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História Paixão e Poder - Universos opostos (Camren - G!P) - Decepção


Escrita por: ItsTalitaEstrab

Capítulo 55 - Decepção


Fanfic / Fanfiction Paixão e Poder - Universos opostos (Camren - G!P) - Decepção

POUCOS MESES DEPOIS ...

Pov. Narrador

Desde a última conversa que Verônica e Lúcia tiveram a médica vem cumprindo com suas palavras.

Todas as manhãs Lucy recebia um buquê de rosas vermelhas e brancas em seu apartamento, elas sempre estavam acompanhadas de um cartão escrito com a caligrafia de Verônica algum momento que passaram juntas desde que se conheceram e no final, ela deixava destacado um pedido de perdão e sua assinatura.

A primeira vez que recebeu, Lucy chorou por extensos minutos enquanto abraçava Addison.

Verônica não fazia idéia, mas a cada vez que Lucy lia aquelas palavras, aquelas lembranças escritas, uma parte de sua vida que algum dia à alegrou... a cada palavra ela se machucava mais, sofria mais.

Sofria por saber que tinha tudo o que mais sonhou ter, tinha o amor da mulher mais importante de sua vida, um amor que no momento ela acredita nunca ter existido na verdade.

Já se perguntou diversas vezes se Verônica fazia aquilo para machucá-la, pra atormentá-la.

Mas não, não era isso.

A única intenção da médica era fazê-la se lembrar das coisas boas que passaram juntas, que o tempo que conviveram, o amor que sentiram foi e é real, e que principalmente, elas não podem simplesmente jogar tudo fora por conta de um deslize, ao menos esse era o seu pensamento.

O que aconteceu foi uma falha, apenas uma, durante todo o tempo de casadas só houve uma falha. Ela precisa, anseia por uma chance... Só uma única chanche pra mostrar que jamais cometerá tamanho erro.

Mas não é tão fácil assim.

Na vida nós fazemos escolhas, e coisas acontecem por causa delas.

O amor pode ser grande, mas não foi o bastante para ser capaz de evitar certas coisas.

Agora ela terá que enfrentar o que tiver que enfrentar, ela deve estar pronta para pagar o preço que tiver que pagar por consequência da escolha que fez.

Uma semana depois Lucy proibiu a entrada do entregador da floricultura no prédio, de início o rapaz deixava os buquês com o porteiro mas esse tinha ordens diretas para jogá-los no lixo e assim ele fazia, durante dias e dias.

Addison avisou a irmã sobre a decisão da cunhada mas a médica não parou, ainda tinha esperanças da mulher mudar de idéia e aceitar receber as rosas, mas isso não aconteceu e Verônica não teve outra escolha, parou de enviar as rosas.

Mas isso não significa que ela não tenha adotado outros métodos de aproximação.

Addison vem sendo uma pessoa maravilhosa na vida de Lucy, é ela quem à acompanha em todas as consultas médicas, quem ajuda a escolher as coisinhas da bebê.

Depois da conversa com Verônica ela ficou ansiosa demais, queria saber se ela estava mesmo certa em relação ao sexo da criança, e bom, ela estava.

Com isso a decoração foi iniciada, o quartinho já está quase pronto, só falta a poltrona de amamentação chegar de Nova York e claro, a escolha do nome da pequena.

Foi extremamente prazeroso pra garota ajudar com as coisinhas da sobrinha.

Apesar de estar no meio de duas pessoas que ama, Addison respeita a decisão de Lucy assim como também respeita a da irmã em tentar reconquistá-la.

Já Lauren não concorda plenamente com a decisão da amiga... E é exatamente isso que estão discutindo na sala do consultório de Vero.

Com sua recuperação total, a médica já havia recebido permissão para voltar a exercer suas funções no hospital.

- Eu não vou aceitar esse divórcio sob hipótese alguma. _ Esbravejou deixando sobre a mesa um envelope com o comunicado onde diz que Lucy está entrando com o pedido de divórcio. Foi um baque e tanto quando ela recebeu o documento na manhã de hoje na casa de seus pais, onde está ficando desde que recebeu alta médica.

Zoey ficou feliz quando viu que a médica havia voltado na noite do dia em que saiu do hospital por puro ato de irresponsabilidade. A loira tem à ajudado como nenhuma outra pessoa tem feito, pra ela Verônica foi pouco a pouco se tornando alguém de extrema importância em sua vida e ela ao menos tentou ou quis ir contra esse sentimento.

- Você não vai aceitar? _ Lauren pergunta com um tom irônico.

- Não, eu não vou. _ Verônica asegura se sentando em sua cadeira.

- Você não tem que aceitar, Vero, você tem que respeitar a decisão dela. Você não pode obrigar a Lucy à ficar casada com você.

- Eu não vou me separar dela, Lauren. Eu não vou... Ela vai me perdoar, eu vou esperar o tempo dela. Mas o divórcio eu não vou dar.

- Você está errada, sabe disso.

- Eu estou errada por querer recuperar o meu casamento? _ Perguntou indignada.

- Não. Está errada por não respeitar as decisões dela, Vero. Você disse que iria dar o tempo que ela precisasse mas você está dando à ela o tempo da sua forma. Ela não tem a sua presença física mas tem a psicológica.

- Do que é que você tá falando? _ Verônica à encarou confusa.

- Como você acha que ela vai se curar do que você fez quando você fica a lembrando todos os dias? Primeiro as rosas com bilhetinhos lembrando ela dos momentos que passaram juntas e agora essas idas até a galeria onde ela trabalha. Você não percebe que à machuca mais? É como esfregar na cara dela o que você fez. Você pode não sair no carro mas ela te vê e isso ao invés de deixá-la feliz entristece ela.

- Eu só preciso vê-la, nem que seja de longe, Lauren. Eu preciso ver a barriga dela e... _ Parou de falar e suspirou pesado por duas vezes antes de voltar à olhar pra amiga. - Como você acha que eu me sinto sabendo que a minha filha está ali dentro e eu ao menos posso tocá-la? Se eu à vi pela ultrassom foi graças a minha irmã que sempre me trás os dvd's depois de cada consulta porque a Lucy não me deixa acompanhá-la. Eu me sinto destruída Lauren, mas mesmo assim respeito a decisão dela de não querer me deixar participar das fases da gravidez, eu não sou egoísta.

