Uma coisa importante sobre minha vida é o fato de ter vários amigos, estilo político sabe? Conheço várias pessoas e tal, mas esses 3 caras são os meus melhores amigos e por isso tenho a liberdade de afirmar com todas as letras que amigo é uma desgraça!
Devem estar pensando: Nossa Jungkook, a amizade é algo precioso e importante, são como uma família que você escolhe. Porra nenhuma! Sabe porque digo isso? Simples, sou amigo de Jung Hoseok, Kim Taehyung e Park Jimin.
Vocês vão entender!
Quando chegamos na casa de Taehyung fomos recebidos por sua mãe, uma pessoa carinhosa e gentil que sempre nos tratava muito bem. Subimos depois de recursar vazias vezes seus pedaços de bolo indo direto para o quarto do meu amigo.
Jimin “pé de cana” tirou a garrafa de pinga da mochila todo sorridente e eu já começava a me arrepender de estar aqui. Ele era o responsável por conseguir qualquer tipo de bebida em qualquer lugar, não sei a lábia que ele jogava para os comerciantes e se tinha ou não uma identidade falsa, mas ele sempre conseguia. É impressionante!
— O que vamos fazer primeiro? — Jimin pergunta animado com a ideia de encher a cara numa tarde de folga mesmo com atividades pra fazer.
— Jogar, se bebemos não acertamos nem os botões do controle. — Tae fala indo pegar os jogos, ligando a TV e nos acomodamos no seu tapete felpudo.
Seu quarto combinava consigo, cores alegres e vibrantes com vários objetos de decoração estranhos, coleção de gibis (esses que estavam em menor quantidade graças a mim) e uma bela TV de 50 polegadas. Nada fora do normal no padrão Taehyung de ser.
Ficamos jogando e brigando por duas horas até finalmente Jimin ganhar por pouco de mim. Como era tradição entre nós, ele escolheria o próximo jogo e o que fazíamos agora. Não sei que erva estragada ele ‘tá consumindo ou o que passa na sua cabeça para propor o pior jogo que se pode jogar bêbado.
Quem pensou em Verdade ou Desafio? Venha pegar seu prêmio! Você é um vidente poderoso!
Esse jogo não seria problema se não fosse com eles, as pessoas que mais me conhecem na terra! éramos amigos desde o fundamental naquela escola, eles eram meus irmãos e isso os dava poderes quase sobrenaturais para saber como me desafiar. Lembre-se, amigo é uma desgraça!!!!
Tudo começou leve, o efeito da bebida ainda não tinha subido e fazíamos perguntas bobas que sabíamos a resposta tipo, seu primeiro beijo, se é virgem, se já tinha roubado alguma coisa no mercado. Coisas básicas, suave até ai. Mas como o nome Park Jimin não é sinônimo de gentileza e compaixão, começamos quase uma guerra pra saber quem seria o mais filho da puta no jogo.
— Sua vez! — a garrafa vazia de vodca para em Taehyung e Jimin só faltou invocar o satanás com a risada que deu, confesso, senti pena do pobre TaeTae.
— Verdade ou Desafio? — jogou os cabelos para trás ansioso com a resposta do loiro, por sua vez Tae mordeu a unha nervoso. Se ele escolhesse verdade era capaz de pedir o número do cartão de crédito dele e estourar o limite da sua conta mas se pedisse desafio ele estaria fodido.
— Verdade. — diz no fio de voz quase implorando para o melhor amigo pegar leve.
— Qual foi o segredo que me contou depois da festa de natal ano passado? — eu achei que seria melhor mas a reação do loiro deixou claro que foi a pior pergunta.
— Ah Jimin-ssi, você é mal! Não vou responder.
— Aaah você conhece as regras não é? Se recusar falar a verdade tem que cumprir qualquer desafio que te fizer sem chance de recusar. — explicou embolado e o loiro acenou — Te desafio a — colocou o dedo nos lábios fazendo suspense — Pintar metade do cabelo de rosa e deixar por um mês.
— O quê? Você endoideceu?
— Amanhã quero te ver assim — pegou o celular e começou a gravar como todos estávamos fazendo ao desafiar um ao outro — Diga Mr. Lindo.
