1. Spirit Fanfics >
  2. Paper Hearts >
  3. Bônus

História Paper Hearts - Bônus


Escrita por: nenosuns

Notas do Autor


Hemera, você, sinceramente, tem que aprender a PARAR DE POSTAR NO ÚLTIMO MOMENTO!!!!

É sério, eu fiquei numa enrolação pra postar isso aqui. Eu queria muito fazer um especial, mas primeiro que a minha capista resolveu tomar chá de sumiço. Então obrigada dongs do meu kokoro que mais uma vez quebrou meu galho e fez essa capinha <3 Tinhamo Eunnie-ssi ^^

Segundo, que a data do concurso termina hoje, então mals por te fazer esperar tia Moy, mas eu realmente não sabia se postava isso aqui pro concurso ou só pra fazer o povo ter um ataque cardíaco mesmo kkkk

Espero que gostem desse capítulo especial, minhas amorinhas. Ele não é tão divertido quanto o outro porque conta mais como a vida dos dois mudou depois que se conheceram, mas vou fazer vocês darem boas risadas do mesmo jeito com nosso coelhinho de ouro.

Ops, spoilers...

Espero que gostem :3
Boa leitura.

Capítulo 2 - Bônus


Fanfic / Fanfiction Paper Hearts - Bônus

Quatro meses depois

 

Acordo com a leve fricção dos cabelos descoloridos do menor fazendo cócegas em meu nariz. Abro os olhos lentamente, o sono ainda me consumindo, enquanto com um sorriso nos lábios admiro essa beleza imoral que é Park Jimin nu em meus braços. Beijo sua testa suavemente, levantando-me com cautela para não acordá-lo, vendo-o resmungar algo incoerente ao abraçar os cobertores com afinco como se estivesse moldando um Jungkook com a roupa de cama. Existe ser humano mais fofo?

Sigo para o banheiro tomar uma ducha rápida para tirar os resquícios de suor e sêmen de outra de nossas noites agitadas de meu corpo. Não sei como em tão pouco tempo eu e o mais velho criamos tanta intimidade a ponto de meu xampu ficar ostentado na prateleira do box ou minhas roupas ocuparem um canto de seu armário. Tudo o que sei é que Park Jimin me mudou por completo nos poucos meses em que estamos juntos.

Para alguém que estava acostumado a copular como um coelho com o primeiro que aparecesse, ter ficado em abstinência por três semanas foi literalmente uma tortura. E a razão de todo esse sofrimento tinha nome, sobrenome e endereço. Desde que transei com o loiro naquele elevador minúsculo enquanto tentava esquecer meu quadro de claustrofobia minha vida nunca mais foi a mesma. Eu não conseguia o esquecer, o hyung de lábios carnudos, coxas fartas e nádegas avantajadas rondava meus pensamentos vinte e quatro horas por dia. Mesmo quando encontrava alguém que poderia muito bem me deixar duro (e acredite, encontrei vários nas noites de sexo e bebida com meus amigos), meu amiguinho parecia ter hibernado dentro de minhas calças. Mas era só pensar na imagem do mais baixo gemendo meu nome enquanto me enterrava em seu cuzinho rosado que ele começava a despertar.

Eu apenas demorei tanto tempo para procurar o mais velho em sua residência (informação fácil de conseguir já que sou o chefe daquela empresa e tenho a ficha de todos os empregados) porque me sentia confuso e desnorteado com tantas sensações novas. Eu nunca havia verdadeiramente amado alguém, meus casos eram apenas casos, uma noite e só. Mas aquele metereologista me cativou de um jeito que não conseguia ter olhos para mais ninguém.

Eu não conseguia entender, Jimin e eu havíamos conversado apenas uma vez, e embora tenha sido uma situação completamente fora do comum não é como se esperássemos algo além disso. Ambos sabiam minhas tradições quanto a meus ficantes, mas isso não me impediu de o mandar flores no dia seguinte como forma de agradecer sua preocupação naquele momento, ou de o observar de longe enquanto trabalhava ou tomava um café com seu amigo Taehyung. E sim, após descobrir a amizade entre meu ex-ficante e o baixinho percebi que de fato já o tinha visto antes, porém nunca havia lhe dado a devida importância até aquele instante.

