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História Para Sempre Seu - Capítulo 13


Escrita por: NaNaNat

Capítulo 13 - Capítulo 13


Eu queria que aquilo tudo fosse um sonho. Queria que eu nunca tivesse quebrado a minha promessa. Queria nunca ter colado na prova de matemática. Queria que minha mãe não tivesse morrido quando eu ainda era uma criança. Tantas coisas que eu faria diferente. Mas uma parte de mim sabia que o tempo não voltava atrás e que nada daquilo podia ser desfeito. Milhões de pensamentos cruzam minha cabeça, mas não consigo focar em nenhum deles. Ainda estou com os pés plantados no chão, sem reação alguma.
- Você contou para ela ? - a voz baixa porém firme de Grimmjow, é o que me traz de volta a Terra. Não consigo olhar para Grimmjow, então dirijo meu rosto para o de Rukia. Ela parece tão confusa quanto eu, revezando seus olhos entre eu e Grimmjow.
- Profes...- Rukia começa a falar, mas percebe a expressão em meu rosto e então parece hesitar - vou deixar vocês dois a sós.
- Sério !? Agora que você já contou tudo ? -  eu digo para ela, de modo impaciente. Agora não fazia mais diferença alguma. Grimmjow já sabia. Rukia desvia o olhar de mim e então sai da sala de cabeça baixa. Apesar de eu estar um pouco zangado com ela, sei que estou errado. Aquilo tinha sido culpa minha. Se eu tivesse sido honesto com o Grimmjow desde o início, nada disso teria acontecido. Agora era eu quem devia encarrar as consequências. Fossem elas quais fossem. Tenho medo do que Grimmjow possa me dizer, mas respiro fundo e olho para ele. Seus braços estão cruzados sobre o peito e seus olhos estão sobre mim. Começo a sentir a mesma pressão que eu sentia antes, quando eu desviava o olhar do dele. Por um momento não sei o que fazer.
- Eu queria ter te contado antes... - eu digo, com a voz baixa
- Queria ? Não foi o que me pareceu. - ele retruca, em tom firme -  Você contou para a sua amiguinha, não foi ?
- Eu não fiz de propósito..- respondo, tentando achar algum argumento que simplesmente não existia -  eu nunca tinha passado por algo assim antes
- Por algo assim como ?
- Nós.. - eu digo, com a voz vacilando - eu nunca tinha ficado com ninguém e tudo isso ainda é muito novo para mim, Grimmjow
- Você podia ter se abrido comigo - ele diz com o olhar duro sobre mim - mas ao invés disso, você resolveu mentir para mim, Ichigo
Mentir !?
- Mas eu não menti para você !
- Você não me contou a verdade, contou !? - seu tom de voz se eleva por um segundo e eu me encolho. Eu nunca tinha visto ele daquele jeito. Era tão diferente do seu jeito comum, alegre e gentil. Tudo parecia estar saindo dos eixos e a culpa era totalmente e somente minha. Sinto como se eu soubesse como aquilo iria terminar e eu não podia deixar aquilo acontecer. Ele percebe minha reação e dá um suspiro cansado, ele olha em volta como se procurasse a próxima coisa a fazer.
- Por favor, não fique bravo comigo - eu digo, dando o primeiro passo para me aproximar dele. Mas ele recua, dando um passo para longe de mim. Agora era eu quem não acreditava naquilo que tinha acabado de ver. Olho para ele, embasbacado e ele devolve o olhar, impassível. Aquela não era a mesma pessoa, não era o Grimmjow. Não era o rapaz que eu achava que conhecia.
- Eu não estou bravo - Grimmjow diz, com a voz cheia de algo que eu não consigo identificar - só estou decepcionado com você, muito decepcionado.
Decepcionado ? Isso é bem pior do que ficar zangado.
Sinto meus olhos arderem e sei que vou começar a chorar. Mas eu seguro as lágrimas, certo de que aquilo não seria justo. Nem comigo nem com ele. Não posso me dar ao luxo de chorar, não agora.
Engula o choro, isso é culpa sua.
- Grimmjow, me deixa explicar - digo, tentando parecer calmo mas falhando - quando você me pediu para prometer que não iria contar a ninguém, eu já tinha contado.
- E mesmo assim você me fez uma promessa ? - ele franze o cenho para mim - como você..
