Faziam três anos que o pai de ChanYeol havia morrido de infarto, foi doloroso para o filho saber sobre isso e nem se quer notar o pai reclamar de dor ou por estar incomodado com alguma coisa. Sempre se manteve distante do pai por nunca conseguir uma conversa boa e longa por causa do seu orgulho. Ele sabia que Park não estava nas condições necessárias para ter algum tipo de remorso ou se quer ranço por não saber a resposta sobre sua vida. Mesmo que nos últimos dias de vida do Sr. Park ChanYeol tivesse conversado com ele e os dois se acertassem, não seria suficiente, os dois ainda sentiriam falta um do outro.
ChanYeol resolveu por vender a casa e todos os objetos sem utilidade da sua casa antiga, tratando de se mudar para algum lugar mais calmo, rendendo uma boa poupança. Tratou de se ajeitar em uma faculdade e assim que estava formado, conseguiu abrir o seu próprio estudo de fotografia em casa, por mais que preferisse fotografar lugares arejados. Sua concepção de fotografia era diferente dos demais fotógrafos no qual teve oportunidade de trabalhar, sempre gostava de expressar seus sentimentos nos detalhes nos quais ninguém conseguia ver beleza. Essa era sua profissão dos sonhos e com o trabalho duro, ele conseguiu se estabelecer e receber o dinheiro necessário para se sustentar.
Por mais que ele sentisse saudades de morar com alguém, estava feliz por morar sozinho em um cômodo médio em Seul. Ele gostava da sua casa e as pequenas plantas na sacada da janela o faziam repensar sobre sua vida, por mais que elas as lembrassem sua mãe. Ela amava flores roxas e as amarelas, sempre comprava várias e também as recebia do seu marido no trabalho. Sobre os dois, ChanYeol sempre teve uma imagem romântica dos dois juntos, mas nunca entendeu porque eles nunca nem se quer brigavam um com o outro. Por mais que isso fosse relativamente bom, era estranho pensar que uma relação de anos, nunca nem se quer brigaram. E alguns meses depois que o Sr. Park morreu nunca mais tive mensagens ou notícias da mãe biológica, mas nunca se quer correu atrás para saber os motivos. Com o tempo notou que todos a sua volta eram estranhos e sempre guardavam segredos estranhos dentro de si.
Com o tempo seus sentidos e pensamentos não eram tão aguçados e com o tempo sua curiosidade sobre tudo diminuía, ele sabia que nunca teria as respostas corretas, então lidar e amenizar a dúvida era essencial em um momento como esse. Todos os dias eram todos normais e sua marca era apenas considerada como uma tatuagem normal, aos poucos ele acostumava-se, mas algo ainda o deixava intrigado e todas as perguntas voltavam à tona em instantes. As vezes era insuportável ter que aguentar uma dor e um leve incomodo sobre o seu antebraço, seus olhos corriam para o seu braço e uma pequena bolsa de gelo por cima, aliviava, mas a cada dia era pior. Um dos seus companheiros de trabalho achava que era apenas incomodo leve por causa das agulhas afiadas da máquina, mas não era uma tatuagem.
Bem que Park queria que fosse apenas isso, mas era mais complicado e doloroso do que aparentava. Respirou fundo e mais uma vez pediu que a dor parasse, sentindo seu corpo se esquentar e sua vontade de correr para o lado de fora de casa gritava por sua atenção. Estava frio lá fora, então poderia ajudar. Mais uma vez, o que melhorava era a frieza do clima ou a bolsa com os cubos de gelo. Seu corpo estava tão agitado perante a dor, que ficar em seu quarto fechado era como um crime, sem pensar duas vezes, qualquer caminhada daqui até ali era melhor do que tentar ir dormir com toda essa agitação e o incômodo.
Aos poucos, seu corpo se acalmava, seus sentidos diminuíam ao ritmo da caminhada, mas era tarde demais. Seu corpo era arrastado para dentro de uma casa noturna por causa do seu amigo, seus pés apenas acompanhavam os passos do colega para que ele não caísse na entrada. Não eram todas as noites em que ChanYeol conseguia ficar sozinho em sua casa, todos os finais de semana ele estava lá, curtindo a noite com o seu amigo, seu corpo, cheiro de álcool e os olhos correndo pelas pessoas que estavam a dançar.
