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História Overdose Of You - Wash away what I have done


Escrita por: LucyMiller

Notas do Autor


Olá, tudo bom?
Estou postando num sábado, pois é, mas é por estar com um tempinho sobrando aqui.
Ufa, finalmente um capítulo menorzinho. Ainda está grande para os padrões antigos, mas acho que já deu para se acostumar com esses chaps maiores haha
Enfim, prepara o coração e enjoy!

Capítulo 137 - Wash away what I have done


Fanfic / Fanfiction Overdose Of You - Wash away what I have done

- Comporte-se direitinho hoje, ok?

- Eu sempre me comporto.

Ri, negando com a cabeça.

- É, você está certo. Pare de balançar as pernas, eu estou tentando amarrar seu cadarço! – Kyle gargalhou e sossegou. Terminei de arrumá-lo, ajeitando suas roupas. Kyle desceu de sua cama num pulo, e eu me levantei.

- Mamãe, quando a gente voltar, o Papai Noel já vai ter deixado os meus presentes aqui?

- Talvez – falei, pegando sua mãozinha para ajudá-lo a descer as escadas para o andar de baixo – Olhe, o que a mamãe quis dizer sobre se comportar é que hoje você vai rever todos os meus antigos amigos, dos quais você infelizmente não se lembra porque era muito novinho quando nós ainda morávamos aqui, então isso vai ser muito especial.

- São os amigos do meu pai?

- Sim, meu amor, os melhores amigos do seu pai.

(...)

- E aí, sumida! – Michelle gritou ao abrir a porta da sua casa para mim.

- Vocês vão me chamar assim até quando?

- Até a gente cansar! – a loira riu e entrou na casa, dando-me espaço para entrar também. Vi Gena, Val e Lacey na sala de estar. – Menina, você está estonteante! Por acaso vai dar uma escapadinha pra balada mais tarde?

- Larguei essa vida, minha amiga – rimos.

- Mas aí, cadê o mini Sullivan?

- Bem aqui – apontei para baixo, onde dava para ver uma mãozinha agarrada na minha perna enquanto o dono dela se escondia atrás de mim. – O moleque tem mania de fazer isso quando está com vergonha.

Peguei Kyle no colo e entramos na casa. Mich fechou a porta, e as quatro olharam bobas para o meu filho.

- Filho, essa é a tia Michelle, e aquelas são as tias Valary, Lacey e Gena.

Elas cumprimentaram Kyle, que aos poucos foi se soltando. Quando nós nos sentamos no sofá para conversar e beber, Kyle já estava no colo da Val, e às vezes ele participava das conversas, mesmo essa sendo uma “noite das mulheres”. Nós nos divertíamos bebendo (eu nem tanto, pois estava dirigindo), conversando sobre qualquer coisa atoa e volta e meia ouvindo meu filho tagarelar.

Há quanto tempo eu não tinha um momento assim com minhas antigas amigas? Eu não fazia ideia da falta que sentia disso até estar ali, com elas, na véspera do Natal, batendo papo, comendo besteiras e assistindo a um filme do Jason Statham. Como nos velhos tempos!

 

Tive de sair dali quando o filme acabou. Ainda tinha que passar na casa do Matt, onde os caras estavam tendo a “noite dos homens”, pois eu havia sido convidada por eles também (mesmo que eu ache que não foi Matthew quem teve a ideia). Eu deveria dizer que estava um tanto apreensiva em rever o Matt depois daquele encontro nada usual no Johnny’s. Mas eu precisava manter a pose como mantivera naquele dia.

- E nada de se esconder dessa vez! – falei para Kyle, quando estava prestes a tocar a campainha. Aproveitei para já pegá-lo no colo, e foi Johnny quem abriu a porta para nós.

- Hey, maninha! Ei, você não disse que ia trazer o Kyle!

- Surpresa! – ri.

- E aí, rapazinho? Você não deve se lembrar de mim, eu sou o Johnny! Venham, o pessoal está lá atrás.

Coloquei Kyle no chão, e atravessamos a sala de estar até chegarmos à porta que dava para o quintal dos fundos.

- Finalmente! – Zacky gritou ao nos ver, e os outros se viraram para nós. – Achamos que você não viria mais.

- Desculpem, as meninas resolveram ver um filme e acabei ficando por mais tempo. Além disso, lá tinha brigadeiro de panela! – ri. – Enfim. Eu trouxe o meu filhote, tem problema?

- Pequeno grande homem! – Zacky tornou a gritar, e ele, Brian e Matt vieram até nós.

