História Palhaço - Intervention - Especial VHope

Tudo começou quando numa noite de segunda feira ele foi até o meu quarto reclamar porque foi mal atendido por Taehyung na loja, interrompendo um protótipo de jantar com Jung Kook, e ele acabou se juntando a nós e comendo também. 

Durante a semana sempre que Taehyung passava por nós, Hoseok começava a reclamar me perguntando por que andava com ele, no primeiro dia eu até expliquei, mas desisti logo. Na sexta eu e Jung Kook decidimos, tínhamos que ouvir o lado de Taehyung e fazer eles conversarem, mas meu amigo nervosinho não podia saber do que o evento se tratava para que pudesse acontecer.

Já no dia seguinte, Jung Kook chamou Taehyung para o real proposito, no nosso quarto, e eu disse a Hoseok que precisava de uma ajuda dele com uma surpresa para o aniversário de minha mãe, era uma desculpa frágil por ser de última hora, mas ele acreditou. E foi notório como ele ficou decepcionado a descobrir a verdade, por sorte fui esperto e tranquei a porta, os outros dois já estavam lá a espera dele.

- Eu não acredito – Hoseok sentou perto deles, sim havia quatro almofadas posicionadas em circulo – já que estamos aqui mesmo, fazer o que?

- Ninguém aqui te aguenta mais, era necessário termos essa conversa – Jung Kook falou e levou um tapa na nuca.

- Pra começar vamos ouvir a versão de Taehyung e tentar entrar num consenso. Sem interrupções – me pronunciei enquanto me juntava a eles.

- Eu estava tranquilo no balcão meu de cada dia, aliás tem muito chiclete velho que masquei naquele canto, mas enfim, esse ser chegou, e pediu algo que eu nem lembro mais o que foi, já dava para perceber o seu estresse, mas infelizmente não sou adepto a nenhuma religião que trabalhe muito com esse lance de filtrar o ódio. Então... eu não achei porque naquele dia o chefe liberou Jimin mais cedo já que ele ia encontrar esse outro ser e conseguiu a folga por ter moral e ter gerado bastante comissão, e só ele sabe a ordem dos produtos, mesmo que seja obrigatório que aprenda ao longo do tempo, eu confio no potencial do meu colega. Fui até o balcão e disse que não achei, depois disso ele se irritou mais e começou a ser grosso. Mas obrigado pela parte que você disse: “Só porque é o cara mais bonito da sua turma não quer dizer que pode agir assim”. Terminei.

- Eu não consigo lidar como vocês são tão... sei lá, peculiares – eu disse.

- Vamos agora para a réplica de Hoseok para Taehyung – Jung Kook tirou um chiclete do bolso e começou a mascar.

- É o que toda a sua área do campus comenta. Mas enfim, você sempre foi um metido a popular e se acha o último biscoito do pacote e com certeza estava tirando sarro de mim naquela hora, eu perguntei a Jimin um dia antes se tinha o que eu estava procurando na loja e ele afirmou, mas agora descobri que você é lerdo também – Hoseok levantou o dedo para ele.

- Eu? Metido? O menos babaca daquele lugar sou eu, até porque eu sou humano e erro, mas costumo ser bem honesto com os outros, eu não estava tirando sarro de você, não tem porquê. Naquele dia da festa dois meses atrás eu até tive uma boa primeira impressão sua, te achei uma pessoa bem legal, mesmo com a cara de prisão de ventre que você fez, sim eu lembro depois de ter bebido todas, você acompanhou seu amigo, sabemos que Jimin é meio vacilão e quando não vemos ele se ferra e você se preocupou com a chegada dele na festa, durante os outros dias percebi que você era bem indiferente, mas não o recrimino por isso e nem fiz aquilo de proposito, peço desculpas.

- Eu ia me defender sobre a ofensa, mas é verdade - eu disse, e dará para perceber ao decorrer da minha vida que é um fato.

Houve um momento longo de silêncio e quando Jung Kook cansou e abriu a porta pra se distrair, Hoseok aproveitou para ir embora.

Passamos o resto do fim de semana nos questionando do que ele iria resolver fazer, foi pauta da minha conversa com Cindy por vídeo, ela apostava que ele ia conversar com Taehyung a sós , já que eles eram os verdadeiros envolvidos. Eu achava que podia acontecer de tudo e que no final qual for que fosse o caso eu iria sobrar nessa.

