História Paparazzi - Aniversário Chaz

"Não quero saber que tipo de vestido você está vestindo esta noite. Se ele está segurando você tão apertado, da maneira como eu fiz antes. Eu tive uma overdose, deveria saber que seu amor era um jogo. Agora eu não consigo tirar você do meu cérebro. Oh, é uma pena!"

P.O.V Justin Bieber.

Good Times Wayne's - 8h00 P.M.

Abro a porta de entrada do bar e vasculho todo o local com os olhos, só precisava ter a certeza de que ninguém havia chego ainda. E comprovo isso em poucos segundos. Quer dizer, eu já sabia que eles não estariam aqui ainda, Chaz tinha marcado para às dez, eu estava duas horas adiantado.

Precisava mesmo desse tempo adiantado, era a primeira vez que eu e Lucy estaríamos no mesmo lugar, juntos. Depois de tudo. Já tínhamos estado no mesmo local, como no evento do Alfredo, mas estávamos bem distantes um do outro, cada um no seu canto. Dessa vez não, estaremos entre amigos íntimos, amigos esses que costumavam ser só meus, mas Lucy acabou ganhando o coração deles. Não tem um coração que ela não consiga ganhar, aquela garota é incrível, uma pena que eu só percebo isso agora.

Dou passos preguiçosos até o balcão e me sento em uma das cadeiras, começo a olhar para todas as opções de bebidas que tenho ali e me perco um pouco, era muita coisa! O barmen para na minha frente e me olha curioso, esperando que eu peça por algo.

- Quero um whisky.

Ele assente mas vejo sua careta para o pedido, o cara não me conhecia tão bem, mas conhecia o suficiente para saber que eu já não bebia algo tão forte há bastante tempo. Eu sei, é terrível! Me sinto como se estivesse retrocedendo, e infelizmente não é só uma coisa boba da minha cabeça, eu realmente tive um retrocesso. Todo o trabalho que tive para me livrar das bebidas e todas as outras coisas que eu costumava consumir está indo por água a baixo agora. Não me orgulho disso, mas sei que estou usando a bebida para fugir de algo, algo que pode me destruir mais do que ela. Seria cômico se não fosse trágico!

- Eu sei que não temos intimidade o suficiente para isso, mas tem certeza? - ele me olha sério enquanto segura firme o copo cheio de whisky em sua mão direita. - Certeza, eu não tinha. Mas sabia que era isso que eu tinha pra agora, não é como se tivesse outras opções. Estou mesmo perdido.

- aSim. - minha voz soa firme, mesmo que eu não esteja certo sobre o que estou fazendo. Estico a minha mão esquerda em sua direção, esperando que ele me entregue o maldito copo.

Vejo sua cabeça balançar lentamente em concordância, ele me entrega o copo e solta um suspiro longo. Saindo de perto de mim.

Dou um gole na bebida e um sentimento de satisfação me apossa, isso era tão estranho! Sentir felicidade ao beber, mas ainda assim o gosto era ruim para o meu paladar. De pensar que houve uma época em que eu mal sentia o gosto. Termino de beber e tento me distrair com a música que toca, o bar não tinha muito movimento. Pra ser mais exato, haviam umas 5 pessoas ali apenas, além da banda e do barmen. Fiz essa conta em poucos segundos quando percebi que tinha mesmo pouca gente no local. A banda parecia estar ensaiando para as músicas que cantariam no momento em que o público realmente estivesse presente, isso era novo pra mim. Um ensaio de uma banda que tocaria ao vivo nesse bar.

Largo o copo em cima do balcão assim que acabo com a bebida e me levanto, indo me sentar em uma das mesas, uma das mais próximas ao palco. Observo eles discutindo algo e logo começarem a tocar uma música, sorrio com o ato. O cara toca bem! O vocalista começa a cantar e me prendo nisso, era interessante ver outras pessoas fazendo isso, fazendo algo que eu amo! Música sempre foi importante pra mim, desde que eu me conheço por gente. E todo mundo que goste um pouco de música e que tenha talento pra isso só quer ser reconhecido e poder ganhar dinheiro, todo mundo quer ser músico profissional e foi o que eu quis também. Só esqueceram de me avisar que para ter esse reconhecimento e ganhar dinheiro com isso eu precisaria ser famoso, e para isso ninguém está preparado! Você pode achar esse mundo o mais incrível possível, pode achar que é isso que você quer pra você, que conhece o bastante para ter essa certeza. Mas você não conhece nada disso, até estar aqui e viver na pele. Na cabeça dos outros o meu maior problema era a falta de privacidade, que sinceramente, era um problema gigantesco. Não vou negar. Só que perto dos outros esse era fichinha de lidar.