- Eu não disse que é. _ Lauren se impôs séria e Verônica à observou por um tempo antes de apoiar seus cotovelos na mesa e cobrir a cabeça com as mãos.

- Eu não sei mais o que fazer... Eu tô ficando louca.

- Eu não sei se você vai conseguir ter a Lucy de volta, mas eu acho que se quiser tentar de verdade precisa dar mais espaço pra ela. _ Lauren falou com calma na voz, a outra mulher então levantou a cabeça para encará-la. - Você precisa apenas deixá-la quieta, Vero. Sem qualquer tentativa de fazê-la se lembrar de você, deixa tudo acontecer naturalmente.

- Tudo bem, eu vou fazer isso. Mas o divórcio eu não vou dar, por favor não me peça pra fazer isso. _ Falou sentindo um nó na garganta só de pensar na possibilidade disso acontecer.

- Vamos sair pra almoçar? Conversamos melhor sobre isso.

- Eu não vou mudar de idéia. _ Verônica falou de um jeito tão seguro que Lauren resolveu apenas concordar com a cabeça, ela melhor que qualquer pessoa sabia que não havia muito a se fazer... A decisão já estava tomada.

- Tudo bem, só vamos almoçar então.

(...)

13:05 PM. ITALY'S GOURMET

- Você fica tão boba falando com a laçinho, deveria se ver. _ Verônica comentou vendo Lauren deixar o celular encima da mesa do restaurante italiano escolhido pela amiga, o espaço é lindo e agradável, com um clima familiar muito aconchegante também. Era sua primeira vez ali.

Depois de pedirem o que iriam comer, Lauren aproveitou para ligar e constatar que a namorada está bem e pra dizer que tentaria sair mais cedo do trabalho pra que pudessem ficar juntas.

- É isso que ela faz comigo. Me deixa completamente boba por ela. _ Lauren sorriu demonstrando uma felicidade imensa, seus olhos não escondiam a satisfação que sentia em ter alguém como a latina em sua vida.

- Faz tempo que não à vejo, a última vez foi no aniversário da irmãzinha dela à algumas semanas. _ Lauren deu de presente a festa de aniversário de 4 anos da menina. Foi um dia cheio de diversões em um espaço privado específico para festas infantis. Sofia ganhou diversos presentes e Lauren se sentiu satisfeita por ver toda a felicidade que a menina sentia transbordar de seus olhinhos.

- É... Depois que o Mike me fez pegar turnos extensos que não batem com os horários livres dela nem mesmo nós duas estamos nos vendo com a frequência que eu esperava.

- Com licença, senhoritas. _ Um rapaz alto e loiro de olhos azuis chegou para servir os pratos que eram, risoto de milão para Verônica e Caneloni para Lauren.

O rapaz perguntou se elas queriam outra garrafa de vinho Pinot Noir e elas negaram por ainda não ter acabado a atual. Então ele pediu licença e se retirou às deixando sozinhas novamente.

- Fala com a sua mãe e muda isso. Ela pode resolver fácil. _ Verônica falou e em seguida levou a primeira garfada do risoto até sua boca, fechando os olhos para apreciar melhor o gosto delicioso. - Isso está ótimo.

- A Camz também achou. _ Lauren sorriu fazendo o mesmo com sua comida, em seguida tocou o guardanapo em seus lábios e tomou um pouco de vinho em sua taça. - Mas respondendo a sua pergunta, eu não vou recorrer a minha mãe. Ele já fez isso pra ver qual seria a minha reação, acha que não dou conta, eu vou mostrar pra ele. Além do mais falta poucos dias pro término das aulas da Camila e aí as coisas vão ficar mais fáceis pra gente.

- E como vocês estão fazendo pra se ver?

- As vezes eu vou na casa dela ou então ela vai pro meu apartamento, hoje mesmo ela vai dormir lá. _ Falou recebendo um olhar malicioso da amiga.

- O quê? A mãe dela deixou? Ela já sabe que vocês duas já transaram? _ Verônica perguntou curiosa e Lauren levantou os ombros mostrando indiferença.

- A Camz quis contar.

- E o que a dona Sinuh disse, afinal a laçinho ainda era menor de idade né?

- Ela não sabe que foi nesse período, e é melhor que seja assim apesar de achar que isso não é motivo de problemas. Mas a Sinuh confiou em mim pra levar a Camila comigo e se souber que eu transei com ela nesse tempo vai ficar desapontada. Fora que eu também menti sobre o motivo que a Camila deveria ir pra Londres. Eu inventei uma doença que nem existia.

- Você não vai contar nunca? Nem mesmo pra Camila? _ Verônica perguntou continuando a comer e Lauren negou com a cabeça.

- Não. Pra que? Não faz sentido tocar nesse assunto... Já passou, e ninguém saiu prejudicado.

- Você quem sabe. _ Vero fechou a boca e seu celular começou a tocar, ela o pegou da mesa e suspirou antes de rejeitar a chamada e digitar uma uma mensagem rápida.

- Quem é? _ Lauren perguntou desconfiada, pegando sua taça de vinho em seguida.

- Gabrianna. _ Respondeu sem empolgação alguma deixando o aparelho de volta sobre a mesa. - Avisei que retorno mais tarde.

- Pensei que já tivesse resolvido tudo com ela.

- E já resolvi. _ Confirmou e Lauren sorriu sarcástica.

- Sério? Por que ela ligou então?

- Lauren, eu já deixei bem claro que não vou ficar com ela e que vou lutar pela Lucy e ela entendeu. Mas o filho que ela está gerando também é meu, querendo ou não eu nunca vou poder cortar completamente o contato com ela até porque eu pretendo participar da criação dele.

- Okay, só que essa criança ainda nem nasceu então pra quê ela fica te ligando?

- Não sei. Eu pedi pra ela me procurar apenas se o assunto for o bebê. Provavelmente ela ligou pra avisar da ultrassom de amanhã, ela quer que eu vá.