— Jiminie... Eu vou pintar metade do meu cabelo de rosa e ficar por um mês a partir de amanhã. Tudo por não falar a verdade no jogo idiota. — Diz completamente contrariado e depois bebe a dose (têm duas garrafas!) enquanto Jimin gargalhava salvando mais um vídeo.
— Agora gire a garrafa. — gritei divertido sorrindo abobado. Ele girou e parou em Hoseok.
— Verdade ou desafio?
— Desafio. — Soltamos um coro de "oooh" pela coragem (mesmo suicida) do nosso amigo, Taehyung pensou um pouco e falou como se fosse a coisa mais simples do mundo.
— Te desafio a raspar uma sobrancelha! — o ruivo arregalou os olhos em espanto e eu quase engasgo do tanto rir — ou — sorriu — ficar 1 minuto com a língua no chão.
— Nesse chão imundo?! — a essa medida já estava passando mal caído para trás. Lembra o que disse sobre conhecer? Então, Hobi tinha horror a sujeira e gostava muito da sua aparência. Só quero ver qual ele se importaria mais.
— Tu é um demônio sabia? Conta o tempo — sorrindo pegou o celular pondo no cronômetro e contando o minuto.
Eu só tinha cumprido um desafio, ficar sem camisa e postar a foto, coisa que nunca fazia normalmente. Estava com sorte mas como cantar vitória antes da hora é bem minha cara, depois de duas rodadas Hoseok me tirou e escolhi verdade. Maior erro da vida de uma pessoa é escolher justo a pessoa que mais conhece seus podres e dar poder a ela.
— Qual o nome da pessoa misteriosa que está apaixonado? — seu sorriso fazia seus olhos quase sumirem e a cor sumirem do meu rosto. Jimin e Taehyung exclamaram surpresos por esse seboso ser o único a saber.
— Não acredito! Era segredo Hoseok!
— O nome!
— Quer dizer que pra ele você conta essas coisas né? — Tae e Jimin dizem quase ao mesmo tempo.
— Eu pedi um conselho, muito ruim aliás! Pra quê você quer saber o nome?
— Quero conhece-la! Tenho todo o direito — fez bico manhoso e me controlei para não socar sua cara.
— Não vou dizer o nome.
— Se recusa? — seus olhos brilham em expectativa.
— Exatamente — me arrepiei com sua animação, se levantou fazendo uma dancinha engraçada e falando como um algoz me condenando a morte.
— Então te desafio a se vestir como eu quiser na festa da escola.
— Não...
—Tem que cumprir! Aposta é sagrado. Vamos, fale — pegou o celular — fale porque está cumprindo o desafio, quero por esse vídeo na minha testa. Vamos Jungkook.
— Eu vou me vestir como o Hoseok quiser na festa da escola
— Que é daqui a duas semanas — me instrui.
— Que vai ser daqui a duas semanas, cumprindo o desafio de não querer responder a pergunta de quem é a garota que estou gostando. Satisfeito?
— Não, fala ai. Não vou reclamar sobre a escolha feminina da roupa.
— O que... Não Hoseok! ‘Tá maluco?
— Fala!
— ...Eu não vou reclamar da escolha... — trinquei meu maxilar só de imaginar — roupas femininas para a festa — ele parou de gravar gargalhando como todos ali.
A festa beneficente da escola era uma das mais aguardadas, não pela causa que sinceramente ninguém ligava e sim pela dança e histórias para o dia seguinte. Seria catastrófico meu deus! Não por me vestir de garota no meio de centenas de alunos (imagina se isso seria um problema, não é?), mas pela certeza que tinha no fundo da minha alma que Jung Hoseok não pegaria leve na escolha. Era capaz de ir pra festa fantasiado de prostituta só de espartilho, calcinha e meia calça.
Bebi a porcaria da minha dose e girei a garrafa. Não sei se foi a raiva ou a raiva mas quando parou em Taehyung não pensei duas vezes antes de me vingar.
— Verdade
— Fale a senha de todas as suas redes sociais.
— Tá louco! Claro que não! Imagina o que pode fazer com minhas senhas! — diz o óbvio e sorri decidindo ignorar a ofensa. Afinal não queria que ele dissesse verdade mesmo.