- Porra, o pirralho tá quase do tamanho da mãe e do tio Johnny! – Brian disse, gargalhando.

- Muito engraçado – revirei os olhos. – E olha essa língua! Meu filho é muito novo para começar a falar essas merdas. Ops! – rimos. – Enfim, filho, esses são Brian, Zacky e Matt.

- O menino é absurdamente parecido com o Jimmy! – Matt disse, olhando bobo para Kyle, como todos sempre olhavam.

- Não é? – sorri, evitando contato visual. – Ele tem os olhos do Jimmy, eu não me canso de observar isso.

- Mamãe sempre fala que eu sou igual o meu pai. Mas a minha vovó disse que eu sou um pouco parecido com a mamãe também. Vocês conhecem a minha vó? Vocês conheceram meu pai também, né? Vocês eram os melhores amigos dele, né?

Os quatro se entreolharam, surpresos.

- É, nós éramos – Brian disse.

- E nós conhecemos as suas duas avós. E o seu vô – Johnny disse.

- Eu ainda não conheci meu vô e a minha outra vó!

Os caras olharam para mim. Encolhi os ombros.

- Estou esperando o momento certo. Além disso, os últimos dias foram bem corridos, sequer tive tempo para visitar Barbara e Joe.

Naquele momento, um menininho veio correndo desajeitado. Ele veio do quintal, e eu ainda não o notara ali porque, apesar das luzes de fora, estava um tanto escuro. Deveria estar brincando na grama, pois veio carregando um carrinho.

- Oh! É o seu filho? – perguntei, olhando para Matt. A situação já estava suficientemente estranha ao meu ver, e cada vez mais eu me dava conta de tudo o que perdera nos últimos três anos. Eu saí de um ambiente ao qual eu estava acostumada de um jeito, e quando volto tanta coisa mudou! Digo, caramba, Matt tem um filho, e Zacky e Gena estão divorciados...

- É – disse, e eu deixei meus pensamentos de lado. E, mesmo não estando muito à vontade comigo, Matt abriu um sorriso maior ao falar sobre o filho. – River, venha aqui. Essa é a Lucy, ela é uma amiga nossa.

- Oi, River! Oh, meu Deus, ele é tão lindo! Qual é a idade dele?

- Um ano e cinco meses.

- Que amor. Dê oi, Kyle. Isso, por que vocês não vão brincar juntos?

- Papai? – River olhou para Matt, que riu e assentiu com a cabeça. Assim, os dois saíram correndo até o local onde River deixara alguns brinquedos espalhados. Resolvemos finalmente nos sentar, e eu fiquei onde pudesse ver os meninos brincando.

- Isso não é ótimo? Nossos filhos podem se tornar amigos – falei, feliz. – Estive com medo de que Kyle fosse estranhar estar longe dos amiguinhos do nosso prédio, mas ao menos ele não está mais sozinho.

- É – Matt concordou, também olhando os meninos. Nós evitávamos fitar um ao outro até agora. – Ele deveria conhecer a Jessie. Os dois são da mesma idade e ela se dá muito bem com o River.

- Ah, verdade! Falando nisso, como a Amy está?

- Bem, está bem. Voltou ao basquete.

- Que bom!

Peguei a garrafa fechada mais próxima que encontrei, tentando me ocupar em abri-la e beber. Notei que os outros três viam nitidamente o clima ruim entre nós dois, e senti-me ainda pior por eles saberem os motivos que nos levaram a isso.

- Bom, Lucy – Zacky pigarreou, chamando minha atenção. – Nós ficamos bastante surpresos com o que Kyle disse. Digo, ele sabe que o Jimmy é o pai dele? Como você disse isso a ele?

- Ele sabe – assenti. – Ele tem total noção disso, eu já mostrei fotos nossas, minhas com ele e também algumas com vocês, além de ter colocado vários retratos no meu quarto. Mas Kyle ainda não tem noção da morte, então eu apenas digo que quando ele for mais velho vai entender por que não pode ver o próprio pai. É complicado, mas prefiro isso a mentir.

Abri um sorriso triste, e eles me olharam com compreensão.

- Sabem, todo esse assunto foi meio o que me fez voltar. Adam começou a querer interferir demais na minha vida e na do Kyle, e eu acho que fiquei desesperada com essa ideia. Mas, pensando bem, devo ter exagerado – suspirei. – Digo, nós morávamos juntos, era natural que interferíssemos na vida um do outro. Não que eu não esteja feliz por ter voltado, mas acho que não agi da forma correta, não depois de tudo o que ele fez por nós dois.