- E você vai deixar o hospital pra ir até Los Angeles?

- É meu filho, Lauren...

- Como você sabe? Só porque ela disse que é seu não quer dizer que seja verdade. Você ouviu o que eu disse sobre a conversa que tive com ela? Aquela mulher é uma cobra, Verônica. Só sendo cega demais pra não perceber.

- É que... Eu não quero acreditar que ela seria tão baixa ao ponto de mentir assim pra mim, Lauren. Eu fiz as contas e o tempo de gravidez dela bate perfeitamente.

- Dane-se! Isso não comprova nada e você precisa fazer um teste de DNA.

- Eu vou fazer, já prometi que vou fazer.

- Melhor assim. _ Lauren desviou seus olhares e começou a comer em silêncio. Esse assunto à irritava demais e por isso evitava ao máximo falar sobre ele.

- Lauren? _ Verônica chamou com receio e a amiga à encarou, deixando os talheres de lado novamente.

- O que é?

- Você não vai gostar dessa criança né?

- Eu nunca disse isso, Vero. _ Respondeu indignada enquanto balançava a cabeça em negação. - Eu só quero que você tenha a certeza de que ele é seu. Já disse que não confio em nenhuma palavra que sai da boca daquela mulher.

- Eu entendo... Eu só não quero que você ou qualquer outra pessoa da família rejeite esse bebê porque ele não tem culpa alguma do que eu fiz, o erro foi meu e ele não precisa pagar comigo.

- Eu não vou rejeitá-lo. Se ficar comprovado que esse bebê é realmente seu filho eu vou tratá-lo da mesma forma que a sua filha com a Lucy. Independente de ter a Gabrianna como mãe ele será meu sobrinho por ser seu filho também.

- Obrigada, Laur. _ Verônica falou sorrindo fraco e Lauren assentiu, correspondendo o sorriso.

- Então é oficial? É um menino?

- Sim.

- Já tem nome?

- Gabrianna quer chamá-lo de Vitório, por causa da inicial ser a mesma que a do meu nome e também porque pra ela é uma conquista estar esperando ele.

- Se esse filho for mesmo seu esse nome faz realmente todo sentido e você sabe muito bem o motivo. Com certeza é uma conquista e tanto pra ela. _ Completou sorrindo com deboche.

- Acho melhor mudarmos de assunto.

- Concordo plenamente.

- Okay... Sabe? É estranho... _ Verônica começou pensativa. - Quando eu estava em coma, ouvi a Lucy falar comigo, senti o toque dela. Mas quando eu contei pra ela, ela agiu como se eu fosse louca.

- Mas isso realmente aconteceu?

- Acha que eu inventaria algo assim?

- Não. _ Respondeu sorrindo de leve enquanto negava com a cabeça. - Mas você melhor do que qualquer um sabe que a mente humana é extremamente poderosa. Podemos criar diversas situações, principalmente passando pelo o que você passou. Essas alucinações foram apenas uma forma que seu cérebro usou pra se manter em atividade... Apenas isso.

- Eu pensava igualzinho à você antes de passar pela experiência. Mas foi mesmo real, Lauren. Eu não sei onde eu estive o tempo todo que estive em coma, mas tenho certeza que sentia a presença dela, os toques, a voz, tudo... Mas só acontecia com ela. É como se ninguém mais fosse capaz de me despertar.

- Você já parou pra pensar que pode ter ouvido tudo a sua volta enquanto estava ali inconsciente e sua mente apenas criou situações? Você pensou estar vivendo aquilo mas não estava na realidade. É algo simples de entender. _ Lauren falou com segurança e Verônica rolou os olhos em sinal se tédio.

- Não, Lauren. Foi real. Tanto que ela me olhou como se eu tivesse algum transtorno, mas te acusou como a pessoa que me contou o que havia acontecido dentro do quarto enquanto ela estava comigo.

- Eu? _ Pergunta atônita. - Mas eu não estava lá e ela também não me disse nada do que te falou.

- Tá vendo? Foi real. Eu senti mesmo. E me lembro que tudo começou quando ela colocou a minha mão na barriga dela. _ Verônica falou tranquilamente e em seguida tomou um pouco do vinho. Mas qualquer resquício da tranquilidade eminente desapareceu quando a médica virou a cabeça em um ato espontâneo e viu Lucy adentrando o restaurante na companhia de um homem.

Esse que Verônica conhecia perfeitamente bem...

Se tratava de Julian Morris, (foto do capítulo) um médico de 34 anos, formado na área de cardiologia.

Ela acompanhou os dois com o olhar e travou o maxilar ao ver o homem com a mão direita sobre a cintura de Lucy, à guiando até uma das mesas não muito distante da que elas estavam.

Lucy e Julian se conheceram durante o tempo em que Verônica esteve em coma. O homem sempre procurava se aproximar dela, se oferecia para acompanhá-la até a lanchonete do hospital, parava seu trabalho por bons minutos apenas para conversar com Lucy e ela não se importava, gostava da companhia do médico, ele de alguma forma a deixava menos angustiada.

Então os dias foram passando e eles se aproximavam cada vez mais, hoje Lucy o considera como um amigo, mas o médico quer mais, bem mais que apenas sua amizade.

- O que a Lucy está fazendo com esse imbecil? _ Verônica ralhou fechando as mãos com forças em punho. Ela nunca se deu muito bem com o homem, o considera um perfeito prepotente que pensa ser melhor que qualquer colega de trabalho dentro do hospital Jauregui, o fato de ele sempre se definir por conta própria como o melhor em sua especialidade à deixa com vontade de expulsá-lo do cargo, se tivesse poder pra isso já teria feito à tempos.

- Vero, eles se conheceram enquanto você estava em coma. São apenas amigos.

- Você sabia? _ À questionou com pura indignação. - Por quê não me contou?

- A Lucy pediu pra não fazer. _ Lauren respondeu e foi encarada de modo incrédulo. - Ela não quer que você saiba nada sobre a vida dela, Vero.

- Mas eu sou a porra da sua melhor amiga!

