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História Paixão Perigosa Uma adaptação Vhope - Eu não quero ser como você


Escrita por: YellowBTS e Leda_

Notas do Autor


Capítulo dedicado à @Kim_Moony 💜

Capítulo 13 - Eu não quero ser como você


O advogado não telefonou no domingo. Não mandou um torpedo, um e-mail, e não escreveu mais no blog. O assistente também não. Isso não queria dizer que Taehyung não pensasse nele o tempo todo, se não se controlasse. E ele trabalhara no seu site até muito, muito tarde.

Muito cedo, na manhã de segunda-feira, Seokjin chamou por ele.

- Taetae, tem alguém na porta, querendo vê-lo.

Às 7h da manhã? Não acreditando na expressão maldosa de Seokjin, Taehyung foi atender. E então, ele entendeu. Era Hoseok, parecendo dinamite com uma roupa casual, uma combinação de relaxado e confiante.

- O que está fazendo aqui? - Ele conseguiu perguntar.

- Pensei em acompanhá-lo até o trabalho.

Taehyung olhou para a mountain bike ao lado dele, ainda admirado.

- Mas o seu trabalho fica mais perto daqui do que o meu.

- Eu preciso de mais exercício que você. - Ele deu uma piscadela.

- Você está falando sério?

- Totalmente.

Taehyung franziu os olhos. Ele estava ali, mas não pelos motivos certos. Ele percebeu que Seokjin fingia procurar algo na sala para poder observar Hoseok um pouco mais.

- Eu vou pegar a minha mochila.

O moreno entrou em casa e encostou a porta.

- Ah, Taehyung - Seokjin cruzara os braços e batia o pé no chão, dando um sorriso maior do que a Austrália. - Taehyung, Taehyung...

- Não importa o que você ouça nos próximos dez minutos, não saia, certo? - disse Taehyung. Seokjin arregalou os olhos.

- Certo.

Taehyung correu para se aprontar. Calçou os patins, passou pela porta patinando e fechou-a. Enquanto ajustava o capacete, ele percebeu que os olhos de Hoseok brilhavam. Ele virara a bicicleta para o outro lado e já estava pronto para sair.

Taehyung se colocou ao lado dele e... acionou a sua surpresa. Um som horripilante e estridente quase deixou Hoseok surdo.

- O que é isso? - gritou ele, olhando em volta. Taehyung mostrou o pequeno retângulo preto, preso em sua cintura.

- É um alarme eletrônico - gritou ele. - Basta eu puxar esse fio, e ele faz esse barulho insuportável. Portanto, eu não preciso de um guarda-costas para me levar ao trabalho, Sr. Jung Hoseok. Posso me cuidar sozinho.

- Não é por isso que eu estou aqui - gritou ele.

O assistente desligou o alarme e o encarou, não acreditando.

- Tudo bem, em parte, é por isso que eu estou aqui.

- Você não precisava vir por causa disso. - Ele franziu as sobrancelhas.

O de cabelos escarlates ficou calado por algum tempo, antes de enfrentá-lo.

- Por que você insiste em classificar os homens? Por que separar o protetor do predador? Eu não posso ser as duas coisas? Tenho certeza de que você pode cuidar de si mesmo, Taehyung. Mas, mesmo que você fosse faixa preta em caratê e carregasse uma bazuca, eu ainda ficaria preocupado. Eu me sinto melhor estando com você no parque, de manhã, está bem? O que há de errado com isso? Olhe, eu não vou impedi-lo de fazer alguma coisa... Duvido que conseguisse. Mas, porque não podemos nos divertir fazendo alguma coisa juntos? Por que você precisa provar algo a si mesmo, o tempo todo? - Ele parou para praguejar. - Sinceramente, o principal motivo para eu estar aqui é que eu quero passar mais tempo com você. Isso é um crime?

- Não. - Taehyung impulsionou os patins para que ele não visse o seu enorme sorriso e como ele estava cheio de si. - Tudo bem.

Mas o moreno não conseguiu resistir, olhou para trás e o pegou dando um lindo sorriso.

