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História Palavras Mágicas - Step three: Zimzalabim


Escrita por: witchenle

Notas do Autor


Happy Halloween!!

Dessa vez meus agradecimentos vão para @artysk, que betou esse capítulo! <3

Capítulo 3 - Step three: Zimzalabim


A semana foi passando aos poucos e Huang ainda não tinha entrado em um consenso com o irmão. Não estavam brigados como de costume mas, era palpável o desconforto entre eles. As coisas com Mark ainda estavam estranhas. Na quarta-feira, um dia após o Huang encontrar-se com o feiticeiro, sentaram juntos no fatídico banco de madeira do pátio. O Lee perguntou como estava pois qualquer um conseguia perceber as olheiras fundas. Ele não tentou se desculpar mas esteve presente pois soube pelo Zhong que as coisas não estavam boas em casa.

 

Renjun e Donghyuck estavam conversando por mensagem até mais do que isso, pois devido a evolução da tecnologia, eles estavam trocando mensagens durante uma aula de física e com muita insistência o Lee lhe passou algumas respostas e explicações.

 

Eles ainda não tinham saído juntos para a compra dos ingredientes mesmo que Renjun estivesse um pouco afobado com a ideia de terminar com esse sentimento ruim o mais breve possível. A verdade era que Huang estava um caco. Mais do que seu coração partido e uma traição da parte do amigo mas sim pelas coisas que estavam acontecendo em casa. O chinês estava dormindo mal e, por isso, estava de mau humor. Não gostava de perturbar ninguém com isso.

 

Além de estarem correndo fofocas pela escola sobre os dois, Huang não era completamente invisível. Ele se destacava pelas boas notas e também por ser o melhor amigo do capitão do time de basquete. Os alunos, querendo ou não, estavam de olho. Levantaram alguns rumores sobre o afastamento dos dois, sobre um suposto relacionamento entre eles e uma traição com o feiticeiro e outras coisas mais. Inúmeras conversas fiadas que acabaram com o resto da sanidade do chinês.

 

O feiticeiro, se mostrando a pessoa mais amável do mundo diante dos acontecimentos, começou a acompanhá-lo nos recreios. E, mesmo sem querer, estavam construindo uma amizade aos poucos. Renjun ainda achava aquele garoto excêntrico. – Mesmo que o próprio não gostasse daquela atribuição – Eles se davam muito bem.

 

Somente no último dia da semana escolar que os dois garotos encontraram o tempo certo para saírem juntos. Donghyuck não estava ocupado com nenhuma de suas atividades secretas e Renjun não estava se sentindo tão para baixo. 

 

Ambos optaram por saírem logo depois da escola. O feiticeiro iria guiá-lo para suas lojas favoritas de bruxaria e afins no centro da cidade. Mesmo que aquele centrinho fosse conhecido de cabo a rabo por qualquer habitante dali, os lugares e ruas que ele citava eram completamente estranhos.

 

Passando toda essa semana juntos, o mais velho foi capaz de perceber alguns pequenos detalhes no outro em que as pessoas não viam. Mais do que exótico ele era absurdamente tagarela. Tinha sempre um assunto na ponta da língua; Às vezes era um pouco bobo, ele sorria a toa, além de exalar a energia mais brilhante que Renjun foi capaz de sentir. 

 

A amizade deles evoluiu tão rápido que parecia que se conheciam a anos. Com apenas três dias na companhia um do outro, já estavam revelando segredos íntimos e assuntos desnecessários. Isso foi essencial para que o garoto confiasse nele o suficiente para ter certeza do que estava se envolvendo.

 

Mesmo tendo passado o recreio lado a lado, Donghyuck estava novamente falando pelos cotovelos. Eles perderam o primeiro ônibus para o centro e o próximo demoraria uma vida para chegar. Assim, preferiram ir a pé. Naquela tarde, fazia frio o suficiente para fazer os garotos se afundarem em casacos grossos. Enquanto andavam pelas ruas movimentadas, Renjun mastigava a ponta da cordinha do moletom escuro.