- Eu só respeitei a decisão dela. _ Lauren rebateu com total confiança, como se nenhum argumento de Verônica fosse suficiente pra deixá-la com um sentimento de culpa. Coisa que muito provavelmente aconteceria em outra ocasião.

Verônica soltou um riso falso, por pura frustração.

- Eu estou perdendo tudo mesmo, se fosse antes você não me esconderia isso.

- Isso não é verdade. _ Lauren impôs e viu a expressão da amiga se tornar séria, a raiva estava surgindo dentro de si.

- Para, Lauren! _ Disse seca. - Para de tentar se enganar. Você não é mais a mesma comigo, minha irmã não é mais a mesma comigo, meu pai, minha mãe... Todos. A única pessoa que me trata com verdade é a Zoey porque todos vocês me tratam bem mas é como se por dentro apenas me suportassem. _ Soltou sentindo seus olhos arderem. - É como se fossem me apedrejar a qualquer momento pelo o que eu fiz e eu não estou mais suportando isso.

- Tudo bem você quer a verdade? Quer que eu realmente diga o que penso?

- Quero!

- Okay. _ Respondeu se ajeitando em sua cadeira e olhando fixamente nos olhos da amiga. - Eu penso, que aquela mulher ali te deu absolutamente todo o amor do mundo e pode ser que nenhuma outra pessoa seja capaz de te dar e isso me deixa revoltada porque você foi estúpida demais pra não valorizar isso. Ela te amou mais que à ela mesma e você mandou tudo pro inferno quando fodeu aquela oportunista sem pensar nas consequências do seu ato e se agora ela está ali na companhia de outra pessoa a culpa é unicamente sua, você sabe que é. Isso é consequência de um erro seu. Agora vai, corre atrás do prejuízo se achar que ainda dá tempo, esse é um direito seu. Mas também é direito dela querer seguir em frente, ela ainda está machucada e a ferida dói toda vez que ela te olha. O mínimo que você deveria fazer é deixá-lá fazer da vida dela o que ela quiser, apenas respeite as escolhas dela.

- Você quer que eu assista ela caminhar pra outra pessoa sem fazer nada? É isso?

- Se ela decidir ficar com outra pessoa você tem que respeitar, só isso. Não significa que precise desistir dela.

- Você deveria dar esse concelho pro seu pai também. _ Verônica falou rude ao mesmo tempo em que sentiu uma lágrima solitária molhar seu rosto.

- Vero... _ Lauren à repreendeu tentando manter a calma, mesmo depois de anos aquele assunto ainda à atormentava e Verônica sabia, mas não se importava em trazê-la átona agora.

- O quê? Por acaso estou mentindo? O Michael traiu a sua mãe e engravidou outra, é quase a mesma situação. _ Sorriu por pura revolta. - A única diferença foi que eu abri o jogo com a minha mulher, eu contei pra ela. Já a sua mãe não sabe até hoje que foi enganada pelo seu pai e por você também, porque você descobriu tudo e não contou pra ela.

- E como você acha que eu me sinto toda vez que olho pra minha mãe? Eu não contei por ela, Vero. Eu agi errado também, e agora já é tarde pra mexer no passado.

- Nunca é tarde pra se reparar um erro. Não enquanto a pessoa com quem você errou ainda respira.

- A minha mãe jamais me perdoaria.

- Você só vai saber se tentar. Eu errei com a Lucy, e eu só vou deixar de lutar por ela e pelo perdão dela quando eu morrer de verdade. Então que se dane a porra desse mundo, eu não vou desistir. _ Soltou em completa irritação e certeza antes de se levantar abruptamente.

- Onde você... Verônica, não faz isso! _ Já era tarde. Ela estava caminhando em direção a mesa da esposa, Lucy ainda não tinha percebido sua presença, notou alguém se aproximar e se assustou quando viu quem era.

- Desculpa atrapalhar os dois, eu só vim dizer uma coisa, Lucy. Na verdade são duas. _ Sorriu sem a mínima vontade.

- Vero, não faz nada do que vai se arrepender depois.

- Eu vou me arrepender se não disser. _ Ela respondeu sem deixar de olhar nos olhos de Lucy, essa que estava sem reação, a verdade é que ambas estavam internamente e secretamente matando a saudade de tal contato. Verônica deixou seu olhar sobre a barriga da esposa e sorriu verdadeiramente por frações de segundos antes de voltar a se concentrar no que iria fazer. - A primeira é que eu não estou disposta a assinar nenhuma droga de divórcio então sinta-se à vontade pra recorrer ao litigioso, será apenas mais tempo perdido. E a segunda é pra você, Julian. _ Ela virou a cabeça para encarar o homem que à fitou curioso. - Eu não sei quais são as suas intenções com a minha esposa mas eu vou logo avisando que se pretende ter o amor dela você está simplesmente sendo um patife.

- Aé? Por quê? _ Ele sorriu e depois arqueou as sobrancelhas à desafiando.

- Porque o amor dela pertence e sempre vai pertencer à mim e eu sei que algum dia eu à terei de volta.

- Eu no seu lugar não teria tanta certeza, Verônica. Tem coisas na vida que ou você valoriza enquanto tem, ou então perde pra sempre. _ Sorriu de leve, debochado.

- Ainda bem que eu não posso perder pra sempre o que está destinado a ser meu. E a Lucy é minha, de corpo, alma, e em todos os sentidos que você possa imaginar.

- Vem, vamos embora. _ Lauren tocou o ombro da amiga e Verônica assentiu sem tirar os olhos dos do homem. Esse que se mantinha calmo por fora mas por dentro estava queimando de ódio.

Já Lucy encarava a cena completamente atônita.

(...)

Pov. Camila

Depois do colégio o Marcos me deixou aqui no prédio do apartamento da Lauren. Marcos é um senhor que a minha namorada contratou como motorista particular pra me levar e buscar no colégio, ela fez isso porque agora na maioria das vezes nesses horários ela está no hospital.

Eu disse que podia ir de ônibus mas ela foi irredutível e eu decidi não ir contra ela até porque nós prometemos uma pra outra que não iriamos voltar a ter discussões por motivos insignificantes.

