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História Paradise - Capítulo 6


Escrita por: lia_zarano

Notas do Autor


Oi oi oi!
Desculpem a demora


Boa leitura ^^

Capítulo 6 - Capítulo 6


Fanfic / Fanfiction Paradise - Capítulo 6

 

Gabriel

 

 Trago o cigarro por alguns segundos, e solto a fumaça no ar, continuando a olhar para o horizonte, onde o sol nasce.

-- Bom dia, garoto fumante – a voz de Mad fica mais alta conforme ela se aproxima.

-- Bom dia, Mel. Feliz duas semanas! – Sorrio para ela. A garota arqueia as sobrancelhas, se sentando ao meu lado. – Não acredito que você não lembrou! Madison, hoje faz duas semanas que nosso relacionamento começou.

-- Não temos um relacionamento, Gab. – Ela suspira, abrindo o caderno de desenhos.

-- Acordou pra me magoar hoje, linda? – Trago o cigarro mais uma vez, esperando sua resposta.

-- Não, claro que não. Eu nunca faria isso. Só estou expondo um fato. 

-- Dormiu bem? – Pergunto, ignorando-a totalmente.

-- Não sei. Eu tava dormindo. – Não precisei dizer nada. Ela gargalhou e depois voltou a falar. – Brincadeira. Dormi, sim. Um pouco, pelo menos. Se eu não tivesse tão estressada, talvez conseguisse dormir mais.

-- Por que tá estressada?

-- Falta de inspiração pra um trabalho que tenho que fazer.

-- Você? Sem inspiração? Justo a garota que tem um caderno inteiro de esboços sem nexo? – Aponto para o caderno em sua mão, franzindo o cenho.

-- Pra você ver como as coisas estão – diz ela, respirando fundo. Aperto os lábios, pensando em algo para ajudar. Mas nada vem à minha cabeça.

-- Muitos problemas?

-- Não tanto. Mas sempre tem algo que me tira a concentração em desenhar. Na maioria das vezes, problemas familiares.

-- Entendo. É uma merda mesmo. – Estico o braço em sua direção, oferecendo o cigarro. – Sabe o que ajuda? Isso aqui.

 Ela faz uma careta. Solto uma gargalhada.

-- Tira essa merda de perto de mim. Você tá sendo uma má influência pra mim. Garoto mau. – Ela balança a cabeça de um lado pro outro.

-- Dizem que os garotos maus são os melhores. – Pisco para ela, sorrindo maliciosamente. – “Eles dizem: Todos os garotos bons vão para o céu. Mas os garotos maus trazem o céu até você” – cantarolo a música e recebo como resposta uma revirada de olhos de Mel.

-- Eu espero que você esteja matriculado na aula de canto, monge. – Ela enfatiza a última palavra, indicando que eu não poderia fazer o descrito na música. Merda de promessa.

-- Quando o ano acabar, vai me deixar te trazer o céu, gata? – Trago o cigarro, piscando de novo para ela.

-- O céu é um pouco grande... Mas se você quiser tentar, tudo bem – Mad dá de ombros, sorrindo de volta.

-- Te garanto que o céu é grande e grosso. – Desencosto da árvore, aproximando nossos rostos.

-- Acho que não, hein. Esse céu que você tá falando parece bem pequeno. – Ela devolve.

-- Por que você não toca e vê? – Eu a desafio. Nossos rostos ainda mais próximos.

-- Porque se eu tocar, você vai descumprir sua próxima promessa. – Mel se aproxima mais, mas só para deixar um beijo casto em meu nariz e se afastar, rindo. – Agora, para de dar em cima de mim, suas cantadas não vão funcionar comigo.

-- Veremos, gata. Veremos. – Ela me deu um empurrão, rindo com a mesma descontração que eu. – Então, sua cabeça tá muito cheia com problemas familiares. 

-- É. Mas isso não é meio que um problema, porque todos temos problemas familiares. 

-- Mas todos são diferentes. Tipo, eu tenho um pai explosivo. Mas pode ser que você não tenha.

