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História Pais por Acaso - Dezoito.


Escrita por: yoongizzz

Notas do Autor


Olá meus amores ❤
Desculpem, sábado eu tive um bloqueio criativo lindo, mas to aqui!
Boa leitura ❤

Capítulo 18 - Dezoito.


 

Fora difícil acalmar a senhora Lee, ela chorava mais do que eu, xingava a avó de todos os nomes possíveis, o que me fez tampar os ouvidos de Hyungwon que não desgrudava do meu colo, parecendo um ursinho de pelúcia. 

— Minhyuk, ela é louca! — Ela gritava. 

— Como se eu não soubesse. — Respondi abraçando Hyungwon. 

— Quando esse julgamento vai acontecer? — Hyunwoo olhava as folhas do processo. — Aqui! Daqui duas semanas. 

— Duas semanas? — Perguntei assustado. 

— Sim, catorze dias contados. — Ele disse triste. — Duas semanas sem essas crianças é muito tempo. 

— Vai ser horrível. — Eu suspirei triste. 

— Uma pergunta. — Minha mãe se pronunciou. — Se ela não gosta dos meninos, por que ela tanto quer a guarda deles? 

— Porque ela é homofóbica. — Respondi. 

— Ela prefere os meninos ao lado dela do que ao lado de gays. — Hyunwoo acrescentou. 

— Eu vou é conversar com essa idiota. — Minha mãe disse pegando meu celular e fuçando nele. 

— O que você vai fazer? — Perguntei. 

— Eu vou falar as verdades pra ela. — Ela arregalou os olhos. — Aqui! Que ótimo, que você tem o contato dela. 

Olhei para Hyunwoo como se tivesse visto uma assombração ali. Logo, ouvíamos o toque da chamada. Ela havia colocado no viva-voz. Minha mãe batucava os dedos com raiva e assim, ouvimos a megera atender. 

— Bom dia, quem é? — Ela disse inicialmente. 

— Primeiramente, vá pro inferno. Segundo, você devia se internar num hospital psiquiátrico, sua palhaça, se você não gosta dos seus netos, que mal tem eles ficarem sob a custódia do Min e do Hyunwoo? 

— Quem está falando? — A avó dos meninos perguntou já brava. 

— Não se faça da desentendida. — Minha mãe revirou os olhos. 

— Quem é você? Acha que tem o direito de me tratar assim? — Ouvimos a voz da idiota do outro lado da linha; claramente ela não salvou meu número. — Cale a boca, Changkyun! Estou falando no telefone. 

Ah não. AH NÃO. N-Ã-O! 

— OLHA AQUI TRATE BEM O CHANGKYUN, ELE NÃO MERECE ESSA FALTA DE RESPEITO COM ELE! — Minha mãe gritou com ela. 

— Engraçado, eu também não mereço todo esse ataque que você está fazendo. — A megera respondeu. 

— Merece sim! — Minha mãe socou o balcão. — MERECE MESMO É MORRER SOZINHA SÓ PRA APRENDER A SER UMA PESSOA MELHOR. 

— Escute, eu... Hoseok! Eu já disse pra não me interromperem! — Ouvi a voz de Hoseok do outro lado da linha. 

— Se eu te ver pessoalmente eu arranco até os seus cílios. — Minha mãe grunhiu. — Que fique claro, se algum dos meninos reclamarem, pode tratar de encomendar o seu caixão. 

— Vovó Lee! — Ouvi Jooheon gritar. 

— Jooheon! — Minha mãe quase derrubou o celular. 

— Todos! Pro quarto, agora! — Ela gritou afastando o telefone para que não ouvíssemos. 

— Te cuida, gata, os seus netos amam muito mais a mim do que a você, passar bem. — Minha mãe disse por fim. 

Minha mãe desligou e escorregou o telefone pelo balcão. Sorriu vitoriosa e então todos caímos na risada.  

— Minuki... — Hyungwon resmungou. — Não balança... 

— Desculpa, pequeno. — Respondi tentando parar de rir. 

— Eu já disse que odeio ela? — Minha mãe perguntou. — Bom, só pra reforçar, eu a odeio. 

— Estou preocupado com os meninos... — Hyunwoo escondeu o sorriso. — Principalmente com o Kihyun. 

— E por quê? — senhora Lee perguntou. 

— O Kihyun tem um caso de depressão, estou com medo de acabar voltando pior. — Ele suspirou. — Sabe-se lá se ela acredita nessas coisas, aquele dia no hospital foi simplesmente horrível. 

— O que aconteceu? 

— Enquanto o Min estava na sala com o Kihyun, ela chegou com o marido. — Hyunwoo começou a contar. — Ele não tinha uma expressão feliz, já ela... Parecia que tinha gostado daquilo. 

