grito agudo, arqueando as minhas costas ao sentir rasgos enormes em meus braços. Prendi o meu lábio inferior em meus dentes e abafei os gritos, enquanto que os meus olhos ardiam com dor, estava doendo tanto, estava indo rápido demais, eu não estava desfrutando da dor masoquista.

–– Drew... –– sussurrei num suspiro –– Me ajuda, por favor..

Ele me encarou por alguns segundos e depois suspirou, tocando a minha testa com dois dedos e logo a dor sumiu, assim do nada. Relaxei o meu corpo contra a cama e pisquei os meus olhos vagarosamente.

–– Eu te falei para não tentar voltar para a realidade –– ele negou com a cabeça –– A realidade é muito mais obscura que a própria loucura. Não quer ficar aqui comigo? Eu sei que está com medo. Mas acredite, Justin, você não vai querer acordar.

–– Acordar?

–– É difícil explicar –– suspirou –– Você está acordado, mas só em sua mente. Mas mesmo assim, o seu corpo também está acordado, e está agindo por instinto.

–– Mas... como?

Ele riu.

–– Justin. Eu sou a loucura, eu curo a sua dor, eu pareço um demônio e você ainda acha que precisa de motivos ou razões? Isso não tem explicação. Existe porque tem de existir. Sabe o que vai acontecer quando a nossa conversa acabar? Com você morto ou vivo? Você não se lembrará mais disso, isso é só uma ilusão, nada mais que isso –– abaixou a cabeça.

–– Eu to tão confuso –– murmurei encarando o teto –– Quer dizer que agora eu estou vivendo em minha mente? Como que se isso fosse um sonho mas o meu corpo ainda agisse por impulso, como que se eu estivesse sonâmbulo?

–– Exatamente isso! –– sorriu –– Estou feliz que tenha entendido.

–– Estou tentando –– ofeguei –– Então se isso é um sonho, por assim dizer... eu posso fazer tudo o que eu quero, certo?

Ele arqueou uma sobrancelha e logo eu fechei os olhos com força, me concentrando. Só abri os olhos de novo quando senti as cordas não envolverem mais os meus pulsos e eu me sentei na cama, me deparando com Drew que me olhava surpreso, e logo eu sorri de canto.

–– Eu quero respostas.

Ele engoliu a seco, fechando as mãos em punhos e abanou a cabeça vezes repetidas.

–– Se você quer respostas, venha buscar!

Logo ele desapareceu como areia no vento. Sem deixar rastro. Bufei alto com isso e saí da cama, olhando em meu redor, me sentindo infernalmente sozinho. Mais sozinho do que nunca. Eu precisava encontrar Drew antes que o meu corpo ficasse completamente louco, afinal, quanto mais tempo você joga com a loucura, mas louco você fica, não é mesmo?

Caminhei até á porta, e com um simples toque ela se abriu. Eu quase fiquei todo bugado porque eu ainda me lembrava que aquela porta tinha sido fechada com vários e vários cadeados, a saída era impossível. Mas bem, como Drew disse, a loucura vai muito além de portas fechadas a sete chaves.

Quando eu puxei a porta completamente para trás senti os meus olhos arderem com a luz forte do Sol. Eu sabia que era muito lerdo, mas não era estúpido. Para enfrentar a loucura, eu precisava enfrentar os meus medos primeiro, e eu sabia exatamente o que estava me esperando.

Quer dizer, Drew sabe tudo sobre mim.

Ele é eu mesmo.

–– Justin, pensa –– disse para mim mesmo, olhando ao meu redor.

Eu estava no meio de uma floresta, mas parecia uma versão gigantesca de uma floresta, e não uma de tamanho normal. As árvores era incrivelmente altas e uma simples flor era do dobro do meu tamanho. Eu me sentia uma formiga ali, sendo tão pequeno e vendo coisas tão grandes. Não havia caminho a percorrer, senão eu me perderia.

Senti os meus pés tremerem no chão, e alguns ruídos estranhos e assustadores. Quando eu me virei lentamente, os meus olhos esbugalharam ao ver aquela criatura que fez o meu pelo se arrepiar. Aquela aranha era, sem dúvidas, o dobro do meu tamanho. Os seus olhos vermelhos pareciam me encarar como que se eu fosse o jantar e as suas patas pararam de se mexer. Fiquei quieto como uma estátua, sabendo que se me mexesse, seria morte na hora. E se há uma coisa pior que a morte na vida real, é a morte mentalmente. Principalmente se você está num sonho que não pode acordar.

