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História Paper - Nicotina


Escrita por: Beeyu

Notas do Autor


Adivinhem quem tá surtando de felicidade por todos os favoritos? Obrigada, cada um de vocês. Eu amo cada pessoa que lê essa história. Não precisa favoritar nem nada, só de eu saber que tem alguém lendo, isso já me é o bastante.
Boa leitura.

Capítulo 11 - Nicotina


Fanfic / Fanfiction Paper - Nicotina

Mostrar meus sentimentos? Que sentimentos? Confuso, estou confuso.

...

Yuri POV

 

Você já sentiu isso antes?

 

Aquele frio na barriga, aquela ansiedade, aquele tremor que percorre os braços e sufoca a alma. Você não sabe o que, mas alguma coisa diz que dessa vez será diferente. O coração bate mais rápido e o ar falta. Asma. Asma? Palavras.

 

Não são apenas palavras, mas verdadeiros atos corajosos que te fazem querer mergulhar em uma nova jornada. Uma jornada que você sempre sonhou e nunca pensou que percorreria.

 

Parece que tudo está ao seu favor. Você está confiante. Você se sente bem. Você se sente amado.

 

Mas então vem o medo.

 

O medo de perder tudo, de jogar oportunidades fora, de ser esquecido. Especialmente ser esquecido.

 

Esquecido não só pelo mundo, com isso eu já estou acostumado, mas ser esquecido até mesmo pelas pessoas que me acompanharam e repetiram tantas vezes que estavam ao meu lado. Nesse momento a única coisa ao meu lado é o corpo suado de um senhor de 40 anos que tira suas roupas para aproveitar-se de meu cadáver.

 

Não estou morto, no entanto. Não fisicamente. Ainda respiro, se é que algum dia soube direito como se faz isso. Meu coração pulsa um sangue gordurento e pegajoso. Minha saliva talha em minha boca e o gosto de sêmen me enjoa pela milésima vez.

 

Eu havia prometido a mim mesmo que não faria mais isso. Não é como se eu tivesse alguma oportunidade de escolha. Eu nunca tive.

 

Minha única escolha em toda a vida eu acabei de jogar completamente no lixo.

 

O velho me entrega dinheiro e alguns cigarros. Eu preciso fumar. Fumar?

 

Não me culpem por isso, mas eu não o reconheci. Não reconheci o meu moreno guerreiro que me salvara tantas vezes. Não reconheci Otabek. Se é que algum dia eu cheguei a o conhecer.

 

A nicotina me acalma enquanto visto minhas poucas roupas. Roupas?

 

Não o reconheci em meio ao álcool, se esfregando em outra pessoa. Ele tem uma vida, é claro que tem. Ele é humano, é homem. Tem desejos, tem vontades, tem liberdade. Pode beber, pode beijar, pode até mesmo foder ou casar ou quem ele quiser. Eu sei disso. Sei que eu sou apenas uma prostituta. A chance de ele ter apenas um fetiche estranho em tentar transar com prostitutas de graça é uma porcentagem que me incomoda. Não é como se já não tivessem tentado isso antes.

 

Saio do motel, arrumando o resto que sobrara da minha dignidade. Dignidade?

 

No entanto, minha relação com Otabek é conturbada. O balde de água fria que eu levei foi maior que o dele, eu garanto. Você tem noção de como é viver na minha situação? Todos os dias eu vou para a cama com três ou quatro homens diferentes, nojentos, que me fazem sentir dentro de um ninho escuro com centenas de baratas e lacraias percorrendo meu corpo com suas patinhas geladas e úmidas, fazendo um traçar de odor e gosma. Você sentiria nojo se algum dia acordasse com insetos e ratos no seu corpo, na sua cama? É assim que eu me sinto todos os dias, desde a hora de acordo até a hora que meu corpo fica fraco demais para se manter em pé.

 

Meu cabelo parece um monte de feno. Preciso arrumar isso. Arrumar o quê?