A manhã estava luminosa. Ele sempre adorara patinar. Sentia-se livre e veloz. Mas patinar ao lado de Hoseok era ainda melhor. Ele tinha razão: estarem juntos deixava tudo mais divertido. E Hoseok não estava ali para impedi-lo ou por pensar que ele não podia fazer isso sozinho. Estava ali pelo prazer de estar com ele. Taehyung sentiu a adrenalina e a excitação se espalharem por suas veias, acelerando o seu coração e levando a sua felicidade às alturas. Hoseok estava certo. Estarem juntos, lado a lado, era fantástico.

Hoseok pedalou mais depressa, impressionado com a velocidade de Taehyung. E com como ele estava atraente. Usava uma bermuda que mostrava parte de suas coxas, uma camisa branca fina, capacete e protetores nos pulsos. Aquelas roupas não deveriam deixá-lo aceso, mas ele estava.

O advogado ficara longe no dia anterior e odiara cada segundo. Agora estava cedendo à permanente ânsia de estar perto dele. Só que, com ele ali perto, essa ânsia era paralisante. Hoseok o desejava mais do que qualquer outra coisa e o queria naquele instante. E queria mais de si mesmo... Queria ser mais, mas não sabia como, e odiava isso. Onde estava a sua despreocupação, a sua inconstância?

- Eu vou ter um ataque do coração - balbuciou ele, quando chegaram ao lugar onde o outro trabalhava, encostando a bicicleta na parede. - Você toma banho aqui?

- Tomo - disse Taehyung, tirando o capacete.

- Estranhos também podem tomar? - Os seus hormônios estavam no auge.

- Não. - Taehyung pareceu frustrado, mas uma expressão diabólica passou pelo seu rosto, e ele se aproximou. - Você trouxe proteção?

Hoseok pensou um pouco e desanimou. Como não pensara em trazer preservativos? Mas, apesar de ser o que ele mais queria, não fora procurá-lo com essa intenção. Ao vê-lo tão desanimado, Taehyung estranhamente parecia ter se entusiasmado.

- Tem um banheiro no saguão - disse ele.

E daí? De que adiantava, se não podiam fazer o que ele tanto queria? Mas ele foi atrás do homem que trabalhava ali.

Era tão cedo que só havia um guarda na porta da recepção, e ele não pestanejou ao ver Hoseok entrando no edifício junto com Taehyung. Ele foi direto para o banheiro. Assim que entraram, Taehyung empurrou Hoseok contra a porta e a trancou.

- Você não pode andar de bicicleta nesse estado - disse ele, abrindo rapidamente o zíper da calça do acompanhante.

- Não se preocupe, está tudo bem. - Mas o seu corpo o desmentia. - Você não precisa...

Ah...

O coração de Hoseok parou quando o assistente se abaixou e foi direto ao ponto. A não ser aquela parte do seu corpo, tudo mais desapareceu. Ele estremeceu ao sentir o calor da boca de Taehyung ao redor de seu pau acariciando-o delicadamente. Depois, não tão delicadamente, e ele passou a também usar as mãos. A língua quente e macia passeando por todo o seu falo. A boca dele era muito gostosa. Hoseok sentia o corpo latejar. Segurou-o pelo cabelo, bateu com a cabeça violentamente na porta, ficou com a visão nublada e se deixou levar pelas sensações. Moveu o corpo suavemente, fodendo a boca gostosa do assistente.  Deveria saber que Taehyung seria tão entusiástico e apaixonado fazendo aquilo quanto era em relação a tudo. Taehyung dava tudo o que tinha em cada coisa que fazia, e o seu esforço e a sua habilidade superavam qualquer outra coisa. Ele era um dínamo¹. Só de estar perto dele, Hoseok despertava para a vida. E nunca se sentira tão vivo e mais concentrado em outra pessoa do que agora. 

Taehyung segurou um pouco mais forte a base. Sugou com força a glande, o gosto salgado do pré-gozo não era dos melhores na ponta de sua língua, mas mesmo assim era incrivelmente satisfatório ter o pau de Hoseok dentro de sua boca. Era maravilhosa a sensação de ter seus cabelos puxados por Jung Hoseok tentando se controlar. O assistente também estava muito excitado.

