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História Painkiller - Where do your roots start?


Escrita por: Chesthecat e shigachan

Notas do Autor


Pensei que fosse demorar uma eternidade, mas até que nem demorei tanto.
Boa leitura.

Capítulo 4 - Where do your roots start?


Fanfic / Fanfiction Painkiller - Where do your roots start?

"Você quer saber por que eu gosto da dor

Há uma parte doentia de mim agradecida pelo ódio

Então eu sorrio e digo que o mundo está ótimo

Enquanto esses malditos parasitas comem minha espinha."

 

Dabi estava sentado de forma relaxada em um dos bancos do bar, sua cabeça estava inclinada, repousando sobre sua destra, seu cotovelo esquerdo estava sobre o balcão, enquanto sua mão esquerda fazia movimentos circulares com o copo, ele observava o líquido amarronzado formar uma espiral e suspirava cansado daquele clima fúnebre.

Tudo ali era novo o lugar, o balcão, as garrafas das variadas bebidas, os quartos, os bancos até mesmo o chão, entretanto o clima ali ainda era pesado. Não foi fácil encontrar um novo esconderijo que se assemelhasse tanto ao antigo, eles dependeram dos contatos que o jovem adulto enclausurado em dos quartos tinha. Mesmo após passar algum tempo depois do falho ato final de Tomura, muitos dos vilões da liga ainda cochichavam entre si sobre o que teria levado o jovem mimado a fazer tal coisa. Dabi de certa forma se irritava com atitudes como essa, se não era possível ajudar então era melhor que não se intrometessem. 

Ah! Este rapaz melancólico e irritadiço, a razão central dos pensamentos e pesados suspiros do sujeito jogado naquele banco. Dabi queria muito entender por que diabos não conseguia limpar sua mente e clarear seus pensamentos sobre Tomura, mesmo que se esforçasse,  tudo sobre ele parecia um mar de escuridão e lacunas, pois até onde sabia, e o pouco que sabia Shigaraki odiava ser tocado, então por que não rejeitava o seu toque? Algo parecia não se encaixar. Por mais que desejasse perguntar, ele sabia que Kurogiri não responderia.

Mais um suspiro pesado, em uma única golada terminou com a bebida forte que havia em seu copo, em seguida levantou se daquele banco, dirigindo se até o seu quarto que para sua sorte ou azar ficava ao lado do quarto do "mãozinha" como ele o chamava jocosamente. No meio do caminho mudou de idéia, Dabi achou melhor dar uma volta para esvaziar um pouco sua cabeça que estava cheia de mais, cheia de perguntas e  pensamentos conflitantes em relação ao que sentia e sabia sobre  Tomura.

Do lado de fora do alojamento, ele sentou se na calçada e levou aos lábios suturados um cigarro, acendendo o com certa pressa deu o primeiro trago, engolindo a fumaça quente e segundos depois expelindo a pelas narinas. 

 

"Apaga essa merda fedorenta!"

 

Lembrou se do que o outro dizia sempre que o via fumando, irônico como lembrava se de Tomura até mesmo quando empunhava seu vício que costumava lhe dar um mínimo alívio, sorriu derrotado.

Olhou fixamente para as marcas de queimaduras em suas mãos, estas costumavam ser tão  lívidas quanto às mãos de Toga. Não achava justo o alto preço que teve que pagar para fugir daquele inferno, mesmo depois disso ainda ser rotulado de fracasso. Tsc! Aquele velho filho da puta iria pagar pelo que fez com ele.

 

 

Não muito longe de onde treinava, ele podia avistar as enormes e majestosas árvores de Sakura com suas flores cor de rosa, ele queria correr até lá e sentar se embaixo de uma daquelas árvores, queria observar o tapete feito com as flores desta, talvez mais tarde já que precisava continuar o seu árduo treinamento. O jovem de olhos azuis eletrizantes já possuia severas queimaduras em suas pernas e em um de seus braços, resultado dos dias em que excedia seus limites durante os treinos. Era sempre assim vivia treinando de forma exaustiva e muitas vezes acabava com terríveis ferimentos, cujo pai um tirano dominador dizia que eram simples arranhões. 