O sinal do fim da aula toca e interrompe a fala de Grimmjow. Ele olha uma última vez para mim antes de pegar sua bolsa e sair da sala. Por um momento penso em ir atrás dele para...fazer qualquer coisa, mas os alunos começam a entrar e logo a próxima aula já começa. Apesar de ir contra meus costumes, tento focar minha atenção na aula. Mas minha mente parece me puxar para meu mundo próprio e solitário. Fico pensando em Grimmjow. No jeito que ele gritou comigo, no jeito como ele me olhava e principalmente, quando ele recuou de mim assim que me aproximei dele. Era como se ele não me reconhecesse mais. Como se eu fosse um completo estranho. Tento decifrar o que seus olhos diziam. Por um momento, imagino se eles não estavam cheios de repulsa. A idéia acaba comigo mais rápido do que qualquer outra coisa. Como ele poderia me odiar tanto assim ? Sinto as lágrimas descerem e as seco rapidamente, esperando que ninguém tenha visto. Infelizmente me deparo com Rukia olhando para mim, do outro lado da sala de aula. Ela parece estar arrependida e me olha com certa delicadeza. Tento ficar zangado com ela mas simplesmente não consigo. Afinal, ela não tem nada a ver com o que aconteceu. Me sinto culpado de tê-la tratado mal e decido dirigir um pequeno sorriso a ela. Para meu alívio, ela retribui o sorriso e faz sinal de que quer conversar depois. Após isso, afundo na carteira e espero o tempo passar. Enquanto os minutos vão se esvaindo lentamente, fico imaginando o que eu diria para o Grimmjow. Nossa conversa não tinha terminado quando o sinal tocou. Acho que o mínimo a se fazer é ter uma conversa honesta com ele e então ver no que vai dar. Essa última parte me deixa morrendo de medo. A balança da nossa relação parece pender ameaçadoramente e eu preciso encontrar uma maneira de volta-la no lugar. Tantas coisas passam pela minha cabeça, que fico mudando de ideia a cada cinco minutos. Uma hora, acho que devo dizer algo. Na outra, o silêncio parece o caminho certo. Cubro o rosto com as mãos e reúno fôlego nos pulmões. Decido esvaziar minha cabeça e pensar naquilo uma outra hora. Eu não deveria ficar remoendo aquilo tudo. Depois de um eterno período de tempo, o sinal do intervalo toca.
- Sinto muito por ter contado aquilo - Rukia segura minhas mãos, parecendo arrependida de verdade - espero não ter estragado o seu relacionamento com o professor.
- Não foi sua culpa, Rukia - digo a ela, olhando-a de modo gentil - a culpa foi toda minha por não ter sido honesto com ele. Eu é quem deveria me desculpar por ter ficado chateado aquela hora.
Rukia parece voltar ao seu jeito de sempre e logo, um sorriso perverso brota em seu rosto pequeno.
- Quer dizer que eu posso pedir algo em troca, não posso ?
- Ahh, pode tirando o cavalinho da chuva - retruco, parecendo relaxar pela primeira vez naquele dia. Nós dois começamos a rir e logo tudo volta ao normal outra vez. Rukia me dá um soquinho no ombro enquanto nos dirigimos até o nosso pessoal, reunidos em torno da mesma mesa no refeitório. Todos parecem querer saber sobre o que aconteceu na hora da prova. Procuro as palavras certas antes de responder, tomando o cuidado de não mencionar o Grimmjow.
- O que o professor disse ? - Renji quis saber de modo calmo (pela primeira vez na vida)
- Ele não disse nada, apenas tomou a prova de mim - respondi, dando uma risada não muito convencida. O resto do intervalo foi normal. Brigas entre Renji e a Rukia. Sado sem dizer muitas palavras. Ishida e Inoue conversando sobre a prova e eu no meio de tudo aquilo. Completamente perdido. A voz de Grimmjow me vem a cabeça, quando eu disse que não havia mentido e ele dizendo que eu não contei a verdade. Era praticamente a mesma coisa. Então sim, eu tecnicamente havia mentido para ele.
Como eu pude ser tão burro ?