Passou a língua mais uma vez desde a base até o topo, dando um beijo suave e carinhoso na cabecinha, aquilo fez Hoseok tremer. O membro de Taehyung latejou. Estava sufocado dentro da bermuda.

Taehyung colocou o pênis do advogado mais uma vez de volta e continuou a chupá-lo prazerosamente, ele queria que Hoseok perdesse o controle e fodesse a boca dele forte e rápido. Por isso gemeu. O que não demorou muito. Hoseok começou a mover-se rápido assim que sentiu a vibração daquele gemido reverberar por seu membro.

Taehyung olhou pra cima, encarou os olhos de Hoseok, cheio de desejo e auto controle. Hoseok mordeu os lábios e gemeu. Ah, aquela visão. Taehyung gozou sem ao menos ser tocado, fechou os olhos e gemeu mais uma vez.

- Taehyung! - exclamou Hoseok, desesperado. - Taehyung, por favor...

Mas ele o ignorou, e já era tarde. Hoseok gemeu, enquanto o prazer se espalhava por suas veias. Então gozou forte. Sem perceber que havia feito isso na boca do assistente. Taehyung quis torturá-lo mais um pouco, sugando apenas a glande super sensível, e Hoseok quase desmoronou ali mesmo. Gemeu sofrido.

— Taehyung, p-por favor... Está muito sensível... Meu amor...

Taehyung riu . E aquilo deixou Hoseok louco.

Levantou-o e esmagou-o contra o corpo. Só depois que se acalmou, ele percebeu que Taehyung deveria estar com dificuldade para respirar, e relaxou um pouco os braços. Queria abraçá-lo e absorver um pouco do seu gosto pela vida.

Hoseok sentia o coração bater dentro do peito como se tivesse ficado muito grande para ser contido. Falar se tornara impossível. Não era apenas por causa do sexo. E isso era algo que o deixava perplexo, que o apavorava.

Depois de algum tempo, Taehyung se afastou e empurrou o cabelo que caía sobre os olhos. O advogado olhou para o assistente e mal conseguiu fechar as calças.

- Eu preciso me arrumar - disse o moreno, dando uma olhada sugestiva para a porta, onde ele ainda estava encostado.

- Eu quero vê-lo mais tarde - falou Hoseok em voz trêmula.

- Jinnie vai passar a noite na casa de Namjoon - concluiu Taehyung.

- Ótimo.

Dez minutos mais tarde, depois de tomar um banho, Taehyung foi para a sua mesa e ligou para Seokjin, pedindo que ele ficasse na casa de Namjoon até receber um sinal de que poderia voltar.

Na quinta-feira, ele ainda não dera nenhum sinal para Seokjin. Hoseok o levava para casa todas as noites e o agarrava assim que fechavam a porta. Uma vez, tinham conseguido chegar até o quarto. Outra vez, tinham se atirado no sofá. Depois, o advogado o imprensara contra a porta. E, em seguida, eles comiam alguma coisa e viam um filme. 

Tinham concordado em assistir filmes de ação. Raramente viam o filme todo, sem fazer uma interrupção para voltarem a fazer sexo. Entre os filmes, a comida e o sexo louco e desenfreado, eles trabalhavam. Hoseok, no laptop. Taehyung, no computador. Até que ele o chamava para dormir.

- Você trabalha demais. - Hoseok parou atrás da cadeira de Taehyung e o abraçou, impedindo que ele continuasse a digitar. - Assim, você não vai aguentar. - Ele deveria ter sentido que o outro enrijecera o corpo, porque riu e logo se corrigiu. - Tudo bem, eu sei que você aguenta, mas isso não é saudável para ninguém. A maioria das pessoas não tem dois trabalhos em tempo integral.

- Eu sei - concordou o moreno apenas porque sabia que Hoseok o achava capaz. - Mas eu quero.