Ela se aproximou de mim vagarosamente, os meus lábios tremendo de medo quando ela se tornou a minha visão completa. Eu consegui sentir a sua respiração bater em meu rosto e eu fiz todos os esforços possíveis para não fechar os olhos, mas aí eu percebi que era exatamente isso que Drew queria. Eu não estava enfrentando meus medos, eu estava tentando fugir deles.

–– Puta merda –– sussurrei perante a aranha gigantesca –– Drew, você me paga!

A aranha lançou a sua para em minha direção, mas eu não me movi. Apenas endureci o meu rosto e fechei as minhas mãos em punhos, e antes que ela pudesse me atingir, o tempo parou. Ela estava completamente imóvel, e novamente eu estava no controle.

Então eu acordei.

Como que se tivesse acordado de um sonho, só que quando os meus olhos se abriram eu me deparei com uma dor infernal. Abaixando o olhar até os meus braços, eu vi que não estava mais preso naquela cama, na vida real, eu já tinha saído á imenso tempo, e todos os pontos tinham saído. As minhas feridas estavam completamente abertas e eu queria gritar.

–– Eu ainda quero respostas –– falei tonto, ficando as minhas unhas em minhas feridas, vendo o sangue jorrar –– Eu quero voltar.

E novamente eu fui absorvido para dentro do sonho. Mas dessa vez, eu estava dentro de um pequeno quarto, completamente escuro, mas não o quarto em que eu estava preso nesse momento, na rehab. Era diferente, era muito mais pequeno. Eu não sabia o que fazer, ou como sair dali, porque o quarto não tinha porta. Não havia saída alguma. Eu ouvia apenas um pequeno chiado quase inaudível, e foi andando pelo quarto que eu me apercebi de uma coisa.

Ele estava ficando cada vez mais pequeno, á medida que o tempo andava.

Me arrepiei completamente. Ah não, minha claustrofobia!

Eu sou claustrofóbico, eu não posso estar em espaços pequenos, como elevadores e coisas do tipo. E agora eu estava preso num quarto sem saída que estava encolhendo cada vez mais, e eu sabia que iria chegar a um ponto em que ele iria encolher tanto que eu acabaria sendo esmagado.

–– Não, Drew... por favor, não faz isso... –– falei fechando os olhos com força, enquanto que abraçava o meu corpo com força, encolhido contra a parede –– Drew, não faz isso comigo, você sabe como eu não aguento isso... É demais para mim...

Eu sabia que ele estava ali, só que estava invisível.

–– DREW, SEU BASTARDO! –– berrei furioso –– ISSO JÁ PERDEU A GRAÇA! ME TIRA DAQUI, AGORA!

Senti uma dor aguda em minha cabeça e logo grunhi, agarrando a mesma e as paredes começaram a andar mais rápido, dessa vez fazendo um barulho assustador que parecia deslizar até mim.

–– Oh, merda merda merda! –– falei entre respirações –– ME TIRA DAQUI DREW, ME TIRA DAQUI, ME TIRA DAQUI!

Estava indo rápido demais. Mais dois metros e eu seria esmagado. Poucos segundos depois, só faltava um metro de distância para as paredes se chocarem uma contra a outra e eu seria completamente esmagado.

–– DREW, ACABA COM ISSO LOGO! –– grunhi, irado –– Você não me controla mais. Eu controlo você.

Logo as paredes pararam de se mexer, ficando paradas. A minha respiração, até aquele momento travada, saiu desregular. Encarei as paredes bem ao meu lado, mais alguns segundos e eu estaria morto naquele momento.

No fundo do quarto, ou pelo menos, no fim daquela linha reta que sobrava do quarto, eu encontrei Drew que parecia atordoado com tudo aquilo.

–– O que você está sentindo nesse momento –– ele falou com a voz rouca, tenebrosa –– É o que eu sinto sempre, quando você tenta ganhar essa batalha perdida.

–– Você não existe, você não sente, Drew –– murmurei, me levantando –– Você é invisível, você não tem sentimentos, você é o próprio sentimento. Isso tudo é uma ilusão. –– falei visivelmente irritado, pronto a acabar com tudo aquilo –– Você é parte de mim, parte de todo mundo. Não venha com histórias. Não venha com mentiras. Eu só quero respostas.

Ele socou a parede, fazendo a mesma quebrar completamente e desmoronar.

–– Como você pode querer respostas, quando não sabe as perguntas?