Meu outro eu parece não estar surpreso com o fato da minha burrice. Ele parecia martelar a palavra ''culpa'' na minha testa com toda força possível. Ele tinha razão. Era culpa minha e eu estava com medo de admitir isso. Mas nada do que já tinha acontecido iria mudar isso e as consequências de minhas ações. A única saída que eu enxergava, era que eu deveria tentar compensar pelo meu erro. Depois do intervalo, as aulas parecem durar uma eternidade. Penso na reação do meu pai e sei que provavelmente ele vai me deixar de castigo por uma semana. Mas por incrível que pareça, eu não me importo. Não estou com medo dele ou nada do tipo. Minha mente está unicamente focada em Grimmjow. Preciso falar com ele antes que ele vá embora. Hoje, vou ter que trabalhar na loja do meu pai, então não poderei visitar Grimmjow. Mesmo que pudesse, meu pai provavelmente não deixaria. Depois que o sinal do término da aula toca, saio rapidamente da sala e nem me despeço do pessoal. Preciso achar Grimmjow. Procuro nas salas e nos corredores mas não o vejo. O fluxo de alunos aumenta e vou dando trombadas enquanto percorro o local com os olhos. Então eu o vejo, indo em direção ao seu carro estacionado. Ele está de costas então não me vê. Tento alcança-lo mas tropeço em algo ou alguém e acabo caindo no chão. Levanto minha cabeça apenas para ver a traseira de seu carro saindo pelo portão e então desaparecendo na rua. Lá se ia minha chance. Me levanto do chão e bato na calça jeans, para tirar a poeira. Dou um suspiro longo e vou embora caminhando, enquanto lamento a mim mesmo por ser tão estúpido. Sinto meu celular vibrar no bolso e vejo que há uma mensagem. Do meu pai.
''Precisamos conversar sobre sua prova, venha já para casa''  é o que a mensagem diz. Sem muito ânimo, coloco o celular de volta no bolso. Sei que a mensagem dizia que eu devia ir para casa. Mas eu precisava encontrar Grimmjow e falar com ele. Eu não queria esperar nem mais um segundo. Decido então ir até o seu apartamento. Começo a caminhar em passos largos e quando me dou conta, estou correndo pela calçada. Eu não sabia explicar, mas era como se fosse um pressentimento ruim. Uma sensação de que algo aconteceria se eu não falasse com Grimmjow. Meus pulmões parecem querer me impedir, mas continuo correndo do mesmo jeito. Acho que eu levo uns quinze ou vinte minutos até chegar ao apartamento luxuoso onde Grimmjow mora. O porteiro parece hesitar um pouco ao me ver, mas no final acaba liberando a minha entrada. Passo voando pela recepção e adentro o elevador rapidamente. Durante a subida, meus pés batem na superfície milhares de vezes em sinal do meu nervosismo. Não sei muito bem o que dizer. Eu só preciso vê-lo, preciso olhar para o seu rosto. Uma musiquinha toca pelas entradas no alto do elevador e isso só me deixa ainda mais apressado. Quando as portas enfim se abrem, entro rapidamente no corredor e quase caio ao parar em frente as portas da cobertura. Por mais irônico que possa ser, eu havia perdido completamente a minha pressa. Acho que fico parado na porta por mais ou menos um minuto. Hesitante, minhas mãos se dirigem até um pequeno botão do lado direito da porta. Ouço um som vindo de dentro do apartamento e sei que é a campainha. Não sei muito bem para onde olhar, então fico observando meus sapatos e espero até que a porta se abra. Não demora muito para que Grimmjow abra a porta de sua cobertura. Olho para ele e nossos olhos se encontram. Mordo meu lábio inferior, esperando que ele não feche a porta na minha cara.
- Podemos conversar ? - pergunto de maneira direta, sem rodeios. Aliás, eu não sabia muito o que dizer e seria estranho se eu apenas ficasse ali parado, esperando ele dizer alguma coisa. Era eu quem precisava falar naquele momento. Grimmjow olha para mim e percebo que está hesitante. Lentamente, ele abre a porta e dá espaço para que eu entre. Obedeço, timidamente e espero até que ele feche a porta. Grimmjow não me diz nada, não oferece nada como costumava fazer. Presumo que ele ainda está chateado e com razão. Não planejei nenhuma fala, então eu fecho os olhos por um segundo e então as palavras começam a fluir.
- Antes que você diga qualquer coisa, quero que entenda o meu lado da história. - digo as palavras de maneira cuidadosa, tomando a precaução de evitar qualquer besteira. Grimmjow cruza os braços sobre o peito e continua a ouvir, sem dizer uma palavra. Aquela era a minha deixa. Não consigo olhá-lo nos olhos, então foco minha atenção no piso de mármore aos meus pés.