— Então te desafio a beijar Jung Hoseok. — seus olhos saltaram para fora e a sua pele amorenada ficou pálido fazendo meu sorriso aumentar com o grito de Hoseok — e eu disse beijo de no mínimo 30 segundos, beijo não selinho, quero língua. Quando você quiser.
— Eu não vou fazer isso! Não vou beijar ele!
— E desonrar o sagrado jogo? Todos cumprimos os desafios um do outro porque temos esse compromisso, não pode recusar um desafio e não falar a verdade na mesma rodada. — Falei convicto e Jimin concorda rindo tão alto que fiquei com medo da mãe do loiro aparecer então fui meio bandeando trancar a porta.
— Pra que isso? — Tae pergunta assustado.
— Vai que resolvem transar! — digo cínico o fazendo corar, afinal ele era o único virgem entre nós. Apesar de eu ser quase.
Uma vez Hoseok afirmou que nunca, em hipótese alguma, beijaria um cara por achar nojento, isso foi um banho de água fria em mim, saber que meu melhor amigo pensava algo assim. Então essa fala também foi um motivo para continuar guardando segredo da minha paixão secreta e nunca ter lhe dito nada sobre minhas preferências. Portanto, a escolha perfeita para me vingar.
— Vamos logo com isso.
— Isso é sacanagem Jeon! E muita burrice, vai usar o que eu quiser, poderia pegar leve com você meu amigo, mas não está facilitando.
— ‘Tô bêbado. Deixa pra me ameaçar quando tiver sóbrio porque agora? ‘Tô nem ai! Levantem logo! — Eles levantaram de má vontade e sorrimos mais ainda com o constrangimento dos dois — Você começa Tae, afinal é seu desafio.
— Te odeio Jeon Jungkook.
— Eu sei que me ama — gargalhei e ele parecia querer me matar. Jimin veio para o meu lado direito se levantando também.
— Porra por que tá fazendo isso? Somos amigos a vidas e nunca fizemos essas coisas de filme de adolescente. Por que agora inferno? — Protestou novamente e dei de ombros o mandando ir logo com um aceno de mão. Ele bateu o pé no chão fazendo um barulho irritado — Jiminnie? — buscou auxílio que não veio.
Timidamente Tae coloca a mão na bochecha do ruivo chegando perto, primeiro um selar casto e tímido, depois o loiro moveu-se para o lado abrindo a boca deslizando seus lábios para dentro da boca do ruivo. Hobi até então paralisado pegou suavemente no ombro do amigo se aproximando mais. O beijo foi calmo, sutil, bonito de se ver; eu estava admirado, nunca tinha visto tão de perto algo tão... Lindo.
Peguei meu celular discretamente tirando uma foto rápida, mesmo em transe tinha que pensar e eles pareciam entretidos demais para notar meus movimento, Jimin fez sinal para manda-lo também e sorri confirmando. Eles pararam depois de quase 50 segundos, ofegantes e vermelhos, se não os conhecessem diria que tinham gostando.
— Qual sua opinião sobre beijar garotos agora Hobi?
— Maravilhoso — diz olhando para Tae tranquilamente, mas logo se corrige se afastando meio afobado — Quero dizer, não vi muita diferença. Mas prefiro as mulheres, sem ofensa Taehy.
— Claro, nem se compara — diz Taehyung da mesma forma. Se sentou pegando a garrafa e bebendo no gargalo mesmo.
— Se inspirou hein?! — comento e todos nós sentamos — Sua vez Tae.
— Acho melhor pararmos, do jeito que estamos vamos nos desafiar a ficar careca daqui a pouco — sorriu.
— Verdade, já são que horas?
— Tarde, deita aí e dorme, sabem onde ficam as coisas.
— Vou avisar a minha mãe — Hobi fala e parece que todos lembramos que temos mãe. Comemos o jantar maravilhoso da senhora Kim e ficamos por lá mesmo, era normal dormimos na casa um do outro nesses vários anos de amizade e juras de morte.
Acordei tonto, eu era o mais fraco para bebida, então ‘tava com uma puta ressaca. A dorzinha chata no lado esquerdo da cabeça me fez pensar se valia a pena ir à escola.