Mas na segunda quando fui para a universidade eles dois estavam conversando e até ignoraram minha presença durante cinco minutos. Fiquei feliz e um pouco constrangido com a situação, e ao decorrer da semana já começamos a fechar o nosso grupo de amizade que duraria várias coisas boa e ruins, talvez até depois da morte, eu, Jung Kook, Hoseok e Taehyung, claro que sempre existe mais outros amigos durante a vida, mas esses, nunca esquecerei.

Resolvido o caso de Hoseok e Taehyung de forma repentina, o resto do mundo conseguiu seguir normalmente e faltava algumas semanas para uma apresentação de Jung Kook, e eu iria ajudar, ia mexer com a parte musical, na verdade ele me obrigou a fazer isso para treinar minhas habilidades com instrumentos de corda. E até que essa sua atitude minha satisfazia, porque mesmo tendo fama de borboleta social eu não era muito corajoso em relacionamentos então não ia querer ficar grudado o tempo todo e essa tarefa nos divertia de outra forma.

O pessoal da sua turma era bastante alegre, sempre pro ativos, eu tinha até preguiça quando via eles arrumando o palco no auditório, e mesmo com quantidade limitada de acessórios eles improvisavam muito bem. Nos primeiros dias eu errei algumas notas e saiu meio desafinado, mas conforme as semanas se passaram aprimorava ainda mais, e com isso eu me aproximei mais dos colegas dele.

E finalmente chegou o dia da apresentação, eu fiquei atrás da custia controlando tudo como me treinaram e estava com um violão a mão para o solo de Jung Kook, A mim foi avisado que somente alunos do curso e os professores iriam assistir, mas quando vi a plateia, achei até Taehyung e Hoseok, um de arquitetura e o outro do meu curso. Foi só a chave para ligar meu nervosismo, mas essa era a hora de mostrar que eu poderia ser bom naquilo.

Tudo ocorreu normalmente nos atos dos outros alunos, não cometi nenhum erro de sincronização, e quando finalmente já estava chegando minha hora apareceu Jung Kook saindo da escuridão aparentemente confiante.

- Chegou nossa hora – ele disse segurando meus ombros.

- Boa sorte para nós, aliás pra mim, porque se você falar um oi todos aplaudem.

- Para com isso, qualquer coisa pega o celular e toca um instrumental qualquer, mas você vai conseguir, eu acredito.

- Own, obrigado, você também vai impressionar – abracei ele como se estivesse no aeroporto pegando um voo com volta indeterminada.

E o último ato anterior ao dele acabou, já comecei a me preparar, com calma fui seguindo o toque, eu queria poder levantar o rosto para ver como ele estava se saindo, mas perderia o ritmo, pelo menos pela sua voz parecia muito bom. Foi uma sincronia perfeita, e aos poucos meu nervosismo sumiu e eu levantei o rosto acabando vendo o mais novo no deitado no chão com as iluminações a sua volta,  falava coisas engraçadas e reflexivas.

Quando terminou a salva de palma foi bem barulhenta e até conseguir escutar Hoseok assobiar.

 Finalmente acabou, fomos elogiados pelos alunos, professores e todos que pararam pra assistir. Mesmo menos nervoso meu corpo tremia e tentava disfarçar isso ao máximo, só me senti a vontade quando cheguei no meu quarto, e assim que entramos Jung Kook me reverenciou como se mostrasse respeito ao que acabei de fazer. Depois de ter um principio de disenteria e fazer pizza na minha roupa formal naquele auditório eu só queria tomar banho e foi o que eu fiz assim que entrei.

Quando já estávamos prontos para deitar Jung Kook veio até mim e me encarou sorrindo, ele parecia pensar: “Sempre sonhei com aquele momento”, trazendo sua mão da minha bochecha até a nuca, se aproximando até poder me beijar, mas ele preferiu meu pescoço primeiro e lentamente subiu até os lábios, e eu o abraçava, quando eu percebi que ele iria além daquilo dei um empurro leve no seu braço.

- O que foi? – ele perguntou assustado.

- Eu- eu não sei se quero que aconteça agora – eu coloquei minhas mãos na frente do meu rosto com a vergonha – você sabe como eu sou, preciso ter certeza, não quero me precipitar.

- Tudo bem, mas por hoje, pelo menos podemos juntar os colchões? 

- Sim, sim, desculpa, sério.