- Acho que você deveria conversar com ele, então, é o jeito de resolver essa questão – Zacky disse, dando de ombros. Repeti seu gesto, sinceramente não sabendo o que fazer.

- Mas o que você pretende fazer? – Matt perguntou. – Vai voltar a NY?

- Eu não sei. Realmente não sei se tenho ou não intenção de voltar. Mas, por enquanto, quero ficar por aqui. Sei que talvez vocês não acreditem em mim, depois do que eu fiz, mas eu senti muita falta de vocês, de verdade. Acho que, mesmo se não tivesse discutido com o Adam, eu acabaria voltando mais cedo ou mais tarde.

- Mas deixe isso pra lá – Jojo disse. – Já superamos, o importante é que você está de volta.

- E eu não sei como agradecer a vocês – sorri. – Tanto vocês quanto as meninas, apesar de terem ficado chateados comigo, me aceitaram de volta e têm agido como se nada tivesse acontecido. Mas, como disse, vamos mesmo deixar isso pra lá!

- É! Vamos comer, gente, que é que a gente tá fazendo aqui? – Zacky disse.

- É, vamos colocar mais carne na churrasqueira, temos dois gordos aí para alimentar – Brian disse, e eu e Zacky mostramos o dedo para ele.

Logo já estávamos comendo e bebendo como o usual. Eu, depois de tanto falar de mim mesma, quis logo saber de tudo o que acontecera aqui em HB pelo tempo em que estive fora. Estava divertido e, mesmo que fosse claro que Matt e eu não estávamos no melhor clima, ao menos conseguíamos conversar normalmente como fazíamos com os outros.

 

Já eram quase onze da noite. Eu havia me disposto a levar toda a bagunça para a cozinha, e continuávamos lá fora, o tempo estava agradável e a companhia também. Depois de não sei quanto tempo que Kyle e River ficaram brincando, vieram comer e voltaram a brincar, os dois vieram até nós cansados e sonolentos. Matt teve de subir para dar um banho no filho e colocá-lo para dormir, e Kyle estava manhoso no meu colo, grudado no meu pescoço.

- Então, que é que vocês vão fazer amanhã e na virada do ano? – perguntei para os três.

- Vamos passar o Natal com as nossas famílias – Zacky disse. – E resolvemos passar a virada na praia.

- Você tem algum plano mais importante ou vai dar o prazer da sua companhia no dia 31? – Brian perguntou, fazendo-me sorrir.

- Ah! Eu já estava achando que seríamos só eu e Kyle. Eu adoraria ir com vocês. Minha mãe vai viajar com o marido e a enteada, então eu não tenho nada.

- Ah, Lucy, agora já era. Você voltou, vai viver com a gente como era antes – Johnny disse, fazendo-nos rir.

- Não me parece tão ruim – debochei. Sussurrei em seguida: – Kyle dormiu. Acho que vou colocá-lo no sofá lá dentro.

Foi o que fiz. Entrei na casa e fui até a sala de estar, deitando Kyle com cuidado no sofá, ajeitando uma almofada sob a sua cabeça. Sentei-me no sofá, observando meu menino dormir. Suspirei, absorta em pensamentos, fazendo um cafuné nos cabelinhos loiros dele. Loiros num tom como os meus, uma das poucas coisas que puxara de mim.

Ergui a cabeça ao ouvir passos. Matt vinha descendo as escadas e me fitava, abrimos sorrisos contidos e não dissemos nada. Depois de um tempo de desconforto, levantei-me, seguindo até a cozinha.

- Bom, acho que daqui a pouco vou ter que ir para casa. Deus me livre chegarmos depois da meia-noite e Kyle acordar, ele vai ficar louco para ver o que o Papai Noel deixou para ele. Se importa se eu der um jeito nessa bagunça? – perguntei, apontando para a pia.

- Lucy, deixe disso – Matt veio até mim. Olhei por cima do ombro dele e vi que os três conseguiam nos ver pela porta da cozinha. Pareciam um trio de velhas curiosas, meu caneco.

- Ah, não vou deixar isso aqui para você e a Val limparem no dia do Natal! – sorri, tirando meu casaco, colocando-o sobre uma cadeira e começando a mexer na louça que havíamos sujado. – Em vinte minutos vai estar tudo limpinho e eu vou embora, relaxe.

- Você é impossível – sua voz soou, de alguma forma, irritada e divertida ao mesmo tempo. Sorri sozinha, sem olhar para ele.

Zacky, Johnny e Brian entraram na casa também, pouco tempo depois, os três avisando que iriam embora.