-- Tenho um pai alcoólatra. 

 Oh.

-- Isso é mesmo uma merda. 

-- Não significa que diminua seu problema. Mas isso não tá te incomodando a ponto de te fazer perder a concentração nas aulas.

 De fato, o temperamento do meu pai nunca foi uma coisa que eu e Bella precisássemos lidar muito.

-- Não, porque minha mãe domina a fera. 

-- Bem, meus pais são separados. Tem Sophie, a minha madrasta. Meu pai odeia beber e fumar perto dela. Porque ela fica bem brava. – Mad explica, abrindo o caderno e pegando um de seus lápis, começando a rabiscar na folha em seguida. – Mas eles não moram juntos, então no tempo em que estão separados, ele exagera na bebida. E no cigarro. 

-- E você fica com medo de algo acontecer. 

-- Mais ou menos. Meu pai não é uma pessoa violenta. Ele fica na boa, é um bêbado pacífico. Mas o pulmão dele me preocupa. – Ela parou de desenhar por um momento, fixando seu olhar em mim. – Você devia se preocupar com o seu também. 

Dei de ombros, mas não deixei passar a bronca suave que levei. Certo, eu não era um total ignorante. Sabia muito bem que essa merda de cigarro podia me matar ou prejudicar o meu envelhecimento. Isso não significava, porém, que eu tinha controle sobre a vontade que tinha de fumar. Principalmente em momentos de estresse. 

Ela deve ter percebido a minha expressão afetada – por mais que eu tivesse tentado esconder. Mad soltou um suspiro enquanto voltava a desenhar. 

-- Não me leva à mal. Eu não sou ninguém para te dizer o que fazer. Só tô dizendo. Desculpa se te magoei.

-- Não magoou. 

 Não mesmo. Só tinha me feito refletir. 

 

~~{*}~~

 

Madison

 

 Estou sentada na escrivaninha, traçando a ponta do grafite calmamente pelo papel – antes branco –, quando a porta do quarto abre com violência, me dando um susto.

-- Puta merda – solto, colocando a mão no peito e franzindo o cenho para uma Lydia ofegante. – Você tá bem?

-- Ela me convidou pra sair. – A loira diz, simplesmente. Me olha e sorri. – Vamos sair, Mad!

-- Quê? – Apoio o braço na parte de trás da cadeira, enquanto me viro na direção de Lydia.

-- Sexta-feira vai ter uma festa. E eu e você vamos nela. – Responde, saltitando alegremente para a cama. Eu a acompanho com o olha com uma careta.

-- Lydia, você disse que não ia nessas festas. – Arqueio as sobrancelhas, esperando a explicação.

 Ela suspira, apoiando as mãos atrás do corpo no colchão.

-- E eu não vou. Mas... – Ela morde os lábios. – Hm... A Bella...

-- Oooh, entendi – solto uma gargalhada. – Ela convidou você pra essa festa?

-- Bem, tecnicamente, ela convidou nós duas. Mas posso considerar um convite pra um encontro. – Disse, dando de ombros timidamente.

 Aperto os lábios em um sorriso.

-- Lya, mais iludida que eu quando era pequena, só você. – Ela me lança um olhar confuso. – Esquece. – Faço um gesto com a mão, indicando-a para relevar. – Bom, não sei se é uma boa pra eu ir nessa festa. Eu...

-- Ah, não, Mad! Por favor! Você tem que ir comigo! Não vou conseguir ir sozinha. – Ela implora, levantando da cama e vindo até mim. – Por favor, Mad! Por favor, por favor, por favor!

 Respiro fundo, pensativa. Não sei se isso é uma boa ideia. Nem pra mim, nem pra Lydia. Esse convite de Bella está a fazendo ter esperanças de algo que pode não ter futuro. E Lydia agora é minha amiga, e não quero que ela se iluda com isso.