 

Nessa situação, qualquer demonstração mínima de carinho e atenção é como uma luz no fim do túnel. Bom, agora eu entendo a frase que tanto diz para não ir em direção à luz. Minha luz se tornou um sonho ruim. Não é um pesadelo. O pesadelo veio depois. Quando tentei justificar o meu medo de ter uma relação, de ao menos ficar com alguém, não imaginei que ele teria aquela reação.

 

Um carro buzina para mim. Filho da mãe! ... Mãe.

 

Naquela hora, o medo percorreu cada centímetro do meu corpo. Cada pequena célula apavorou-se, encolheu-se e deixou-se dominar pelo arrependimento e vontade de fugir. A adrenalina corria por minhas veias, e vê-lo naquele estado de fúria me fez ter a certeza que eu não mereço ninguém. Otabek estava bravo, muito bravo. Mas eu não entendi bem o motivo. Creio que nem ele entendera.

 

Que horas são? Minha aula começa daqui a pouco. Mais um cigarro. Nicotina.

 

Não é como se eu tivesse deixado automaticamente de gostar dele. Espera! Eu não gosto dele. Não entendo meus sentimentos, mas não é de longe amor ou paixão. Mesmo que muitos possam me considerar apaixonado, eu estou apenas sentindo tesão por ele. Engraçado, não é? Eu deveria odiar sexo com todas as minhas forças. Deveria ter trauma. Mas não. Muito pelo contrário, na verdade. Isso caracteriza que eu esteja apaixonado pelo moreno? Espero que não.

 

Não pensem errado sobre mim. Eu sei que a paixão é um sentimento lindo e que merece tanto valor e reconhecimento quanto o amor e a ternura. Mas eu não quero me apaixonar. Não tão cedo. Não hoje. Não por ele.

 

Minha casa nunca foi tão longe. Ônibus, olhares, repulsa, nojo, medo. Medo.

 

Por que não por ele? Simples. Ele é perfeito. Tudo bem, ele não é igual Viktor. Nunca ninguém seria. Viktor é o homem ideal dos sonhos de qualquer um. De Yuuri, quero dizer. Não sinto nada por ele, claro que não. Meu coração se encolhe. Talvez inveja. Só talvez.

 

Já Otabek não é ideal. Ele é uma pessoa violenta, pelo que descobri. Ele havia mentido para mim quando disse ser demisexual? Por que se esfregava tanto naquele rapaz? Isso não faz dele um mentiroso, faz? Além do mais, ele é tão inteligente. Usa palavras certas o tempo todo. Nunca erra uma conjugação verbal mesmo inglês não sendo sua primeira língua. Faz coisas difíceis como compreender o corpo humano e entender matemática ao mesmo tempo. Ele não hesita, ele faz tudo sem pensar e é tudo tão certo.

 

Tudo bem, nem tudo. Talvez ele cometa um erro ou dois, especialmente no que se diz a mim. Mas como eu já disse, ele não é Viktor para ser perfeito. Perfeito.

 

Casa, deitar na cama. Não vou conseguir dormir. Dormir? Algum dia eu já consegui isso?

 

Otabek me faz me sentir um fracassado, um pedaço de poeira comparado a ele. Até o jeito que ele respira parece ser calculado. Até o jeito que suas veias saltam, que sua mão se ergue, ele se coloca em pose de ataque prestes a acertar meu rosto com seu punho.

 

O que eu sinto? Eu sinto algo? O que são sentimentos? Essa raiva, essa inveja, esse medo. Pode isso ser reduzido a amor? Reduzido a pó? Amor não existe. Não existe. Existe?

 

Quando eu vi seu corpo tão bem colocado ao corpo daquele asiático xing ling, eu me senti um nada. Nada. Naquele momento eu vi que as pessoas podem te considerar descartável se você não der a elas o que elas querem. Eu não dei meu corpo para Otabek, ele partiu para outra. Isso é natural, e eu não passo de um nada.

 

Porém, quando ele tentou me defender do meu avô. Ele estava me defendendo ou defendendo a própria honra? Eu amo meu avô, não se enganem. Ele é apenas confuso. Apenas confuso. Confuso.

 

O que me surpreende é eu estar preocupado com isso quando tenho prova amanhã. Hoje, correção. O despertador toca. Já? Preciso parar de devanear. Parar. Preciso trocar minha música de toque.