Posso dizer que depois da nossa ida até a fazendo dos Jauregui's o nosso namoro ficou ainda mais forte.

Lauren está demonstrando ter mais confiança em mim e eu tive a certeza disso quando à quase um mês atrás contei à ela que voltei a falar com Zayn. Isso porque ele veio me pedir desculpas pelo beijo e pelas coisas que disse pra Lauren naquela tarde.

Ele também disse que se eu quisesse ele se desculpava com ela pessoalmente, eu neguei é claro, não sabia qual seria a reação dela e também sabia que pra ela, essa ação não significaria nada.

Zayn aproveitou que estávamos todos juntos e se desculpou com a Addison também, ela estava chateada e ignorando ele por conta dos comentários preconceituosos sobre as condições da Lauren, Addison considerou as palavras dele ofensivas não só pra Lo quanto pra Vero também, afinal ela também é intersexual.

Bom, assim como eu a Addison o desculpou. Ele pediu uma segunda chance pra demonstrar que não é aquela pessoa que se mostrou e eu decidi dar à ele essa oportunidade. Eu sei que ele errou feio mas não posso não deixá-lo tentar se redimir. Independente do erro, acredito que todos temos o direito à uma segunda chance.

Estamos nos falando normalmente mas isso não significa que vou tratá-lo da mesma forma que antes... Algumas coisas devem permanecer como estão.

Enfim, de início Lauren ficou um pouco apreensiva mas depois aceitou a decisão que tomei, ela apenas pediu pra que eu evitasse ficar sozinha com ele e eu concordei, afinal já tinha isso em mente.

- Posso saber no que a minha princesa tá pensando?_ Sorrio abertamente por sentir o colchão afundar atrás de mim e logo os lábios dela em meu pescoço distribuindo beijos lentos.

Ela havia me ligado à duas horas me pedindo pra ficar pronta pra quando ela chegasse porque iríamos sair.

- Nem ouvi você chegando. _ Sem me virar pra ela levo minha mão esquerda até seu rosto e o acaricio apreciando seus beijos.

- Eu percebi. _ Ela saiu da cama onde estava ajoelhada atrás de mim e parou na minha frente me analisando de cima à baixo. Estou usando um vestido casual preto justo e saltos da mesma cor. Meus cabelos estão soltos com leve ondulações nas pontas e a maquiagem um pouquinho mais marcante do que a de costume. Confesso que se fosse em outro momento eu não estaria me sentindo confortável vestida assim, mas as meninas disseram que eu precisava mudar, que não dava pra ficar usando roupas de menininha o tempo todo, que eu precisava crescer.

Dinah, Mani e Ariana praticamente viraram as minhas estilistas porque são à elas que recorro quando tenho dúvidas do que usar igual aconteceu hoje e elas me ajudam com toda vontade e paciência do mundo.

Eu demorei um pouco pra aprender a usar salto alto mas quando pensei que tudo estava perdido... Consegui. Hoje já me sinto mais confiante.

Mas independente da opinião delas, eu achei que essa mudança me era mesmo necessária. Eu precisava evoluir como mulher...

- Você está linda, amor.

- Obrigada. _ Sorrio sentindo meu rosto corar como acontece em todas as vezes que ela me elogia. Lauren segurou minhas mãos e me fez levantar, juntando nossos corpos em seguida.

- Eu já disse que você é a minha vida? _ Ela acariciou a lateral do meu rosto mais uma vez, eu assenti sorrindo.

- Todos os dias. _ Evolvi meus braços entorno de seu pescoço e então ela colou nossos lábios em um beijo lento que foi finalizado com um selinho demorado. Ainda bem que eu ainda não tinha passado o batom ou ficaria toda marcada depois desse beijo.

- Eu vou tomar banho e aí nós vamos tá?

- Tem certeza que ainda quer sair, amor? Nós podemos ficar aqui, pedir uma pizza e assistir filme juntinhas pra aproveitar o tempo que temos juntas. _ Falei tentando convencê-la e ela sorriu negando com a cabeça.

- É bastante tentador mas não. _ Meu sorriso morreu instantaneamente e ela soltou um risinho. - Não seja preguiçosa, princesa. Já faz tempo que não saímos juntas e eu sinto falta disso. Você não?

- Na verdade não.

- Não? _ Perguntou surpresa e um tanto desapontada.

- Eu prefiro mil vezes ficar deitada no seu peito enquanto você me faz carinho. _ Ela abriu um sorriso lindo quando acabei de falar.

- Então... Eu prometo fazer isso quando a gente voltar, mas nós ainda vamos sair.

- Okay... _ Falei me dando por vencida e ela me deu um beijo na ponta do nariz. - Mas então me diz pra onde nós vamos.

- Primeiro vamos jantar e depois vamos em uma boate, uma amiga minha está comemorando o aniversário dela e nos convidou.

- Uma amiga...? _ Perguntei receosa, vamos combinar que não gosto muito das amigas da Lauren, nada contra mas eu não consigo não me sentir insegura com a maioria delas, pelo menos as que já fui apresentada... É uma mais linda que a outra.

- Nem faz essa carinha. Eu à conheço desde criança, ela também fez parte do grupo onde eu fazia acompanhamento psicológico por conta da minha condição.

- Então ela também tem um... _ Ela sorriu e concordou com a cabeça antes que eu pudesse terminar de falar.

- Ela também tem um pênis.

- Isso é mais comum do que eu pensava.

- É claro que é. Mas existem mulheres que não gostam de se expor então permanecem no anonimato.

- Que bom.

- O quê? Ficar no anonimato? _ Perguntou um pouco confusa e eu sorri de leve.

- Não. Que bom que sua amiga tem um pênis... Pelo menos assim não tenho com o que me preocupar. _ Respondi e ela soltou uma gargalhada gostosa me fazendo rir junto.

- Você anda muito ciumenta ultimamente.

- Eu não acho.

- Mas eu, sim. E amo isso! _ Disse olhando dentro dos meus olhos. Sua mão direita fazia carinho em meu rosto enquanto que a outra acariciava minha cintura.