Partindo desse pensamento, fico me perguntando: o que aconteceria se eu tivesse notado Jimin antes? Teria sido só mais uma transa? A situação no elevador colaborou para eu ver suas verdadeiras cores? Eu não sei, e sinceramente não estou à fim de descobrir. O importante é que finalmente resolvi me dar uma chance de desbravar essa aventura que se chama amor pela primeira vez, e não me arrependo até agora.

Desligo o chuveiro e seco-me com pressa com uma das toalhas que ficam guardadas embaixo da pia. Outro fator de nossa proximidade, saber exatamente onde cada objeto se encontra em seu apartamento. Eu praticamente já moro aqui, agora que ficamos boa parte do tempo juntos e descobrimos que é muito melhor dormir com o calor do corpo um do outro nos aquecendo nas noites frias de Seul, passar minhas horas livres em minha verdadeira casa, onde meus pais quase nunca se encontram por estarem sempre viajando a negócios, e onde minhas únicas companhias são as empregadas com quem troco poucas palavras e meu maltês, Gureum (que apesar de tudo considero mais como amigo que meus próprios colegas humanos), parece tão maçante e sem sentido que prefiro mil vezes adotar esse pequeno alojamento nos subúrbios de Gangdong-gu como lar.

Mas a quem quero enganar? Se tiver Jimin em meus braços qualquer lugar será perfeito para mim. O quão apaixonado estou pelo Park?

Vejo que meu pseudo namorado não se encontra mais no quarto quando retorno para me arrumar para mais um dia cansativo e entediante no trabalho, mas quando sigo para a cozinha posso sentir o cheiro do kimchi sendo preparado e o loiro platinado cantarolando alguma de suas adoradas músicas de girl groups. Paro por um instante para lhe observar, usando apenas uma cueca cinza e uma camiseta minha que cobre até a metade de suas coxas grossas, rebolando ao ritmo da melodia e como de praxe me sobe uma vontade súbita de morder aquelas grandes nádegas que tanto me enlouquecem.

Mas de novo, somos íntimos demais para não sabermos os desejos um do outro.

- Ai! – grita o mais baixo a plenos pulmões quando finco meus dentes na carne macia de seu traseiro – Filho da puta. – rosna, passando a mão rapidamente pela parte maculada, agora com a marca de minha boca molhada em sua boxer e provavelmente um hematoma no local atingido.

- Bom dia pra você também, hyung. – digo com toda a minha inocência, como se não tivesse feito nada demais, levantando-me para ficar à sua altura e lhe dar um beijo estalado na bochecha cheinha.

- Yah. Não me venha com “hyung”, Jeon Jungkook. Já não basta o estrago que fez comigo ontem? – resmunga, referindo-se à nossa noite de brincadeirinhas adultas, onde descobri o quão Jimin pode ser flexível – Vou ficar com a bunda doendo pelo resto do mês. – choraminga, um bico fofo formando-se em seus lábios.

- Vai me dizer que não gostou? – digo sacana, abraçando-o por trás e sussurrando em seu ouvido com uma voz sedutora, como se fosse um segredo só nosso – Não foi isso o que pareceu quando gemia meu nome enquanto fodia você. – distribuo beijos molhados por seu pescoço, fazendo-o arfar satisfeito, enquanto minha mão começa a descer em direção a seu membro coberto, mas sou impedido quando o baixinho, com uma força surpreendente, vira-se no abraço e me empurra contra a bancada, capturando meus lábios com afoiteza.

O ósculo é longo e cheio de mãos bobas, mas apesar de meu desejo interno de apenas tacar o foda-se em tudo e retomar meu passatempo favorito com o mais velho pelo resto do dia, sei que tenho minhas responsabilidades à cumprir, assim como o menor tem as dele. Por isso, vamos parando aos poucos, com selares ainda aqui e ali e carinhos castos em suas mechas claras.

- Ao menos é você quem paga a multa pelo barulho. – murmura com um sorriso sapeca, arrumando a armação dos óculos que havia entortado enquanto embrenhava minha mão em seus cabelos.

