História Para Sempre Seu - Negociações

POV ENZO

- Bom dia meu filho, dormiu bem? – meu pai perguntou quando nos encontramos na entrada do salão rumo ao dejejum.

- Não. Já temos notícias de Caleb e Vida?

- Ainda não, mas logo teremos!

- Espero que sejam boas!

- Você subestima Vida cunhado. Ela sabe se virar! – Lucca falou se juntando a nós.

- Assim espero. Amber não vai descer?

- Não. Ela.... nós....

- Problemas no paraíso?

Ele apenas assentiu.

- Isso não aconteceria se estivesse fora dessa história! – bufou meu pai.

- Se eu não tivesse me metido, não saberíamos metade dos planos dos rebeldes. Pai, não faço porque quero, mas sim porque tenho que protege-la, proteger todos vocês!

- Tenho certeza que Amber não aprovará seus métodos!

- Ela não precisa saber!

- Ótima maneira de se começar um casamento, guardando segredos. Irão muito longe!

E a discussão iria recomeçar. Fora assim desde que meu pai descobrira sobre a participação de Lucca. Eu pessoalmente concordava com ele, mas em parte meu cunhado tinha razão, Amber também corria risco, sem falar no meu sobrinho ou sobrinha.

Entramos no salão e tive a primeira surpresa do dia. Desirrê ainda estava no palácio.

- Ela voltou atrás em sua decisão. Disse querer nos ajudar! – meu pai falou.

- Ajudar ou nos derrubar? – Lucca questionou.

- Veremos!

- Mantenha os amigos pertos e os inimigos mais perto ainda! – eu falei antes de cumprimentar as selecionadas e me sentar.

Graças ao bom Deus, o dejejum correra em harmonia, todas as garotas estavam de ótimo humor. Vez ou outra eu olhava para a cadeira de Vida que agora estava vazia. A angústia por notícias estava me matando. Algo em meu coração dizia que as coisas não estavam bem, algo estava para acontecer e eu não gostaria.

A certeza de meu pressentimento se confirmou logo após o almoço, quando Caleb ligou afirmando está com o líder rebelde em uma das passagens secretas.

Estávamos todos reunidos, com exceção de Isa e Aspen, no gabinete de meu pai quando a passagem secreta se abriu e Caleb entrou acompanhado de um senhor barbudo e mal cuidado seguido de perto por três brutamontes. Imediatamente meus olhos registraram a ausência de Vida e meu coração disparou:

- Ontem está Vida Caleb? – perguntei sem conseguir conter o pânico.

- Calma Enzo, ela está bem! – ele tentou me tranquilizar. – Majestade esse é o líder rebelde da facção de Lakedon, sr. Harold Íllea.

Todos na sala ficaram boquiabertos com a revelação. Dava para ver que ali, ninguém sabia da existência de outro descendente dos Íllea, nem mesmo August que se mostrava mais aturdido que todos.

- Como assim, Íllea? – ele perguntou.

O sr Harold se pôs a contar a história mais inacreditável que ouvira em toda a minha vida.

- Então aqui estamos! – ele finalizou.

- Mas que história incrível! Não consigo acreditar que ainda possuo parentes vivos! Mas porque nunca me procuraram? Eu poderia oferecer toda a ajuda possível! – sr. August falou.

- A rainha francesa nos garantiu que você não poderia nos ajudar e assim que chegamos, fomos intimados a nos unir com os outros rebeldes. Somente quando me tornei forte é que realizamos o motim! Depois disso, começamos a enviar infiltrados para o palácio com intuito de nos informar sobre a personalidade do novo rei, visto que, de acordo com a rainha Daphine, vocês estavam nos caçando.

- Nunca soube da existência de sua linhagem, nem mesmo a de August!- meu avô se pronunciou. Mas em uma coisa ela estava certa. Se eu ao menos suspeitasse em meu reinado que houvesse Ílleas vivos, os teria matado, sem exceções.

Os brutamontes que vieram com o líder rebelde se armaram em posição de luta.