 Eu não acho que o Gabriel e os outros ficarão com a gente pelo resto do ano. Por isso estou procurando não me apegar muito à eles. São poucas as pessoas que eu consigo me sentir realmente confortável em conversar, e Bella, Ethan, Tyler e Gabriel estão se tornando parte desse pequeno grupo. Mas eu quero ficar longe de problemas. Longe de confusões. E, honestamente, está na cara que esses quatro atraem confusão.

-- Lydia... Você quer mesmo ir? – Questiono, olhando-a. Ela assente rápido. – Me promete que não vai deixar isso te iludir ao ponto de achar que vai dar em algo, que pode não dar certo.

 Não preciso especificar para ela entender o que eu quis dizer.

-- Eu prometo.

-- Então eu vou nessa festa com você.

 

~~ {*} ~~

 

 A hora de dormir para mim é algo sagrado. Porque é a hora que consigo ir para o meu mundinho secreto, o meu paraíso próprio. Um que ninguém pode estragar ou atrapalhar.

 Nesse momento, eu estou em um Lugar Bonito. Um deles. Em um campo com flores e grama alta. Segurando a mão de um garoto sem rosto. Um que eu amo muito. Que, ali, sei que não vai me magoar. Nós damos as mãos e rimos, conversando e nos beijamos deitados na grama. E então eu mudo.

 Agora estou em um apartamento. Não muito grande, mas o suficiente para eu conseguir me sustentar sozinha, sem a ajuda de ninguém. Uma mulher independente e segura de si. Que trabalha com algo que ama, com bons amigos e um bom relacionamento com a família. Ali também tem um garoto, um que também não tem um rosto. Um que me apoia nas minhas decisões e que cuida de mim. Que eu confio com a minha vida.

 Esses dois lugares me fazem felizes. Dois de muitos. Eu criei as imagens na minha cabeça, para que eu pudesse fugir da cruel realidade. Foi o meu jeito de lidar com os meus problemas e acabou se tornando um hábito.

 Um toque de telefone me faz despertar e desembarcar do trem com destino para o mundo dos sonhos. Abro os olhos automaticamente e olho o horário ao lado da cama. Quatro da manhã. Passei a noite toda desenhando, meus dedos doem por ter ficado tanto tempo segurando o lápis. Como sempre.

-- Quem é?! – Minha voz sai rouca pelo sono quando atendo o celular, mas com muita raiva. Uma raiva genuína. Claramente quem está me ligando não sabe que eu simplesmente detesto ser acordada fora do horário.

-- E aí, Mel! – A voz de Gabriel toma conta dos meus ouvidos. – Tá a fim de um passeio?

-- Você tem a mínima noção de que horas são?! – Sussurro, com raiva. Lydia está dormindo na outra cama e não quero acordá-la.

-- Você acordaria daqui a uma hora. Não é como se fosse grande coisa. – Ele responde. E eu tenho vontade de cortar o pescoço dele. – Se veste e desce aqui.

-- Nem fodendo. – Rebato. – São quatro da manhã, seu doente. Volta pra casa e dorme.

-- Não vai rolar. – Diz Gabriel do outro lado da linha. Eu juro pela minha mãe que vou esganar esse garoto. – Desce aqui, ou eu vou aí te buscar.

-- Vai. Se. Foder. Gabriel. – Falo, pausadamente. – Vai arrumar o que fazer e me deixa dormir. – Desligo a ligação.

 Nem me dou ao trabalho de pôr o celular na mesa de cabeceira, só largo ao meu lado e viro para o outro, fechando os olhos de novo. Voltando para o meu trenzinho dos sonhos.

 Não passa muito tempo até que eu abra os olhos de novo com o barulho de batidas na porta. Filho da puta. Seja quem for.

 Um ódio profundo percorre as minhas veias quando levanto da cama e vou atender a porta batendo os pés.

-- Você quer morrer agora ou depois?! – Nem me dou ao trabalho de ser educada com Gabriel.

 Ele sorri – e que sorriso, se encostando no batente da porta. Cruza os braços e me olha de cima a baixo.