ChanYeol parecia mais calmo com o passar do tempo, mas era como se ele estivesse sentindo algo estranho a todo momento. Seus sentidos estavam todos aguçados e sua testa parecia brilhar pelo suor que ameaçava começar, sabia que algo não estava certo e por um momento ele pensou em ir embora.
Seu estomago parecia querer expulsar o que ele havia jantado a pouco tempo atrás, junto com alguns copos de álcool que ele havia bebido nesse exato momento. Ele não era tão fraco para a bebida, o que deixava tudo ainda mais estranho.
– Keum, eu não estou me sentindo bem. Pode me esperar aqui, eu vou no banheiro. – Sua voz parecia rouca, por mais que ele estivesse falando alto por causa da música. Assim que recebeu a confirmação do seu amigo mais baixo, caminhou aos passos lentos para o banheiro.
Seus olhos encaravam o espelho do banheiro com calma, analisando seus próprios defeitos e pequenas cicatrizes que havia sobre o seu rosto por ser um garoto arteiro quando menor. Respirou fundo, banhando um punhado de água sobre o seu rosto para aliviar a náusea com a dor do seu pulso. Levantou a manga do casaco no qual ele estava usando, observando os desenhos inchados da sua marca delinearem a desenho com a coloração avermelhada, nunca nem se quer havia visto sua marca daquele estado. Molhou seu braço com a água que escorria da torneira, logo a fechando, secando seu braço com o próprio casaco preto, ignorando tudo o que ele havia visto da marca. Não tinha o que fazer em um momento desses, apenas ir para casa e tentar não adoecer mais.
Novamente se direcionou para sair do banheiro, dando de cara com três garotos totalmente bêbados que barraram a passagem por alguns segundos, afirmando que era a hora na qual as brigas começavam e sem dúvidas, era mesmo. Seus lábios se curvavam um sorriso simples, desapontando os garotos loucos por saber que ChanYeol estaria em casa em menos de cinco minutos e se a caminhada fosse dolorosa, talvez dez minutos.
– Tão cedo? – Escutou de um dos meninos a pergunta, logo com os risos, mas apenas ignorou fechando a porta atrás de si.
Não era como se ele tivesse paciência para esse tipo de coisa as três da manhã.
Voltou a caminhar na direção do seu amigo, observando que o mesmo foi obediente ao espera-lo no mesmo lugar que estavam antes. Ele parecia estar vidrado em algum lugar específico que não notou a presença de ChanYeol chegando ao seu lado. Sua mão esquerda correu para a frente dos olhos de Keum, fazendo com que sua atenção fosse para ele.
– Eu vou ir para casa, me perdoe. Não estou muito legal. – Comentou, fazendo seus ombros se levantarem em confirmação, não era todos os dias que você podia usar uma doença para ir dormir.
– Ya! Mal chegamos, vai mesmo me deixar aqui sozinho? – Sua voz parecia carente, mas era fingimento e puro feitiço para que Park ficasse apenas mais um pouco na festa. – Vamos lá, está divertido. Além disso, tem muitas pessoas interessantes aqui. – Seus olhos voltaram ao grupo de amigos a sua frente, mas ChanYeol não se incomodou em não olhar.
– É sério, não estou bem. O álcool não quer seu meu amigo hoje – Seus olhos caminhavam sobre o seu braço, enquanto mentia outro sintoma para o colega. – Final de semana que vem eu prometo a você que ficaremos até mais tarde. – O amigo se animou, sorrindo em confirmação.
ChanYeol sorriu de volta, jogando seus fios de cabelo avermelhados para trás, acenando em despedida para o amigo. Antes que pudesse abaixar seu braço, seus olhos encontraram outro par de olhos no qual estavam o observando. Rapidamente voltou seu olhar para observar melhor, sentindo uma onda de sentimentos caírem sobre o seu corpo. Era como se aquele rapaz estivesse o observando por anos, seu corpo voltou a ficar quente rapidamente, junto com a sua respiração acelerada.
Seu braço estava em prantos, delirando de dor, uma dor insuportável e complexa de se explicar, ardia, queimava, uma enorme pressão sobre o seu antebraço que estava o incomodando a pouco tempo atrás. Ele estava paralisado, observando tudo ao seu redor perder o sentido e o seu corpo se dominar pela raiva excessiva. O garoto desconhecido corria a qualquer custo para fora da casa noturna, deixando que apenas os olhos do ruivo os acompanhasse. ChanYeol estava confuso e doente de mais para pensar em nada menos do que ir atrás do garoto, suas pernas estavam invencíveis, ninguém as podia controlar quando seus pés alcançavam o chão para correr ainda mais rápido na direção da porta de saída.