- Será que é necessário? Você não pode se livrar da Winter Bear e ficar apenas com o fórum?

- Não sei como. E eu quero trabalhar na Winter Bear. Quero mostrar a eles que sou um sucesso.

- Tigresinho, você faria sucesso em qualquer coisa... E quem o conhece sabe disso.

Ah, aquela atitude de apoio merecia ser premiada. Taehyung girou a cadeira e deu um sorriso malicioso.

- Vamos para a cama.

Mas os dias se passavam e o Kim se recusava a ver além dos momentos que tinha com Hoseok. Os dias de trabalho voavam porque ele mergulhava nas tarefas para não pensar. E, quando não estava trabalhando, estava com ele. Sabia que não precisava ter medo de que ele tivesse outra, como acontecera com Jae — Hoseok não teria tempo. — E sabia que ele era leal — percebera isso ao vê-lo interagindo com a família.— Portanto, Tae não conversava com Hoseok a respeito do que estavam fazendo. Não queria ouvir uma resposta evasiva. Não queria vê-lo evitar uma conversa pessoal. Taehyung sabia que estava com um problema. Para ele, tudo era físico e se limitava ao sexo incrível. Mas, por mais que fizessem sexo, ele sentia uma insatisfação que só aumentava. E o problema de "gostar" dele também estava piorando e chegando perigosamente perto de se tornar aquela palavra com "A".

Como consequência, a ansiedade de Taehyung atingira o limite e o vazio em seu peito se aprofundara. Pior: a sua sensação de êxtase já não durava tanto, e o assistente voltava a procurá-lo. Queria mais, muito mais.

Na sexta-feira, os nervos de Taehyung estavam em frangalhos por causa do cansaço, e a incerteza emocional minava o pouco controle que lhe restara. Ele bebeu duas xícaras de achocolatado para conseguir trabalhar, mas estava louco para que o sábado chegasse.

E, então, ele foi chamado para uma reunião com seu chefe e o chefe dele. Assim que reparou que seu chefe evitava olhar para ele, Taehyung congelou. Algo estava errado.

- Nós fizemos uma inspeção nos registros das últimas duas semanas - disse o chefe do seu chefe. - Os registros do computador.

Taehyung sentiu um gosto amargo na boca e engoliu em seco.

- Sabemos que você andou acessando sites não relacionados com o trabalho, Taehyung. Redes sociais e fóruns.

- Foram apenas algumas vezes, e muito rapidamente. - Só quando Hoseok telefonara e o Taehyung tentara se livrar dos encontros. Só quando precisara ver se ele respondera. Muitos "só"... - Eu estou sendo advertido? - perguntou ele, esperando pelo melhor, com o rosto tão quente que daria para fritar um ovo.

- Taehyung, esses fóruns tinham um conteúdo de natureza explícita.

Eles tinham lido. Não admirava que seu chefe não o encarasse. Todos aqueles comentários terríveis que os amigos de Hoseok tinham feito. Taehyung sabia o que isso queria dizer: conduta extremamente imprópria. Demissão imediata.

- Vocês estão me despedindo? - A voz dele soou fraca, como se ele não acreditasse.

Mas, no fundo, ele acreditava. Sabia que era isso, mas não podia deixar que acontecesse. Não podia perder sua reputação, tudo que trabalhara tanto para conquistar. O emprego na grande empresa, na cidade grande. Tudo que sua família achava que ele não seria capaz de conseguir.

- Sinto muito, Taehyung. Você sabe que não temos escolha.

Ele sabia. Fora ele quem redigira a maldita norma.

- Como pôde ser tão descuidado, Taehyung - perguntou seu chefe, assim que eles saíram da sala.

- Você sabe que a tolerância é zero, principalmente com coisas dessa natureza...

- Eu sei. - Ele secou o suor das mãos na calça. - A culpa é toda minha.

Mas não era. A culpa era dele. De Hoseok e sua guerra na web, de seus amigos grosseiros.