Pelo bem de sua mãe e pelas expectativas daquele homem, o jovem Todoroki precisava superar a si mesmo e prosseguir com aquele tipo de auto destruição desenfreada. Não era como se a visão das lágrimas geladas de sua mãe fossem o suficiente para faze lo parar. 

Dentro do dojo onde treinava tão incansavelmente, assistia ao exigente Enji Todoroki dar uma bela surra no caçula de seus filhos. Mesmo que tentasse ignorar aquela cena ele não conseguia, aquilo vinha se repetindo muito nos últimos meses e claro com o coração mole que possuía o jovem de cabelos fulvos, nutria uma afeição crescente por aquele pequenino de olhos distintos e amedrontados. Não sabia dizer o que era já que talvez esse sentimento estivesse aos poucos ultrapassando o que se chama de amor fraterno. 

Ser um dos filhos de Enji ainda mais o primogênito já era um fardo e isso só piorava quando, além disso foi admitido como um de seus alunos, um candidato a tornar-se  uma de suas obras primas, entretanto o Todoroki ruivo estava fadado ao fracasso desde o início já que sua pele era pouco resistente ao calor de suas próprias chamas, uma fraqueza que seu  pai dizia ser uma maldita herança de sua mãe. 

Mais uma bofetada e o pequeno Shoto caiu sem fôlego no tatame, esse som tirou o garoto ruivo de seus devaneios, seus olhos se prenderam ao olhar de piedade lançado do pequeno para si, ele nunca foi muito analítico. 

- Pai! Já chega disso! Por favor permita nos uma pausa! O pequeno Shoto parece estar exausto. 

- O que isso tem a ver com você? - A voz de Enji era grave e sua forma de falar naturalmente agressiva faziam ambos tremerem. 

 

- Perdoe me! Realmente preciso descansar um pouco. Meus ferimentos cicatrizaram recentemente. 

 

- Você é fraco por isso estou treinando Shoto para que ele seja livre dessas mazelas que herdou de sua mãe. 

Após a breve lição de moral, o jovem ruivo e seu pequeno irmão seguiram para fora do dojo em silêncio. Os jardins da casa pareciam bem mais tranquilos e ambos se davam muito bem. 

 

- Eu queria sair daqui... - As esferas azuis perfuraram os marejados olhos distintos. 

- Quando crescer mais você poderá sair... 

- Queria ir com você, queria ir pra onde você vai toda tarde. 

- Talvez eu o leve comigo para ver aquele lindo tapete de flores de cerejeira. 

- Também me acha fraco nii San? 

- Não é isso... Se eu pudesse realmente levaria você comigo. 

- Ontem papai e mamãe brigaram e... Eu sei que foi por minha causa, porque sou fraco. O rosto da mamãe está vermelho de um lado. 

- Não foi por culpa sua Shouchan! Adultos discutem por qualquer coisa. Eu deveria estar em casa para proteger a mamãe dele. - O jovem ruivo observava a dúvida que residia naqueles olhos infantis, queria tanto poder envolve lo em uma redoma e não permitir que as mãos pesadas de Enji atingissem aquela face tão tristonha. Mesmo que ele fosse o mais velho nutria um forte amor por seu irmãozinho, aquilo tornava se tão  intenso que chegava a doer em seu peito. 

- Olha só então é aqui que vocês estão! 

- Mamãe! 

- Mãe. 

- Essas queimaduras devem estar doendo, deixe me ajudar um pouco. 

- Por favor não se importe com isso! Eu realmente não quero incomoda la.

- Não seja bobo, você não me incomoda. Na verdade preciso lhe agradecer por tomar conta do Shoto, sei o quanto ele pode ser... Cruel. - Seu rosto havia ruborizado, as mãos gentis de sua delicada mãe pareciam ser feitas para cuidar da pele queimada. Era uma sensação única, a forma singela como sua individualidade de gelo funcionava, como sentia o ardor abandonar sua pele ferida. Ela realmente parecia um anjo, um ser celestial atada a um ogro rancoroso. 

