História Para Equilátero Falta Um Terço - A solução gera mais dúvidas

[12:43] Kook:

Hyung, me encontre naquela cerejeira do parque perto da sua casa, às 18:00.

Não se atrase!

[13:12]: Você

Por que?

Hoje é sábado Jungkook.

Eu só quero dormir!!!

[13:20]: Kook

Só apareça, hyung.

 Sério.

 

Bloqueei a tela do celular e me joguei na cama; eu não dormia bem à dias, e o que eu pretendia fazer durante aquele sábado era repor todas as energias que perdi na semana com toda a história de Jimin. Eu estava um caco, sem ânimo até para levantar da cama, e sair de casa não estava mesmo nos meus planos; de início até pensei em ignorar, mas podia ter algo a ver com Jimin, afinal Jeon não desgrudou do menor a semana toda.

Não vou mentir, eu já estava começando a ficar irritado com meu melhor amigo, que insistia naquela ideia de não querer olhar na minha cara.

Tá, eu sei que eu errei ao deixa-lo de lado e não perceber que ele estava afetado com tudo aquilo, mas ele simplesmente não me deixava concertar o erro.

Pra piorar a situação, Hoseok estava a cada dia mais próximo; trocávamos mensagens praticamente o dia todo depois da aula e ele até me fazia companhia nos intervalos – tudo longe da vista de Jimin, claro; eu não queria magoá-lo ainda mais – mas ficar longe de Hoseok não era bem uma opção fácil a se fazer, principalmente quando o mesmo era carismático e atencioso comigo, sempre me distraindo e me fazendo esquecer dos problemas. (Até mesmo os problemas de casa).

Acontece que meus pais eram do tipo “vamos manter as aparências enquanto não desabamos de vez”, e por isso sempre havia discussão em casa, e eu não gostava nem um pouco de estar no meio quando acontecia – e era o que estava acontecendo.

— Vai mesmo beber? De novo?

— Não enche Minyoung, eu trabalhei a semana toda, tenho direito.

— É só isso que você sabe fazer mesmo, é um imprestável.

Eu não estava nem um pouco afim de presenciar mais uma briga na semana, por isso saí de casa; meio sem rumo mesmo, só não queria continuar lá.

E enquanto eu caminhava pelas ruas do bairro, eu relembrava coisas que já havia me esquecido.

“Era inverno, o meu décimo segundo, a minha estação favorita do ano, e a que Jimin mais odiava.

 

— Yoongi, eu não quero sair de casa, deve estar tipo uns cinco graus lá fora.

— É só um pouquinho Jimin, eu prometo que não jogo neve em você e nem nada do tipo, só quero que veja uma coisa. – O mais novo apenas aceno com a cabeça, calçou as botas e me seguiu.

No dia anterior eu havia feito uma coisa para que Jimin nunca se esquecesse que eu sempre estaria do seu lado; ele andava meio cabisbaixo naqueles dias, não queria me dizer o motivo daquela chateação toda. E eu só fui descobrir o que acontecia quando vi um de seus colegas de classe xingando-o no meio do corredor.

 

“Então era isso”.

 

Fomos até uma arvore perto da esquina de casa; tirei os galhos da frente para que ele pudesse enxergar melhor, por mais que estivessem sem folhas por conta da estação, ele estava sem os óculos e eu sabia que talvez ele não enxergasse direito.

E, enquanto eu apontava o local com a mão, vi aquele sorriso de dentinhos tortos surgir, iluminando aquele dia escuro.

— Hyung, você fez isso? – Ele estava reluzindo.

Era só uma gravura no casco da árvore, as iniciais J&Y, de Jimin e Yoongi.

Eu só queria que ele compreendesse que seria pra sempre; aquela nossa amizade, a vontade de protege-lo o tempo todo, porque ele era meu melhor amigo, e eu só o queria bem, sorrindo e feliz; mesmo que fosse através de uma gravura simples em um tronco de uma árvore qualquer.

— Sim, gostou? – Ele só acenou e se abaixou, procurando algo no meio daquela neve rala; era uma pedra.

— Eu li em algum lugar que isso machuca as árvores. – Acariciou a madeira enquanto riscava sob a mesma. — Me desculpa arvorezinha, mas é para o hyung.

Ele havia escrito forever do lado das iniciais.

E talvez eu tenha exibido aquele meu sorriso gengival que ele dizia ser bonito.”