É verdade, depois de algumas semanas recebendo intimações do síndico por causa de reclamações dos vizinhos sobre nossas... “atividades noturnas”, resolvi tomar a dianteira e assumir minha parcela de culpa, ajudando-o a pagar pelas diversas multas que surgiam quando elevamos demais o som de nosso prazer. Mas como eu disse anteriormente, é quase como pagar uma conta de sua própria casa.

O menor deixa mais um selar simples em meus lábios curvados num sorriso antes de dizer:

- Bom dia, amor.

Amor. Foi uma sensação extasiante que me percorreu o corpo ao ouvir o primeiro “eu te amo” sair dos lábios do mais baixo. Fiquei paralisado por um momento, não que nunca tivesse ouvido tais palavras antes, mas vindos da boca da pessoa com quem quero passar o resto dos meus dias (se isso não for muito apressado para um pseudo relacionamento de pouco mais de três meses eu não sei o que é) é completamente diferente do “eu te amo” – quase – diário de meus pais.

 

- Você não precisa responder agora. – ele diz, um sorriso envergonhado adornando seus lábios enquanto desvia seus olhos dos meus, as bochechas tão vermelhas quanto um tomate – Sei que talvez seja um pouco cedo para tal sentimento, mas eu realmente...

Não o deixo completar a frase, saindo de meu estado de torpor quando finalmente consigo processar que aquela criaturinha incrivelmente fofa e carismática realmente me ama. Seguro seus pulsos com força, mas não de forma a machucá-lo, e o puxo em minha direção, colando nossas bocas em mais um beijo apaixonado que o loiro logo corresponde. Vejo seus olhinhos cativantes se fecharem e sinto sua língua macia acariciar a minha entre o ósculo. Mas diferente dos outros, esse é um beijo calmo e delicado, não querendo demonstrar nosso desejo pelo outro no ato, e sim nossa paixão e carinho mútuos.

Ao finalizarmos a ação, separamo-nos com um último selinho e admiro seu sorriso aparecer novamente enquanto encaixa sua cabeça na curva de meu pescoço e seus braços me rodeiam num abraço afetuoso. E é nessa mesma posição, com sua respiração quente e calma batendo em minha clavícula e meus dedos finos acariciando suas costas fortes que eu respondo à sua declaração.

- Eu também. – ele levanta levemente a cabeça, seus orbes me olhando em confusão e deleite – Eu também te amo, Chim. Mais que tudo. – afirmo, e penso que se ele sorrir mais suas bochechas irão rasgar.

E é assim, enlaçados num abraço agradável, nesse escritório solitário sem sua presença, escutando a chuva cair lá fora e Yugyeom digitar freneticamente algo em seu computador no corredor, que Jeon Jungkook e Park Jimin declaram pela primeira vez seu amor um pelo outro.

A primeira de muitas vezes.

 

- Kookie-ah? – o loiro me chama e finalmente saio de meus devaneios, encontrando suas íris amendoadas me fitando como se minha alma tivesse saído de meu corpo por alguns momentos.

- O quê? – pergunto confuso, realmente perdido entre as lembranças e seu olhar hipnotizante – Desculpe, amor, o que disse?

- Aish, estava na Jungkookielândia de novo, jagi? – sorrio, tanto com sua brincadeira como com o “querido” vibrando em sua voz rouca matinal – Eu perguntei a que horas é o voo. – repete, soando um pouco chateado em ter de tocar no assunto de nossa breve separação.

- Tenho que estar no portão às 16, então vou direto do trabalho. – digo indiferente, acariciando suas mãos gordinhas tentando lhe passar conforto – Minhas malas já estão prontas, só vou passar em casa para pegá-las e vou para o aeroporto. – explico, vendo ele assentir com um semblante distante, odeio ver esse olhar desolado em sua linda face, gostaria de poder vê-lo sempre com seu sorriso radiante como há pouco – Ei, jagi, não se preocupe. São só dois dias, vai passar mais rápido do que imagina e antes que sua dor no bumbum esteja totalmente curada já vamos estar rolando nus pela cama de novo e ouvindo a reclamação dos vizinhos. – brinco, esfregando nossos narizes num beijinho de esquimó enquanto pronuncio tais palavras num tom meloso que o faz rir levemente.