- Acalmem-se. Falo que se fosse durante meu reinado. Hoje sou outro homem e descendente algum de Gregory ameaça o trono dos Schreave!

- Não desejamos o trono majestade, apenas queremos oportunidades de uma vida digna, um pouco de terra para plantar, nossas crianças nas escolas e nossos filhos reconhecidos como cidadãos. Além é claro de poder ter uma participação no governo.

- Como assim, que tipo de participação? – meu pai questionou.

- Quero que o sr. Rei Maxon, nos dê uma vaga em seu Conselho, meu primo August já possui uma das vagas e creio que, se eu lhe entregar as informações que tenho, haverá dentro em breve muitas cadeiras a ocupar!

Todos falavam de uma suposta aliança enquanto eu só queria saber onde Vida estava.

- Onde Vida está?- falei interrompendo a conversa.

- A senhorita Woodwork ficou como minha.... “convidada” enquanto eu vinha realizar essa visita cortês!

- Você a fez de refém?

- Convidada alteza. Não faço prisioneiros. A belíssima senhorita está em minha casa na companhia de meus filhos desfrutando de total saúde. Não há com o que se preocupar. Se tudo correr como esperado, logo estará com ela.

- Caleb como você permitiu isso?

- Não havia muito que fazer Enzo, Vida já tinha planejado essa troca, fui pego de surpresa, mas é verdade o que o sr. Íllea diz, não a estão machucando, pelo contrário...

- Eu confiei em você para protegê-la.

Eu estava furioso. Como ele ousara deixa-la no meio de pessoas tão perigosas?

- A moça esta muito mais que segura alteza, tem a minha palavra!

- Como saberei se ela vale algo?

- Rumfrey..... ligue para Louise!

O brutamonte que estava mais próximo do líder pegou um celular no bolso da frente da calça e discou um número.

- Querida..... sim amor, chegamos bem..... Louise.... sim, seu pai está bem.... querida escute, entregue seu celular a senhorita Woodwork. Tem alguém que quer lhe falar.

De imediato ele passou o telefone para mim. Só demoraram uns dois minutos para que eu pudesse ouvir sua voz e quando aconteceu, pude suspirar aliviado.

- Vida, como você está?

- Enzo, é você?

- Sim, sou eu! Que alívio ouvir sua voz..... como você está?

- Bem, por favor, não se preocupe. O sr. Íllea não tem a pretensão de me fazer mal, é apenas uma garantia.

- Não me preocupar? Você é mesmo otimista. Nunca mais deixarei que se meta nessas encrencas está me ouvindo?

Seu sorriso iluminou meu dia. Era maravilhoso saber que nada havia lhe acontecido, mesmo que o aperto no meu peito não tenha diminuído muito menos a sensação de que algo estava errado.

- Logo estarei aí pode confiar.

- Eu confio, agora confio! – falei olhando para sr. Íllea que assentiu sorridente.

- Ajude-os Enzo. Eles precisam de vocês, aqui tudo está lastimável. É tanta pobreza, tanto abandono.... por favor, faça o possível para um acordo justo. Eles serão de grande valia para nós!

- Pode ficar tranquila. Agora que sei que esta segura farei o possível!

- Eu tenho uma dívida com eles!

- Como assim?

- Explico quando retornar. Agora tenho que desligar, Louise quer falar também.

-Entendo, fica bem! Eu amo você!

- Ficarei e, por favor, não faça nenhuma besteira!

A chamada se encerrou antes que ela pudesse retribuir minha declaração, mas eu sabia que iríamos ter tempo para tudo isso.

- Bom, agora que “Romeu” já se acalmou, podemos realizar a negociação?