Tive que conviver com pessoas que sorriam pra mim e diziam que o meu trabalho era adorável e assim que eu virava as costas ligava para um repórter para dizer que eu fui rude com sei lá quem, por qualquer motivo. Pessoas que pareciam ser minhas amigas e agiam como se gostassem de mim mas na primeira oportunidade que tinham tentavam puxar o meu tapete.

Pessoas que se aproximavam de mim por conta da minha fama e influência só para poder ser fotografada ao meu lado por algum paparazzi, para pessoas acharem que éramos amigos. Pessoas que me pediram ajuda e eu ajudei de bom grado e depois quando eu precisei, simplesmente viraram as costas e fingiram que sequer me conheciam. Sem contar em toda a falsidade que existia por trás daqueles enormes eventos de premiações. Me lembro da primeira vez que tive que ir em um, estava feliz e animado com a experiência, afinal tudo que é novo, é encantador. Até a gente conhecer o bastante para entender que aquilo só é bonito por fora. Fui simpático com todos, tratei quem passou por mim com respeito e sorri o evento inteiro. Quando a noite acabou e eu fui embora, fiquei sabendo que a maioria das pessoas que estavam próximas a mim, as mesmas que foram legais e até disseram ser minhas amigas, estavam falando mal de mim. Dizendo que eu não iria muito longe, que essa minha fama era passageira, que logo esqueceriam de mim. Naquela mesma noite essas mesmas pessoas disseram na minha cara que eu era um grande sucesso, e que poderia ser facilmente o príncipe do pop, que talvez eu marcaria a história do mesmo nível que o Michael, ou até mais. A pergunta é, no que eles realmente acreditavam? É impossível ter duas opiniões tão distintas sobre o mesmo assunto. Escolhi acreditar que eles acreditavam no que disseram nas minhas costas e levei aquilo como um desafio para a minha carreira, eles não achavam que eu não duraria? Então decidi que iria durar. Eles tiveram que me aturar por outros vários eventos, e em todos com grandes sucessos estourados nas paradas, no top 10 da Billboard. É assim que as coisas funcionam, eles me deram limões e com eles eu fiz uma excelente limonada. E ainda ganhei o presente de saber que eles não eram os meus amigos.

Por conhecer muito esse mundo e saber o quão insano ele pode ser, eu preferia que as pessoas não buscassem tanto por fama. É uma luta que não compensa, porque quando você pensa que ganhou porque conseguiu visibilidade, você acaba entendendo que só está perdendo.

É lógico que existem grandes vantagens, não serei hipócrita a ponto de dizer que não. É maravilhoso as pessoas te reconhecerem, amarem o seu trabalho, te amarem. É incrível! Principalmente a parte de ser bajulado o tempo todo, por boa parte da humanidade. O ser humano adora ser bajulado, não podemos negar. Mas ainda tendo grandes vantagens eu sinto como se tivesse vendido a minha alma ao Diabo. É como se tivesse que pagar um alto preço por algo bom que me aconteceu, como um pacto.

Eu sei que tive fases terrível nesse meio, mas acredito que agora eu o entendo de fato, as coisas vão melhorar! E é bom não ser tão novo nele, porque agora eu me livro de muita coisa.

Sinto um tapa em meu ombro e me viro para ver, era o Chaz. Franzo o cenho e rapidamente olho em meu relógio de pulso, estava no horário. Como o tempo passou tão rápido?

- Está aqui há muito tempo, dude? - ele ajeita a jaqueta no corpo e me olha preocupado.

- Sim, faz um tempo. - ajeito a minha coluna na cadeira e me sento direito, ficando de frente para a entrada do bar, precisava ver quem viria.

Chaz assente e se senta ao meu lado, seu sorriso está enorme.

- Voltar com a Jeniffer te fez bem!

- Eu amo aquela garota!

- Falando nela, cadê? Não veio com você?

- Está lá fora estacionando o carro.

Engulo seco e faço a pergunta que tanto quero saber. É melhor saber de uma vez para que eu possa me preparar mentalmente para o baque. 

- A Lucy veio com vocês?

Chaz me olha e imediatamente nega com a cabeça.

- Provavelmente ela não vem! Disse que ficaria um clima chato e queria evitar. - Me sinto decepcionado por saber que ela não vem, mas concordo com o seu pensamento. O clima realmente iria ficar uma merda.