— O próprio marido não gosta dela, puff... — Minha mãe comentou. 

— Não exatamente, ele estava preocupado com o Kihyun, e os meninos ainda foram abraça-lo. Já a avó, eles não chegaram nem perto. — Hyunwoo continuou. — Ela comentava coisas para que eu ouvisse, disse que não erámos bons, que se estivessem com ela não teriam depressão, estariam mais fortes e menos gordinhos... 

— Ela ainda vai nos padrões pra completar o pacote. — Fiquei mal. 

— Vamos resgatar os meninos, por favor. — Minha mãe pediu. 

— Minuki... — Hyungwon me chamou. — Eu quero dormir. 

Pedi licença e sai da mesa, levando Hyungwon no colo até o quarto. Não para o quarto dos meninos, e sim para o meu. Eu não deixaria o menino dormindo sozinho, por Deus, ele com certeza morreria de medo, eu corria toda noite pra cama da minha mãe, atrapalhando a conchinha dela com meu pai, as transas e o sono precioso dos dois por medo de dormir sozinho. 

E eu sei que Hyungwon nunca dormiu sozinho. 

Arrumei os travesseiros de modo que se ele se mexesse, não tivesse o perigo de cair da cama e se machucar. Fiquei ali até que ele adormecesse mesmo, o que não levou muito tempo. Suspirei sorrindo e afaguei seus cabelos, vendo-o se mexer levemente, levando a mão até a boca e abocanhando o dedão. Hyungwon é um bebê sim. 

Fechei as cortinas antes de sair e encostei a porta, descendo até a cozinha e encontrando Hyunwoo em frente ao fogão. O mesmo resmungava baixo e eu não me contive em soltar um riso baixo, chamando sua atenção. Virou-se e sorriu mostrando os dentes com a caixa de fósforos na mão. 

— Eu queria fazer algo pra você e achei uma receita na internet. — Ele corou. 

— Tenho medo de você cozinhar e colocar fogo na casa. — Eu disse em tom de brincadeira, mas estava falando sério. 

— Ei! — Ele disse brincalhão. — E você é o melhor cozinheiro do mundo, né? 

— Acho que sou sim. — Respondi convencido, pegando a caixinha de fósforos de sua mão. 

Mostrei a ele como acender o fogão, ensinando desde a parte de riscar o fósforo até a parte de girar o botão e aproximar o palito para que enfim a chama acendesse. E por incrível que pareça, ele prestou atenção. Insistiu para fazer o tal doce e eu, rezando pra Deus, acabei deixando. 

Sentei-me na cadeira do outro lado do balcão e o observei pegar os ingredientes e coloca-los ao lado do fogão. Ele olhava o celular de vez em quando e então começou a fazer a receita. 

— Min? — Ele me chamou. — Primeiro a gente faz a cobertura do bolo, né? 

 

Depois de minutos explicando como se fazia um bolo, Hyunwoo finalmente começou a caminhar na direção correta. Estava tudo indo completamente bem, a farinha fora colocada no liquidificador, juntamente com as cenouras cortadas pequeninhas, a xícara de óleo, as duas xícaras de açúcar e um copo de leite, mas então ele chegou nos ovos. 

— Como faz? — Ele perguntou. 

— Assim. — Peguei um dos ovos e o bati delicadamente na boca do copo, quebrando um tantinho e logo abrindo-o e deixando a gema e a clara caírem ali dentro. — Viu? 

E então, ele tentou. Quebrou um ovo por bater forte demais, o outro ele quebrou corretamente, mas várias partes das cascas caíram junto com o ovo, um deles caiu no chão. E eu só conseguia rir. 

— Minhyuk, para de rir! — Ele disse fingindo estar bravo, mas rindo tanto quanto eu. 

— Nem um ovo você consegue quebrar. — Ajudei-o com os outros dois ovos para que nada pior acontecesse. 

— Eu ainda vou aprender, bobo. 

— Quero só ver. — Entreguei o copo com os ovos quebrados pra ele. — Termine o bolo. 

E então, eu concluí que ele não tinha mesmo vocação para cozinhar. Antes que eu pudesse impedir, ele colocou os ovos dentro do liquidificador e esqueceu de fechar com a tampa. Conclusão, voou farinha, leite, cenoura, ovos e açúcar pra todo lado da cozinha, e pra piorar as coisas, Hyunwoo saiu correndo gritando e eu tive que ir até o monstro cuspidor de ingredientes do bolo de cenoura, mais conhecido como liquidificador, para desliga-lo, e isso acabou fazendo com que eu me sujasse todo enquanto berrava. 

Me lembrem de não confiar no Hyunwoo dizendo que vai cozinhar novamente, por favor. 