- Não precisa se desculpar, eu também agi assim, não se martirize.

- É porque eu não sei porque, porque...

- Eu entendo, você e Cindy, as coisas mudaram, mas confio em você, ou estou errado em fazer isso?

- Não, não.

Depois de eu querer cavar um buraco pra ficar de quarentena nós fomos deitar, como pedido, juntos, o que eu não contava é que o colchão se equilibrou com a temperatura do chão e estava frio.

Pela manhã o pessoal da sala do mais novo foi arrumar tudo da outra noite e ele levantou mais cedo. Já eu fui acordado por alguém batendo na porta, ainda bem que era final de semana e não era o vigia querendo me obrigar a ir a aula, se bem que tínhamos aulas nesses algumas vezes, mas na verdade era só Hoseok, pelo que parecia tinha acordado a pouco tempo e correu até ali.

- Jimin, eu não sei o que fiz ontem – ele já foi entrando no quarto e estranhou os colchão juntos, eu não tinha dito nada a ele sobre eu e Jung Kook porque não era nada oficial e achei que ela sacaria se ele quisesse – aposto que passou a noite falando da apresentação.

- Sim... e você ia me contar algo.

- Na verdade eu sei o que fiz, mas não sei como, eu estava no dormitório de Taehyung.

- Sim?

- E se...

- Olha Hoseok, pode ter sido uma conversa em que você pegou no sono, se você quer que eu entenda eu preciso saber do cenário atual.

- Tudo começou quando...

Hoseok POV

Eu pensava que essa coisa de jurar que não vai fazer algo e vai lá e faz era do Jimin, mas infelizmente tive essa experiência. Tantas pessoas para me atrair naquele lugar e tinha que ser logo o mais cobiçado, Taehyung, foi como nos clichês de colegial, para ser mais patético. E droga! Ele também estava tão na minha. Já tive relacionamentos com garotos ou garotas, mas sempre não duradouros porque eu cansava, meu instinto rejeitava a pessoa depois de um tempo, e eu nunca imaginei que isso ia mudar.

Pra começar o fracasso, toda vez que eu ouvia o nome dele era envolvido em algum projeto no grupo que ele fazia parte, algumas atividades extracurriculares e as coisas que aprontava nas festas, muito conhecido pelos organizadores sempre era convidado e convidava, nada contra quem festeja muito, mas eu odeio festas, são pessoas suadas e uma bebida que me dá azia, e toda aquela bagunça, como eu ia querer alguém assim?

Depois fui atendido por ele de uma forma um pouco rude, na verdade eu que fui grosseiro, mas ele bem que podia se esforçar e tentar achar o que eu queria. Em seguida meu caro amigo muito confiável, só que não, Jimin resolveu fazer uma reconciliação e eu finalmente descobri que eu tinha chamado a sua atenção, não teve nada a ver com os sete encontrões que eu fiz acontecer no corredor no campus, mas enfim. Na hora da humilhação que meu amigo me fez passar eu simplesmente sai pra ir comer porque estava com  fome, logo após eu mandei uma mensagem para Taehyung e nos acertamos melhor, já na segunda tínhamos o que conversar.

Temos três semanas para descrever, então vamos lá...

Primeira semana T.T 

Jimin me abandonou de novo para ficar “treinando” com Jung Kook, e infelizmente tem momentos que eu pareço ter repelente natural contra humanos, foi um mal começo de semana, despois do segundo dia já fui me alocar na biblioteca para fazer fichamentos, até que uma figura ilustre se fez presente do meu lado, deve ser porque mandei uma mensagem o chamando.

- O que foi? – Taehyung se sentou, colocou o celular com o fone em cima da mesa e ao lado aquela pasta dele de arquiteto, parecia a farda deles no curso.

- Nada, só queria não parecer sozinho – Marquei a página que parei e virei pra ele.

- Ah, eu tinha esquecido, seu melhor amigo disse que achou o que você queria naquele dia, qualquer hora você pode buscar na mão dele, mas hoje nem dá, eu não o vi na saída, provavelmente foi para loja ou está com Jung Kook.

- Segunda opção. Mas e você? Preferiu vir até aqui do que ficar com seus amigos.

- Hoje todo mundo quer começar a fazer um trabalho e eu estou sem saco.

- Eu sempre começo bem no dia, pelo menos crio o arquivo no computador, são muitos textos. E as festas? Já se recuperou do mico?