- Eu sei que estou exagerando. – fala, focando seu olhar no meu – Mas, tipo, é o Japão! Quando nos afastamos e você está em casa eu posso só pegar um trem até Gangnam e te encontrar, mas não é como se eu pudesse fazer o mesmo até Osaka. Eu só... eu já me acostumei a dormir com você do meu lado... – murmura quase inaudível, suas bochechas se tornando rubras, o que me arranca uma leve risadinha por sua fofura – Aish, o que está dizendo, Jimin? Parece até que são casados. – repreende a si mesmo em voz baixa e tudo o que consigo fazer é sorrir e beijar-lhe o topo da cabeça com carinho.

O problema de tudo isso é justamente esse. Apesar de nossa relação, de virar as madrugadas nas camas alheias, de termos nossos produtos de higiene e peças de vestimenta nas casas um do outro, e apesar das declarações diárias de amor, Jimin e eu não somos namorados. Quer dizer, fazemos coisas de casal e até mesmo chamamos um ao outro de “jagiya”, mas nenhum dos dois nunca fez o pedido formal. Em minha concepção, Jimin está esperando para que eu dê o primeiro passo. Afinal, no mesmo dia em que dissemos “eu te amo” para o outro pela primeira vez, ele também deixou claro mais tarde da noite que só demorou tanto tempo para admitir seus sentimentos porque tinha medo de ser apenas mais um de meus casos.

 

- Você não é qualquer um, Jimin. – digo após um tempo indeterminado, entre lágrimas silenciosas do mais velho e meditações minhas – Eu nunca havia me apaixonado antes, eu nunca disse “eu te amo” a ninguém que não fosse minha família. Mas você despertou algo em mim que nenhuma outra pessoa conseguiu. – revelo, e ele levanta sua cabeça levemente para poder me olhar enquanto falo – Você acordou aquele Jungkook adormecido em si mesmo, que não tinha prazer em viver verdadeiramente. No momento em que você sorriu para mim pela primeira vez, algo em mim mudou. – continuo, sorrindo para lhe passar confiança - Você não se apaixonou pelo grande empresário Jeon Jungkook, Jiminie. Se apaixonou pelo verdadeiro Jungkook, que te ama e quer ficar com você. – confesso, acariciando sua melenas macias – Então, por favor, nunca pense que você é só mais um de meus casos. Eu nunca falei “eu te amo” para nenhum dos meus ficantes, Chim. Eu nunca mandei flores a ninguém, nunca me viciei no perfume de alguém, no corpo de alguém, no beijo de alguém. – a cada oração era um selar em seu rosto, na testa, nas bochechas, no nariz, e, por fim, nos lábios – Você é o meu alguém especial, Jimin. Nunca duvide disso.  

 

A partir desse momento tudo entre nós se intensificou. E chegamos ao ponto onde eu não posso mais enrolar o menor ou é capaz dele me deixar, não o contrário.

O loiro coloca o que estava preparando no fogão em um prato e seguimos para a mesa, onde ele prontamente senta-se em frente a seu amado notebook conectado aos dados dos aparelhos metereológicos do prédio do jornal. Ele podia até não gostar de trabalhar ali, mas sua paixão pelo assunto é palpável.

Comecei a me interessar por metereologia um tempo depois de nos conhecermos, tendo Jimin como professor descobri que aquele assunto era mais legal do que esperava e isso criou boas lembranças também. Como o dia em que cismei de ir ao parque fazermos um piquenique mesmo ele avisando de que iria chover. Duvidei de suas palavras como bom teimoso de carteirinha, rindo o caminho inteiro quando ele saiu com um enorme guarda-chuva, sua capa plástica e galochas azuis. Mas quem riu no final foi ele quando antes mesmo de chegarmos ao nosso destino, Deus decidiu que ia reformular a Terra e mandou um segundo dilúvio para me fazer uma lavagem intestinal por minha ignorância. No final do dia, estávamos os dois na cobertura da lanchonete dos pais de Hoseok (seu amigo), que pela graça de... qualquer outra pessoa, porque Deus só queria fuder comigo mesmo, era perto do parque. Mas até que foi agradável, já que seu apartamento era acima do estabelecimento, por isso pudemos secar nossas – na verdade, minhas – roupas molhadas e nos deliciar com o lanche que havíamos preparado na varanda do moreno.