Uma hora mais tarde, ele deixou o edifício carregando uma caixa com seus pertences e pegou um táxi. Durara menos de seis meses. Se não arrumasse outro emprego, não teria dinheiro para pagar o aluguel. Seokjin logo iria se mudar. Ele e Namjoon estavam seriamente apaixonados e felizes.

E o que ele estava fazendo? Transando com um idiota que não se importava com nada além de se divertir. Os dois não estavam juntos, não havia nada sério, e ele certamente não estava feliz. Sua carreira terminara e, portanto, também o seu caso.

Taehyung mandou uma mensagem para Hoseok.

Você

Não precisa me encontrar no trabalho. Saí mais cedo.

Segundos depois, o celular tocava.

- Você está bem? Por que saiu mais cedo? - perguntou Hoseok, assim que ele atendeu.

- A decisão não foi minha - rosnou ele. - Acabo de ser despedido.

- O quê?

- Conduta imprópria. Por acessar material inapropriado na internet. O seu blog.

- Onde você está?

- Em casa. E não quero ver você.

Mas ele já desligara.

Vinte minutos depois, Hoseok batia à porta e pedia para que ele o deixasse entrar. Taehyung abriu a porta, ele passou e deu uma olhada para a caixa que ele trouxera.

- Tigresinho... - disse ele carinhosamente, tentando confortá-lo.

Na verdade, ele precisava de conforto. A sua raiva diminuíra assim que o tinha visto. Ele queria um abraço, que o outro dissesse que tudo ficaria bem. Que Hoseok se importasse. Mas tinha medo de que ele não fosse assim.

- Eu não quero ver você agora. - Ele estava exaltado, tremendo, mortificado por querer o apoio de Hoseok, sabendo que não iria ter.

- Você está me culpando?

- A quem mais eu iria culpar? - Ah, eu não sei. Para surpresa de Taehyung, ele estava sorrindo.

- Que tal a si mesmo?

Os olhos dele se encheram de lágrimas, e ele se virou para escondê-las.

- Tae...

Ele segurou-o pelos ombros, mas Taehyung se afastou.

- Eu odeio você.

- Você não me odeia. - Taehyung podia perceber que ele ainda estava sorrindo. - Você odeia o quanto me deseja.

O ex assistente engasgou. E daí? Era só o seu desejo por ele que valia? Era exatamente o que Taehyung temia.

- Você é o macho mais arrogante que eu já conheci. - Ainda que o advogado tivesse razão.

- Taehyung... - Ele se aproximou, com um olhar ardente que daria para derreter a Antártida. O moreno ficou firme.

- Você acha que fazer sexo vai melhorar as coisas? Você acha que isso conserta tudo? Uma transa rápida, e você vai embora? Esse é o seu comportamento, não é? - Era assim que ele via tudo e tentava consertar as coisas.

Sim, Taehyung o queria, mas não queria apenas sexo. A incerteza e o estresse da semana tinham se misturado e faziam com que tudo que ele visualizasse se desmanchasse como gelatina.

- Não. - Hoseok suspirou. - Eu só não acho que isso seja o desastre que você imagina.

- Não o desastre que...? - O queixo dele caiu. - É uma catástrofe. Você arruinou totalmente a minha vida. Espero que esteja satisfeito.

- Seja honesto, Taehyung - disse Hoseok secamente. - Você não gostava daquele trabalho. Estava lá para provar que podia arrumar emprego em uma grande empresa... Porque foi tolo o bastante para achar que ninguém acreditava que você fosse capaz. — Ele parecia ter ficado muito sério. — O fato é que o seu coração não estava lá. Você se ressentia, mas dava o seu melhor porque não é capaz de dar menos, e havia várias coisas que preferiria estar fazendo e que não faz porque é covarde. Você tem medo de fracassar. Foi por isso que nunca se expôs no HomensEmAlerta. Você é covarde.

Taehyung não acreditava que ele não percebesse o quanto era destrutivo. Hoseok não admitia a própria responsabilidade naquela confusão e o quanto o moreno era sério. Taehyung queria que ele sentisse o que ele sentia. Queria que lamentasse e mostrasse que se interessava por ele, não apenas sexualmente. Mas Hoseok não fazia isso. Taehyung precisava que ele o protegesse de si meso, por ser tão ingênuo quanto as pessoas achavam, por esperar algo mais do relacionamento dos dois.