 

Meu avô grita algo de dentro do seu quarto que eu não consigo compreender. Nota mental, lavar minhas roupas. Estão fedendo. Banho, escovar os dentes, mijar, comer. Ônibus, faculdade.

 

Novamente, o cheiro de perfume importado, cigarro caro e café ruim do Starbucks me enjoa. Eu não pertenço a esse lugar. Até mesmo o cheiro de bicarbonato de Viktor ou de graxa de Otabek são mais agradáveis. Não! Otabek não é agradável. Ou é? Minha mente é uma bagunça.

 

Sento no meio da sala. Às vezes eu sento no fundo, mas na maior parte das vezes eu sento no meio. Quem senta ao fundo geralmente são os poucos alunos que querem pagar de revoltados, querem que perguntemos se estão bem para massagear os próprios egos e competirem para ver quem sofre mais ou quem é mais alternativo. Fazem isso ouvindo músicas ruins de bandas antigas ou bandas de rock que ninguém nunca ouviu falar.

 

A professora entrega a prova.

 

Já os da frente são os alunos mais aplicados, que querem sempre se mostrar inteligentes. Massagear os egos, novamente. Respondem a tudo. Eu queria poder fazer isso. Mas parar por aí. Eles respondem coisas que ninguém entende, fazem frases gigantes. Alguns costumam sentar mais para trás, só para ter o prazer de ver todas as cabeças se virando em sua direção para ouvir as baboseiras que saem de sua boca. São conhecidos por terem estudado nas melhores, nas melhores instituições. Falam palavras difíceis que ninguém entende e respondem as coisas como se fosse óbvio.

 

Já eu? Eu sou um aluno qualquer. Bem qualquer mesmo. Respondo quando perguntam para mim, pergunto quando tenho dúvida. Não pago de nerd, nem de revoltado, nem de nada. Você pode pensar que eu sou revoltado falando essas coisas todas. Não sou. Eu sou realista, e a realidade é essa.

 

E o mais irônico disso tudo? Eu odeio realismo. Suspirar.

 

Eu não sei resolver a maioria dessas questões. Saber eu posso até saber, mas não consigo ler. Minha mente passeia por lugares que não deveria passear. Aquele relógio sempre teve um risco? Suspirar.

 

Escrevo qualquer coisa nas primeiras questões. Não lembro as respostas, nem ao menos as perguntas.

 

Entrego a prova, a professora me olha com pena. Parem de me olhar com pena.

 

Ainda é cedo. Não quero ir para casa, não quero ir para outras aulas. Começo a passear pelo centro da cidade. Tem um shopping novo que inaugurou esses dias. Resolvo passear por lá. Mesmo sem dinheiro para comprar nada, é bom imaginar. Me deixem sonhar!

 

Passo em frente a uma loja que me interessa. As peças são sensuais, porém simples. Na vitrine um manequim de casaco militar e um com roupa de oncinha. Isso me faz lembrar de Otabek. Ele usaria esse casaco militar. Sobre a oncinha, eu uso tanta estampa de bicho a noite que já começo até a achar bonito. Eu sempre gostei, mas agora eu gosto mais.

 

Uma voz grossa ri, perto de mim. Me viro, e vejo na praça de alimentação, bem perto, Otabek e seus colegas. O asiático está lá. Eles riem com papéis na mesa, parece ser provas. Otabek diz algo sobre ser “uma questão de graça”. Acho que é o tipo de questão que eu não resolveria sozinho nem em sonho. Talvez nem com ajuda.

 

Por alguns segundos, o olhar do asiático se encontra com o meu. Nervoso, resolvo sair do local. Antes mesmo que eu pudesse me virar e afastar, o rapaz cutuca Otabek e aponta para mim. Merda. Eu me viro de forma desajeitada, tentando correr. Minhas pernas fraquejam e ele me segura com delicadeza pelo braço.

 

—Você está bem? — Sua voz grossa me faz reprimir um soluço.