- Touya! Shoto! O intervalo acabou! 

- O- Obrigado mãe, me perdoe por faze la desperdiçar seu tempo e por ter sumido ontem a tarde. 

- Touya meu filho... Obrigada por cuidar de Shoto. - Um sorriso foi dado pelo jovem adolescente aquela mulher gentil, embora ele soubesse que sua mãe sofria muito pelos filhos que Enji chamava de falhas. Algo  feroz queimou dentro de si ao ver as marcas dos  dígitos no pescoço daquele ser puro. Será que ele realmente havia batido nela? 

O treino seguiu como de costume, árduo, doloroso, inquietante. Ao final daquela tarde, quando preparava se para ir embora do treinamento, o jovem Touya presenciou Shoto ser duramente castigado por seu pai mais uma vez. Aquela forma tão impiedosa de tratar o próprio filho o chocou de tal maneira que ali mesmo ele decidiu cometer um ato de loucura. Antes de sair chamou o pequenino que ainda mancava em um canto dos jardins. 

- Shoto ainda quer vir comigo? 

- Pra onde nii San? 

- Pra um lugar longe toda essa violência... 

- Eu quero mas não posso deixar a mamãe aqui... 

- Vamos nós dois hoje a noite! Eu virei te buscar e depois virei buscar a mamãe. - Um sorriso se formou nos pequenos lábios e ali ambos concordaram com aquela "pequena" loucura. 

Aquela noite não seria como as outras, o Todoroki de cabelos ruivos e olhos azuis elétricos havia decidido que fugiria daquela casa, daquele lugar amaldiçoado e levaria Shoto consigo. Não achava que  era certo fazer uma criança passar por um treinamento tão duro e tortuoso quanto aquele. Ele próprio já não aguentava mais aquele tipo de coisa, seu próprio corpo era prova disso, quando olhava se no espelho e se via cada vez mais deformado, cada vez mais retorcido, sua mente começava a trabalhar em silêncio, pregando lhe dolorosas peças. 

Ele caminhou sorrateiro e silencioso, tinha em seus braços o pequeno Shouto, seu amado irmãozinho de olhos tão peculiares e sorriso largo, seus pequenos braços se agarravam firmes ao redor do pescoço dele, com tamanha força que lhe machucava um pouco, mas o garoto ruivo não se importava, ele sabia o quanto o pequeno confiava nele. 

A porta foi aberta cuidadosamente, um pé depois o outro, ele transpirava tamanho era o seu nervosismo, não temia por sua vida, mas sim pela do pequeno que achava jovem de mais para acabar como ele. Os passos cautelosos e silenciosos em direção ao portão dos fundos, ele calculou cada um de seus movimentos, apenas mais alguns passos e eles estariam livres daquela vida de agruras...

Seus olhos se arregalaram, seu coração disparou como o de uma presa a fugir desesperadamente de seu predador, seus músculos se contraíram, sua respiração cessou e o frio característico do medo congelou sua barriga. De pé a sua frente estava à besta flamejante, o homem cujo coração parecia ter sido forjado pelo próprio fogo dos infernos, o homem de quem o jovem Todoroki queria tanto fugir...

 

- O que pensa que está fazendo aqui essa hora merdinha? Ah! - Seus olhos estavam arregalados, o cenho franzido, as sobrancelhas arqueadas e em chamas, os dentes brancos a mostra, tal qual a figura de livros de terror. A medida que Endeavor falava as chamas tremulavam, ora crescendo ora diminuindo, só a imagem do homem ígneo era o suficiente para assustar.