- Pode ser que ela mude de ideia e apareça. - comento enquanto olho o local.

- Acredito que não, ela tinha um compromisso hoje a noite, praticamente no mesmo horário. - Isso de fato me surpreende, ela quer evitar tanto assim a minha presença? A ponto de marcar algo no mesmo horário para que não possa mesmo vir. Uau! Engulo seco com isso, não quero que ela me odeie.

- Sério? E você sabe que compromisso é esse? - o olho atento.

- Sei, mas não acho interessante que você saiba.

- Qual é, cara. Não é nada com o que eu não vá saber lidar. - será? Nem eu sei o que estou dizendo. Tudo que é relacionado a Lucy eu não estou sabendo lidar.

- Será? Você veio horas mais cedo para beber, Justin. - ele me olhou de uma forma severa. - E por esse bafo forte bebeu whisky, que é algo que você já não bebia há muito tempo. Esqueceu que tinha parado?

- Isso não é nada demais, Chaz. Eu só bebi um copo, tá tudo certo. - ele bufou e desviou os olhos de mim. - Preciso que me diga que compromisso é esse.

- Ela saiu para um encontro, com o Leonard. - ele disse normalmente.

- Leonard é aquele mesmo cara que ela saiu daquela vez que fui até lá?

- Sim, ele mesmo.

- Bom, isso é bom! - estou tão preso na minha própria cabeça que não percebo que usei a mesma palavra em uma frase minúscula. Meu cérebro não conseguiria me dar opções mais abrangentes de palavras nesse instante. Ela estava saindo com outro cara, pela segunda vez. Isso está ficando sério demais! E se os dois começarem a namorar? Como vai ser isso para mim? Meu deus, não quero nem pensar.

- Você está bem com isso? - ele segura firme o meu ombro com uma de suas mãos.

- Você sabe que não, mas fazer o quê. Uma hora ela iria sair com alguém, sem novidade. - tento soar despreocupado, mas sei que não funciona. Eu estou tenso e magoado, essa é a verdade e o pior disso é que não tenho nem quem culpar. A culpa é totalmente minha!

Ele assente e me olha preocupado, Chaz me conhece o suficiente para saber que isso acabou comigo. Mas não tem muito o que possamos fazer, eu plantei isso. Vejo a Jeniffer passar pela porta de entrada, ela está radiante. Seus passos até a nossa mesa são precisos e rápidos.

- Olá, Justin. - cumprimenta animada.

- Olá. - dou um sorriso, mas tudo o que sai é uma careta.

Seu sorriso murcha no mesmo instante, seus olhos vão de encontro ao meu amigo o fuzilando.

- Por que você contou pra ele? - é o que ela pergunta. Chaz olha para ela visivelmente confuso. - Sobre a Lucy, Chaz. O que eu tinha te falado sobre isso?  

- Que era melhor não dizer ao Justin que ela tinha um encontro. - ele responde com uma voz fina.

Jeniffer bufa e dá um tapa leve em sua cabeça, se sentando ao seu lado.

- Eu sabia que isso iria te magoar, só queria te poupar disso. - ela diz para mim.

- Tá tudo bem, Jen. Não é nada que eu não mereça.

- Sim, eu concordo! Você merece mesmo tudo isso, mas isso não significa que as pessoas ao seu redor fiquem felizes com essas coisas.

- Eu sei, é uma merda para todo mundo. - comento e solto uma risada seca.

- Bota merda nisso! - Chaz diz.

Aos poucos nossos amigos vão aparecendo. Alfredo, Sean e Julie. Eles se sentam na mesa e logo uma conversa animada surge ali. Por um momento até consigo me distrair e esquecer de tudo de ruim que vem acontecendo. Nessas horas que fica nítido o quanto a presença dos amigos faz diferença. 

- Chaz, eu fico imensamente feliz por saber que você não está mais com a Melanie. - Julie comenta animada.

Chaz assente e solta uma risada.

- Até que ela era legal vai. - ele diz divertido.

- Legal? Era o que eu achava também, até ver ela implicando com a Lucy. - Julie disse e bufou. - A garota não tinha feito absolutamente nada contra ela.

Jen surge ali com uma bandeja enorme de batata frita, ela coloca no centro da mesa e olha para todos curiosa.

- De quem estão falando? - ela questiona e se senta. Pego umas batatas e enfio tudo na boca.

- Sobre a Melanie, estava falando para o Chaz o quanto fico feliz por saber que ele não está mais com ela. Você é gente boa, combina bem mais com ele do que ela. - Julie diz alegre.