- Ama? _ Pergunto e ela concorda com a cabeça.

- Não posso negar que me excita. _ Deu um sorriso safado e uniu nossos lábios novamente em um selinho, mordendo meu lábio inferior logo em seguida. - Eu vou tomar banho antes que eu te jogue nessa cama e desista de ir.

- Então vai logo porque eu já estou ficando com fome. _ Falei nos separando e ela me olhou inconformada obviamente por esperar outra resposta.

***

Chegamos no restaurante às nove e quinze da noite, senti meu coração parar de bater por um instante quando percebi que o lugar que ela havia escolhido era o Restaurant Lovato, o lugar onde nos vimos pela primeira vez, e também onde o Shawn trabalha, o homem que me fez passar por diversos momentos de humilhações.

Não tardou nada pra que as lembranças do nosso ultimo encontro me viessem na mente e isso me fez travar e só fui voltar à realidade quando a porta do meu lado foi aberta e Lauren me chamou estendendo sua mão.

Tentei agir normalmente mas ela percebeu o tremor em minha mão... Eu não sabia o que me esperava, eu não sabia o que ele poderia fazer lá dentro e tudo o que eu menos quero é causar transtornos pra Lauren.

- Tá tudo bem, amor? _ Ela perguntou preocupada, fechou a porta e logo o manobrista do restaurante saiu com o carro.

- Sim, eu só... Talvez seja melhor irmos em outro lugar. _ Falei um pouco apreensiva.

- Por quê? _ Ela me olhou atentamente e por um segundo pensei que já soubesse a resposta, mas queria me ouvir dizer.

- O Shawn... Quero evitar a presença dele.

- Camila, você vai entrar lá dentro e vai ser tratada como merece por todos, inclusive por ele, porque se não for assim hoje é o ultimo dia de trabalho dele aqui. _ Ela segurou meu rosto entre suas mãos e o acariciou me beijando com um selinho casto. - Vamos? _ Me olhou intensamente e eu suspirei assentindo, encontrando dentro dos olhos dela toda a segurança que precisava.

Lauren deu seu nome na recepção e logo fomos guiadas até uma mesa, essa que por coincidência ou não era a mesma que ela estava com Verônica e Lucy naquela noite.

Nos sentamos e um rapaz nos entregou o menu, Lauren escolheu um vinho sem nem olhar as opções e ele logo em seguida se retirou depois de dizer que ela havia feito uma ótima escolha.

Durante esse tempo eu conseguia respirar normalmente, Shawn costumava ficar na entrada recepcionando os clientes e dessa vez é uma moça que ocupa essa função. Logo a esperança de que aquele arrogante não tenha vindo trabalhar hoje me proporcionou um certo nível de tranquilidade.

Olhei pra Lauren e não contive um sorriso aberto, ela está incrivelmente linda, como de costume, mas eu estou tão acostumada à vê-la vestida formalmente como o trabalho dela exige que parece tão novo quando ela usa algo mais despojado como agora, uma camiseta branca, jaqueta de couro preta, calça jeans tecido mole também preta e um par de adidas brancos com detalhes em ouro nas laterais.

A impressão que tenho é que cada peça foi feita exclusivamente sob medida pra ela pela forma que ficam em seu corpo.

Eu simplesmente não consigo parar de encará-la.

Iniciamos uma conversa divertida até o mesmo rapaz voltar e trazer nossos pedidos, comemos em meio ao mesmo clima descontraído e eu estava me sentindo super bem até que a voz que eu menos desejei ouvir se fez presente nos desejando "Boa noite". Virei a cabeça em um ato involuntário, encontrando o olhar dele em mim, havia um sorriso simpático em seus lábios até ele se dar conta de que era eu, então sua expressão se fechou.

- O que faz aqui, garota? _ Perguntou rude deixando sobre a mesa a garrafa de champanhe que trouxe.

- Desculpe, eu não sabia que esse lugar pertencia à você. _ Mesmo estando uma pilha de nervos por dentro falei com uma tranquilidade que não sabia ser capaz de transparecer enquanto via o rosto dele ficando cada vez mais vermelho de raiva.

Lauren observava tudo com serenidade, mas ao mesmo tempo parecia compartilhar do meu ponto de vista em relação à atitude dessa pessoa. Shawn com certeza sofre de algum problema mental porque eu nunca dei motivos pra tanto ódio gratuito.

- Desculpe, senhorita. Vou pedir pra que os seguranças venham retirar essa pedinte imediatamente da sua mesa. _ Ele olhou pra Lauren e depois voltou a me encarar, com repúdio, em seguida seus olhos percorreram o meu corpo da mesma forma. - Acredito que agora você tenha mudado de tática já que não estou vendo com você as porcarias que vendia. Talvez agora o seu meio de ganhar migalhas seja vendendo o próprio corpo. _ Completou com um sorriso debochado, sujo. Eu fiquei espantada, completamente espantada com sua atitude mas ao mesmo tempo também fiquei assim pela forma e rapidez que Lauren se levantou e o derrubou com um soco ganhando a atenção de todos, sem exceção.

Eu me levantei e me pus na frente dela na tentativa de evitar que aquilo se prolongasse mesmo tendo a convicção de que ela me tiraria facilmente se quisesse, ainda mais tomada pela raiva. Mas eu precisava tentar e felizmente deu certo.

Dois seguranças chegaram imediatamente e o ajudaram a se levantar, a quantidade de sangue era considerável em sua boca e mão esquerda.

- O que está acontecendo aqui? _ Uma mulher branca muito bonita de cabelos loiros tamanho médio e muito bem vestida se aproximou da gente. Ela olhava a cena parecendo perdida, mas sua expressão era séria. Os seguranças à encaravam com um respeito eminente e eu deduzi que ela tinha grande importância aqui dentro. Ótimo, outra vez Lauren vai se meter em problemas por minha causa.

- Eu fui agredido por ela. _ Shawn respondeu com a voz abafada por conta de sua mão ainda estar cobrindo sua boca, a mulher nem olhava pra ele, ela estava mais interessada em Lauren pela maneira em que à encarava.