- Brian, as meninas vão ficar putas se você interromper a noite delas – adverti-o, rindo. Ele deu de ombros.

- Bom, uma hora eu tenho que ir para casa.

- É, e eu tenho que buscar a Lacey – Jojo disse.

Zacky não disse nada. Os três se despediram de nós, Matt acompanhou-os até a porta e a fechou assim que todos foram embora. Continuei “concentrada” na louça enquanto percebia Matt se movimentar na sala de estar, sem saber o que fazer. Por fim, ouvi-o bufar baixinho e começar a subir as escadas.

- Vou ver como o River está – disse simplesmente.

Soltei o ar dos pulmões, tentando agilizar o processo do que estava fazendo, mesmo tendo de ser cautelosa para não acordar Kyle com o barulho.

Matt demorou tempo suficiente para voltar quando eu já terminava de limpar a pia. Virei-me para ele, enquanto secava minhas mãos e ele parava na metade do caminho entre a escada e a cozinha.

- Eles claramente fizeram de propósito – comentei, sorrindo de lado. Matt assentiu, incerto. – Eles acham que precisamos conversar a respeito... de alguma coisa.

- É, eles acham que temos algo pendente.

- Eles não pensariam nada se você não tivesse contado algo que não deveria quando eu fui embora.

- Infelizmente, Lucy, nós somos óbvios demais. Eles perceberam antes mesmo que eu tivesse dito.

- Ah, é? – arqueei as sobrancelhas. Sentia o sangue subindo para o meu rosto, um turbilhão de pensamentos que eu evitara por algum tempo me tomavam. – E a sua esposa, ela também percebeu? Ou você apenas teve a brilhante ideia de contar a ela que você a traiu? Mas está estampado na nossa cara, não é? E eu estou aqui, na sua casa, depois de ela me receber sorridente na casa da irmã, me tratar como se eu não tivesse feito nada como sumir por três anos e, opa, beijar o marido dela?

- Ok, eu lamento muito que você tenha que lidar com tudo isso de uma vez, mas a escolha foi sua. Eu tive de arcar com as consequências da merda que eu fiz logo que você foi embora, então arque com a consequência de ter se afastado disso tudo por tanto tempo.

Encaramo-nos por algum tempo, com cara de poucos amigos. Cruzei os braços.

- Certo. A questão não era essa, para início de conversa. Talvez o que esteja pendente aqui seja você me dizer por que todos têm me tratado perfeitamente bem, menos você. – Matt bufou outra vez e se virou de costas para mim. Controlei-me para não começar a falar alto. – Eu compreendo que mereço um tratamento de gelo de todo mundo aqui, mas não entendo por que ele viria apenas de você. Você definitivamente não parece feliz por me ver aqui – concluí, encostando-me à pia atrás de mim.

Matt não olhou para mim de imediato. Ele parecia pensativo, e então passou as mãos pelo rosto e se virou para mim, irritado.

- Bom, eu não estou – ele disse, ríspido, assustando-me. Ele se aproximou, e eu apoiei minhas mãos na pia, como se assim eu pudesse me esquivar de alguma forma. – Quer saber por quê?

- Quero – tentei manter a voz firme, apesar da aproximação repentina e do fato de ele ter engrossado a voz de um jeito que raramente fizera comigo. No entanto, ao começar a falar, sua voz, a princípio, foi calma:

- Vamos ver... Primeiro, você simplesmente vai embora. Vem com aquele discurso de que está só pensando no melhor, que está fazendo isso pelo seu filho. E, incrivelmente, o Adam pareceu a melhor opção outra vez.

Sua voz voltou a se alterar gradativamente, da mesma forma como a distância entre nós foi diminuindo.

- Mas isso não é o pior. Não, não é – ele disse, negando com a cabeça. – O pior não foi você tê-lo preferido a nós uma vez. O pior foi você sempre tê-lo escolhido durante três anos. E agora, mesmo que você tenha voltado porque ele claramente fez algo que te desagradou, eu ainda sou obrigado a ouvir como ele é bom, como ele fez tudo por você.

Quando ele não pôde mais se aproximar, colocou as duas mãos sobre a pia, uma de cada lado do meu corpo, próximas às minhas mãos trêmulas.

- Por que você sumiu, Lucy? – indagou, olhando-me profundamente. Eu sentia meus olhos marejados e a necessidade de fugir daquele par de olhos verdes que me fitavam com tanta decepção. Queria me esconder. Mas ao mesmo tempo... não queria deixá-lo. Meu estômago revirou com o excesso de sensações que me tomavam.