 

— Eu estava pensando… Você quer fazer isso hoje? Sabe, a poção… — O garoto ponderou. A ponta do nariz estava começando a ficar vermelha — Minha mãe está em casa e… Ela pode fazer biscoitos e chocolate quente para acompanhar nossa seção de magia.

 

— Como é viver numa família mágica? — Indagou rápido, mudando de assunto. O amigo engasgou.

 

— Calma, não precisa responder. — Deu alguns tapinhas nas costas do outro, buscando acalmá-lo — Eu queria te perguntar isso a um tempo.

 

— Tudo bem, não é nada demais. — Subitamente estava quente demais para continuar naquela parca cinza. 

 

O garoto não estava habituado a falar sobre a sua magia. Muito menos mostrá-la. Porém, conseguia enxergar tantas coisas boas através dos olhos castanhos do Huang, que gostaria de lhe mostrar todo o seu mundo. Quando era requisitado por pessoas aleatórias do colégio para resolver os mais diversos problemas com as sua tão famosa palavra mágica, ele costumava fazer isso da forma mais discreta possível. Na maioria delas, sozinho. Dessa vez iria quebrar o protocolo para alguém especial.

 

— Sinceramente, eu vivi uma infância estranha demais. Mas eu não me reclamo. — Sorriu nostálgico — Minha mãe sempre foi a mulher esquisita nas reuniões. Usando casacos grandes de pelo e saltos finos. Além de estranha, ela é cartomante. A melhor do mundo para a sua informação. Agora faz sentido a leitura de mentes, não é? — Riu — Meu pai é… Nem eu sei como descrever. Ele já escreveu alguns livros sobre magia do Séc. XXI, já lecionou em colégios mágicos, já trabalhou desfazendo feitiços… Sinceramente, ele é a definição de pau para toda obra. Minha avó é bruxa, meu tio avô é um gigante… Com isso eu imagino que você pode concluir que minha vida é meio caótica…

 

— Parece divertido — Ele riu um pouco chateado, queria ter vivido uma infância cheia de emoções também. Ou pelo menos ter pais que não brigassem o tempo inteiro — Quando você fala isso eu só imagino os filmes de Harry Potter.

 

— Sendo sincero, não é algo tão diferente. Mas aquele mundo é bem utópico para a nossa realidade. — Enquanto andavam pela calçada tranquilamente eles chutavam uma latinha de refrigerante amassada para tentar ao menos amenizar o clima estranho — Mas se quer saber, ser de uma família mágica tem seu lados ruins, viu? Muitas pessoas querem nos matar, somos constantemente perseguidos, não podemos nos arriscar a fazer determinadas coisas ou ter muitas amizades fora do mundo mágico… Às vezes é chato viver deste lado da cidade. — Bufou.

 

— Você tem amigos mágicos?

 

— Por acaso você está insinuando, quer dizer, está implícito nessa frase uma pergunta se eu conheço alguma criatura mágica, sei lá, tipo o Dobby? — Renjun foi pego e riu alto, chamando atenção de algumas pessoas ao redor — Sinceramente, nunca vi um elfo, eles foram libertos antes que eu nascesse, então… Mas sim, eu conheço algumas pessoas por lá, nada demais, mesmo no mundo mágico as pessoas me consideram estranho. Também conheço alguns bruxos por aqui, não é tão solitário.

 

Eles já haviam conversado sobre aquilo antes. Padrões absurdos que foram normalizados no ambiente escolar. E como os dois estavam a mercê dos comentários rudes e estranhamente frequentes, ele se sentia mal por vê-lo passar por toda aquela situação sozinho. Mas o Lee não parecia se abalar muito. 

 

Por mais algum tempo eles andaram em silêncio, desfrutando a companhia um do outro até finalmente chegarem no centro da cidade. As lojas estavam a todo vapor. Pessoas indo de um lado para o outro em um ritmo acelerado além dos camelôs vendendo as mais variadas coisas. Donghyuck estava empolgado demais; Em um movimento rápido agarrou uma das mãos do amigo e correram como loucos até uma rua menos movimentada. 