- Também acho. O pouco que conheço daquela garota já acho ela insuportável. - Jen diz e dá de ombros.

- Se conhecesse melhor teria confirmado a sua suposição. - Sean comenta e ri, fazendo todos repetirem o ato.

- Esperem, nenhum de vocês gostavam dela? - Chaz intercala seu olhar entre todos nós. Todo mundo fica em um silêncio absurdo. - Por que não me falaram?

- Porque sabíamos que você também não gostava dela, só estava tentando se distrair para esquecer da Jen. - Alfredo diz sério.

- E se eu me apaixonasse por ela?

- Chaz, qual é! Isso não iria acontecer, você achava ela chata. - falo sério, comendo mais batatas.

- É verdade. - ele concorda e faz uma careta, arrancando risadas de todos.

Um garçom surge ali com uma bandeja, onde estavam as nossas bebidas. Ele vai servindo todos e assim que termina agradecemos, o que o faz sair dali rapidamente. Eu tinha pedido um copo enorme de coca, não estava mais disposto a beber essa noite. Nesse momento eu não tenho nada para esquecer.

- Eu amo esse bar, mas acho que deveríamos ter ido a algum karaokê. - Julie diz.

- Sim, ir no karaokê seria demais! Por que ninguém topou isso? - Jen questiona.

- Talvez porque a Julie tenha mantido essa ideia guardada só pra ela. - Alfredo responde.

- Me desculpem! - Julie solta uma risada.

- Não sei porque estão achando essa idéia tão interessante, todo mundo sabe que vocês não iriam querer cantar e ainda me fariam ser o único a subir no palco. - digo bebendo um gole do meu refrigerante.

Vejo todos concordarem com a cabeça, o que me causa uma risada. Esses sonsos nem tentam negar.

Continuamos conversando e rindo bastante, era realmente muito bom estar com esses doidos. A noite estava sendo mais agradável do que eu imaginava, eu não esperava me divertir tanto. Mas sempre dizem que tudo que é bom dura pouco, por um momento queria que isso não fosse real. Mas é, muito real!

Vejo alguém passar pela entrada, automaticamente desvio os meus olhos para lá. Paraliso com quem eu vejo ali, Chaz é o primeiro que percebe o meu estado, ele me olha curioso e confuso, mas logo segue o meu olhar, olhando para a mesma pessoa para quem eu estava olhando. Engulo seco, vendo o meu melhor amigo me olhar preocupado. É agora que a noite vai ficar definitivamente estranha.

Os passos dela vão ficando mais próximos e não demora mais do que 1 mero minuto para que ela esteja parada em frente a nossa mesa, todos os olhares estão sobre ela, a olhando com surpresa. Afinal, para todos aqui, ela não viria. Em câmera lenta vejo todos me olharem disfarçadamente, todos ali estavam preocupados com o meu estado. E não é para menos.

- Lucy! Achei que não viria. - Chaz diz animado, tentando quebrar o climão que se instalou ali.

- Não ia vim mas mudei de ideia. - ela sorri gentil.

Todos ficam quietos, até parecia que a situação não poderia ficar pior, até eu ver o Leonard surgir ali. Ele segura a cintura dela e olha para todos sorridente, ela sorri e olha pra ele, de um jeito encantador. Era o jeito que ela costumava me olhar, isso faz meu coração se apertar. Todos ali intercalam seu olhar entre o novo casal e em mim. A situação é caótica, para todos presentes. Ter a presença dela aqui já seria crítico, mas ela com o novo namoradinho é demais para mim. 

- Espero que não tenha problema em ter trago o Leonard comigo. - Lucy diz apreensiva. Ela não parecia muito confortável em estar aqui com ele, algo me diz que ele estar presente não fazia parte do plano dela.

- Não, tá tudo bem. - Jen responde. Mas não sinto sinceridade em sua voz.

Sei que todos aqui estão achando um absurdo ela ter trago ele em um local em que ela sabia que eu estaria, e pior, para conhecer todos os nossos amigos. A situação já seria ruim o bastante se ela tivesse vindo sozinha, trazer o cara só piora tudo!

- É muito prazer conhecer todos vocês, Lucy me falou coisas incríveis de todos! - Leonard fala olhando para todos, eu sou o último que tenho o prazer de ser atingido por seu olhar e algo ali não é bom. Acho que ele também não gosta de mim!

Bem, parece que essa noite vai ser bem mais divertida do que todos estavam esperando.