 

Ao adolescente de cabelos ruivos não restou alternativa a não ser retroceder em seu caminho, dar meia volta e correr com a preciosa criança em seus braços, ele daria um jeito, esconderia o pequeno Shoto em algum lugar, despistaria seu odioso pai e então tentaria fugir novamente, mas... Era tarde de mais. Ele não achava que aquele homem pudesse ser tão impiedoso assim. As chamas vieram rápidas de mais, o ataque covarde era inesperado e tudo o que o jovem de cabelos vermelhos pode fazer foi proteger seu tão amado irmão. Ele deu as costas ao inimigo, curvou seu corpo sobre o menor, usou a si próprio como um escudo humano. As chamas malévolas o atingiram em cheio, sua roupa foi queimada e parte de seu corpo também.

 

- Enji! Você está louco? Vai matar os dois! - Os gritos desesperados da mulher de cabelos brancos e olhos cinza como um céu tempestuoso, despertaram o homem antes mergulhado em ira.

- Dois? - Ele não havia visto o pequeno Shouto no colo do jovem a sua frente. Ele caminhou em direção as duas crianças, com passos cheios e pesados, chutou para longe o adolescente queimado e pegou o menor pelos cabelos em seguida, o jogando em direção a mulher quase albina, o choro do pequeno Shoto se fundiu aos prantos de sua mãe. Em uníssono eles lamentavam, lastimavam, mas suas lamurias não seriam levadas em conta, pois o homem flamejante castigaria seu próprio filho da pior forma. 

- Tire ele daqui!

- Enji por favor, vamos resolver isso lá dentro, por favor! - Com lágrimas geladas ela implorava, inutilmente.

 - Para dentro agora! - Ele ordenava, entre dentes e com olhos que queimavam como o inferno. - Diremos aos tolos que ele apenas enlouqueceu. 

Aos prantos a mulher abraçou forte o pequenino, em seguida entrou na casa fechando a porta com pressa. Ela sabia que não poderia intervir, sabia que não tinha forças para enfrentar aquele tirano. Sua mente e seu corpo já estavam muito cansados dos anos de terrorismo psicológico e abusos físicos infligidos por aquele homem, pai e carrasco de seus filhos.

 

O jovem Todoroki tossia, arfava, tentava se recompor do ataque repentino e do chute que levara.

 

- Você poderia ter matado a nós dois! Seu velho idiota!

- Deveria ter matado você há muito tempo! O que diabos pensa que está fazendo roubando ele do seio de sua família? Você não manda aqui! Não passa de um lixo, um maldito fracasso! 

- Você está complemente louco! Não pode força lo daquela maneira ele é só uma criança!

- Eu sei o que é melhor pra ele! Não pode ver? Vou torna lo minha obra prima, ele será invencível, ele será livre de fraquezas, não permitirei que se torne um mero bostinha como você.

- Você me dá nojo! Vai acabar matando a todos com essa sua loucura!

- Loucura? Cale se Touya! Você está expulso. Não quero ver a sua cara nunca mais! Eu sei que está ficando completamente louco, deve ser difícil se olhar no espelho do jeito que está agora. Aberração. 

- Você não pode fazer isso! Não vou deixar que continue a envenenar todos com esse ódio e mentiras!

- Se acha tão forte assim? Acha que pode mesmo contra mim? Vai embora, não tornarei a repetir! Se ousar me desobedecer sabe que as consequências serão catastróficas. Não me faça repetir! 

- Eu vou levar o Shoto comigo!

- O Shoto se quer lembrará que você existiu...

- O que? - O ar de confusão era visível nos olhos azuis marejados, o ataque lançado por Enji veio forte e sem aviso. As chamas de um vermelho vivo, famintas foram lançadas na direção do mais novo. Ele não teve escolha,  a não ser contra atacar com suas chamas de um azul tão vivo quanto o céu de primavera, elas chocaram se com o carmim, pequenas nuances brancas eram vistas, mas a diferença de poderes era enorme. Os olhos de Endeavor ardiam em uma raiva colossal e as turmalinas ainda incrédulas tremiam. O mais velho aumentou a potência de seu ataque e ao jovem Todoroki só restava resistir ou desistir e morrer queimado. Lembrou se dos olhos distintos a encara lo, lembrou se do doce sorriso de seu irmão para si, lembrou se dos olhos cansados e afogados em tristeza  de sua mãe. Lembrou se de seu abraço quente e dos dígitos vermelhos em seu pescoço, lembrou se que seu pai Enji Todoroki era o responsável por todos aqueles machucados em seus irmãos, lembrou se das lágrimas que tornavam se gelo quando atingiam o chão. Lembrou se de todo o inferno vivido por sua projenitora por seus irmãos, por aqueles que com quem compartilhava um laço sanguíneo. Por fim lembrou se que por isso não poderia desistir, pois ser a primogênia por si só era um enorme fardo, mas não podia permitir que seu irmão caçula sofresse daquela maneira. 