Olhei para a cozinha toda suja e suspirei, deixando o riso escapar enquanto via o mesmo se aproximando de mim. Levantou meu rosto e limpou a farinha que havia grudado em minha bochecha, sorrindo sem jeito. 

— Eu disse que isso não iria dar certo... — Ri nasalado. 

— Desculpe. — Ele riu também. — Acho que eu não levo jeito mesmo. 

— Que barulheira foi essa? — Minha mãe apareceu na porta. — Meu Deus do céu... 

 

Depois de termos limpado a cozinha com muita dificuldade — vocês não têm noção de como essa massa gruda —, nós fomos tomar banho. Sim, juntos. Mas não, não fizemos safadezas. Já sei que vocês pensaram coisas errada, seus safadinhos. Acabou que quando o dia começa errado, tudo dá errado, eu levantei com o pé esquerdo. 

Se eu fosse jogador de futebol, hoje eu só teria chutado na trave. 

Acabei escorregando durante o banho, e ganhei um lindo roxo na minha perna, e o pior, o hematoma parece um coração. Hyungwon dormiu a tarde toda, Hyunwoo foi pra faculdade, e disse que passou na escola dos meninos antes de voltar pra casa e eles estavam realmente tristes.  

Quando Hyungwon acordou, eu tinha de sair de casa, e ele, que pelo que pude perceber parecia estar com medo, perguntou se eu iria voltar. 

— Eu sempre volto, Hyungwon. — Respondi para ele.  

— Promete? — Ele levantou o minúsculo dedo mindinho. 

TEM ALGO MAIS FOFO NESSE MUNDO DO QUE MÃO DE CRIANÇA? EU DESCONHEÇO. 

— Prometo. — entrelacei meu dedinho ao dele. 

E assim fui pra faculdade. Durante a aula, eu mal conseguia prestar atenção. Eu só pensava nos meus meninos, se eles estavam bem, se tinham jantado, se fizeram tarefa, se tomaram banho, se escovaram os dentes, se estão felizes. Minha atenção foi chamada duas vezes e eu acabei por ficar o intervalo de aula inteiro olhando pro nada e refletindo sobre minha vida. 

Eu era um cara com amigos. Eu tinha uma vida calma, na qual eu saia várias noites indo para festas da faculdade. Eu tinha amigos, eu tinha vida social. Eu tinha boas notas, e eu tinha tempo para dormir em paz e para ver vídeos de gatinhos no Youtube. E de uma hora para a outra, eu não tinha mais nada disso. O que eu tinha era uma responsabilidade imensa por cinco crianças e uma casa enorme junto com Hyunwoo, com uma herança que nem eu acreditava. 

E aqui eu me pergunto por que eu? Por que eu, um jovem idiota que não sabia nem lavar as próprias meias encardidas? E tudo de uma hora para a outra, da noite para o dia. E agora, por que é ainda mais difícil imaginar minha vida sem essas crianças? Como elas chegaram e se tornaram tão importantes repentinamente? 

Meus pensamentos foram mandados para longe quando meu celular tocou, aparecendo na tela o número do celular que havia dado para o Hoseok. Atendi sem pensar duas vezes e sorri bobo. 

— Minhyuk? — Reconheci a voz de Jooheon. 

— Jooheon? — Ri baixo. 

— Sou eu. — Ele disse animado. — Eu estou com saudades. 

— Eu também estou. — Eu respondi. 

— MINHYUUUK! — Ouvi a voz de Changkyun e Hoseok em coro. 

— Ah meus amores. — Eu ri já querendo começar a chorar. 

— Minhyuk-appa! — Ouvi Kihyun e quase desabei. 

— Minhyuk, a vovó é uma pessoa horrível. — Hoseok disse. 

— Crianças, coloquem o telefone no viva-voz. — Pedi. 

— Aqui. — Hoseok apertou o botão na tela. — Minhyuk, ela nos trancou no quarto. 

— Quê? — Gritei atraindo olhares. — Por quê? — Indaguei me encolhendo todo. 

— Ela está com umas pessoas lá na sala. — Kihyun explicou. 

— Eu prometo que logo vocês vão estar em casa, ok? — Disse a eles. — Crianças, eu tenho que voltar para a aula. 

— Ok, appa. — Jooheon disse. — Nós te amamos Minhyuk-appa! — Eles gritaram em coro. 

— Eu amo muito vocês. — Sorri limpando uma lágrima. Eu, o mais dramático. 

— Ela tá vindo, desliga! — Changkyun disse antes da ligação ser encerrada. 

Olhei para o celular e então o sinal soou forte. Me levantei e caminhei em direção a sala de aula com um sorriso de orelha a orelha. 

 

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Notas Finais


Obrigada pelos 431 favoritos, vocês são os melhores ❤

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Um beijo, um queijo e até ❤ Fiquem bem, sim? ❤


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