— É você quem me chama de covarde? Você... O cara que nunca se arrisca? Você só navega em águas tranquilas. Evita conflitos, mantendo seus relacionamentos estritamente sexuais, sem nunca ir mais fundo. — Taehyung respirou profundamente e foi em frente. — Você não namora ninguém por tempo suficiente para conhecê-la. Não investe em nada. Não confia em ninguém e não fala com ninguém. E pula fora para encontrar outro, achando que foi fácil para o último namorado. Eu me importo com o número de acessos do meu site, mas isso não é nada quando comparado ao que você pede dos seus seguidores na vida real. Você manda flores de despedida, e aquelas pessoas continuam meio apaixonadas por você e se perguntando o que há de errado com elas.

— Não há nada de errado com elas - exclamou Hoseok. — Mas eu lhe disse que não gosto de cenas e de complicações.

— Nem de compromissos — disse ele. — Então, você foge antes que ele surja e se esconde atrás do charme. Você não quer se envolver. Você é tão insensível quanto sua mãe.

— Eu não sou — bradou Hoseok. — Eu não engano...

— Mas você magoa as pessoas - interrompeu o moreno, exaltado. — Magoou. — E estava magoando agora.

— Você acha que eu não sei disso? — Ele elevou a voz ainda mais. — Você acha que eu não percebi algumas coisas durante a última semana? Por favor, me dê algum crédito, Taehyung.

— Por quê? Quando você nem admite que eu esteja em uma confusão e que, em parte, você é responsável por ela? Quando o que você me oferece é uma transa rápida, como se fosse um band-aid que cura tudo? Sim, eu cometi um erro, mas você também cometeu. E continua cometendo.

O advogado ergueu as mãos, na defensiva.

— O que você quer de mim? Eu estou aqui, não estou? Estive aqui a semana inteira. Isso não diz nada?

— Por que você ficou aqui, Hoseok? — balbuciou ele, engolindo as lágrimas. — Para quê?

— O que você esteve ganhando? - debochou o outro. —Você não se cansou do que eu estava lhe oferecendo.

— Eu fui estúpido o bastante para fazer o que você queria. Para mandar a cautela para o inferno...

— Você é maníaco por cautela — disse ele mais alto que Taehyung. — É muito fácil você acreditar no pior a meu respeito, não é? Porque você é extremamente desconfiado, mas a pessoa em quem você menos confia é em você mesmo.

— Ah, é? E você? Em quem você confia? Você diz que os homens não gostam de fazer confidências, uma desculpa ridícula, e o pouco que revela não é suficiente. E daí, se a sua mãe é uma canalha? Por que não aceitar isso e superar? É você quem precisa desabafar.

— Do mesmo jeito que você? Como se você já tivesse superado o cara que se aproveitou de você... Sim, Taehyung, você é tão saudável e equilibrado, que resolveu que nunca vai precisar de ninguém. Você nem admite pedir a alguém que ligue um disjuntor para você.

Ao ouvi-lo dizer isso, Taehyung despejou o que tinha de pior a lhe dizer.

— Pelo menos, eu me importo com as coisas e as pessoas que fazem parte da minha vida. Eu não quero ser como você. Eu não quero andar por aí sem sentir nada além de uma satisfação vazia, de vez em quando. — Ele perdera tudo por causa de algo que, para ele, era nada.

Hoseok ficou imóvel, olhando para ele com olhos que tinham passado de castanhos a negros.

— Então, o que nós temos é uma satisfação vazia?

— No máximo — retrucou o outro, sofrendo pelo exagero e por ter negado seus mais profundos sentimentos. — Tudo que eu quero é que você saia da minha vida e fique longe dela.


Notas Finais


✎ | dínamo¹ : Em máquinas elétricas, dínamo é um aparelho que gera corrente contínua, convertendo energia mecânica em elétrica, através de indução eletromagnética. 


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