Zulema nada respondeu a Saray, desligou o celular e ficou por um tempo tentando absorver tudo que acabara de ouvir, coçou as temporãs sentindo uma leve pontada em sua cabeça, levantou da poltrona e foi para o quarto, abriu a gaveta de sua comoda e pegou sua arma, a colocou na parte de trás da calça e em seguida vestiu um moletom preto, pegou as chaves da moto que havia ganhado de Saray e partiu em direção a cidade.
Enquanto acelerava pelas ruas sem ter medo algum do que poderia acontecer caso um caminhão se chocasse com sua moto, outra onda de pensamentos sobre Macarena começavam a vir, e quanto mais ela pensava mais ela acelerava , sentia-se tomada pela raiva e ela não sabia o porque, sentia-se triste e ao mesmo tempo eufórica, estava com o corpo em chamas, sua garganta estava seca, ela precisava fugir de seus pensamentos, precisava fugir daquele sentimento que ela não entendia direito oque era, por um momento sentiu-o seus olhos querer lacrimejar, sacudiu a cabeça por dentro do capacete, repudiando aquilo
Estacionou a moto na onde ela sabia que era arriscado demais ir, desligou o motor, desceu da mesma, ficou parada em frente ao enorme portão, viu algumas luzes acesas, subiu seu olhar para onde parecia ter alguém e ficou ali parada.
No terceiro andar da mansão Macarena ainda estava com Rebecca em seu colo, ela ninava a filha enquanto cantava uma canção em espanhol, beijava o topo da cabeça da criança sentindo o cheiro de seus cabelinhos limpos e sorriu, nunca imaginou que amaria tanto um ser como amava sua filha, ficou um bom tempo assim até sentir que também precisava dormir,colocou a menina na cama e beijou-lhe a testa, caminhou até a janela e antes de fechar a cortina viu Zulema encostada sob uma moto de braços cruzados olhando fixamente para ela, sorriu vagamente mas seu sorriso morreu no mesmo momento quando viu a mulher lhe olhar fria, virar as costas, ligar a moto e partir as pressas dali.
-Preciso de uma bebida -Zulema pediu mal humorada quando encostou no balcão de um bar afastado da cidade
A musica que tocava era country a mulher olhou tudo em volta e percebeu que poucas pessoas estavam ali, apenas um casal jogando sinuca, enquanto três pessoas estavam sentados sob uma mesa bebendo cerveja e uma linda e jovem mulher colocava musica em uma jukebox, Zulema virou seu copo de whisky sem desviar o olhar do corpo da mulher sentindo o liquido descer queimando
-Ela vem sempre aqui -A moça que lhe servia disse fazendo Zulema tirar seus olhos do corpo que tanto estava lhe agradando
-hã? -Zulema perguntou dando outro gole em sua bebida assim que viu o copo cheio
-Porque não vai lá e pergunta a ela?o nome dela e tals-A bar tender disse dando as costas para Árabe que cogitou a ideia mas simplesmente não foi, talvez não deveria ir, ela estava com raiva de tudo que Saray havia falado e ela não entendia o porque, era pra estar comemorando, afinal já sabia quem era a sua vitima, então porque ela não conseguia comemorar com a ideia?
-puta rubia...-sussurrou desgostosa -Porque você tinha que ta no meio das minhas merdas de novo, sempre se metendo na onde nunca deveria.
-Uma taça de Martini por favor -Uma voz doce chamou a atenção de Zahir
-Você colocou essa musica? -Zulema questionou quando percebeu que era a mesma mulher que ela estava observando momentos atrás
-Não gosta de Billie Elish? -A mulher disse recebendo seu Martini e bebendo o mesmo deixando uma leve marca de batom na borda da taça
-Não gosto de musicas depressivas -Zulema bufou e deu de ombros, ela realmente não gostava daquele tipo musica, pra ser sincera, o momento era inapropriado para ouvir Billie Elish e sua voz melancólica quase suicida.
-Prazer, meu nome é Lucrécia-A mulher disse ignorando o comentário de Zulema e esticando a mão
-Prazer Lucrécia -Zulema disse apertando a mão da mesma educadamente mas sem animação alguma, seu rosto não expressava uma emoção sequer
-Não vai me dizer o seu? -Lucrécia questionou passando a mão nos fios de seus cabelos rapidamente
-Não acho que deveria -Zulema concluiu virando todo o seu copo mais uma vez e pedindo outra dose sentindo seu celular começar a vibrar dentro da blusa
-Noite ruim? -Lucrécia perguntou observando a Árabe beber
-Vida ruim -Zulema disse sorrindo sem humor -Quer sair daqui?