A cama confortável de Taehyung não amenizava o fato dele ter um péssimo hábito noturno, sua perna direta sobre a minha e os braços me abraçando como se fosse seu ursinho de pelúcia e Jimin do outro lado em uma espécie de contorcionismo me prensando pra cima do loiro com aquela bunda enorme completavam a minha cor do corpo.
Tirei sua cabeça do meu ombro babado por ele e delicadamente seus braços e pernas também, passando por cima do aprendiz de Samara e fiz questão de pegar meu celular, colocar na música mais remixada que tinha e por pra tocar no último volume. O efeito foi instantâneo, Hobi que tirou na sorte para dormi no coxão acordou em um pulo, todos acordaram doidos e assustados logo mudando para furiosos. Gargalhei e corri até o banheiro me trancando lá.
Passei mais tempo lavando meus cabelos grudados de cola branca... É, amigos...
Chegamos na escola atrasados, claro. Os efervescentes e comprimidos já fizeram efeito e só nossas caras abatidas davam indícios da nossa pequena bebedeira. Depois de jantar, acordamos e resolvemos virar a noite bebendo o resto da garrafa e assistindo besteira, Taehyung cumpriu o desafio ficando parecido com um sorvete de baunilha e morango, indo dormi só de madrugada.
Entretanto, eu não consegui dormi depois de ter acordado à noite, estava ansioso para falar com Namjoon sobre ontem. Como cheguei 20 minutos depois do sinal tocar, tive que esperar o segundo sinal para voar para fora da sala e ir à sua.
Ele estava sentado no fundo, concentrado em algo que escrevia no caderno. Tinha uma mesa vaga a sua frente então me sentei sorrateiramente para admirar como ele escrevia realmente rápido, seu hangul era corrido e um garrancho, mas com personalidade. Seus movimento eram calculados e precisos apensar de aparentar descuido à primeira vista. Vi em algum lugar na internet que a letra reflete a personalidade das pessoas e isso era verdade, não só sua letra era dualista mas ele por inteiro. Nunca dava para saber o que ele iria fazer...
Decidir parar de seca-lo e olhar para frente mordendo os lábios, estava tão confiante sobre o que iria dizer, mas bastou alguns segundos na sua presença para tudo evaporar, me desestabilizando totalmente.
— O que houve Jungkook-ssi? — me virei rápido o vendo, levantou os olhos só para me olhar ainda movendo a mão direita — cansou de me observar? — o sangue subiu rápido ao meu rosto me deixando tão vermelho que até os tomates iria sentir inveja do meu tom.
— Não e-eu só. Não ‘tava fazendo isso. Você não estava escrevendo? — ri de nervosismo quase saindo correndo de novo. Fazia tempo que não sentia tanta vergonha.
— Sou multifuncional — fez uma expressão que não soube decifrar, eu culpo os hormônios pelo que pensei. Infelizmente não ajudou nem um pouco no meu estado — Não é seu trabalho ainda, é outro que tenho para amanhã — ignorou meu constrangimento voltou a encarar os folhas.
— Ah — engoli seco fechando os olhos. Meu senhor, eu sou um desastre.
— Senhor Jeon. O que faz aqui? — confesso que nunca fiquei tão feliz de ver o professor gagá de biologia avançada. Ele salvou minha vida me dando um motivo para correr daqui.
— Desculpe senhor, já estou indo. — me levantei rápido.
— Tchau Jungkook-ssi depois me diga o que queria.
Esse garoto só pode estar brincando comigo.Não é possível!!!
Ele me olhou e SORRIU! Porra vocês tem ao menos noção do que é isso? Se sentir um completo retardado só com um sorriso? Um revirar de estômago que dá vontade de vomitar? Um ataque cardíaco prestes a acontecer e mesmo assim sorrir de volta? Se já sentiram isso sabem do que ‘tô falando, mas no meu caso é mais devastador. Por quê? Ele nunca sorriu.
Nesses seis meses e uns quebrados fingindo não o encarar todos os dias nos corredores ele nunca sorriu, sempre sério ou neutro. Nem irritado nem sorridente, apesar de parecer tranquilo a maior parte do tempo isso sempre me incomodou. Agora sei porquê, seu sorriso é o que faltava para me deixar de quatro por ele, literalmente.
Por quê?