As chamas azuis tornaram se mais fortes, mais vivas, famintas, quentes. Os olhos azuis brilhavam como duas lâminas frias, ali residia o ódio, a rebeldia, a resistência e a ira. Ele lembrou se de todos os infortúnios de sua vida e das torturas infligidas por seu carrasco, Endeavor, seu pai.

 

- Veja só você pensa que pode me vencer? Quanta ousadia.

- Você é um monstro Enji!  

- E você não passa de um pedaço de lixo! Alguém fracassado assim nunca poderia ser meu filho! Deveria ter acabado com você enquanto ainda dormia no útero de sua  maldita mãe.

 

As palavras de Endeavor entraram como dardos cheios de veneno acertando em cheio o coração do outro, seus olhos se estreitaram e depois se arregalaram. As chamas azuis tremularam e se expandiram, mas aquela noite seria tingida com o vermelho das chamas de Endeavor. O jovem Todoroki havia excedido o seu poder, ultrapassado repentinamente o seu limite, sentia a pele de seu outro braço se desfazer, assim como a de outras partes de seu corpo. Os olhos azuis elétricos tornavam se opacos e o choque daquela dor excruciante incapacitava seu corpo.

 

- Mãe, Shoto, me perdoem! - As palavras não passavam de um sussurro, o pedido de socorro nunca saiu de sua garganta. Toda a força que ainda tinha em seu corpo usou para impulsionar seus músculos e começar a correr. Ele não havia se dado por vencido, porém, sabia que continuar uma lutar naquele estado era suicídio, já havia se excedido e não queria morrer pelas mãos daquele homem maldito. Ele correu o máximo que pode sumindo no meio da escuridão, ele correu até que seus pés não aguentassem mais. Ele caiu desnudo e queimado, a imagem de uma criatura grotesca e rastejante. Sua boca estava aberta tentava desesperadamente recuperar o ar que lhe fugia, seus olhos já cansados finalmente se fecharam, entretanto a última coisa que viu foi o olhar flamejante de Endeavor sobre si. 

- Que pena... Tão jovem e acabou louco desse jeito. 

Quando o jovem despertou de seu coma estava em um hospital psiquiátrico, enfaixado como uma múmia, sem nome e sem destino. Provavelmente seu pai providenciou o seu sumiço e o seu silêncio. Aos poucos ia se recuperando, alimentando com ódio o animal  faminto que crescia dentro de si. Mais alguns longos e doloridos meses e quando finalmente se viu livre das faixas, observou a transfiguração grotesca pela qual passou. Ele era menos do que a sombra do que foi um dia. Ali ele jurou mata lo, ali ele jurou que abandonaria qualquer lembrança da família que pensou ter tido um dia, ali ele renasceu como a fênix de suas próprias cinzas e a partir daquele dia chamou a si mesmo de Dabi.

Não pretendia ficar preso naquele local, vivendo a base de remédios e terapias que só lhe faziam sentir mais ódio de seu progenitor. Ele era livre e como uma verdadeira fênix, Dabi abriu suas asas queimando tudo pelo seu caminho. Fugiu daquele manicômio infernal e assim passou a viver nas sombras, como um ser errante. Odiando pseudo heróis como seu próprio pai. 

O lugar veio a fechar, tornando se apenas mais uma de tantas construções abandonadas no meio de uma floresta. Dabi continuava sem rumo, queimando aqueles que julgava não serem heróis de verdade, tornando se mais forte, para um dia se reapresentar a Enji como a besta que havia se tornado. 