 

A rua em si parecia diferente do habitual, ele não se lembrava de ter pisado lá em algum momento. A maioria das lojas estavam fechadas e estranhamente havia muitos carros antigos estacionados. O Lee não deixou nenhuma brecha para que Renjun questionasse. Correram mais um pouco até o fim da rua sem saída, pararam de frente para um prédio alto e antigo. Ele abriu uma porta vermelho-sangue com um letreiro ilegível. Para a sua surpresa, uma outra rua foi revelada do outro lado. Como uma passagem. 

 

Eles passaram pela porta sem serem vistos. Renjun matinha o aperto forte nos dedos gordinhos do amigo. Não era segredo para ninguém que estava um pouco assustado porém, a presença do feiticeiro era extremamente calmante. 

 

— O que você achou? —  Ele estava feliz, exibindo um sorriso brilhante — Achei que você fosse vomitar, não-mágicos costumam sentir algumas coisas quando passam por essas passagens.

 

Aquele momento aconteceu tão rápido que ele ao menos tinha parado para observar o seu entorno. A rua era incrivelmente larga, lojas e mais lojas enfeitadas, artigos voadores, vassouras se movendo sozinhas de um lado para o outro, pessoas flutuando e tudo de mais louco existente. 

 

— Vamos. A nossa primeira parada tem que ser na loja de essências. Eu quero te mostrar uma coisa. — Exatamente como uma criança empolgada, Donghyuck começou a correr pela rua, esquivando-se rapidamente das pessoas e deixando um Huang assustado para trás.

 

Corriam de um lado para o outro em um pacto silencioso, era óbvio que estavam brincando de pique. Demoraram um pouco nessa brincadeira até que subitamente pararam em uma loja. A fachada era vermelha e antiquada. Os produtos em disposição do lado de fora estavam empoeirados porém, Renjun preferiu acreditar que aquilo fazia parte da rusticidade do local.

 

Completamente afobados e com sorrisos estampados no rosto, entraram na loja. Mesmo com a baixa iluminação ele foi capaz de perceber a arquitetura bonita do local. Prateleiras altas e cheias de pequenas gavetas. Dentro tinha um cheiro peculiar. Observando mais alguns pequenos detalhes, haviam chegado até a tal loja de essências. 

 

— Consigo sentir o cheiro de um não-mágico daqui, Lee Donghyuck. — Uma voz feminina soou detrás de uma das grandes prateleiras. 

 

— Até eu consigo sentir. — Um garoto alto e com feições finas surgiu repentinamente do outro lado do balcão — Eu conheço esse… — Soltou uma risada alta — Você é louco. —  Ele se aproximou da dupla com um sorriso tímido.

 

—  Jisung, esse é Huang Renjun. — Observou a expressão de choque do amigo — Renjun, esse é Park Jisung. Tenho certeza absoluta que vocês já se conhecem.

 

Definitivamente. Jisung é o melhor amigo de Chenle. Ele mesmo perdeu a conta de quantas vezes já viu o dito cujo em sua casa. Se conheciam a anos e nunca imaginou que o garoto pertencesse a aquele mundo mágico.

 

— Tudo bem, Renjun? — O Park apoiou o rosto nas mãos enquanto observava o choque do Huang — Desculpa, eu sei que já nos conhecemos a anos, mas não se conta esse tipo de segredo tão facilmente... Não é, Donghyuck? Inclusive, o Chenle não sabe, então… Se puder manter segredo por mim. 

 

— É claro que ele vai. Se ele não ficar de bico calado, o esquadrão do ministério vai comê-lo vivo e de brinde vão fazer ensopadinho de Lee Donghyuck. — A voz feminina foi se aproximando aos poucos, logo uma cabeleira castanha e completamente cacheada estava à vista.

 

— Renjun, conheça Lee Haechan, infelizmente, minha irmã gêmea. — Revirou os olhos enquanto a garota vinha a passos calmos na direção dos dois — Não se envolva com ela, é o próprio veneno. — A garota era um pouco mais baixa que os três rapazes, bem encorpada e com os mesmos olhos dóceis do amigo. Era inegável que eles eram gêmeos. 