Eu cai, não somente de amores, mas no chão mesmo! Meus pés tomaram vida própria no momento de dúvida de ir ou ficar, um foi mas meu corpo não. Ou seja cai com os joelhos e as mãos no piso. Recendo várias perguntas das garotas se estava bem quando me levantei atordoado.
Voltei para minha sala com 10% da minha capacidade cerebral afetada e 80% menos dignidade.
— Eita! O que ouve? Se perdeu no caminho para o banheiro e encontrou o chão? — Hoseok falou quando me sentei ao seu pado como de costume.
— An? — acho de deve ter sido 30%.
— Sua mão está ralada. — revirou os olhos
— Ah isso? — olhei para ela que estava bem avermelhada por ter me apoiado nela pra minha cara não beijar o chão — um acidente aí — ele riu ignorando o professor
— Ah! a Sunmin tá procurando você — soltei uma suspiro.
— Não aguento mais ela...
— Se não sente nada pela garota, por que está com ela a três semanas? Eu já teria terminado.
— E está certo! Vou fazer isso hoje.
Peguei meu celular escondido lhe mandando uma mensagem para encontrá-la assim que o sinal tocasse e fui prestar atenção no que o professor de língua estrangeira falava.
Nem precisei sair da sala para encontrar Sunmin, ela veio me abraçar, mas a parei antes que fizesse isso e sua expressão mudou drasticamente, seu sorriso cativante deu lugar a seus lábios retos e sobrancelhas franzidas.
— Precisamos conversar — fiz um gesto para ela me seguir e andamos até achar um corredor vazio, tarefa fácil considerando que os alunos estavam mais interessados em comer que qualquer outra coisa.
— O que houve Kook?
— Eu vou ser direto com você Sunmin-ah, me desculpe por talvez está sendo repentino para você mas...
— Não me diga que é o que estou pensando? — diz levantando uma sombrancelha. Ela era muito bonita, rosto simétrico e longos cabelos negros com uma curta franja. Nessas três semana ela me tratou muito bem, com carinho...
— Eu sinto muito, eu quero terminar, não dá mais certo entre nós — olhava nos seus olhos e diferente do que acri não tinha tristeza e sim raiva. A entendo por isso.
— Não acredito! — elevou a voz repentinamente enfurecida — bem que minhas amigas me avisaram. Você não presta!
— Olha Sunmin... — foi interrompido por um tapa seu que mesmo podendo desviar, deixei que fizesse.
— Você é um cretino! Canalha! — se virou fazendo seu cabelo longo bater em meu rosto. Suspirei tocando minha bochecha sentindo-a formigar por sua mão pesada. Suspirei, isso não tinha importância.
Passei na sala de Namjoon, mas ele não estava lá. Suspirei outra vez, estava cansado disso, talvez não leve jeito para essas coisas de sentimento pois toda vez que tento fazer ou dizer algo nada sai como o planejado. Passei um bom tempo negando para mim mesmo minha paixão, ignorando todos os "sintomas" e quando admitir tal fato, simplesmente não conseguia dizer um oi decente, não tinha assunto ou ficava nervoso demais para pensar e sempre pagava micos. Agora tinha uma boa desculpa, tinha um assunto que poderia me dar a chance de desenvolver algum tipo de convivência, amizade ou até algo mais, porém estava estragando outra vez.
(...)
O castanho estava na fila, quase na sua vez. O refeitório estava meio vazio e olha que era quinta, eu só tinha hoje até ele me entregar o trabalho e com esse pensamento em mente tomei coragem e fui até ele.
— Ei! Isso é uma fila! — um garoto fala irritado.
— Ah obrigado pela informação, nem tinha percebido. — sorri para o garoto de boné, continuando a andar causando vários outros resmungos. Estava acostumado afinal quase nunca pegava fila.
— Namjoon hyung — ele se virou rapidamente relaxando a expressão ao me reconhecer, prendeu a atenção por um segundo na minha bochecha direita — Não me esperou.
— Achei que não viria — diz baixo
— Estava resolvendo uma coisa, mas hoje vou prestar atenção no que diz — chegou sua vez e consequentemente a minha já que estava atrás de si.
