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História Panic - Capítulo 1


Escrita por: mariamsr

Capítulo 1 - Capítulo 1


O despertador toca. São 8h. Levanto-me apressada e vou acordar a minha irmã. Sei que vai acordar ansiosa para o grande dia que a espera. Enquanto saio do meu quarto e vou a caminho do dela deparo-me a pensar no quão especial a Melissa, ou Mel, como a costumo chamar, é na minha vida. Apesar de ter apenas 12 anos e de termos muitos anos de diferença é ela que me apoia sempre. Foi ela que decidiu vir viver comigo porque sabe que odeio estar sozinha, não sei se por gostar de companhia ou por ter medo da solidão. Foi ela que esteve sempre comigo nos fins das minhas (poucas) relações e é ela que vai estar, sempre, em todos os momentos da minha vida.

     -Mel, amor, acorda. – digo, fazendo-lhe miminhos no cabelo. Ela abre devagar os olhos e continuo - Vou fazer o pequeno almoço para as duas. Enquanto isso, veste a roupa que te deixei em cima daquela cadeira – aponto para a cadeira perto da sua secretária.

     Ela acenou que sim com a cabeça. Saio do quarto e vou para a cozinha. As malas já estão todas preparadas junto à porta. A nossa mudança para Lisboa, apesar de inesperada, parece-me ser uma ótima oportunidade para eu e a Mel recomeçarmos a nossa vida. O meu sonho de ser cantora ainda permanece numa pequena parte do meu coração e mudar-me para a capital pode-me abrir muitas portas para concretizá-lo. Entre pensamentos e panquecas a ficar queimadas ouço a Mel a correr para a cozinha:

     - Melissa, com calma, cuidado para não caíres – a sua personalidade hiperativa e sempre cheia de energia era um dos poucos aspetos em que divergíamos imenso.

      - Ok, Aurea – diz, calmamente – mas olha, achas que posso levar este vestido em vez do que me puseste na cadeira? – põe as mãos na cintura e dá uma volta com um vestido branco, de alças. Estava deslumbrante.

     - Sim, estás linda. Porque não colocas aquela minha fita branca? Acho que ficava bem com a cor do vestido.

     - Sim! – responde entusiasmada – vou buscá-la e já venho comer essas… – Melissa olha para o prato e vê as panquecas, nitidamente queimadas – essas panquecas? – diz, em tom irónico.

     - Que engraçadinha que está a menina hoje – digo, sorrindo- Isso é tudo nervos? – pergunto, um pouco mais alto visto que ela já tinha ido buscar a fita ao seu quarto.   

     - Ai Aurea, para – Melissa entra na cozinha ainda a colocar a fita no cabelo – Nem me fales nisso. Estou super ansiosa, apesar de não parecer.

     - Vá, não penses demasiado sobre isso, vai correr bem.

Coloquei o prato das panquecas e o sumo em cima da mesa e, depois de termos comido e da Mel ter posto as malas no carro enquanto eu verificava pela casa se não nos esquecíamos de nada, fechei a porta de casa, abri a do carro e sentei-me ao volante, ao lado da Mel.

     - Melissa, toma. – tirei o meu telemóvel do bolso de trás das calças e dei-lho – Liga ao Diogo e avisa que estamos a sair de casa. Daqui a mais ou menos duas horas e meia estamos em Lisboa. – coloquei o cinto, destravei o carro e começamos a viagem.

Durante a primeira hora de viagem, tanto eu como a Mel estávamos muito caladas, pensativas. Ela provavelmente nervosa para a sua prova cega no The Voice Kids. É algo que ela já quer fazer há algum tempo, mas só este ano surgiu oportunidade. Eu estava apenas a pensar no Diogo. É o meu melhor amigo de infância, conhecemo-nos na escola e nunca perdemos contacto. Para além da minha irmã, é ele que me ajuda em tudo e é a ele que conto algumas coisas que não conto à Melissa. A Melanie, namorada do Diogo, veio por acréscimo. Depois de ela ter começado a namorar com o Diogo fomos ficando muito amigas. Costumo chamar-lhe Mel J, como a cantora “Mel B". É uma brincadeira que temos há já alguns anos e que nunca perde a piada.

Depois de algum tempo, decido interromper o silêncio, numa tentativa de descontrair a pequena adulta sentada ao meu lado:

     - Então, amor, estás ansiosa por voltar a ver a Penny? Ela já deve estar bem mais crescida.

Melissa olha para mim, e pensa durante algum tempo.

     - A última vez que estivemos na casa do Diogo foi quando ela só tinha 1 mesinho, não foi?

     - Sim, até chegamos a ir com eles passear no Parque e levamos a Penélope. Era muito pequenina ainda. Agora, pelo que vejo nas videochamadas com o Diogo e a Mel J, já está bem maior.

     - Pois. – disse a Mel, pondo um ponto final na conversa e voltando a olhar pela janela. Notava-se que estava cada vez mais nervosa.

     - Onde está toda a energia que vi pela manhã? – pergunto, numa tentativa de perceber o que realmente ela estava a sentir.

     - Estou aqui a pensar e, para além de estar super nervosa, o que me tira a energia, também ainda não decidi que mentor escolher caso eles virem as cadeiras.