- Lauren? _ Ela à chamou pelo nome esperando uma resposta dela e eu fiquei curiosa em saber como as duas já se conheciam.

- Esse patife desgraçado ofendeu a minha namorada e teve o que mereceu! Eu espero que você tome as providências necessárias imediatamente. _ Respondeu em alto e bom som, deixando sua revolta e nervosismo expostos.

- Calma, amor. _ Pedi apertando a mão dela.

- Vamos conversar no meu escritório, tudo será resolvido depois que eu souber com detalhes o que aconteceu. _ A loira falou tocando o ombro de Lauren e eu não vou negar que me senti incomodada, a forma como ela à encara é mesmo diferente, eu diria até calorosa demais. Lauren assentiu uma vez e apertou minha mão me puxando em direção o corredor da recepção e a ultima coisa que ouvi da confusão foi a mulher se desculpando com os clientes.

...

- Sentem-se, por favor. _ Ela pede trancando a porta e em seguida passa por nós indo se sentar em sua cadeira. Fizemos o mesmo ficando de frente pra ela. - Antes de tudo deixe-me me apresentar. Sou Bebe Rexha, dona do restaurante. _ Ela estendeu sua mão em minha direção enquanto esboçava um sorriso fechado.

- Camila Cabello. _ Falei normalmente e ela assentiu encerrando o contato.

- Podem me dizer ao certo o que aconteceu? _ Perguntou intercalando seu olhar entre nós duas, eu ia falar mais Lauren tocou meu pulso, me impedindo.

- Lembra que comentei com você à alguns meses atrás sobre a postura de um dos seus funcionários? _ Perguntou tomando a minha frente.

- Sim. Me lembro perfeitamente. Shawn Mendes. _ Ela parou e ficou encarando Lauren e à mim por breves segundos. - Ele voltou a agir daquela forma?

- Não. Dessa vez foi pior. Ele insinuou que Camila é uma prostituta. _ Respondeu e a mulher ficou ainda mais séria.

- Mas isso é inadmissível. _ Ela desviou seu olhar de Lauren pra mim. - Camila, tenha certeza que eu não deixarei isso passar.

- Na verdade eu não me importo mais com as coisas ofensivas que ele me diz. _ Falei e Lauren me olhou como se eu fosse louca.

- Não é questão de se importar ou não, amor. Ele não tem motivos pra agir dessa forma com você e mesmo se tivesse, esse idiota te deve respeito como qualquer outra pessoa.

- Exatamente. _ A mulher confirmou enquanto girava uma caneta entre seus dedos.

- O que você pretende fazer? _ Lauren perguntou e a mulher suspirou.

- Certamente irei demití-lo.

- Perfeito.

- Lauren, isso não é necessário. _ Falei e ela me olhou confusa.

- Como não?

- Eu só não sei se isso é o certo. Ele me disse coisas absurdas mas eu não quero tirar o emprego de ninguém, ele deve precisar do dinheiro e a gente não sabe se alguém da família depende do que ele ganha pra viver. Eu sei o que é isso e o quanto é difícil. _ Falei com sinceridade e ela ficou me olhando por um bom tempo, me analisando intensamente e então assentiu sem muita vontade, voltando a encarar a mulher.

- Esse imbecil tem família, Bebe? Alguém à quem ele ajude?

- Depois que nós duas conversamos sobre isso pela primeira vez eu fui procurar saber mais sobre ele, até onde eu sei ele não tem um bom relacionamento com os pais e irmã, ele mora sozinho mas tem um filho.

- Viu só? Não, Lauren. Eu não vou ficar bem comigo mesma sabendo que fui o motivo dele perder o emprego. _ Falei começando a ficar nervosa outra vez. Por mais que eu não me desse bem com o Shawn, não quero carregar a culpa de ter de alguma forma tirado o emprego dele.

- Quanto a isso não se preocupe, Camila, a mãe da criança é muito bem resolvida financeiramente e parece que não quer mais nenhum tipo de aproximação com ele. _ Bebe disse deixando a caneta sobre a mesa e se ajeitando melhor em sua cadeira. - Parece que eles trabalhavam juntos na empresa do pai dela e foi onde se envolveram, ela engravidou e pouco tempo depois descobriu que ele apenas queria dar um golpe na família. _ Ela sorriu prepotente negando com a cabeça. - Hoje ela vive em Chicago com a criança e cuidou pra que ele não conseguisse mais nada na área contábil, onde é formado.

- Não sei o que dizer... _ Falei impressionada.

- Agora tá explicado a essência de tanta amargura. _ Lauren concluiu irônica.

- Bom, de qualquer forma acabou, a partir desse momento o Mendes não trabalha mais pra mim. Amanhã ele será avisado formalmente. Ele não precisa do emprego, se precisasse prezaria por ele, mas fez totalmente o contrário disso. Maltratar um cliente não faz parte das coisas que estou disposta a tolerar vindo dos meus funcionários e tenho certeza que a minha sócia pensa o mesmo. Ainda mais quando não se tem motivo algum pra tal ato.

- Obrigada, Bebe. Sabia que poderia contar com você.

- Sempre. Você sabe que só não o demiti antes porque você não quis.

- Sim. Achei que ele se conteria depois de ser alertado por você.

- E ele disse que faria. Mas agora o azar é dele, não será nada fácil encontrar um novo emprego com as condutas que apresentou aqui. _ Ela sorriu debochada, mas arriscaria dizer que havia um resquício de prazer também.

- Espero que sirva como lição, esse cara precisa aprender que o modo como trata as pessoas é simplesmente repulsivo e desprezível. _ Lauren se levantou e a mulher fez o mesmo caminhando até ela e parando em sua frente. - Bom, então nós já vamos. Mande lembranças à Demi por mim.

- Pode deixar. _ Elas se abraçaram e eu vi a mulher sussurrando algo no ouvido de Lauren que assentiu ao mesmo tempo em que disse, "Claro" e então se afastaram sorrindo abertamente uma pra outra.