Passamos a tarde inteira imersos em papéis e em discussões para selarmos um acordo justo e, ao fim da noite o tínhamos. Meu pai cedeu toda uma área de Lakedon para os rebeldes já que o sr. Íllea não possuía interesse de se manter em Angeles. Todos eles seriam inseridos em programas de capacitações de acordo com suas habilidades para que conseguissem vagas no mercado de trabalho. Fiquei muito satisfeito ao ter o orçamento de meu projeto ampliado para que incluísse a aldeia Virgínia, nova morada dos ex rebeldes, em homenagem a segunda esposa do fundador de nosso país. Quanto ao cargo no Conselho, o sr. Íllea fez questão de indicar seu filho para a vaga de Robert, o babaca que insultou tia Marlee, ele era um colaborador rebelde. De acordo com ele, Gregory possuía um talento nato para táticas de guerra e uma honra inquestionável. Pelo canto dos olhos, notei Caleb fazer uma expressão estranha, mas deixei passar. Eu o questionaria depois. O certo é que conseguimos a paz com o clã e, em troca do que cedemos, adquirimos provas de nossos inimigos financiadores e do envolvimento da França bem como a ajuda de seu exército para reforçar nosso plano de captura dos demais rebeldes.

O acordo foi selado e autenticado naquela mesma noite.

- A senhorita Vida tinha toda razão, o sr é um homem generoso e justo rei Maxon! – sr. Íllea falou enquanto estendia a mão para meu pai.

- Vida é uma moça muito valorosa!

- Vossa graça terá bastante sorte se a tiver como nora, se meu Gregory casasse com uma moça assim eu seria imensamente feliz!

Caleb tentou fazer cara de paisagem, mas não passou despercebido, pelo menos para mim.

- Agora que esta tudo resolvido e validado irei providenciar a vinda de sua selecionada alteza!- sr. Íllea voltou-se para mim e em seguida para Caleb. – Aguardamos sua visita para o início da restauração de nossa comunidade sr. Leger.

- Eu estarei lá brevemente senhor! – respondeu Caleb.

- É hora de nos despedirmos! Não podemos nos afastar muito tempo. A facção de Hondurágua já deve estar ciente de minha ausência e pode tentar algo.

- Fiquem mais um pouco Harold! Quero que conheça sua sobrinha! – August dissera.

- Haverá outras oportunidades meu primo, agora que nos reencontramos, iremos permanecer unidos.

E foi nesse momento que a sirene acusando mais um ataque rebelde tocou.

- Não é possível? Como eles souberam?- meu pai questionou. Já nos encontrávamos no abrigo.

- Majestade o senhor tem inimigos muito poderosos e inteligentes!- respondeu o senhor Íllea.

- Percebo! Deve haver alguma câmera instalada naquela sala.

- Não há! Vida, Aspen e Isadora revistaram tudo depois do último ataque e retiraram duas! – eu falei.

- Mas podem ter instalado outras recentemente! – o cara chamado Rumprey falou.

- Não tem como! Coloquei na ronda de minha sala apenas os guardas de minha inteira confiança!  

 - Mas seus Conselheiros tiveram acesso a ela não é?

- Claro!

Rumfrey e o sr. Íllea se entreolharam.

- Rei Maxon, o senhor percebeu alguma coisa diferente em sua sala? Um objeto novo ou quadros?

- Não, está tudo igual..... a não ser..... na última reunião Robert me deu um belo relógio que eu coloquei em cima da lareira!

- Robert Danfort?

- Sim!

- Majestade, seu Conselheiro é um dos principais agentes da rainha. Fora ele que infiltrara metade dos rebeldes em seu palácio! Provavelmente o objeto que ele lhe presenteou possui uma câmera já que vocês desinstalaram as outras.

- Maldito!

- Acalme-se majestade. Todos os papéis que lhe entreguei possuem os nomes de seus traidores!

Nesse momento todos lembramos que a pasta havia ficado no gabinete real.

- Vamos torcer para que eles não a encontre!- meu pai dissera, mas fora muito otimismo. Assim que o ataque cessou e pudemos retornar ao gabinete, não havia sinal dela.

- Merda, todos os documentos sumiram! – Gritou SR. August.