 

— O sujo falando do mal lavado… — Jisung murmurou desviando a atenção para alguma coisa embaixo do balcão.

 

Renjun estava estupefato. Seu queixo estava caído desde o momento em que havia passado por aquela passagem. Eram informações demais para tão pouco tempo. Ainda mais lidar com a notícia que um dos garotos que viu crescer, quase um membro da sua própria família, tinha sangue mágico. 

 

— Uma reação que eu já esperava, Renjun está completamente chocado e petrificado, pelo menos não saiu correndo. — Claro que o Huang queria correr desesperadamente dali. Porém, correr para onde? Correr em círculos seria patético demais. — Então, Haechan, preciso de óleo de oliva. — Sorriu cheio de intenções para a irmã — Na sua conta, porque você ama demais seu irmão gêmeo e que está totalmente sem grana. — A garota rugiu, estava com uma careta de puro desgosto enquanto o moreno estava se deleitando com a cena. 

 

— O que você vai fazer com óleo de oliva.... — Ponderou por um instante, colocando as mãos na cintura — Nós quase não usamos esse tipo de óleo nas poções casuais. 

 

— Sabe como é, né? Quero testar umas coisas novas. — Antes que a garota pudesse dizer qualquer coisa, o Lee retirou de sua meia sua varinha, rápidos movimentos de um lado para o outro e um murmúrio indecifrável, lá estava o pequeno vidrinho, levitando em sua direção. — Pegue Renjun, não vai te morder. A não ser que você queira. — Piscou para o garoto que estica a mão confuso — É melhor eu ir, antes que qualquer um de vocês abra o bico e me coloque numa fria.

 

— Só de trazer um não-mágico aqui, você já está numa fria, idiota. — A garota deu as costas, voltando a sumir entre as altas prateleiras ao fundo.

 

— Curta o passeio, Renjun. — Jisung conjurou um pequeno frasco com um líquido azul escuro e rapidamente entregou para o mais velho — Coloca isso no bolso, vai disfarçar esse cheiro de não-mágico. Esse bastardo não pensa nos detalhes. — O Park sorriu, acalmando um pouco o coração inquieto do chinês.

 

Eles deixaram a loja calmamente, o vento estava gelado e provavelmente logo cairia uma geada. Enquanto andavam lado a lado, sem um rumo específico, Donghyuck ria. Enquanto Renjun estava a beira de ataque cardíaco.

 

— Não sei dizer qual das suas expressões foi a melhor. — Precisou parar um instante para pegar ar — Eu deveria ter fotografado. — Eles se deslocaram mais um pouco até uma outra loja ao som da risada descontrolada do moreno. Lá não havia nada de muito surreal, o Lee comprou algumas coisas fora da lista enquanto o Huang respirava fundo sentado no meio-fio. — Está tudo bem?

 

— Acho que sim. — Respirou fundo — Eu tô' surpreso, para falar a verdade. — Sacudiu os ombros com a mochila pesada, ele estava tenso — Não é todo dia que você entra dentro de uma porta e sai numa rua com coisas flutuantes. Vê o melhor amigo do seu irmão neste mundo. E cara, coisas flutuando! Isso é muito surreal. Quer dizer, é muito legal! — Limpou a garganta, finalmente observando as feições calmas do amigo.

 

Donghyuck esticou as pernas na rua e se aproximou um pouco mais do Huang. Analisou com mais calma, os olhos de Renjun estavam brilhantes, apesar do choque de realidade, ele estava se divertindo. Qualquer um poderia sentir a felicidade genuína que ele estava exalando pela primeira vez naquela semana. Ele aproveitou o momento para se aconchegar nele. Mesmo sem convite, enfiou as mãos no bolso do moletom do Huang e deitou sua cabeça nos ombros largos. Ambos relaxaram com o toque de carinho.