— Jungkook! Vem! — Jimin grita balançando os braços para que fosse lá. Ele estava cumprindo o desafio de ontem, usava uma espécie de gorro dos anões de branca de neve, em cor verde. Me segurei para não rir e receber um murro dele.
— O que foi? — parei na frente da mesa pegando o pulso do castanho que ia continuou andando — espera um pouco? — o olhei e apenas balançou a cabeça — Diz ai.
— Fiquem aqui — Hobi diz sorridente.
— Ah não precisa, tenho que...
— O que houve com a sua cara? — o ruivo me interrompe surpreso — Tem que sentar aqui, venha Namjoon-ah, sente-se conosco.
— Isso, tem dois lugares aqui — Tae aponta para as cadeiras vagas uma do lado da outra do seu lado.
— Diz que sim — insiste Hoseok.
— Tudo bem! — digo meio irritado com a pressão desses idiotas.
Me sento depois dele na ponta o deixando perto de Taehyung que milagrosamente não estava com nenhuma garota assim como o ruivo.
— Seja bem-vindo Namjoon-ssi. Eu sou o Jimin — se apresentou sorrindo já que não estava com um pingo de vontade de estar ali — Hoseok — apontou para o seu lado onde o ruivo sorriu e depois para o outro — o Jackson e sua namorada Hana e o Taehyung que está do seu lado.
— Bem-vindo Namjoon-ah.
— Obrigado — sorriu tímido.
— É hyung também? — Tae pergunta antes de morder seu sanduíche.
— Acho que sim, tenho 18.
— Isso é um tapa Kook-ssi? — Hana pergunta espantada — Mas seus reflexos não são bons?
— Claro que é meu amor — Jack diz sorrindo maroto — Mas ele sempre deixa elas baterem nele. Por que mesmo Kook? — dou de ombro com a comida na boca.
— É algo sobre ser o direito delas — Taehyung respondi por mim.
— Oficialmente solteiro não é Jeon? — Jimin diz risonho, não sei por que, mas comecei a ficar nervoso, talvez seja pelo fato deles terem o poder de destruir minha imagem (que não era lá essas coisas) apenas com algumas palavras — É incrível como sempre recebe um tapa quando termina.
— Deixem isso — murmurei e eles riram.
— Você tem namorada Namjoon-hyung? — Abençoado Hoseok pergunta a dúvida que paira na minha cabeça desde sempre. Olhei para o castanho esperando sua resposta e ele demora um segundo para perceber que era com ele que estavam falando pois quando se deu conta, todos os olhares da mesa estavam sobre si.
— N-não — tive que morder minha língua para não perguntar “namorado” — Todos vocês tem? Tirando o Jungkook-ssi.
— Eu não diria namorada, esses três — Jackson apontou para Hoseok depois para Taehyung que tirou sua atenção da comida para encarar o de cabelos platinados, e por último eu — Fazem maratona para saber quem pega mais.
— Ei! Eu não faço competição! — eu e Tae falamos ao mesmo tempo com a diferença na entonação. Eu estava entre o amedrontado e o raivoso, enquanto Taehyung para o cínico.
— Eu tenho como pode ver e o Jimin, hum... Tá mais para namoro fictício — gargalhou quando recebeu um soco no braço do loiro, alguns tons mais escuro que o cabelo de Taehyung.
— Virtual e estou muito bem, obrigado. — revirou os olhos e nós rimos, ele se estressava com qualquer coisa e isso era engraçado, principalmente falando de sua web-namorada de 8 meses. Namjoon soltou um muxoxo de compreensão e os outros se concentraram em encher o saco do pobre Jiminie.
— Namjoon hyung? — Taehyung chama ao lado e só pelo tom daquela peste já sei que não é coisa boa — Como é novo aqui e parece que vai se tornar nosso amigo — Taehyung e sua percepção das coisas. Que língua que não cabe dentro da boca. — Acho que é bom nos conhecer melhor.
— Isso é verdade TaeTae — Jimin tira toda sua atenção da comida, concordando animado demais com a ideia do outro e acabo rindo porque, sinceramente, Jimin estava hilário.
— Se ele conhecer vocês aposto que vai sair correndo — Jack joga a verdade na mesa.