Ela veio até mim e me despedi dela com um sorriso um tanto se vontade, a mulher fez questão de fazer do nosso jantar uma cortesia da casa por conta do ocorrido. Lauren decidiu não insistir no contrário e então finalmente saímos do escritório.

***

Fiquei calada por praticamente todo o caminho até a tal boate, só falava quando ela me perguntava algo, o que basicamente era se eu estava bem e se queria voltar pro apartamento ao invés de irmos pra festa de aniversário da amiga dela.

Por mais que eu quisesse chegar em casa logo pra tomar um banho e me enfiar debaixo do edredom e simplesmente apagar parte dessa noite da minha mente eu não queria ser a chata que acaba com a empolgação das pessoas, e Lauren estava mais que animada pra encontrar a amiga então eu disse que queria ir, embora estando me sentindo um pouco mais incomodada a cada minuto. Isso porque não consigo tirar da cabeça a cena daquela mulher sussurrando algo no ouvido da Lauren, e o sorriso que elas se deram depois não me pareceu ter sido nada muito comum.

Será que isso é paranóia? Tem que ser... Talvez Lauren tenha razão quando disse que eu ando muito ciumenta esses dias, mas nem eu mesma sei o motivo.

Na entrada da boate ela deu seu nome à um dos seguranças que logo nos deixou entrar, o lugar estava relativamente cheio pra uma festa privada mas aí eu me lembrei que essa quantidade de pessoas deve ser mais que normal quando a dona da festa é alguém sociável, coisa que eu não sou, ou não era até conhecer a Lauren.

Subimos uma escada para uma espécie de camarote aberto e logo uma loira veio toda sorridente em nossa direção colidindo seu corpo contra o de Lauren que soltou minha mão para corresponder o gesto.

Enquanto isso outra mulher, uma morena alta muito bonita veio me cumprimentar também.

Nos apresentamos e ela me disse se chamar Kendall, a primeira impressão eu à achei legal, tão simpática quanto a esposa Cara, elas são casadas a quase quatro anos e já são mães de uma menina de dois aninhos.

Ficamos conversando por um bom tempo até que Cara nos chamou para dançar.

Notei que por mais razoável que seja Lauren já estava um tanto alterada por conta da quantidade de álcool que ingeriu durante a conversa descontraída, eu não sou muito de ingerir álcool mas Kendall me fez experimentar um drink feito com morango e eu simplesmente amei, sem contar que não era muito forte então... não vi problemas.

Descemos pro primeiro piso e seguimos até a pista de dança. Confesso que ainda me sinto um tanto envergonhada em momentos assim, Lauren sabe bem disso porque eu contei na primeira vez em que ela me levou em uma boate e só conseguiu me deixar confortável porque fez exatamente o que está fazendo agora, me segurando por trás com seu corpo colado no meu enquanto vai se movendo conforme a batida da música que no momento era "Sick boy" do The chainsmokers.

Depois de longos minutos eu disse à ela que iria ao banheiro e ela concordou dizendo que iria pegar alguma bebida e então eu lhe dei um selinho antes de nos separar-mos.

Quando eu voltei pra pista fui olhando pelos lugares procurando por Lauren e então senti meu corpo colidir contra o de um homem, com a força cambaleei um pouco pra trás e iria cair se ele não me segurasse.

- Cuidado aí, moça. _ Ele falou alto por conta do volume do som, havia um enorme sorriso em seus lábios enquanto me apertava contra ele. Senti meu coração acelerar e tentei me esquivar. - Tá perdida?

- Não! _ Respondi me separando dele. - Me desculpe por isso. Eu não te vi. _ Completei com um sorriso constrangido e ele sorriu ainda mais negando com a cabeça.

- Tudo bem! Vamos sair daqui? Acho que estamos atrapalhando as pessoas. _ Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ele me puxou pela mão até um canto menos tumultuado e mais iluminado. - Deixa eu me apresentar devidamente. Zac Efron. E você é? _ Ele sorriu me estendendo a mão e eu retribuo o gesto, ao mesmo tempo em que aperto sua mão.

- Camila. _ Respondo e em seguida ele assente. Olho para os lados mais uma vez procurando por Lauren mas não à encontro. - Olha, eu tenho que ir. Preciso encontrar minha namorada.

- Oh, Claro! Desculpe, eu não sabia. Pensei que estivesse sozinha! _ Falou e eu neguei com a cabeça. - Bom, talvez eu conheça e tenha visto por aqui. Qual o nome dela?

- Lauren. _ Respondi mais próxima dele que me olhou como se tentasse se lembrar mas que apenas essa informação não o ajudasse muito. - Lauren Jauregui. _ Eu completei e ele sorriu empolgado.

- Claro! Eu à conheci hoje. Mas enfim, não nos falamos à muito tempo acho que ela ainda está.... _ Olhou por um tempo pra um ponto atrás de mim e depois sorriu apontando pro mesmo. - Ali. _ Eu me virei pra direção que ele apontava e travei no mesmo instante que à encontrei. - Bem... Talvez eu esteja errado. _ Ele falou perto do meu ouvido e eu ao menos consegui me mover.

Ele não estava errado. Era mesmo Lauren ali diante dos meus olhos, sentada em um dos bancos altos do balcão onde os drinks estavam sendo preparados e tinha uma morena de pé entre as pernas dela, à abraçando pelo pescoço e falando algo bem perto de seu ouvido causando risadas em ambas.

Eu estava em uma distância razoável pra conseguir ver a mão direita da minha namorada apertar a cintura da garota e isso me causou um sentimento que jamais pensaria ter dentro de mim.

Ódio.

O que ela estava fazendo? Eu devo ser mesmo muito insignificante pra ela estar praticamente se esfregando com outra sabendo que eu estou no mesmo lugar e poderia ver.

Lauren olhou pro lado e no momento em que me viu, seus olhos ficaram assustados e então ela se levantou de uma só vez fazendo a garota dar um passo para trás à encarando confusa.

Eu neguei com a cabeça e à olhei com toda mágoa que havia dentro de mim naquele instante antes de sair em disparada em direção a saída da boate.

Se faltava alguma coisa pra minha noite ser fechada com chave de ouro, então já não falta mais.

(...)



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