- Acalme-se primo, nos acompanhe, por favor! – sr. Íllea pediu a todos. Assim que chegamos ao corredor ele falou:

- Precisamos ir algo me diz que esse ataque foi apenas um ardil. Não se preocupe, mandarei meu filho com a senhorita Vida e ele lhe trará um pen drive com todas as informações. Aqueles papéis eram cópias!

- Ótima notícia. Estaremos aguardando a chegada de seu filho. Agora irei expedir um mandato de prisão para o sr. Robert Danfort por traição.

- Não faça isso majestade, nem ao menos retire a câmera do lugar. Podemos usa-la a nosso favor. – tio August falou. – Vou chamar Isadora para ver se conseguimos fazer uma duplicação de imagem para que eles pensem que está tudo normal.

- Faça isso August! Harold foi um prazer lhe conhecer e espero que possamos nos reencontrar mais vezes no futuro, mas peço perdão por não lhe acompanhar até a saída, preciso ver como minha filha e esposa estão.

- Entendo perfeitamente majestade. Mande minhas recomendações à rainha América e a princesa Amberly!

- Eu o farei.

Enquanto meu pai saía, eu acompanhei o sr. Íllea até seu veículo.

- Sr. Íllea, espero que retorne em segurança para o seu lar! – eu falei estendendo-lhe a mão que ele prontamente apertou.

- Obrigado alteza, tenha certeza que mandarei sua selecionada de volta em total segurança.

- Tenho certeza que será dessa forma. E por favor, perdoe-me os modos, é que fiquei meio desnorteado quando não a vi!

- Entendo perfeitamente, ela é a melhor opção para este país!

- Para mim é a única!

- Então não desmereça seu amor. Saiba que há homens que adorariam estar em seu lugar, não a desaponte.

- Eu não o farei!

Ele entrou no comboio e partiu. Fiquei observando até os portões se fecharem. Estava intrigado com a declaração do sr. Íllea. Será possível que ele se incluía naquela afirmação? Não .... se ouvira direito, ele era casado e parecia honrar e amar sua família. Além de que, Vida teria idade para ser sua filha...... ou nora! A lembrança de Caleb me olhando desconfortavelmente quando soubemos que o tal Gregory iria trazer Vida veio-me à mente. Será que havia acontecido algo? Será que era a ele que Harold Íllea se referia? Precisava conversar com Caleb. Entrei no palácio a sua procura e o vi em um canto discreto do jardim conversando com Isadora, ele parecia bem irritado assim como ela.

- Mas você é muito cabeça dura Leger!- consegui ouvir enquanto me aproximava.

- E você uma enxerida, quem lhe deu o direito de se meter nesse assunto?

- Ninguém, apenas estou tentando ajudar. Seu pai está arrasado....

- Então vá lá e o console. Ah... você já esta fazendo isso não é? Cuidado para não te pegarem na cama dele, odiaria que a chicoteassem, se bem que essa dor seria bem menor do que a que sentirá quando Aspen Leger destruir seu coração! Você não merece isso Isadora. Se afaste daquele imbecil o mais rápido possível, ele só sabe causar dor! Vida quer as respostas para isso assim que chegar. Empenhe suas forças nisso ao invés de tentar ajudar quem não merece, sua energia será bem melhor utilizada.

Ele lhe passou uma folha e saiu, deixando-a trêmula e com os olhos cheios de lágrimas. Ela não merecia aquilo.

- Isa... – eu chamei me aproximando. Não tive tempo de falar mais nada porque naquele instante ela desabou no chão chorando copiosamente. Deus, eu não sabia o que fazer. Odiava ver mulheres chorando, era confuso e frustrante. Sem saber direito como proceder, me agachei e pus as mãos em seus ombros com o intuito de consolá-la. Minha mãe disse que isso dava certo então....

- Caleb consegue ser um idiota perfeito quando quer! – eu falei.

- Ele está certo, não tenho nada que me meter! – ela falou tentando conter as lágrimas.

- Você só estava tentando ajudar, mas Caleb é muito cabeça dura!

- Não, cabeça dura sou eu que não enxergo o que todos já perceberam.