- Claro, eu não me importo muito pra isso, claro, é perigoso pra mim, mas as fotos não foram nada demais, só estou parecendo meu pai ouvindo música da época dele.

- Também né, como é que você desse jeito ia sair feio na foto – eu falei rápido e um pouco baixo, até porque já estava nesse tom de voz por estar na biblioteca.

- O que?

- Nada. Bem... vamos voltar para a república, não vou conseguir terminar isso mesmo.

Fomos caminhando e conversando sobre várias coisas, ele não era só um rosto bonito, o que será que tinha na água da cidade de Jimin, todo rapaz de lá vinha complexo, o mesmo era tão zen e ao mesmo tempo captava tudo imediatamente, pelo menos nas aulas, Jung Kook com não só seu pé, mas o corpo todo na arte, sendo inteligente em qualquer matéria, e Taehyung, seu charme e sucesso no que fazia, fosse animar a galera ou medir e planejar o que fazer num papel. Acho que preciso de férias lá.

- Amanhã vai ter uma inauguração de uma lanchonete de um irmão de um colega meu, se você puder aparecer eu vou estar lá depois da aula – ele disse do pé da escada, enquanto eu já estava no ultimo degrau pra ir ao corredor do meu quarto, e eu sorri como resposta.

Eu iria contar tudo para o Jimin, mas lembrei de dois fatos, o primeiro era que ele não estava disponível e o segundo é que o pobrezinho não sabia de nada que se passava na minha vida amorosa, pra que aborrecer ele com minhas histórias desastrosas, só pego a fase dele em que ou está namorando, terminando ou começando a gostar de alguém. E se tudo desse errado?

Então me contentei em adiantar algumas tarefas e pesquisas, até meus olhos enlouquecerem de tanto texto, depois passei o resto da noite vendo série. Assim que chegou o horário de acordar eu me levantei e fui olhar qual roupa estava mais nova para uma inauguração de lanchonete, e depois fui tomar café pra seguir até a universidade.

Jimin reclamava de mim resmungando, mas ele falando dele com Jung Kook era pior ainda, por que ele tentava disfarçar o que estava acontecendo? Provavelmente por estarmos em público, mas enfim, era meio estressante também e essa semana era o que ele mais contava, não via a hora desse bregueço acontecer logo. Fui salvo pelo gongo quando finalmente a ultima aula acabou. Pra fazer eu me assustar, Taehyung já estava na porta da sala esperando que eu saísse, eu o vi antes de me levantar, mas passei por ele fingindo que nem percebi a sua presença.

Depois de me alcançar nós fomos a tal lanchonete que por sinal estava aberta já, assim que chegou ele cumprimentou todos enquanto eu fazia cara de excluído segurando minha mochila, então sentei na cadeira da mesa mais próxima que estivesse vazia, esperando ele fazer o mesmo. Tinha me chamado só pra trazer clientela ao amigo dele?

- Larga esse celular, vai pedir algo? – ele disse repentinamente sentado na cadeira da frente, me assustando novamente.

- Sim, eu quero um suco e sanduiche de frango.

- Muito americana sua escolha, vou fazer o pedido e volto – assim que ele foi aproveitei para olhar ao redor, o local era muito colorido e as janelas de vidro enormes deixavam a luz entrar, muita economia com a energia durante o dia, e aparentemente era um local para a família, mas esse dia em especial foram os jovens que tomaram conta, já que nesse horário todo mundo migrou dos estudos ou trabalho para lá.

- Demorou, quase desisti – eu disse quando ele tinha voltado tentando equilibrar tudo na bandeja.

- Ah, mas você voltaria, nem que eu tivesse que trazer de volta.

- Está se achando quem? – eu ri – olha que eu espalho mentira dessa lanchonete só pra me vingar de qualquer coisa.

- Você é vingativo? Me enganei então, achei que você era gente boa.

- Eu só estou brincando, eu não faço mal uma mosca.

- Agora é o heroizinho? – ele riu.

- O super preguiça no caso.

- Os super poderes da procrastinação. Nem chamou a dupla dinâmica pra acompanhar a gente.

- Era pra chamar? Eu tive ideias erradas sobre hoje então.

- Que tipo de ideia?

- Muitas, ajudar seu amigo por exemplo. Eles iam espantar a clientela falando de música o tempo todo.