E então ele sumiu de novo. O meu corpo foi absorvido novamente para o mundo real e eu me senti tonto, o meu corpo estava no chão coberto de sangue e a minha cabeça doía pra caralho. Levei a minha mão até ela, vendo o sangue quase preto e nem tão liquido assim sair por ali. Esse era o motivo da minha cabeça ter doído naquele quarto em minha mente. Eu estava me machucando na vida real.

Aproveitei aquele tempo de sanidade para respirar vezes sem conta, até que ouvi a voz de Ethan soar.

–– Justin? Você voltou? Está bem?

–– Eu to ótimo –– dei um riso cínico –– Mas ainda falta uma coisa, Ethan.

Sem nem pensar duas vezes, dei a minha cabeça com força na parede e então eu voltei para o mundo ilusionário da minha mente besta. Mas agora não parecia mais um pesadelo. Aquilo não era um pesadelo. Era uma lembrança, mas mesmo assim era muito pior que todos os pesadelos.

Tudo o que eu ouvia era o som da máquina apitando sem parar e o meu pai morto naquela cama de hospital. Eu estava flutuando naquela lembrança, vendo o meu passado correr bem na frente dos meus olhos.

–– Não... Não –– aquele garoto falou caíndo de joelhos no chão, uma expressão aterrorizada em seu rosto –– NÃO!

Os meus olhos se direcionaram para Mackenzie chorando desesperadamente do lado do fora do quarto enquanto que aqueles enfermeiros o seguravam com força, o menino chorando sem parar.

–– ELE NÃO PODE ESTAR MORTO! ELE NÃO PODE! ISSO NÃO É JUSTO, NÃO É, NÃO É! –– berrou a fundo dos seus pulmões. As pessoas o encaravam com pena –– O MEU PAI PROMETEU QUE IRIA FICAR DO MEU LADO, ELE NUNCA QUEBRA PROMESSAS, ELE ESTÁ VIVO, ELE PRECISA ESTAR VIVO!

O meu coração caiu em pedacinhos no chão depois de ser arrancado brutalmente de meu peito, e eu me senti fraco, como que se fosse desmaiar. Aquele garotinho era eu, não muito tempo atrás.

Senti uma mão em meus ombros e me virei encontrando Drew com os olhos não mais avelãs, mas sim vermelhos. Porém ele não me machucou, ele apenas acariciou o meu rosto e forçou um sorriso.

–– Porque? –– ele perguntou, triste –– Porque não quer ficar comigo aqui por toda a eternidade? Esse mundo de loucura é muito melhor. Você pode fazer tudo o que quiser.

–– Eu não posso –– suspirei –– Eu iria morrer, uma hora ou outra.

–– Sim, mas –– ele arfou –– O tempo é diferente. Enquanto que você passa anos nesse mundo, no mundo real se passaram apenas alguns segundos, ou talvez minutos. Quando você morresse, o seu cérebro ainda funcionaria por sete minutos, que poderíamos utilizar para nos despedirmos. Você morreria feliz, Justin.

–– Eu preciso voltar, Drew... Eu ganhei a batalha.

–– Eu só queria cuidar de você.

–– Eu sei disso –– engoli a seco –– Mas esse mundo é demais para minha compreensão. E também porque...

–– Você quer voltar para a sua Mackenzie –– ele falou derrotado e o olhei –– Eu sei, eu sei... Eu estou na sua mente, Justin. Tudo o que você pensa, eu também penso.

–– Ah, é...

–– Então... não tente se matar de novo.

Abanei a cabeça, levantando o meu olhar sério para Drew.

–– Eu sei que eu ainda não tenho controle total sobre você.

Ele deu de ombros.

–– Eu sei o que está pensando. Vai em frente, Justin.

Ele me entregou uma faca afiada e se afastou de mim, abrindo os braços tranquilamente e fechei os olhos, se rendendo a mim. Encarei a faca em minhas mão e voltei o meu olhar para Drew, que parecia aceitar a sua “morte”, já que ele não iria morrer, ele nunca iria morrer, mas ele nunca mais teria controle sobre mim, porque eu iria fazer a seguir iria marcar para sempre o meu controle absoluto. O meu controle sobre ele, a loucura.

Respirei fundo e levantei o meu braço, fechando os meus olhos quando a faca atravessou o corpo de Drew, que fraquejou junto a mim. Abri so meus olhos vendo o sangue correr por sua boca e retirei a faca do seu corpo, já que a mesma tinha o atravessado. Drew caiu mole em meus braços e eu o segurei com força, o colocando deitado no chão enquanto que o segurava contra mim, com cuidado. O seu olhar estava preso no meu enquanto que puxava o ar com força.

–– Eu não vou morrer –– ele falou enquanto que cuspia sangue.