A dor não era importante enquanto seus sentidos estavam ocupados demais em seguir aquele garoto, seu braço latejava apenas por observar aquele desconhecido. Até que sentiu a brisa fria bater sobre o seu rosto e seus olhos perderem por completo o garoto, deixando apenas a dor compulsiva sobre o seu braço, aos poucos aumentando a intensidade sem avisos prévios. Seus joelhos foram até o chão, enquanto seus olhos inchavam com as lagrimas de dor que o seu braço causava, puxando o casaco para ver o estrago. Pela primeira vez viu algo fascinante, sua marca brilhava diante a todos os detalhes desenhados, não tinha absolutamente nada de vermelho como nas outras vezes, mas doía. Doía mais que nunca, uma dor insuportável que ninguém poderia ter sentido algo tão terrível. Por mais que fosse doloroso seu corpo estava cheio de ondas e vibrações positivas, pela primeira vez.
Seus olhos voltaram para frente, procurando aquele garoto como se fosse a única coisa que ele tinha nesse mundo. Seus olhos procuravam pelo lado esquerdo e direito da rua, enquanto suas pernas, com dificuldade, se levantavam. Novamente, ChanYeol o encontrou, seu corpo parecia estar sentado sobre o chão frio e úmido, com o braço sobre o outro para possivelmente esconde-lo. O desconhecido parecia estar com medo, observando o mais alto se aproximar sem medo de puxa-lo pela gola da camiseta para que os dois se olhassem nos olhos por segundos.
– Ya! Porque você estava correndo?! – Sua voz soou firme, apertando a gola do rapaz desconhecido sobre os seus dedos. Seus olhos estavam fixos sobre os do garoto, sentindo seu braço fisgar algumas dores. – Quem é você? – Sussurrou, cerrando os olhos na direção do mesmo.
– Me solte... – As mãos geladas e fracas do menino a frente seguravam as mãos de ChanYeol, mas era impossível que ele o soltasse agora sem ter as respostas necessárias. – Não devo satisfações a você! – Afirmou, fazendo com que suas costas fossem abatidas pela parede de concreto que havia logo atrás do moreno.
– Apenas me diga! Você também... também tem uma marca? – Pressionou o corpo do rapaz novamente pela parede, furioso. – O que diabos está acontecendo?!
– Sim, eu sou parecido com você. Agora me solte! – Suas mãos separaram-se do corpo do maior, fazendo com que o desconhecido se afastasse rapidamente do seu corpo, fraco. – Não me faça sentir arrependimento.
– O que você está falando? – Se aproximou em um passo, observando o garoto a sua frente. – Se você disse que somos parecidos, você sabe quem eu sou?
– Park ChanYeol... – Sussurrou, abaixando o olhar. – Você! Park ChanYeol, um Marcado. O meu destinado. – Seu tom de voz aumentou conforme as palavras, deixando ChanYeol com ainda mais raiva. – Eu sei muito bem quem você é!
Foi o bastante para que o garoto levasse um soco na lateral do rosto, dado pelo ruivo que estava estressado demais por escutar baboseiras de um desconhecido a sua frente. Por outro lado, o moreno apenas riu, deixando que o seu corpo caísse de joelhos no chão, passando os dedos sobre o seu novo machucado.
– Então quem é você?! Você não respondeu minha pergunta. – Sua voz soava normal, enquanto seu braço aumentava a intensidade da dor por bater no rapaz.
– Não preciso te responder quem eu sou, apenas me escute... – Sussurrou a última frase, voltando os olhares para os olhos negros de ChanYeol cuspindo o sangue que havia em sua boca por causa do soco.
Park levou seu braço até ao do desconhecido, o segurando firme e o carregando para qualquer lugar que fosse mais calmo. Eles tinham muito o que conversar, as palavras do moreno apenas o deixavam ainda mais curioso do que nunca e agora ele teria coragem o suficiente para descobrir toda a verdade, junto com a presença petulante do desconhecido.