Ou o dia mais especial para nós dois até agora, meu aniversário. Não porque foi a comemoração de meu vigésimo primeiro ano, mas porque subimos até o último andar de seu prédio e estendemos um cobertor pela laje, deitando ali e observando as estrelas pelo resto da noite, trocando carícias singelas e selares castos enquanto pronunciávamos palavras de amor precipitadas até dormir. Foi um momento único e inesquecível, perfeito até a hora em que o síndico resolveu que ia nos tocar dali pela manhã.

E eu pretendo reproduzir essa cena (não, não a do síndico, esse daí tem lugar reservado no inferno) no dia do seu aniversário, que coincidentemente – não tão coincidentemente assim – é no dia que volto a Seul. E estou fazendo de tudo para que ele não desconfie de nada, fingindo até mesmo ter esquecido o evento, coisa que ele não dá nem bola já que não liga muito para tal comemoração. Mas a verdade é que eu me importo. E muito. É a data de seu nascimento, um símbolo de que ele está vivo mais um ano e que por ter nascido fomos capazes de nos conhecer. E se Park Jimin não liga para isso eu farei com que essa data perdure em seu coração, como o dia em que pedi o meu pequeno mochi em namoro.

- Jungkook! – ele exclama pelo que parece ter sido mais de uma vez por seu olhar irritado – Eu tô te chamando há décadas! Você anda muito distraído. Eu, hein. – comenta, bebericando seu (para mim insuportável) café preto.

- Desculpe, pequeno. Só estou pensando no quanto vou sentir sua falta durante a viagem. – invento, sorrindo galanteador e fazendo o menor se derreter.

Não que seja mentira, vou morrer de saudades nessas quarenta e oito horas que ficarei longe da minha maior fonte de carinho ultimamente. E enquanto estiver ocupado com minha parte no outro país, meus cúmplices, Taehyung e Hoseok, fazem a deles aqui: impedir que Jimin deixe a marca de sua mãozinha pesada em meu secretário que não vai nem um pouco com a cara dele (ciúmes do patrão gostosinho, provavelmente) ou a fiscal de seu andar que, admito, não é flor que se cheire. Ou os dois.

Ah, claro, e também cuidar de preparar o que não posso enquanto estou fora, como o bolo.

- Pabo. – murmura corado, é nessas horas que meu modo “proteja Park Bolinho Jimin de todo o mal do mundo” entra em ação.

- Hoje é seu dia de folga, né? – tento mudar o assunto, finalmente começando a comer meu café da manhã preparado com tanto carinho pelo mais velho e admiro a variedade de coisas em meu prato. Ao menos minha presença em sua vida começou a fazê-lo se alimentar com uma variedade maior que apenas miojos. Não que ele ligasse para isso, claro, por ele continuava a comer macarrão instantâneo até o fim de seus dias, mas certo dongsaeng que se preocupa muito com seu bolinho faz questão de ir à loja de conveniência toda semana e comprar comida de verdade para nós dois. E agradeço a Deus todos os dias pelo loiro saber cozinhar, porque eu, sinceramente, esqueci de perguntá-lo isso antes de aparecer pela primeira vez em sua porta com as sacolas do estabelecimento da esquina de sua rua.

- Sim, graças a todos os deuses. – diz, levando as mãos aos céus num gesto exagerado para agradecer por mais um dia de descanso de sua rotina martirizante. Sorrio de lado, lançando-lhe um olhar sugestivo ao vê-lo tendo tal atitude. Ele revira os olhos e levanta de sua cadeira para dar a volta na mesa e sentar no meu colo – Quero dizer, graças a um deus específico chamado Jeon Jungkook que preza pela minha sanidade mental e meu amado soninho. – brinca, depositando um selinho singelo em meus lábios.