- Não estou dizendo que eu estou certo - murmuro - pois eu não estou. Eu menti para você e nada que eu fizer vai mudar isso.
- Não...com certeza não vai - ele diz de maneira seca, ainda de braços cruzados. Sinto um tremendo alívio por ele estar falando, pelo menos ele não estava me ignorando completamente. Mesmo assim decido continuar.
- Eu devia ter sido honesto com você - digo, com a voz trêmula. -  eu espero que você possa me dar outra chance, Grimmjow.
Não escuto uma resposta. Consigo sentir seu olhar devastador sobre mim e eu engulo em seco. Posso sentir a respiração dele ficar mais pesada e não sei bem o que isso significa. Coisa boa é que não deveria ser. Arranjo coragem para fita-lo nos olhos e ele continua sem se mexer, porém seus olhos parecem pensar em algo. Seus olhos azuis encontram os meus e param por um segundo.
- Por favor...- é tudo que eu consigo dizer, sem que acabe caindo no choro ali mesmo. Mas eu consigo me controlar e continuar firme.
Não posso chorar...Não posso..
Grimmjow varia seu olhar para mim e depois parece fitar um ponto ao longe. Meu desespero aumenta repentinamente e eu penso em me aproximar dele, mas tenho medo de que ele recue novamente. Minha mente começa a dar voltas e inúmeras coisas passam pela minha cabeça. Pareço não acreditar, quando Grimmjow faz sinal de não com a cabeça.
- É impressionante, como a pessoa que a gente divide a nossa vida, a nossa casa e o pior, o nosso coração.. - ele me olha de um maneira que me deixa atônito - consegue mentir para nós tão descaradamente...
Tento pensar em uma resposta mas parece que sofri uma lavagem cerebral. Não consigo pensar em nada. Não consigo fazer nada, apenas ficar ali parado. Tento falar mas minha garganta se fecha, impedindo as palavras de saírem da minha boca. Pela primeira vez na minha vida, eu pareço ter perdido a razão da minha existência. Como ele podia me ver daquela forma ? Como se eu não fosse nada ?
- O que você ..? - as palavras na minha boca somem quando me dou conta da situação. Tudo que nós tínhamos, parecia ter desmoronado. Agora não havia mais nada. Somente o vazio. Éramos como dois estranhos que nunca tinham se visto antes.
- Você mentiu para mim - sua voz agora está cheia de raiva e eu não consigo acreditar que aquilo tudo está acontecendo - e se tem algo que eu ODEIO, é mentira..
Sinto meus olhos arderem e então as lágrimas começam a descer pela minha bochecha. Só que não me dou ao esforço de seca-las.
- Você está terminando comigo ? - minha voz é quase inaudível.
- Chame do que quiser... eu preciso de um tempo.
Fecho meus olhos, ouvindo o que eu mais temia. Se aquilo era uma consequência, eu preferia não ter mentido. As lágrimas continuam a descer e eu simplesmente não aguento mais. Dou as costas e disparo pelo corredor. Não me despeço dele, pois qualquer palavra vinda de qualquer um de nós , só aumentaria a dor no meu coração. Quando aperto o botão dentro do elevador, minhas pernas perdem a força e eu desabo no chão. Tento encontrar algum apoio para levantar, mas eu não encontro. Então eu fico ali no chão, sem vontade alguma de fazer nada. Fecho os olhos outra vez, deixando as lágrimas escorrerem por todos os lugares. Eu estava tão cansado daquilo tudo, que demoro um pouco para perceber que cheguei ao térreo. Minhas pernas estão trêmulas quando me levanto, mas eu ignoro e volto a correr para fora do apartamento. Corro sem parar. Corro até meus pulmões chegarem ao ponto de explodir. Meus olhos deixam uma trilha de lágrimas por onde passo e eu continuo correndo. Tudo ao meu redor parece um borrão. A única coisa que tem uma forma tangível, é a minha tristeza. Quando chego em casa, recebo uma bronca do meu pai e não dou a mínima quando ele me coloca de castigo. Passo o restante do dia cuidando da casa e depois ajudando na loja de meu pai. A noite, vou para cama sem jantar e não resisto quando as lágrimas surgem outra vez. Vazio...vazio...vazio. É a única palavra que meu coração consegue pronunciar.
 



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