 

Puxo meu braço de forma violenta. Seus ombros pendem para trás suavemente, os olhos abertos. O som do local parece sumir, e apenas nossas respirações altas preenchem os ouvidos.

 

Meus dentes batem e trincam, a ânsia de vômito ameaça vir. Lacrimejo, suspiro, respiro. Respirar. Respira.

 

— Eu estou ótimo. Agora me deixa em paz. — Minha voz é vacilante e não demonstra sequer um pequeno resquício de confiança.

 

—Não parece.

 

—Mano, me deixa em paz. — Viro novamente, prestes a seguir meu caminho. O som e a cor das coisas começam a voltar.

 

—Me desculpa por ontem. — Escuto seu gaguejar, e novamente estou no branco.

 

— Você não tem que se desculpar por nada. — Volto a fitar seu rosto, que agora tem uma expressão confusa. — Você é livre.

 

—Ah, mas eu fiz coisas que eu não deveria ter feito. Eu não queria te magoar.

 

Respiro fundo. Ele falando assim até parece perfeito. Fito seus olhos castanhos. Ele parece esperar uma resposta. Eu devo essa resposta?

 

— Não magoou.

 

—Não parece.

 

O silêncio reina. Apenas olhamos um para a cara do outro. Eu não deveria ter vindo. Eu preciso ir para casa.

 

—Eu vou voltar para casa.

 

— Quer tomar um café? Eu pago.

 

As duas frases saem ao mesmo tempo, e o convite que o moreno fez surpreendeu. Seus olhos cheios de expectativa se atraiam aos meus, e eu sorri. Sorri e segui seu caminho até uma pequena lanchonete. Ele pegou sua mochila com seus colegas e nos sentamos afastados. De lá pude ouvir os gritos dos rapazes gritando coisas como “arrasou Otabek”. Mal sabem. Isso deveria me incomodar.

 

Sentar, conversar, beber um café. É isso que pessoas normais fazem, não? Eu posso fingir que sou normal por alguns segundos. Eu sei que até algumas horas atrás estava reclamando sobre eu ser diferente. Mas me deixem fingir! Me deixe fingir que eu sou normal. Você sabe o que é olhar para as pessoas e invejá-las? Invejar sua felicidade? Invejar até mesmo os seus problemas? No momento, eu finjo ser uma pessoa cujo maior problema é qual tamanho de café escolher. Esse pequeno momento de fantasia já me tranquiliza.

 

Bebemos o líquido, comemos biscoito, falamos sobre o clima. Até parece um pouco estranho falar sobre o clima, parece coisa de quem não tem mais assunto. Mas correu tão natural. Falamos sobre a neve do inverno que é tão bela, sobre como a chuva do outono é algo tão simples e tão importante. Sobre o verão, sobre como o sol parece abraçar nossas peles e sobre a cosquinha gostosa dos ventos quentes da primavera. Eu sou do verão, ele do inverno. Isso está errado. Eu sou da primavera, ele do outono. O que é engraçado, se for olhar a data que nascemos. Ah sim, ele me disse isso também. É um filho do halloween. Eu ri alto com isso.

 

— Você deveria voltar na floricultura agora.

 

Ao comentar isso, meus ombros tencionaram. Me levanto rapidamente, e coloco minhas coisas nas costas. Passo a mão de forma desesperada em meus cabelos.

 

—Ah sim, estava esquecendo disso.

 

—Quer carona?

 

Sorrimos um para o outro, e aceitei sua proposta. Ele me levou até o lugar. O trajeto foi tranquilo, sua moto rápida já é um costume para mim.

 

Estava aberto. Uma senhora de pouco menos que 30 anos cuidava de margaridas na entrada. Os cabelos castanhos e os olhos puxados. Me envergonhei por alguns segundos, mas respirei fundo. Eu preciso disso. As roupas não são as melhores, mas espero que ela não se importe.

 

—Com licença...

 

Ela olhou para mim. Sorriu plenamente. Essa era a Yuuko? Ela é tão bonita. Apertou minha mão, perguntou meu nome.