- Esta falando sobre Aspen?

Ela apenas assentiu com a cabeça.

- Isa, já aconteceu algo entre vocês?

Novamente ela assentiu.

- Vocês.....

- Sim. Mas logo depois ele me dispensou afirmando ser um erro e que era uma criança!

Eu permaneci em silêncio alguns instantes, chocado demais com tudo o que estava ocorrendo em minha volta.

- Isa...

- Não se atreva a me julgar alteza, o sr. não está em condições.

- Longe de mim, só ia dizer que você merece um cara que corresponda aos seus sentimentos. Aspen é um homem confuso e cheio de problemas mal resolvidos. Veja tudo o que aconteceu entre ele, meus pais, Lucy e a ex-rainha. Ele não sabe lidar com sentimentos românticos. Nisso Caleb tem razão, embora tenha falado de maneira raivosa, mas ele viveu anos tentando ser digno de seu pai e não quer que você faça isso também. Você merece que um homem faça por lhe merecer e não o contrário. Se me permiti um conselho, abra seu coração para outras possibilidades, você é linda, inteligente e aposto como tem um monte de caras querendo uma oportunidade. Liberte-se desse sentimento que só irá te trazer sofrimento. Aspen não vale o seu sacrífico.

- Estou tentando, mas está enraizado profundamente em meu coração. Não sei o que vai sobrar de mim agora, não sei se tenho forças para juntar os pedaços que ainda me restam.

- Você é uma Íllea, força está em seu sangue!

Ela sorriu e eu a abracei.

- Levante-se. Seu vestido é lindo demais para sujar.

Levantei oferecendo minha mão e ela prontamente aceitou. Ficamos frente a frente e pude enxugar seu rosto.

- Um rosto tão bonito não merece viver manchado de lágrimas, pense nisso!

- Eu irei. – ela falou sorrindo e eu lhe dei um beijo no rosto.

- Hum, acho que a edição do jornal irá causar certo reboliço! – ela falou e eu virei bem a tempo de ver as câmeras nos filmando. Para quem estava distante, parecíamos um casal de namorados e isso não poderia estar mais que errado.

- Acho que já está causando! – respondi ao avistar Aspen com cara de poucos amigos. Ele sentia algo por ela, dava para notar a quilômetros, mas se recusava a admitir. Pior para ele.

Durante o restante do dia não consegui falar com Caleb e a sensação de que algo não estava bem continuava a me corroer. Vida chegaria no dia seguinte, estava bem, em segurança, mas a sensação não me deixava relaxar.

- Enzo! – chamou Desirrê. Eu nem lembrava que ela ainda estava no palácio. – Seu pai me falou que conseguiu fazer uma aliança com o sr. Harold. Fiquei muito feliz, eles merecem uma vida melhor.

- Porque não nos disse que os conhecia? – questionei. Ainda estava confuso sobre sua cooperação.

- Porque vim para que não fosse preciso que sua família e você morressem. Eu pensei que nossa união pudesse acalmar a sede de vingança de minha mãe. Você ou alguém desse palácio jamais deveria saber sobre meu papel nesse plano ridículo de dominação. Você me olharia como agora, com desconfiança e isso eu não suportaria.

- Desirrê, porque resolveu nos ajudar justo agora?

- Porque, por pior que eu seja não sou igual a ela. Jamais faria mal a pessoa que amo pelo fato de não ser correspondida. E também pelo senhor Íllea e Louise. Sempre me trataram bem e merecem a felicidade. Eles tiveram tantas perdas.....

Seu rosto encheu-se de tristeza. Ela realmente os tinha em alta estima o que era raro. Desirrê não possuía amizades e sempre fizera parecer que tal fato não importava, agora vejo o quanto ela é capaz de se doar por alguém e é gratificante.

- Você fica extraordinariamente bela quando deixa seu lado humano prevalecer!

- Não é algo que faço com frequência, mas estou tentando mudar..... talvez assim eu consiga encontrar alguém que me ame como você ama Vida!