Depois de um tempo saindo juntos, percebi que Jimin se esforça muito no trabalho e é pouco recompensado por isso. Ele não aceitaria que aumentasse seu salário, acusando-me de que só estaria fazendo isso porque era meu atual... alguma-coisa-porque-ainda-não-sei-como-rotular-nossa-relação-mas-fodam-se-os-títulos. Por isso decidi que ele deveria tirar uma folga daquele local duas vezes no mês. E geralmente são nesses dias que resolvemos que deveríamos começar uma sociedade indígena na Coréia e dispensamos as roupas.

Geralmente é no dia seguinte também que chegam as intimações.

Mas dessa vez não poderemos fazer isso por causa de meus planos.

- Yah, eu deveria sentir ciúmes. – faço bico como forma de provocá-lo e ele me olha inquisitivo – Você prefere mais se jogar nos braços de Morfeu que nos meus. – rio com minha própria piada e sinto seus dedinhos beliscarem minha coxa, ato que o mais baixo aderiu para me punir.

- Eu aqui abrindo meu coração dizendo o quanto vou sentir falta do meu coelhinho enquanto ele vai viajar e ficar à mercê de japas peitudas que não conhecem a palavra “limites”, e você me acusa de traição com meu travesseiro? – dramatiza, e não posso deixar de sorrir com sua personalidade piadista que sempre me faz rir – Que feio, Jungkook. Hashtag decepcionado. – aperta minhas bochechas de maneira fofa, sorrindo logo em seguida e fazendo-me amolecer em seus toques. Deus, como eu amo esse sorriso! – Se cuida, amor. – diz carinhoso, referindo-se à viagem - Não deixe as japas puxarem o seu pé e leva um casaquinho. – adverte, beijando minha testa.

- Um casaco? – pergunto confuso – Mas, amor, tá o maior calor lá fora.

- Eu sei, - enlaça meu pescoço e roça nossos lábios – mas no Japão tá um frio de arrepiar até os pelos do cu. – completa sem pudor antes de tomar minha boca em outro beijo apaixonado.

Jimin e sua mania de saber o tempo em todos os lugares. Eu já disse que amo quando esse metereologista dispensa termos técnicos?

 

*****

 

- Eu tô quase mandando alguém tomar no cu. – reclama o loiro assim que atende a chamada.

- Oh, meu Deus. O que aconteceu, baixinho? – pergunto com uma voz infantil enquanto jogo minha gravata em qualquer lugar e me atiro com gosto na cama.

Tão logo cheguei no hotel já busquei por meu celular para ligar para meu pequeno manggaetteok. Mas a primeira coisa com que fui recebido foi a afirmação anterior de forma irritada.

- “Baixinho” teu brioco, Jungkook. – oxi, o que aconteceu enquanto estive fora? Não faz tanto tempo assim que saí – Jungkook, que dia é hoje? – pergunta num tom abafado e imagino que esteja com a cara amassada no travesseiro enquanto conversa comigo.

- 11 de outubro. Por quê? – por favor, não pergunte sobre seu aniversário. Por favor, não pergunte sobre seu aniversário...

- Tá, eu sei que dia é hoje. Eu quis dizer... o que nós fizemos ontem, Kookie? – explica e agora entendo tudo.

- Deixa eu adivinhar: outra multa? – questiono de modo divertido, ele sempre fica chateado quando tem esse tipo de conversa com o responsável pelo condomínio.

Eu, por minha vez, não ligo muito já que cobriria qualquer preço e passaria por qualquer advertência para estar de maneira tão íntima com meu hyung sempre que pudesse. Mas para Jimin isso já se tornou maçante, antes com Taehyung e Hoseok que faziam baderna em seu apartamento (mas ao menos era só de vez em quando) e agora comigo frequentemente. Ele não se pode dar ao luxo de perder seu posto como inquilino, ele mesmo já me disse que aquele foi o único lugar que encontrou que conseguia cobrir com seu salário (o que de fato não era ruim) e se perdesse o imóvel teria que deixar sua carreira em Seul e voltar para Busan. É claro que eu não deixaria que isso acontecesse, não me imaginaria sem ele, e mesmo com suas rejeições por causa de seu orgulho besta eu ainda o ajudaria a encontrar um lugar para si. Ou melhor, para nós.