Aos poucos Park o levava para um pequeno café, aonde era relatado coisas estranhas como: Marcas brilhantes dos garçons, luzes estranhas saindo da pele e a ganância por vinho e palavreados pesados demais. Esse era o lugar perfeito para o ruivo tirar suas dúvidas, as suas e as do garoto.
– Abra a boca e me conte sobre tudo, desde o começo, sem me esconder nada. – Respirou fundo antes de começar soltando a frase apenas com duas pausas rápidas pelo meio.
Seus dedos foram em direção ao café que estava em sua frente, observando o rosto machucado do moreno em sua frente.
– Está com pressa? Eu não. Acalme-se primeiro. – Sereno, tomou um gole do seu café, com os seus olhos focados em outra coisa. – É um assunto complicado, extenso e confuso.
– Pare de prolongar e me diga logo... – Sussurrou, franzindo o rosto para que o processo fosse mais rápido – Sua marca... como você sabe o meu nome? Por acaso você está vigiando? Eu não tenho dinheiro.
– Você é mesmo inacreditável! – Riu incrédulo, deixando seu copo sobre a mesa enquanto sentia seus machucados incomodarem pela extensão do seu rosto – Se eu estivesse precisando de dinheiro teria chego em você mais cedo. Sobre a minha marca, eu sou diferente de você.
– Conte-me logo, isso está me deixando enjoado.
– Eu não deveria te contar, você que deveria saber de tudo. Ninguém lhe contou? Isso é frustrante, ChanYeol. – Bufou, erguendo sua manga para que o seu braço ficasse a mostra, deixando ChanYeol surpreso por ver que os desenhos eram diferentes, mas levavam a ser a mesma coisa no final. – Somos de raças diferentes. Você é um Marcado e eu... bom, um Oráculo.
– Um Oráculo? – Seus lábios se curvavam em uma risada, era inacreditável o que o estranho estava falando, mas do mesmo jeito era interessante. – Mas qual é a função da marca afinal?
– Você ainda não acredita, não é? – Cobriu seu braço novamente, suspirando alto. – A marca é um símbolo, obviamente, que nos identifica. Sempre sinaliza algo errado e o mais interessante...
– O que é? – Park cortou a frase do rapaz, se aproximando para escutar melhor o que ele havia para falar.
– Temos e somos destinados por causa dela. O amor verdadeiro e puro. Algo que os humanos sempre cobiçaram. – Zombou, voltando seu olhar para a janela de vidro que havia ao seu lado, observando as pessoas caminharem lá fora – Como eu sei seu nome? Você é meu destinado, então foi fácil te procurar por aí e saber quem você era, antes que nós nos encontrássemos e de fato nos conectássemos.
– Ya! Você está dizendo que seremos felizes se... Por acaso... – Não completou a frase.
– Sim, por causa da marca. Você acredita agora?
– Ainda não. – Voltou a se encostar no banco no qual estava sentado – Qual é o seu nome?
– SeHun – Sua voz saiu falha, deixando ChanYeol satisfeito por descobrir seu nome – Oh SeHun, desapontado por conhece-lo.
– Ser um Marcado é tão ruim assim? – Perguntou, bebendo um pouco do seu café, se arrependendo de ser tão cruel aponto de bater em SeHun. Ele não era esse tipo de pessoa, mas ele estava dominado pela raiva. – Me desculpe pelo machucado.
– Isso não foi nada, eu só estou preocupado... – Sua frase fez ChanYeol se espertar, logo o perguntando o por que, sem esperar mais nenhum segundo – Não posso nem se quer pensar em voltar para casa por causa da minha raça e dos meus pais. Seria desonra que eu te encontrasse e voltasse para casa, pode me indicar algum lugar que precise de trabalhadores?
– Com esse rosto, todo machucado? Suas roupas também não são adequadas para pedir um emprego por aí. – Bebeu o último gole de café, dando de ombro ao ver que SeHun parecia olhar para as suas próprias roupas. Era uma roupa de festas, não para uma entrevista de emprego.
– Você quer que eu faça o que? Não tenho absolutamente nada, apenas algum dinheiro no bolso, o suficiente para um almoço de amanhã. – Confessou, deixando seu corpo relaxar sobre o banco, por mais que não tivesse motivos para descansar.
– Fique na minha casa. Eu moro sozinho, o que é excepcionalmente horrível ao meu ver. – Deu a ideia, observando o garçom servir outras pessoas ao redor.
– ChanYeol...
– Vamos, eu quero ir pra casa.
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