-Mário? – Ouviu alguém lhe chamar. Olhou para os lados e não viu ninguém. De repente sua visão começou a ficar turva. Ainda o chamavam, mas ele não sabia de onde. Seu corpo foi chacoalhado e ele abriu os olhos. Alicia o encarava, enquanto chamava seu nome. Olhou para os lados, dando de cara com o hospital e suspirou constatando que não passava de um sonho. Um sonho muito ruim, mas ainda sim, um sonho.
-Cadê a Marce? – Perguntou atônito.
-Não temos notícias ainda. Você cochilou por alguns minutos, não acha melhor ir para casa dormir? – A moleca perguntou preocupada.
-Óbvio que não! Eu vou esperar por notícias – Disse levantando.
Foi até o bebedouro e encheu um copo com água gelada, tomando em segundos. Os olhos pesavam, mas ele se recusava a ir embora sem pelo menos uma notícia. O sonho parecia tão real, que ele se arrepiava só de lembrar.
Já passavam das quatro da manhã quando um médico finalmente foi até eles. Os cinco o cercaram e as perguntas sobre Marcelina começaram. Ele pediu silêncio e assim foi feito.
-O quadro dela é estável – Falou. – A maioria dos problemas são todos externos, como os hematomas e arranhões. Como foi dito ao irmão dela, Marcelina quebrou o braço e fraturou a coluna. Fizemos uma bateria de exames e ela não vai precisar de cirurgia na coluna, porém, terá que usar um colete. Ela passou a pouco por uma cirurgia no braço, e nós a sedamos, provavelmente ficará desacordada até perto do meio dia – Ele falou e pareceu notar algo em sua ata. – Ela tem marido, namorado ou algo do tipo?
-Namorado – Paulo disse. – Pelo menos tinha um até ontem, por quê? – Questionou.
-Posso conversar com você e seu marido? – O médico perguntou para Lilian que assentiu.
-Poderemos ver nossa filha? – Roberto questionou.
-Após nossa conversa eu autorizo a visita. O restante só poderá vê-la depois do meio dia.
Dito isso, ele saiu acompanhado dos pais de Marcelina.
Mário suspirou alto e sentou no sofá com as mãos no rosto. Alivio era a palavra que o definia no momento.
-Obrigado – Ele agradeceu baixinho. – Obrigado por não tirar minha pequena de mim – Algumas lágrimas correram pelo rosto dele, que não se importou.
Paulo abraçou a namorada, enquanto chorava de alivio.
-Obrigado meu Deus – Disse a apertando. – Eu nem acredito Ali.
-Ela é forte – Alicia disse o encarando. – Sempre foi e sempre será.
Paulo tratou de ligar para todos e avisá-los sobre o estado de Marcelina.
-Gente – Alicia chamou os meninos, que conversavam. – Esquecemos de avisar o Pedro sobre o acidente.
-Só pode estar de brincadeira – Mário falou irritado. – Ela voltou por causa dele. Não sei o que, mas ele fez algo com a Marce e ela decidiu voltar.
-Como assim? – Paulo perguntou.
-Ela me ligou na quinta de noite e me pediu para emprestar o dinheiro da passagem, porque queria voltar. A voz dela estava diferente e não foi a primeira vez que notei – Mário explicou.
-Também a notei estranha em algumas ligações. Será que ele tem algo a ver? – Paulo questionou.
-Eu tenho quase certeza que sim – O amante de animais disse. – Eu quero muito quebrar ele de porrada. Se eu o pegar, não vai sobrar Pedro para contar história.
-Gente, agora não é hora – Alicia disse. – Temos que ficar fortes pela Marce. Ela precisa da gente.
-A Ali está certa – Paulo disse. – Mas vamos tirar essa história a limpo depois – Mário assentiu.
~*~
Era cerca de sete e meia da manhã quando Davi decidiu acordar Valéria. Era cedo, mas ele havia prometido acordá-la cedo e levá-la para casa.