- Pior. – comenta ainda mais baixo – Ele gravou, Jungkook. – arregalo os olhos, é isso mesmo que estou pensando? – Ele gravou a gente transando. ­Ele literalmente ficou com a porra do celular na minha parede gravando nós dois gemendo. – confirma, e me controlo para não pegar o próximo voo à Seul e jogar aquele cara não tão velho assim pela própria varanda – Ele quer que eu faça o quê? Que eu construa um apartamento com isolamento acústico? Vai tomar no cu! Isso é falta de sexo, tô falando. Aposto que ele tava se tocando enquanto gravava a gente! – grita a última parte e tenho certeza de que o fez apenas para cutucar o dono do nicho ao lado, e não posso evitar rir com sua irritação – Ele deve achar que somos alguma espécie de coelho pra reproduzir tanto. – comenta um pouco mais calmo e com sua aura brincalhona de volta, e isso me dá uma ideia.

- E se provássemos? – indago, tentando soar sedutor.

- O quê? – questiona, levemente confuso.

- Que somos mesmo um casal de coelhos. – explico, rindo, e seu silêncio me faz avançar na brincadeira – Já fez sexo por telefone, Jiminie?

Um.

Dois.

Três.

- Seu pervertido!

 

*****

 

Finalmente.

Finalmente chegou o dia em que oficializarei as coisas. Finalmente chegou o momento em que declararei meu amor como seu verdadeiro namorado. Finalmente chegou a primeira das vezes em que tomarei suas mãos nas minhas e deslizarei um anel em seu dedo.

Cheguei cedo em casa para preparar tudo. Jimin ainda está no trabalho e pensa que só virei à noite, portanto terei tempo o suficiente para me encontrar com meus cúmplices e organizarmos tudo antes que meu alvo se faça presente.

Tudo está do jeito que planejei, Tae e Hobi fizeram um ótimo trabalho com a decoração da cobertura do prédio. E dessa vez temos até mesmo a autorização do síndico! Não me pergunte como conseguiram, mas pela cara de tacho do Jung o maior com certeza aproveitou-se de seu charme para tal feito.

Agora é só esperar o centro de tudo isso aparecer. O casal vinte já foi embora há algum tempo com suas mesmas precauções hipócritas de sempre, já que eles mesmo não as tomam, e no momento estou escondido no corredor, esperando sua ilustre presença com a caixinha de som ao meu lado e o celular em mãos, pronto para começar o plano de verdade.

Ouço o barulho da porta sendo destrancada e o som característico de seus pés se arrastando pelo carpete de forma cansada em minha direção.

- Oh, acho que o Jungkook ainda não chegou. – comenta consigo mesmo ao ver todas as luzes apagadas, acendendo-as de prontidão.

Vejo o gatinho preto passar por mim, arrastando-se em minha canela, e por um momento tenho medo que ele estrague toda o planejamento apenas anunciando minha presença com seu miado, mas ele apenas segue seu caminho e vai buscar por carinho com seu dono.

A risadinha de Jimin inunda o cômodo de maneira fofa ao ver o bichano esfregando-se em seus pés, logo levando a destra para acariciar suas orelhinhas negras.

- Feliz aniversário pra mim, Banguela. – diz num tom fadigado, e meu coração aperta por um instante, mas logo me recomponho e dou play na música – O quê?

 

Remember the way you made me feel

Such young love but

Something in me knew it was real

Frozen in my head

 

Começo a cantar junto à melodia e apareço para si segundos depois, surpreendendo-o, mas continuo.

 

Pictures I’m living through for now

Trying to remember all the good times

Our life was cutting through so loud

Memories are playing in my dull mind

 

I hate this part, paper hearts

And I’ll hold a piece of yours

Don’t think I would just forget about it

 

 

 

Hoping that you won’t forget about it

 

- O que é tudo isso? – pergunta com um sorriso depois de ter chegado perigosamente perto de seus lábios.

Dou-lhe um selinho singelo e seguro sua mão.

- Você não viu nada ainda. – brinco, puxando-o em direção à porta – Vem comigo.

Seguimos em silêncio para o último andar, mas não era um silêncio ruim, trocando carinhos e sorrisos bobos até nosso destino.