 

 — Eu escolhi quebrar as regras para te mostrar esse lugar porque você é um cara legal. Mais do que isso, eu não sou o melhor do mundo com palavras, mas eu queria fazer você ficar feliz, mais do que só fazer uma poção boba, entendeu? — Ele riu nasalado. Renjun pode sentir como o corpo do outro estremeceu contra o seu com o eco da risada dentro de seu peito.

 

— Obrigada, Hyuck. — Dentro do bolso, Renjun cedeu ao carinho singelo que o Lee estava fazendo sem perceber. Abrigou as mãos dentro das suas, em um laço quente e íntimo.

 

Eles tardaram naquela posição sem se importar com o que as pessoas ao redor estavam achando, eles estavam confortáveis e seguros.

 

— Renjun. — Donghyuck se levantou, espreguiçou-se e logo estendeu a mão para que o amigo pudesse levantar também — Me promete que, não importa o que eu faça, você não vai ficar bravo comigo? — Olhou fundo nos olhos do amigo. O mais velho respirou fundo, fechou os olhos e ainda sim sentiu a presença quente do Lee. 

 

— Sim. — Isso foi o suficiente para que o moreno abrisse o mais belo sorriso de todos. Por conseguinte, estavam novamente correndo de um lado para o outro como crianças inocentes.

 

[...]

 

Era próximo das sete quando as lojas começaram a fechar, a rua estava ficando vazia e os dois estavam cansados. Donghyuck teve o prazer de mostrar ao garoto tudo o que podia. Desde os pequenos detalhes até as grandes construções. Em uma tarde eles compartilharam momentos inesquecíveis e só por algumas horas Renjun pode esquecer de todos os seus problemas.

 

Depois de saírem de uma floricultura gigantesca, precisavam de prímulas frescas. O Lee pediu um minuto para que pudesse ir a um lugar. O Huang se acomodou com algumas sacolas no colo em um banco de madeira próximo; Deixando o coração acelerado descansar por uns instantes. Ele não demorou a voltar e trazia consigo duas canecas cheias de espuma.

 

— Eu não deixar você ir para casa sem provar o clássico dos filmes de Harry Potter. — Entregou a caneca grande para o outro. Sentia a excitação correr por todo o corpo só de imaginar — Cerveja amanteigada. — Acomodou-se ao lado do outro — Fica entre nós dois, mas a versão com álcool é mais gostosa. — Gargalhou tomando um gole.

 

— Acho que sempre foi um sonho provar isso. — Deu uma golada, permitindo-se sujar com a espuma para formar um bigode. Com aquela ação, pôde tirar uma risada audível do feiticeiro. Que logo também sujou-se com a espuma para formar um grande bigode. Logo, os dois estavam rindo juntos. Um da palhaçada do outro.

 

— Amanhã você pode ir até a minha casa, certo? — Ele falou depois de um tempo que as risadas cessaram — Podemos fazer a sua poção e você vai finalmente se sentir aliviado. — Era perceptível a melancolia em sua voz.

 

— Tudo bem, estarei lá. — Sorriu encarando-o profundamente — Mas, espera, eu não sei onde você mora. — Deixou com que os ombros caírem de uma maneira cômica, estavam rindo juntos novamente — Tem certeza que isso não tem álcool? Acho que já estou meio louco.

 

— É tudo psicológico, pequeno aprendiz. — Empurrou-o de leve, fazendo-o perder o equilíbrio e derramar um pouco da cerveja. — Vem, vamos sair daqui e eu te mostro. — Como déjà-vu da cena vista anteriormente, Donghyuck abriu uma porta aleatoriamente e logo estavam em uma rua residencial. Cheio de casas grande e iguais. Dessa vez eles saíram de uma cabine telefônica.

 

— Isso é realmente incrível, mas eu definitivamente me sinto nauseado. — Precisou segurar-se nos ombros do moreno para que não caísse no chão.

 

— Da primeira vez que viajamos você não sentiu nada… Meu deus, será que colocaram álcool na sua cerveja? — Ele riu enquanto suportava o peso do amigo em suas costas. Achou a cena incrivelmente adorável. A cabeça estava pendida para um dos ombros do garoto, seus lábios formando um bico e olhos fechados — Renjun, vamos para casa. 