-- Belo pijama, Mel. – Diz.

 Eu fecho os olhos, envergonhada. Nem preciso olhar para baixo para confirmar o que ele estava zoando. Meu pijama com estampa de estrelinhas.

-- Não enche. – Respondo, bufando. – Sério, garoto, volta pra sua casa. Eu quero dormir. Para de ser doente.

-- Quero te levar em um lugar. – Gabriel diz, me ignorando.

-- Sinto muito, mas eu não quero ir. Tenha uma boa noite. Ou um bom dia. Que seja. – Faço a menção de fechar a porta, mas sou impedida pela mão forte do moreno. Que merda.

-- Você me disse que precisava de inspiração pra desenhar. Acho que encontrei uma. – Arqueio uma sobrancelha. – Vem comigo, eu prometo que não vai se arrepender.

 Eu já estou arrependida. Por ter contado pra ele sobre isso.

 Não que eu tenha tido muita escolha. Já virou rotina. Eu acordo e desço para ver o nascer do sol e me encontro com Gabriel. Depois da aula, saio do prédio de Artes com Ryan, mas e Gabriel Tyler e Ethan me encontram lá e me arrastam para longe do garoto. Nós vamos buscar Bella e Lydia, e depois vamos ao Vick’s almoçar.

 Além disso, Gabriel tem sido uma ótima companhia de manhã. Quando saio do alojamento, ele já está sentado na árvore de sempre, olhando para a direção de sempre: o Sol. Na manhã de ontem, eu tinha conversado com ele sobre a coisa que estava me abalando um pouco, e parece que foi bom desabafar um pouco, porque eu fiz um belo desenho representando uma pessoa agoniada com suas inseguranças familiares.

-- Vou ficar aqui pelo resto da madrugada até você vir comigo. – Gabriel avisa.

 E então percebo o quanto esse garoto é insistente e que essa batalha, eu perdi.

-- Eu desço em cinco minutos. – Digo e fecho a porta.

 Me encosto nela, respirando fundo. Estar com Gabriel nunca é fácil. Ele é muito, muito, muito atraente. E eu tenho muita vontade de beijá-lo. Mas eu não posso. Ah, que lindo! Parece que eu me tornei a Madison Heather igual a do colégio.

 Visto uma calça jeans, uma blusa de manga comprida listrada e tênis. Escovo os dentes e lavo o rosto. Pego o celular e coloco no bolso. Nunca se sabe se ele quer me sequestrar ou algo assim. Mando uma mensagem para o celular de Lydia dizendo que estou saindo para que ela não fique preocupada e saio do quarto.

 Solto meu cabelo do coque que faço para dormir enquanto desço as escadas e me olho no vidro de uma das portas para ver se eu estou pelo menos aceitável. É, nada mal para uma Madison que acabou de acordar.

 Empurro a porta principal e saio do prédio, procurando aquele moreno desgraçado do Gabriel. Meus olhos se arregalam ao vê-lo lá longe, na calçada, com o corpo apoiado em uma...

-- Você tem uma moto?! – Exclamo, maravilhada, me aproximando mais. Correndo.

-- Não, é só uma miragem. – Ironiza ele.

-- Vaffanculo. – Rebato, cerrando os dentes.

-- É isso aí, tá aprendendo! – Ele sorri para mim, orgulhoso.

 Tenho aprendido um pouco do italiano de Gabriel e Bella conforme escuto, e ele tem me ajudado em algumas palavras. Não tenho mais nada pra fazer mesmo.

-- Não acredito que você tem a porra de uma moto! – Uma Harley, ainda por cima. – Você é mesmo um típico bad boy, né?

-- Interprete como quiser, Mel. – Diz Gabriel, rindo. Então, ele se vira e sobe na moto, entendendo a mão para mim. – Você vem?

 Sorrio animada e seguro sua mão, subindo na moto.

 


Notas Finais


Sim, o Gab é o típico bad boy kk


Até o próximo capítulo ^^


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