E claro, assim que o loiro põe os olhos em tudo aquilo seu queixo cai instantaneamente. Guio-o até o centro, onde o cobertor está posicionado com um grande cupcake para nós dois no centro. Seus olhos repousam no adorável bonequinho em formato de mochi e outro em formato de coelho encima do doce. Como eu havia dito, meus cúmplices capricharam.

- Kook, você... – começa, seus olhinhos brilhando em excitação.

- Eu sei que você não liga para o seu aniversário. – interrompo-o, ainda segurando suas mãos de forma apaixonada – Mas eu quero tornar esse dia especial para você do mesmo jeito.

- Você lembrou... – divaga, o sorriso quase tão grande quanto o rosto – Achei que tivesse esquecido.

- Eu nunca esqueceria o nascimento da pessoa que mais me faz feliz. – digo com um sorriso tão grande quanto o seu – Chim, - começo, respirando fundo antes de soltar - eu já te enrolei demais. Eu sei do que eu quero mais do que ninguém. E o que eu quero é você, Park Jimin. Todos os dias, todas as horas, todos os minutos. Nossa declaração de amor pode ter sido precoce, mas foi verdadeira. Eu nunca amei ninguém desse jeito, nem mesmo meus pais.

Finalmente chegou a hora. Retiro a caixinha de veludo de meu bolso e me ajoelho em sua frente.

- Park Jimin, - inicio, seus olhos já estão marejados e suas mãozinhas cobrem sua boca em surpresa – talvez “com quem será?” seja muito cedo para nós. Mas podemos começar com um simples pedido de namoro desse idiota egocêntrico e galanteador que desistiu de sua vida agitada para ficar com o loirinho que cuidou dele numa crise? – claro que meu pedido não poderia ser normal, não é? Somos nós, afinal – Namora comigo, Minnie?

- Hmm, - coloca as mãos no queixo de maneira pensativa – acho que vou ter que pensar no seu caso. – brinca, sorrindo logo em seguida e se jogando em meus braços, selando nossos lábios de maneira afoita e apaixonada.

- Isso foi um sim? – pergunto entre selares molhados.

- É claro que foi seu bocó. – revira os olhos e me beija novamente.

- Feliz aniversário, meu mochi. – desejo, deitando-nos abraçados no cobertor felpudo.

- E eu vou adorar cuidar do meu, oficialmente, namorado quando ele pegar uma pneumonia. – diz, acariciando meu cabelo e olhando de forma encantadora em meus orbes.

- Por quê? – questiono, franzindo o cenho em confusão.

De trás de si ele retira um guarda-chuva e o abre, cobrindo o bolinho que ainda repousa ao nosso lado.

- Porque São Pedro planejou um toró pra hoje à noite. – explica e ri de minha cara logo em seguida.

É, Jungkook, quem mandou se apaixonar por um metereologista? Tenho que aprender a checar a previsão do tempo antes de planejar qualquer coisa.


Notas Finais


To perdoada pela demora???

Gente se eu não respondi algum comentário, me perdoem, eu to totalmente sem tempo pra nada, mas eu leio todos com muito carinho. É que eu gosto de respondê-los com tempo, não na pressa, então podem deixar que quando eu tiver um tempinho eu vou fazer a limpa e ver o que não respondi ainda, ok? ^^

GENTEEEEEE
Eu postei uma one-shot de Páscoa para o projeto da tia @CrzyRainbowStar chamada "My Easter Bunny".
POR FAVOR DEEM UMA OLHADINHA LÁ PLEAAAAASE

https://spiritfanfics.com/historia/my-easter-bunny-8720949

E quanto aos leitores de "Não existem coincidências", me perdoem pelo atraso, sérião. Acho que consigo postar semana que vem e aí me desculpo devidamente, mas não esperem nada concreto!!!

Obrigada a todos os leitores dessa fic e à tia @Moyashii que deu início a tudo isso, muito obrigada <3
Agora encerro oficialmente Paper Hearts, essa bebê, que vai deixar muitas saudades nos nossos cores :'3

Twitter: @miamiatzo

Beijinhos pra quem fica, amorinhas.
Mia :3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...