 

Perguntei sobre a vaga, e então conversamos sobre a mesma. Perguntou várias coisas, e eu respondi. Otabek, ao meu lado, me apoiava em silêncio. A conversa fluía natural. Ela me contou sobre como amava suas flores, como o movimento era cansativo agora que estava grávida e não poderia mais trabalhar tantas horas seguidas. A floricultura é de seu irmão, e ele que seria meu chefe. Não me importei muito com isso. Yuuko falava tão bem.

 

Ao final, o “sim” da mulher quase me derrubou lágrimas. Eu ouvi direito?

 

Não posso acreditar! Não posso! Em meio a tantas flores, pensar que não trabalharei mais a noite, parece até cena de filme clichê. Não venderei mais meu corpo, não sofrerei mais abuso.

 

Não mais.

 

Agonia.

 

Não mais.

 

Eu sorri de pura felicidade, o sabor de vômito chegou à minha garganta, abracei a mulher de forma sincera, meu coração doía e apertava horripilante, ela pegou minhas mãos e disse que tudo ficaria bem, eu quero morrer.

 

As lágrimas querem sair. Felicidade. Tristeza. Dor. Felicidade. Dor.

 

Combinamos que eu começaria no dia seguinte, e seria todo o período da tarde até a noite. Concordei, extremamente feliz. Isso é bom, ficarei o dia inteiro fora de casa. Mas é ruim, eu sou responsável por um senhor idoso! Coisas são necessárias. Mas eu me preocupo com ele.

 

Saímos da loja com o cheiro de flores impregnado em nossas roupas. Ânsia.

 

—Precisamos comemorar! — Otabek ria.

 

Comemorar. Comemorar o quê? Ah.

 

Eu concordei, e fomos até sua casa. Ainda estava cedo. Eu me senti um pré-adolescente quando ele me abraçou, e puxou minhas mãos para jogarmos vídeo game e comermos pizza.

 

Ele não fez nada ruim dessa vez, não me senti ameaçado. Não senti medo. Medo.

 

Jogamos a tarde inteira, conversamos mais um bom tempo. Ele me ofereceu cerveja, eu recusei. Ofereceu cigarro. Nicotina.

 

Não vejo o tempo passar quando estou na sua presença. Quando estou sozinho, as horas parecem séculos. Consigo pensar, consigo formular frases e raciocinar sobre o que acontece comigo.

 

Quando estou ao seu lado, apenas me concentro nas curvas de seus músculos, na sua barba por fazer, no jeito que ele sorri quando está certo. Ele sempre está certo. Sempre.

 

Ele me faz sentir tão pequeno.... Tão estúpido.

 

Eu não consigo ao menos ter consciência.

 

E então sei que estou na sua moto, indo para casa.

 

Ao ver sua moto partir, e ao subir as escadas, minha consciência parece retornar.

 

O que está acontecendo? Ele me fez tão mal, e agora eu o trato tão bem? Ele é livre.

 

Meu avô grita coisas para mim. Diz que eu não paro mais em casa, que eu estou me drogando.

 

—Você é uma vergonha como neto! Uma vadia que vende o corpo!

 

—Pois agora saiba que eu arranjei um emprego!

 

—Onde? Quem aceitaria alguém tão lixo quanto você? Você é um burro, um inútil. Um ninguém. Mal serve para dar o rabo.

 

—Cale a boca! Eu tenho um emprego decente agora!

 

Os gritos são altos, e ele grita coisas que não consigo entender. Corro para meu quarto, batendo a porta com força e me trancando.

 

Ele grita.

 

Eu perco o ar.

 

Grita. Ar. Meu peito dói, as lágrimas caem.

 

Eu sou um inútil. Otabek nunca vai me amar.

 

A garganta arde, arranha, queima. Me afogo nas lágrimas, e sei que minha alma está morta.

 

Meu corpo formiga, os dedos contorcem e distorcem. A visão é turva. Os sabores de minha boca nunca foram tão ruins. A dor que atravessa meus órgãos é crescente.

 

Quero fugir. Quero correr. Quero dormir até nunca mais acordar.


Notas Finais


Comentem para me deixar feliz! Eu respondo tudo (no dia que eu postar o próximo, haha). Eu amo cada um de vocês.


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