 

A verdade era que o Lee não queria se mover. Mas era óbvio que o chinês precisava de uma boa noite de sono para encarar o dia seguinte. Mesmo sabendo que Renjun provavelmente vomitaria ao viajarem novamente, Donghyuck entrou na cabine telefônica e dessa vez estavam de frente ao pequeno sobrado onde ele residia, saindo de um ponto de ônibus. 

 

Atravessaram a rua contudo, antes de chegar à residência, o chinês parou subitamente. O Lee já sabia o que estava por vir. Então, lentamente contou os segundos. No primeiro, tirou as sacolas da mão do garoto; No segundo, tirou a caneca e derramou o restante do líquido na grama; No terceiro, Renjun estava de joelhos, colocando as tripas para fora.  

 

— Se vamos mesmo ser amigos, acho bom você se acostumar com essas viagens. — O moreno se agachou para esfregar as costas do outro, qual ria enquanto vomitava mais uma vez — Humph... Fala sério... — Desviou o olhar.

 

Donghyuck olhou de um lado ao outro para ter certeza que estavam sozinhos, retirou a varinha da meia novamente e limpou a bagunça no jardim de algum vizinho. Materializou um paninho de seda e entregou para Renjun que agora sentava-se com os joelhos juntos ao peito.

 

— Às vezes eu concordo quando dizem que somos estranhos. — Ponderou observando o garoto limpar-se — Estamos sentados na grama de uma pessoa desconhecida e alguns segundos atrás você estava vomitando nela. E nem são oito da noite ainda.

 

— Esse vizinho é chato, sempre sonhei em fazer alguma travessura, só para finalmente ter motivos dele me odiar com alguma razão — Levantou-se rapidamente, se arrependendo ainda mais rápido. Pois teve certeza que estava enjoado de novo.

 

— Você mora tão perto como é que eu nunca reparei em você? — Divagou enquanto andavam até a casa de Renjun — Aquele condomínio fica a sei lá… Duas ruas daqui?

 

— Bruxos sabem ser discretos. — Piscou — Pronto, a minha dama está entregue. — Recebeu um chute na canela — Eu fui fofo com você a tarde toda e você me bate como agradecimento? 

 

— Sim! — Então beijou-o na bochecha, deixando escapar um barulho molhado e um sorriso sapeca. Sem esperar uma outra reação, abriu a porta de entrada e entrou. Não disse ao menos um tchau ou agradeceu pelo passeio. Esperava minimamente que aquele beijinho de criança falasse mais alto do que suas palavras.

 

Agradeceu por não bater de frente com nenhum outro morador. Suas bochechas estavam tão vermelhas quanto um tomate. Correu escada acima em silêncio, na esperança de conseguir chegar até o próprio quarto sem ser notado. Para que pudesse curtir mais um pouco aquele sentimento bobo de início de paixão.

 

Não sabia dizer se era o quarto ou se o próprio corpo que estava quente. Porém, tirou o moletom grosso e desfez-se da gravata. A mochila foi jogada em um canto do quarto junto com as peças de roupa. Notou que como um passe de mágica, alguma das sacolas que haviam comprado juntos estavam pousadas no topo da cama bagunçada. Soltou uma risada abafada lembrando-se dos momentos loucos que passou em apenas um dia. 

 

Olhou pela janela em relance e Donghyuck ainda estava lá. Dessa vez, encostado no ponto de ônibus. Fitando a janela do Huang com um sorriso doce nos lábios. Desapareceu sob os seus olhos no instante seguinte. Deixando o garoto com aquele rebuliço no estômago.

 

Quando estava se preparando para se jogar na cama, olhou para a casa do vizinho. Onde estavam anteriormente. Isso foi suficiente para fazê-lo cair na gargalhada. A casa estava inteiramente coberta de papel higiênico e aquilo seria extremamente trabalhoso de retirar. Ainda com algumas sacolas na cama e de uniforme, ele dormiu com um sentimento bom pairando sob o peito. 

 


Notas Finais


É o meu capítulo favorito:(


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