–– Eu sei –– sorri fraco –– Só vai sumir por algum tempo. E eu nunca me vou lembrar de você, ou desse episódio.

–– Justin –– ele disse rouco –– Me perdoe.

Eu sorri com ternura –– Drew, nós somos um. Não tem nada para perdoar.

Ele riu, abanando a cabeça.

–– Você sabe que isso é uma ilusão da sua mente, não é? –– ele cuspiu mais sangue –– Como uma mensagem estranha dizendo que você conseguiu, não sabe?

–– Eu sei, Drew... –– suspirei –– Eu sei disso, eu sei...

Ele suspirou, enfraquecendo cada vez mais.

–– Está doendo –– afirmou –– Foi isso que você sentiu quanto eu te obriguei a se cortar?

–– Sim.

–– Oh, cara –– riu fraco –– Se eu soubesse, eu nunca teria feito isso.

–– Não tem problema –– ri, enquanto que os seus olhos pareciam querer rolar, pesados, cansados. Eu já tinha visto a morte bem na minha frente, e embora Drew não estivesse morrendo tecnicamente, isso aqui tinha de simbolizar algo –– Está perto, não está?

–– Justin –– ele me encarou –– Pode cantar pra mim?

Ri alto com isso, bem alto. Drew até que podia ser a loucura, mas ele era parte de mim.

–– Claro.

Sem pensar duas vezes naquilo, eu comecei cantando baixinho, com um sorriso no rosto enquanto que eu via os seus olhos demoníacos se tornarem humanos. Ele deixou algumas lágrimas rolar e então sorriu enquanto que fechava os olhos lentamente, tombando a sua cabeça para o lado e então o eu sorriso afrouxou e o seu corpo ficou tenso em meus braços. Suspirei.

–– Adeus, Drew.

O seu corpo começou ficando transparente e eu me afastei, vendo ele sumir bem da minha frente, levando consigo todo o sangue. Toda a destruição e loucura. Eu sabia que depois disso, eu tinha o controle completo de mim mesmo, da minha loucura. Eles sempre estavam certos. Você precisa se enfrentar a si mesmo para conseguir ter controle, caso contrário, você não vai conseguir.

Essas eram as respostas que eu precisava.

Fechei os olhos e apaguei, acordando noutro lugar, noutro universo paralelo, abrindo os olhos com tanta força e puxando a respiração com força, como que se eu estivesse quase me afogando, com os pulmões cheios de água. E na verdade eu estava quase me afogando, mas no meu próprio sangue.

Eu estava quase morrendo, tremendo no chão, o meu corpo inteiro dormente.

–– ETHAN –– eu berrei com força, gemendo de dor de seguida –– ESTÁ FEITO, EU CONSEGUI!

Me engasguei com o sangue e comecei o cuspindo, tentando respirar por entre tudo aquilo. Em alguns segundos aquela porta foi praticamente arrombada e Ethan e Khloe correram até mim em meu socorro, me segurando e colocando algo na frente da minha boca, para eu conseguir respirar.

–– Está tudo bem, Justin –– Khloe sorriu, acariciando os meus cabelos com cuidado –– Está tudo bem, vai ficar tudo bem...

Fechei os meus olhos lentamente, sentindo sono de repente. O meu corpo amoleceu e eu senti eles me carregarem dali para fora numa maca, enquanto que o meu cérebro parecia se acalmar e quando eu abri os olhos, eu consegui vê-lo ali pelo canto do olho, com um pequeno sorriso de ternura no rosto enquanto que acenava para mim.

–– Vai ficar tudo bem, Justin...

Sorri fraco com isso, vendo ele desaparecer de novo, como o vento, e logo fechei os olhos, deixando que as minhas memórias sobre Drew e todo o mundo da loucura fossem apagadas da minha cabeça.

Eu nunca mais iria me lembrar do que tinha acontecido naquele dia. Talvez quando eu morresse eu me lembraria dele de novo, talvez eu ficasse louco novamente, tão louco que eu voltaria a vê-lo, embora ele não pudesse mais tomar conta de mim. Talvez, no fim de tudo isso, eu conseguia encontrar o equilibro entre a loucura e a realidade. No fundo, a loucura não era ruim. Ela era apenas um jeito de esquecer a realidade, que acreditem ou não, é muito pior que a própria loucura.

Á medida que eu caía no sono, as memórias eram completamente deletadas da minha mente. Não havia mais Drew, ou passado, ou loucura. Era só eu.

O Justin de sempre.


Notas Finais


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PRÓXIMO CAP TEM JACKENZIE HEIN


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