— Fica na tua oxigenado! — Tae rebate fazendo careta — Continuando. Mesmo que tenha quase certeza que já ouviu falar de nós, acho válido nos conhecer de verdade, é o primeiro inteligente que senta conosco.
— Para de enrolar garoto. — O loiro diz impaciente e até prendi a respiração.
— Eu sou o atacante do time de vôlei da escola caso não saiba, péssimo em qualquer matéria, cativante, o mais bonito e o melhor que existe em criar aposta.
— Apostas? — Namjoon se pronuncia.
— Sim! Foi eu que fiz o Jimin ficar ridículo desse jeito — Riu apontando para o garoto zangado.
— Cala a boca Taehyung!
— Uma vez fiz o Jungkook pedir açúcar na minha vizinha só de cuecas — tae continou e todos riram por se lembrarem bem dessa situação embaraçosa (para dizer o mínimo).
— Vou me lembrar de não fazer apostas com você. — O castanho fala baixinho, mas foi o suficiente para fazer meu amigo gargalhar.
— Eu iria pegar leve com você — não gostei dessa entonação.
— Minha vez Taehyung, já tagarelou demais — Hobi se levanta para ver melhor os presentes na mesa e chamar atenção, lógico, e dou graças aos anjos do céu por isso.
— Eu sou o mais vingativo — olhou para mim ao dizer isso — Mas também o mais amigável. Sabe Namjoon hyung, acho que não tivemos a chance de nos conhecer nesse tempo que nos falamos. Que tal vim com a gente para a festa beneficente da escola?
Eu quase enfartei. Comecei a tossir por me engasgar com minha própria salivar. Só de imaginar Namjoon me vendo vestido com sei lá o que que Hoseok escolheria me dava um troço nada bom.
— Está bem? — Namjoon pergunta depois de bater nas minhas costas, seus olhos preocupados me fitando com intensidade. Apenas acenei positivo mesmo sentindo que engasgaria a qualquer momento dependendo da sua resposta.
— Nossa JK, você está estranho — Jimin continua rindo como todos na mesa, até a discreta Hana ri timidamente.
— Deve ser o nervosismo — o ruivo sorri perversamente e podia jurar que ele incorporou um demônio bem filho do pai! (Raciocinem, isso faz todo sentido) — Como estava dizendo antes do Kookie quase morrer, você vai Nam hyung? — Nam hyung?!
— Hum, não, eu só estou na organização.
— Ah, mas por quê? — Jimin também entra na onda — Vai ser muito divertido! Tem que ir com a gente, se não tiver como, pelo menos tem que ir.
— Bem... Eu trabalho a noite, mas tenho folga aos domingos — tive que ficar surpreso com a informação arregalando os olhos ainda marejados.
— Uau — todos dizemos, para nós, um bando de adolescentes desocupados (tirando Jackson) além da escola que já arrancava o nosso couro, aquilo era impossível, trabalhar, estudar e ainda vender trabalhos nota 10 como ele fazia. Impossível!
—Poderia ir se quisesse — Hobi arrasta uma cadeira sentando de frente.
— Ele não quer, dá pra parar de insistir? — falo irritado, era certo que meus amigos queriam aprontar, só não entendia o porquê, talvez por ter mais uma pessoa para na nossa rodinha de apostadores.
— Você só está dando piti porque vou escolher sua roupa — sorriu convencido — Só não sei porque tanto estresse com a possibilidade do Nam hyung ir.
— E por que o Hobi-hyung vai escolher sua roupa? E o Namjoon-ssi tem o direito de dizer por si, não? —Jackson pergunta confuso.
— Mas chega! Eu tenho que estudar. Podemos ir hyung? — me levanto esperando a resposta do castanho que ficou surpreso com minha ação nada delicada. Como não respondeu peguei no seu pulso outra vez — Vamos? — ele confirma se levantando e lançando um olhar sobre meus amigos que estavam se segurando para não rir.
— Ele ‘tá todo irritadinho! Que medo!! Deve estar naqueles dias — Jimin ironiza e todos soltam as risadas que seguravam.
— Quando tiver uma namora, quero que ela quebre sua cara se falar algo assim. Passar bem, obrigado.
Como eu disse no começo, amigo é uma desgraça! Vou viver sozinho nas montanhas longe de qualquer civilização, só levarei o Joonie comigo.
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