Alise o cabelo! Perca peso! Use maquiagem! Padrões e exigências perseguiam-na como um leão faminto persegue a presa; uma fera implacável cuja as garras afiadas rasgavam-lhe a alma, gerando cicatrizes que ninguém enxergaria.
No fim do dia, quando olhava-se no espelho, via a representação das expectativas e das imposições alheias; tinha se transformado em um amontoado de tudo aquilo que os outros esperavam que fosse. A aparência externa, atualmente definida como bela, era apenas fachada para o interior calejado.
E depois de remover camadas de maquiagem e de prender o cabelo que emoldurava o rosto, finalmente magro, sentia-se completamente nua. A impressão que tinha era que o maldito espelho à frente, agora refletia sua alma e o que via não lhe parecia nada bonito.
Enxergava as feridas ainda abertas e doloridas que recobriam cada parte do interior de seu ser. Machucados causados por palavras ofensivas que ouviu e por todas às vezes em que fizeram com que acreditasse não ser suficientemente boa. Marcas internas e imensuráveis que ela agradecia por ser a única capaz de ver, e que no dia seguinte, antes de sair de casa, seriam ocultadas por mais camadas de algo que pudesse ser agradável ao julgamento alheio.
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