- Encontrará, tenho certeza!

- Acho que eu já o encontrei, mas fui idiota a ponto de perdê-lo!

- Desirrê nós....

- Calma Enzo, não falo da gente! Na verdade acho que nunca realmente fui apaixonada por você. Claro que eu sentia algo por você e seria feliz se nos cassássemos, mas não era aquele tipo de amor lendário que nos deixa bambos com um simples olhar ou nos incendeia com um toque, não era essa loucura que os poetas proclamam, era algo calmo, infantil, seguro.

- Sei bem o que quer dizer.

- Quando vi você e aquela tal de Monique na cama, me senti arrasada mais por ser uma selecionada e ser posta àquela humilhação do que por estar com o coração partido. Foi aí que percebi a diferença dos meus sentimentos. Eu gostava de você, mas não o amava. Isso pertencia a outra pessoa, antes de você eu tive um envolvimento com Gregory, filho do sr. Harold. Eu era completamente apaixonada por ele, mas sabia que não poderíamos ficar juntos. Apesar de ser um Íllea, Greg era apenas filho de um chef de cozinha e mesmo descendendo da realeza era bastardo e nunca poderia alcançar um cargo à altura de uma princesa. Eu não poderia mais ficar alimentando a ilusão de que ficaríamos juntos e terminamos, foi quando você apareceu com sua alegria, seu sorriso que me faziam esquecer a amargura em que me encontrava e deixei me envolver. Meus sentimentos por Greg foram sendo enterrados e aprendi a conviver com a dor de não poder tê-lo. Parecia que Deus havia te mandado para me mostrar que eu poderia ter uma chance de ser feliz. Não poderia perder você também e por isso pedi a Desmond que fizesse um Conselheiro convidar Monique para ser sua imediata. Queria destruir sua ligação com Vida para que você voltasse a olhar para mim. Por favor, me perdoe!

Aquilo me deixou sem reação. O ódio começou a se instalar em meu peito e teria explodido se não visse todo o arrependimento no rosto de Desirrê.

- Você não deveria ter feito isso Desirrê. Mesmo que Vida e eu não tivéssemos mais chances eu não me casaria com você, a muito entendi que não te amo.

- Eu entendi tarde e por isso peço perdão. Não fazia idéia de que você ainda sentia algo por Monique, a meu ver achava que não.

- Você estava certa, não sinto mais nada por ela. Na verdade eu....

- Você sempre amou Vida. Monique, eu e todas as outras fomos só tentativas de apagar esse amor, entendo bem isso!

-Desirrê, eu realmente achei que daríamos certo na época!

- Você tem sorte, pelo menos Vida está viva, eu jamais terei uma segunda chance com Greg. Ele morreu há oito meses.

- Quem lhe falou que o filho do sr Íllea está morto?

- Minha mãe!

- Desirrê, a não ser que o sr. Íllea possua mais um filho creio que sua mãe ou mentiu ou fora enganada, ele está vivo, inclusive será ele quem trará Vida e ocupará uma vaga no Conselho.

Seu rosto era uma máscara de pânico e incredulidade. De repente um sorriso surgiu em seus lábios e lágrimas correram por seu rosto. Com a mesma rapidez que vi felicidade em seu rosto, apareceu a tristeza.

- O que houve Desirrê?

- Fico muito feliz em saber que Greg está vivo, mas de qualquer forma eu o perdi. Meses antes de ser dado como morto, ele me mandou uma carta dizendo que havia encontrado uma garota e que estava apaixonado. Uma garota para quem, ser filho de um chef de cozinha era o bastante. Então acho que eles devam estar juntos.

A sensação que estava me acompanhando retornou com força total e uma idéia absurda veio-me à mente ao lembrar o modo como Caleb ficou a ser mencionado esse tal Gregory. Não, não poderia ser..... era azar demais. O que me restava era esperar até amanhã para sentir-me aliviado ou confirmar meu presságio. Nunca torci tanto por estar errado.