 

“Droga Jimin, você faz tanta falta seu idiota”.

。。。

Eu estava no local combinado, já era 18:10 e nada de Jungkook aparecer; o que era bastante esquisito, visto que o mais novo sempre foi “O cara pontual”, aquele que nunca atrasava, e se orgulhava muito disso.

O parque estava vazio, o céu em um tom alaranjado ia perdendo os raios do sol e dando espaço para a lua.

Foi quando eu senti alguém sentando-se a meu lado, na grama.

Era Jimin.

— Eu poderia ter dado meio volta e ido embora, mas você sabe que minha visão não é das melhores, e eu só fui ver que era você quando cheguei mais perto. – Ele olhava para o céu, ignorando minha presença ali, como se falasse com um fantasma. —Eu vou matar o Jungkook.

Ele riu baixinho, sem realmente achar graça, mas conhecendo-o como eu conhecia sabia que ele estava nervoso; mordendo o lábio inferior e brincando com os dedinhos pequenininhos por debaixo das mangas compridas.

— Então por que ainda não foi embora, Jimin?

— Porque eu senti saudade. – Simples e direto, encarava-me agora com os olhos negros cintilantes; os pequenos raios refletiam nos seus fios, – agora platinados – mas ele continuava com aquela expressão impassível, enigmática demais para alguém que sempre foi um livro aberto.

E eu não sabia o que responder.

Compartilhava o mesmo sentimento de saudade, mas não sabia como reagir aos olhos profundos do mais novo. Tinha tanta coisa escondida naquelas íris; tanta coisa que eu queria entender melhor, porque ele parecia muito distante e diferente.

— Hoje eu fui naquela nossa árvore, você lembra? – E ele só assentiu e voltou a olhar para o céu. — Você lembra o que escreveu nela, Jimin? – E eu pensei que ele talvez só fosse assentir novamente, ou talvez ele nem se lembrasse mais, fazia tanto tempo.

— Forever. Que mentira, não é?. – Aquele inglês engraçado não foi capaz de amenizar o clima, era tão profundo, e talvez ele pudesse ver minha alma, tamanha a intensidade do olhar.

— Olha Jimin, eu não queria te magoar, ou fazer você pensar que eu iria te abandonar. Você é meu melhor amigo, e eu não te descartaria, você sabe disso, não sabe? – Dessa vez ele só acenou, monossilábico como estava sendo durante esses últimos dias. — Eu também sinto sua falta Jiminnie. “Eu estou tão acostumado a viver com você que eu nem saberia o que fazer se você não estivesse mais aqui.” – E ele abriu um sorriso, foi involuntário pois ele fez questão de tentar esconder com a manga da blusa de frio; e então voltou a observar o céu, que já estava em tons lilases.

— Eu queria entender o motivo do meu coração estar tão acelerado agora.

E eu queria entender como ele conseguia ser tão direto, transparente, e fazer meu coração dar umas pontadas involuntárias.

Jimin se aproximou devagar, como se calculasse cada passo que daria, como se tivesse medo de avançar muito.

Ele passou a ponta dos dedos por meu rosto, em uma carícia suave, e eu automaticamente fechei meus olhos.

Podia sentir seu hálito, estava bem perto.

Eu sabia o que aconteceria ali, e eu queria muito, - mesmo sem saber.

Jimin encostou sua testa na minha, e se ajeitou melhor.

— Olhe pra mim, hyung. – Ele sussurrava.

Tão perto.

E quando abri os olhos pude contemplar de perto aquele sorriso radiante do mesmo Jimin de doze anos, do mesmo garoto que tinha tanto medo de ficar sozinho, e que sorria os sorrisos mais sinceros ao meu lado.

E eu não me arrependi quando deixei que ele me beijasse.

Não me arrependi quando ele pediu passagem para me dar um beijo de verdade, passagem para mudar toda aquela relação esquisita que tínhamos; e que eu já nem queria mais entender.

Eu não me arrependi quando o correspondi.

E era estranha demais aquela sensação toda, aquela vontade toda; mas era tão bom.

Eu teria provado antes, se soubesse.

Eu só me arrependi quando, ao fim do beijo, saí correndo deixando Jimin pra trás; sem nem me despedir.

。。。

[20:37] Você:

Hoseok, você estava certo.

 

[20:40] Seok:

 Sobre o que, hyung?

 

[20:41] Você:

O Jimin.

Ele me beijou.

[20:41] Seok:

...