-não esta sugerindo uma transa certo?-Lucrécia indagou sorrindo -Você é até bonitinha mas eu sou hétero, talvez minha amiga possa gostar de você, a mulher por quem ela é loucamente apaixonada dispensou ela por hoje e talvez pelo resto da vida, quem sabe você não sirva de consolo
-Sério?que sorte a minha huh? -Zulema resmungou passando a língua por dentro da boca e observando o bar que parecia começar a ficar um pouco mais cheio, talvez uma transa com uma desconhecida lhe distraísse, ou fodesse tudo logo de uma vez, a segunda alternativa era a correta mas ela ainda não sabia.
-Hey Carlita vem cá -Lucrécia gritou acenando com a mão para a amiga que se levantou da mesa e caminhou em direção as duas mulheres
no mesmo momento Saray voltou a ligar para Árabe que ignorou a ligação, um segundo depois Saray enviou um arquivo de foto para Zulema com a legenda ''essa é puta mais nova, agora é com você'' assim que Zulema abriu a foto viu Carla Rosón Caleruega, ela estava em pé ao lado de seu pai e sua mãe, Zulema deu zoom na foto para marcar bem o rosto da mulher e nem se deu conta quando a mesma estava em sua frente
-Lu, você sai igual doida, pediu o martini só pra você? e ainda colocou Billie Elish? você quer me ver mal ou oque?-Carla indagou incrédula cruzando os braços e franzindo o cenho
-Hey deixa eu te apresentar, essa é uma mulher que eu acabei de conhecer e essa é a minha amiga -Lucrécia disse chamando a atenção de Zulema que subiu seu olhar para Carla mas rapidamente olhou para a foto em seu celular e em seguida para a mulher que estava em sua frente mais uma vez, ela não podia acreditar, o mundo realmente era uma merda bem pequena
-Olá, meu nome é Carla -Rosón disse estendendo a mão abrindo o sorriso mais doce e sincero, Zulema apertou forte seu copo e sacudiu a cabeça negativamente, seus demônios internos estavam gargalhando de sua cara naquele momento e ela só conseguia sentir seu corpo ferver
-Que puta sorte não -Zulema disse entre dentes na tentativa de conter a raiva que aumentava cada vez mais
-Da pra acreditar que ela se apaixonou pela nossa chefe? -Lucrécia falou zombeteira sem nem perceber o olhar mortal que Árabe lançava para sua amiga
-Lucrécia! -Carla repreendeu a amiga sem graça
-Ah qual é! você se apaixonou pela mulher errada e sabe disso -Lucrécia falava dando de ombros e bebendo seu martini
-E só por isso deve sair espalhando para um desconhecido? -Carla indagou olhando para Zulema que tinha uma expressão indecifrável no rosto -Sem ofensas
-Tranquilo -Zulema forçou-se a falar até que um barulho chamou a atenção das tres mulheres, o copo de whisky havia sido quebrado tamanha a força que Zulema o apertava, alguns cacos acabaram entrando em sua mão, mas a mesma não sentia dor, ela olhou para a palma de sua mão percebendo que o sangue começará a sair
-Dios! -Carla se aproximou da mulher preocupada -Esta tudo bem? vamos ao banheiro cuidar disso
-Não precisa -Zulema disse começando a se sentir enjoada com o cheiro de Carla, o perfume parecia ser doce demais, delicado demais.
-Claro que precisa! e Carlita vai te ajudar certo? até mais -Lucrécia disse dando uma piscada para a amiga e se afastando
-Não precisa, eu vou cuidar disso em casa-Zulema disse se levantando do banco no qual estava sentada
-Não por favor eu cuido disso, venha -Carla pegou a morena pelo braço que detestou aquele contato e se desfez dele rapidamente
-Não precisa me tocar para me levar no banheiro -A morena disse soltando um sorriso sem mostrar o dentes, Carla apenas deu de ombros um pouco sem graça e continuou caminhando
-Ponha a mão na água -Carla pediu assim que entraram no banheiro, ligou a torneira e começou a puxar vários papeis toalha
não percebendo o olhar feroz de Zulema sob si, a Árabe sentia seu corpo queimar de dentro pra fora,deixou que sua mão fosse de encontro a água gelada e levou a outra até sua cintura por dentro da blusa e segurou firme sua arma, poderia simplesmente acabar com tudo ali, estourar a cabeça de Carla seria mais apropriado do que sequestra-la, mas seus demônios naquele momento estavam de braços cruzados repreendendo aquele pensamento, não ela não ia mata-la de forma rápida e até mesmo segura, ela iria seguir com o plano mesmo que isso afetasse uma pessoa que ela não queria envolvida, mesmo que afetasse Macarena.
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