Apesar de tudo isso, concentrei-me apenas em não desviar meus olhos dos seus.

- Eu quis evitar mais sofrimento – falei, por fim.

- Como você pensou que isso seria possível dessa forma?

- Eu não imaginei que você ainda fosse ter alguma dúvida disso, mas... mas para mim foi realmente difícil ir embora. Eu imaginei que o melhor seria eu simplesmente desaparecer. Que o melhor seria vocês – você, completei mentalmente – me esquecerem.

Matt negou com a cabeça outra vez, desolado. Depois de um tempo, ele disse baixo, lentamente, com a voz rouca:

- E você acha que eu não tentei?

Aquilo foi como uma facada em uma ferida que mal havia cicatrizado.

- Eu tive três anos, Lucy. Três anos sem notícias suas, sem te ver, sem falar contigo. Três malditos anos durante os quais eu não consegui passar um único dia sem pensar em você. Eu tentei te esquecer. Porra, como eu tentei! E quando eu finalmente aceitei que as coisas estavam melhores sem você por perto, você simplesmente volta e tenta fazer parecer que está tudo perfeitamente normal. Talvez, se você tivesse me dado um pouco mais de tempo, eu finalmente pudesse, de fato, te esquecer.

Arfei, tentando recuperar o fôlego. Mal conseguia respirar. Ele estava tenso. Suas mãos tocaram as minhas, seus braços me impediam de sair dali.

- Mas... – sussurrei – será que você ao menos quis me esquecer?

Silêncio. Nós nos encaramos, nossos corpos quase se encostando.

- Quer mesmo saber a resposta? – perguntou.

- Por favor.

Antes que eu pudesse me dar conta do que estava prestes a acontecer, Matt me puxou pela nuca e me beijou. Meu coração, de alguma forma, acelerou ainda mais, minhas mãos subiram até o seu peito, as suas me seguravam pela nuca e pela cintura. Foi um beijo intenso, ansiado, ao qual nos entregamos completamente. Pelo menos, pelos poucos segundos que ele durou.

Matt se afastou, mas não de forma brusca. Ambos estávamos ofegantes, assustados. Ele andou dois passos para trás, como se precisasse dessa distância para poder se controlar. Só assim pude respirar direito.

E eu poderia ter dito qualquer coisa sobre o fato de aquilo ter sido extremamente errado, mas ambos tínhamos consciência disso. Em vez disso, tornei a tocar na ferida.

- Eu sei que ao longo dos anos eu já te dei motivos mais fortes para não confiar em mim do que para confiar – falei, e Matt me olhou sem expressão. – Mas ao menos meus sentimentos sempre foram verdadeiros. Eu não escolhi o Adam, Matt, eu escolhi a mim mesma. Fiz o que achava ser o melhor, e em alguns aspectos foi. Mas agora eu voltei, eu estou aqui, na sua frente, e não quero sair. Não vou embora. Eu não vou mais sumir.

Matt suspirou.

- Não sei se consigo acreditar em você.

- Eu não poderia esperar algo diferente, mesmo que quisesse acreditar que você teria mudado de ideia quanto a mim... – olhei para baixo, sem saber o que fazer. – Mas não há nada que eu possa fazer além de tentar, aos poucos, provar que estou sendo sincera. Não tenho mais nada a oferecer.

Matt me encarou, parecendo tentar resolver inúmeras perguntas em sua mente. Por fim, disse, exasperado:

- Olha, quer saber? – ele tornou a se aproximar – Foda-se! – e me puxou pelo braço, beijando-me outra vez.

Joguei meus braços ao redor dos seus ombros, suas mãos na minha cintura, nada mais se passava na minha cabeça além do quanto eu sentia falta daquele homem. De todas as formas possíveis, completa e desesperadamente, um desejo e uma urgência que há anos não sentia. Uma sensação que, há quatro anos, morrera dentro de mim.

Nós nos afastamos para recuperar o fôlego, os rostos ainda próximos, os lábios se encostando, tentando não perder o contato. Não queríamos pensar em tudo o que estava errado naquele momento, não queríamos nos arrepender agora. Sabíamos que essa consciência eventualmente nos atingiria, mas isso não precisava acontecer agora.

Um relógio na sala apitou, informando que já era meia-noite. Encostei meus lábios nos dele num selinho demorado, dizendo em seguida:

- Feliz Natal.

Ao passo em que ele respondeu, num sussurro:

- Feliz Natal.


Notas Finais


Espero que tenham gostado.
Até o próximo!


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