- Verdade – ele riu e eu paguei mico achando-o engraçado daquele jeito enquanto bebia o suco. Aquela cena que você assoprar ar pelo canudo e faz bolhas no copo, só que estava cheio e sujou a mesa.

Ficamos por lá o resto da tarde conversando sobre várias coisas, falei sobre os movimentos sociais mundiais, sobre o impeachment da presidente, sobre como a risada do garoto do lado era engraçada, sobre séries, sendo doramas ou não, e quando vimos que a única coisa a se fazer era pagar conta e ir embora, não enrolamos e fomos, afinal ficaria tarde para adiantar as coisas do dia seguinte, se fosse numa sexta seria melhor.

Durante o resto dos dias nós apenas ficamos trocando mensagens e prints das cenas interessantes das séries, eu já estava desconfiando que talvez ele não tivesse a mesma intenção que eu.

Segunda semana ...

Era quarta-feira e estava de tarde, durante todos os dias anteriores Jimin não apareceu, mas justamente quando eu estava tendo uma conversa interessante com Taehyung ele resolveu aparecer, empurrei o outro até o banheiro e fui abrir a porta. Enrolei ele bastante, eu até queria lhe dar atenção, mas não naquele dia, pena que depois que saiu, Taehyung resolvi ir também, então eu resolvi ir dormir o resto do dia.

Na sexta apenas ficamos no jardim da república jogando conversa fora, não tinha nada interessante a fazer e eu já estava num nível de estresse insuportável, as coisas não estavam progredindo e eu só queria que a outra semana acabasse logo pra ter meu amigo de volta e tê-lo de ombro amigo para ser carente. 

- Você é lerdo ou o que? – eu fiquei surpreso e levemente irritado quando Taehyung disse isso depois de três minutos de silêncio entre nós.

- Sério que você quer me ofender agora?

- Eu não estou ofendendo, intimando seria a palavra certa, você não percebeu nada durante essas semanas?

- Claro que sim, o lerdo da história é o Jimin. Mas eu não se é realmente o que você quer falar.

- Te convidei para a inauguração, me fiz de culto, expus meu gosto para alguns gêneros de série, coisa que não faço por que isso sempre me afasta dos outros, descobri que era o mesmos que o seu e você não me deu uma chancezinha.

- Isso não é uma negociação, mas já que você está falando disso devo responder que estava esperando uma atitude sua.

- Então vamos recomeçar com isso.

- Recomeçar? – fui até ele e fiquei o encarando, até os dois simultaneamente terem a atitude de se beijarem – agora sinto que vou me ferrar bastante, mas eu gosto – falei e depois de pegar minha jaqueta jeans do chão fui para meu quarto.

Terceira semana...

 Vou pular a parte que nós ficamos naquele lance que Jimin está a dois meses apenas durante uma semana e ir para a parte de como eu cheguei no quarto do meu amigo.

Finalmente tinha chegado o dia que aqueles dois iam se apresentar, e eu tive de ir, mentira, eu fui de vontade própria, mais chamada de Taehyung sendo motivado pelos amigos para entrar de penetra no auditório. 

Foi muito legal, mesmo que levasse metade da tarde e só acabasse no quase final da noite, e a apresentação de Jung Kook foi a penúltima. Ele e Jimin foram excepcionais, ainda bem, porque ser privado de ver meu amigo durante três semanas não seria justificado se tudo saísse uma bosta.

Quando acabou eu parabenizei-os e depois voltei com Taehyung para o seu dormitório, ele não tinha colega de quarto assim como eu e também tinha um cubículo de quarto. Ficamos assistindo um filme e os dois adormeceram no meio dele, mas eu não seria Hoseok se essa noite terminasse dessa forma, justo naquele dia o monitor resolveu fazer vistoria nos quartos. Obrigado Jimin e Cindy por contribuírem com a invenção dessa tarefa mensal que nossos pais e colegas comportados concordaram que acontecesse.

Dez e meia da noite e o monitor bate na porta nos acordando chamando por Taehyung, dava pra ouvir ele passar a folha do seu bloquinho de multas para chegar a uma vazia.

- Não faça barulho até ele desistir, melhor eu levar uma multa do que sermos os novos Jimin e Cindy da história – Taehyung sussurrou. E sim, foi muito polêmico aquele acontecimento, ele conseguiu chegar a ala feminina, mas por algum motivo alguém dedurou, parando pra pensar podia ter sido o Jung Kook, não, ele não faria isso, ou faria?