-Como está a Marce? – Ela perguntou enquanto tomavam café. A principio, a maluquinha quis ir diretamente para casa, mas Davi insistiu tanto que ela acabou ficando para um café.
-Está bem – Davi respondeu. – Quebrou um braço e fraturou a coluna, mas não corre risco de vida. Parece que ela está com bastante hematoma, mas tudo externo.
-Que bom – Ela disse suspirando. – Não sei o que faria se perdesse minha amiga.
-Você vai querer ir ao hospital hoje?
-Sim. Você disse que depois do meio dia as visitas estariam liberadas não é? – Ele assentiu. – Então, vou pedir para o meu pai me deixar lá. Estou com tanta saudade dela, que só Deus sabe.
-Eu posso te pegar em casa. Também vou visitá-la, e é caminho – Ele ofereceu.
-Davi – Ela disse suspirando. – Eu estou entendendo o que você quer fazer, mas eu sofri demais com o que tivemos e não quero repetir a dose.
-Val, nós sempre fomos melhores amigos. Ainda que não continuemos como namorados, me dê pelo menos a chance de ter tua amizade.
-Eu não sei, sinceramente – Confessou. – Até hoje eu sinto a dor de te perder. Eu te amava, Davi.
-E eu ainda te amo – Disse a encarando fixamente. – Eu fui um idiota e assumo isso, mas cada vez que eu te vejo e não posso te tocar, é um pedaço do meu coração que se quebra.
-Eu lamento, mas não posso – Ela disse levantando. Sem falar mais nada, ela saiu da casa dele, que suspirou frustrado.
~*~
Já era duas horas da tarde e Mário estava impaciente com a demora de Alicia e Paulo dentro do quarto. Ele seria o ultimo a ver a menina, pois disse que tinha algo importante para lhe contar. Todos concordaram, é claro.
-Até que enfim – Ele reclamou. Alicia e Paulo apenas reviraram os olhos e deixaram que ele entrasse. – Baixinha? – Chamou entrando.
Foi até a cama onde Marcelina estava e por sorte, não deixou nenhuma lágrima escorrer.
-Que bom que você veio – Ela disse baixinho, quase que em um sussurro.
-Eu jamais deixaria você – Garantiu. – Por favor, nunca mais me assusta desse jeito – Pediu com a voz embargada.
-Não estava nos planos, eu garanto – Disse tentando rir, o que logo se transformou em uma careta de dor.
-O que houve? – Mário perguntou assustado.
-Qualquer movimento mais brusco, me causa dor- Ela explicou. – Paulo me disse que tu querias falar comigo.
-Sim – Ele confessou. – É bobo o que vou dizer, mas eu só queria deixar claro que te amo demais. Queria que você soubesse disso, e que soubesse também que eu não me vejo sem você. Eu quase morri quando soube do acidente. Não posso nem pensar em te perder, Marce – Há essa hora, as lágrimas já desciam sem permissão.
-Eu jamais vou te deixar – Ela garantiu. Com algum tipo de esforço, ela tocou a mão dele, que estava apoiada na maca. – Não posso deixar as piriguetes darem em cima de você – Disse semicerrando os olhos, o fazendo rir.
-Só você mesmo – Disse rindo. – Mas é sério. Você não tem noção do tamanho do meu amor por você.
-Obrigada – Ela disse sorrindo levemente. – Por estar sempre comigo e nunca me abandonar. Eu senti tanto a tua falta, não tens noção. Eu só queria chegar logo em casa e poder te abraçar, abraçar meu irmão e a Ali.
-Eu que te agradeço. Ter você é o melhor presente que a vida poderia me dar e eu sou extremamente grato por isso – Ele disse. Com a mão livre tocou levemente o rosto da baixinha, que fechou os olhos apreciando o momento.
-Eu te amo grandão.
-Eu também te amo pequena.
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