Um dia chegou aos seus ouvidos o Nome Stain The hero killer e com isso sua ideologia, com a qual Dabi havia se identificado. Então era esse cara, era esse o sujeito que tinha pensamentos tão parecidos com os seus. Precisava conhece lo, precisava juntar se a sua causa. 


 

Levou mais uma vez seu vício aos lábios, tragando profundamente o cigarro que jazia em sua mão, perguntou se internamente por quanto tempo ficou imerso em suas lembranças caóticas? Não importava mais.

Voltou seu olhar para o céu noturno e nublado, lembrou se dos olhos rubis arregalados, do ar de espanto em sua face, de seus lábios rachados e trêmulos, a expressão quase infantil com medo do invisível. Sentiu seu coração palpitar, mais uma vez Tomura roubava lhe o sossego, mais uma vez sua mente o levava para aquela lembrança inútil. Já que estava no inferno iria abraçar o diabo, repassaria mais uma vez só para ter certeza se era mesmo o que pensava.  Passou longos minutos recordando o que sentia ao ver o jovem líder, certamente seu coração batia mais rápido, suas mãos suavam e esquentavam, sentia um frio na barriga toda vez que o outro direcionava o olhar para si, seu estômago parecia agitar se e inúmeras vezes flagrou a si mesmo, reparando em como Tomura até ficava fofo quando corava de repente, sem mencionar os vários momentos em que teve que se ausentar para cuidar de algo particularmente vergonhoso. Percebeu que realmente tinha todos os sintomas de quem estava "padecendo" de um mal comum, parecia que havia retornado a sua adolescência com os hormônios agindo de forma independente. Precisava fazer algo a respeito, temia que a situação saísse de seu controle, sentia que estava tornando se obsessivo em observa lo, logo seria notado se já não tivesse sido. Mas ainda assim, por que nutrir tal afeição por alguém tão complicado como Tomura?

A forma como sorria largo e despreocupado quando se referia a algo que gostava muito, o olhar às vezes demasiado inocente, a maneira infantil e peculiar com a qual às vezes agia. Realmente o que Dabi mais queria era protege lo de qualquer coisa que pudesse machuca lo. Por mais que Tomura fosse forte, ele ao mesmo tempo era frágil, com uma individualidade que agia involuntariamente. Provavelmente ele teve que reaprender coisas simples, teve que se adaptar, deveria ser frustrante não poder tocar nada completamente, pois estava fadado a destruir o que tocasse sem cuidado. Se ele era daquele jeito deveria ser por que a vida havia judiado muito daquele rapaz, todos ali tinham seus problemas e Tomura não seria diferente. Dabi havia tomado sua decisão, tentaria dizer a ele o que tanto tentava sufocar dentro de si. Mais um suspiro foi dado, certamente não seria nada fácil, aquele era um terreno lamacento e desconhecido e ele sabia a tamanha instabilidade que circundava aquele ser, todavia, precisava fazer alguma coisa ou acabaria enlouquecendo de vez.  Um sorriso sádico surgiu em seus lábios costurados com a constatação de que deveria seguir adiante.

A chuva veio grossa e gélida, caiu sobre si como uma cascata apagando totalmente o resto de cigarro preso entre seus dedos. Os céus não seguraram aquela tempestade assim como ele já não conseguia segurar mais o sentimento latente em seu peito. A única coisa que tinha certeza era de que lembrar se de Tomura, fazia com que esquecesse os fantasmas de seu cruel passado e isso era o suficiente para ele. 

 

Continua...


Notas Finais


Aquela sensação estranha que faz a barriga formigar, quando se amarra o sorriso bem forte na nuca, para continuar seguindo em frente.
Realmente eu entendo como o Dabi se sente.
Obrigada a quem leu, a quem favoritou e comentou. Sem isso não conseguiria continuar, obrigada mesmo.
Até o próximo capítulo que se minha mente caótica ajudar não irá demorar.


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