Não demorou dois minutos e o monitor jogou a multa por debaixo da porta e escutamos ele caminhar para longe. O notebook que estava passando o filme já estava avisando a bateria fraca e Taehyung aproveitou a liberdade para ir colocar no carregador. 

Fui quando eu me dei conta que não dava pra voltar para o meu dormitório, e comecei a imaginar o que o outro seria capaz de fazer, e foi exatamente o que ele fez.

Nós estávamos no chão na hora que fomos assistir, então nesse momento eu estava deitado com a cabeça na almofada, e me levantei rápido porque Taehyung resolveu fazer cócegas na minha barriga, e eu fui revidar, o que finalmente finalizou os dois no outro dia pela manhã apenas cobertos pelo cobertor e abraçados. Não recordo direito o que aconteceu, pois a visão era limitada com tudo escuro, apenas sensações de toque por todo corpo.

Quando acordei e me vi ali, empurrei Taehyung para o canto da cama que ficava encostado na parede e ele de tão cansado nem acordou, vesti tudo de novo e sai, antes de chegar no corredor que tinha a escada para meu dormitório passaram algumas pessoas e a primeira coisa que pensei em fazer foi ir para o de Jimin que estava mais próximo, fiquei paranoico depois da vistoria do dia anterior.

- Jimin, eu não sei o que fiz ontem – eu disse quando ele me atendeu, depois olhei para os colchões juntos, ai ele não ganha multa, pobre do Taehyung – aposto que passou a noite falando da apresentação.

- Sim... e você ia me contar algo.

- Na verdade eu sei o que fiz, mas não sei como, eu estava no dormitório de Taehyung.

- Sim?

- E se...

- Olha Hoseok, pode ter sido uma conversa em que você pegou no sono, se você quer que eu entenda eu preciso saber do cenário atual.

- Tudo começou quando... – contei tudo a ele.

Jimin POV

- O que? – Hoseok ria e dava socos da parede enquanto eu concebia a informação, cadê Jung Kook pra expulsar ele dali com uma frase docilmente intimidadora?

- Isso mesmo que você ouviu – ele parou de violentar a parede e agora recuperava o ar que perdeu correndo e rindo.

- Mas você gostava dele o tempo todo e eu não sabia.

- Não quis te contar porque sempre acontece uma tragédia em meus relacionamentos e eu te acho muito ingênuo para conceber as histórias ruins.

- Mas, mas, mas...

- Pare de drama, eu é que devia estar em pânico por conta daquela hora do monitor.

- Não é isso, me ensina a ser ousado assim, aliás não, deixa que eu desenvolvo isso sozinho.

- Você ainda não tentou com Jung Kook? Isso é tão catorze anos, mas te entendo.

- Por que sempre sou tratado como principiante? Por que?

- Esqueça isso, não se esquente, a hora será a hora, e se não tiver, é a vida, segue em frente, tem sorte de que Jung Kook é compreensivo, se fosse um eu de antigamente já tinha ido embora faz tempo.

- Ai Hoseok, vá tomar banho, depois a gente se fala. Deixa eu me situar no mundo primeiro.

- Tchau – ele riu de mim e saiu.

Eu estava me achando tão tapado e estranho, fui de o famoso pelo caso da invasão a ala feminina para o garoto de catorze anos, sempre imperceptível se passava uma ideia de superioridade de Jung Kook sobre mim na minha mente, não queria agir impulsivamente e decepciona-lo, e ele sempre tentava me integrar ao mundo dele, e aquilo já estava se tornando um grande ponto de interrogação junto com o de exclamação, talvez devesse esperar a hora certa como Hoseok disse, mas quando seria?

"Não se olhe no espelho, não naquele espelho que apenas reflete, mas não olhe naquele que te diminui, você não é pior que ninguém, se você não faz parte do padrão de beleza da atualidade, foda-se, eles sempre mudam. Não sou uma pessoa muito cristã, então nem posso falar que Deus te fez assim, mas com certeza se ele existir, não vai querer ver você se odiar por ser menor ou lento, não, ou por ser diferente das pessoas em volta de você. E se quiser mudar, mude para o melhor que tem de você. Ei, olhe para este espelho, o do reflexo dos meus olhos, pelo ao contrário, eles enaltassem a sua imagem. "