     - Não tens que escolher já. Primeiro vais lá, arrasas, vês quem vira a cadeira e depois escolhes aquele que o teu coração mandar. Eu acho que mesmo que agora estejas indecisa, chegando lá vai haver uma pessoa que te vai cativar mais.

Depois de ter dito isto, o restante da viagem passou rapidamente. Conversamos sobre diversos assuntos, cantamos muitas músicas, e quando demos por nós já tínhamos chegado a Lisboa. Fomos diretamente para um apartamento que os nossos pais têm no centro da cidade, apesar de agora estarem a viver no Alentejo. Pousamos as nossas malas e, visto que já estávamos atrasadas para o almoço, saímos e fomos diretamente para a casa do Diogo.

Ao chegar, toquei à campainha e a Melanie veio abrir-nos a porta.

     - Melissaaaa – disse, abraçando a minha irmã enquanto a levanta. Pousa-a no chão e coloca-lhe as mãos nos ombros- Estás tão grande!

     - É, daqui a pouco está maior do que nós, amiga.

     - Aurea, que saudades. Entrem, o Diogo está na cozinha com a Penny.

Entramos e fomos ter com o Diogo à cozinha. Abraçamo-nos e aí percebi as saudades que tinha dele. De estar com ele. As nossas vidas foram seguindo rumos diferentes e, apesar de nunca passarmos mais de dois dias sem falarmos, já não estava assim com ele há algum tempo. A Melanie percebeu que estávamos, os dois, com muita coisa para contar um ao outro e foi brincar com a Melissa e a Penélope para a sala. Este é um dos aspetos que eu amo nela, o facto de ela nunca se ter sentido desconfortável em relação à minha amizade com o Diogo e fazer de tudo para ela permanecer. Ela sabe que fazemos bem um ao outro.

Estava a precisar mesmo muito de conversar com o Diogo.

     - Ai, Diogo, nem imaginas a falta que me fazes – digo, sentando-me numa cadeira enquanto ele está de volta das panelas, de costas para mim.

     - Então? Que se passa? Ainda é por causa da Camila? Já foi há mais de 1 ano, Aurea, achei que já tinhas superado.

É isto que eu amo nele. Ser tão sincero ao ponto de me fazer duvidar se estou certa do que sinto.

Camila é a minha ex namorada, o último relacionamento que tive. Passei alguns meses, depois do nosso término, muito triste. Vivemos uma relação muito intensa, durante muito tempo. Ela era a minha melhor amiga, eu amava-a muito e, mesmo depois de acabarmos, ainda a amei por muito tempo. Talvez por a amar tanto é que me custou tanto ultrapassar e entender o que a fez mudar de sentimentos de um dia para o outro.

Mas, mesmo que isso ainda me incomodasse um pouco, não era sobre isso que queria falar com o Diogo.

     - Não é nada disso. Como disseste, esse assunto já está superado. O que me incomoda agora é a Mel…

     - A Melissa? Porquê? – ele vira-se para trás, e fica a olhar para mim.

     - Ela tem a prova cega hoje e, sabes bem que, se não passar, vai ficar muito triste. Tenho medo que ela desanime e desista de cantar.

Ele fica a olhar para mim durante algum tempo e, sem dizer uma palavra, volta-se de novo para a frente e continua a preparar o almoço.

     - Não me vais dizer nada? – pergunto.

Para imediatamente de cozinhar, e vem-se sentar na cadeira à minha frente.

     - Queres mesmo que seja sincero? – aceno que sim com a cabeça, apesar de, às vezes, ter medo da sinceridade do Diogo – Eu acho que o teu medo não é a Mel desistir, porque sabes tão bem como eu que isso não faz parte da personalidade dela. O teu medo é tu desistires. - diz, da maneira mais calma possível, traço marcante na personalidade dele - Estás há alguns anos a tentar uma carreira sólida na música e, por falta de sorte, ainda não a conseguiste tal como a desejarias e tens medo de desistir. – olho para ele com lágrimas nos olhos e ele continua – Não digo isto para te ver assim. Sabes bem que és a minha melhor amiga desde sempre e que estava cheio de saudades tuas e só te digo isto para te ver bem. Tenho a certeza que não é falta de talento nem de esforço e, por isso, tenho uma proposta para te fazer.

Depois de todo este discurso, fico num misto de emoções. Sinto-me grata por ter um amigo tão amigo como ele e curiosa pelo que me quer dizer. Levanto as sobrancelhas num gesto de curiosidade e ele explica:

     - Daqui a uma semana, nas gravações das batalhas do The Voice Kids, vou fazer uma atuação. Não queres vir comigo? Escolhíamos um tema que gostas e fazíamos um cover giro. Quando me convidaram pensei logo em ti, não só pelo facto da Mel estar a participar, como também pelo facto de ser uma oportunidade excelente para teres alguma visibilidade. Ah, e para que conste – ele segura na minha mão por cima da mesa -, não estou a aceitar um “não” como resposta.

Fiquei sem palavras. Atuar em rede nacional era, ao mesmo tempo, tudo o que eu mais tinha medo, e tudo o que eu precisava neste momento e fazê-lo com o meu melhor amigo era ainda mais incrível. Levantei-me, fui abraçá-lo e apenas disse “Obrigada”. Acho que ele percebeu a resposta.

Ainda não acreditava. Era tudo muito surreal e passei o almoço inteiro a pensar nisso.



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