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História Paradise or Warzone (ZIAM MAYNE) - Capitolo trentasette; Buongiorno part. I


Escrita por: gsoline

Notas do Autor


Primeiramente; Olá!!!

Segundamente (???); Antes que comecem a me xingar pela demora, eu gostaria de explicar o porque da minha ausência - e deixarei esse mesmo recado em todas as atualizações das minhas fics -. Muitos andam me cobrando att e perguntam o porque eu sumi, então vou explicar rapidinho porque o que vocês tem para ler a seguir é E N O R M E!!

1* Gente, eu comecei a trabalhar e a fazer curso e, se Deus quiser e se as forças do destino estiverem ao meu favor, ainda esse ano eu começo a faculdade de letras - ou qualquer uma das quinze que tenho em mente -, eu também sou dona de casa, então o meu tempo é corrido e, sempre que eu tenho um tempinho sobrando, eu tento descansar ao máximo possível para evitar problemas de saúde que tive anteriormente.

2* Eu sofro de ansiedade, e tem gente que fala que é frescura, mas não é. Eu sempre tento escrever os capítulos, mas minha ansiedade não permite e às vezes eu acabo ficando irritada e deixo tudo de lado, sem contar que ano passado eu também tive depressão e quando eu tenho recaídas sobre, eu gosto de me isolar e passar um tempo sozinha. Minha cabeça é muito tumultuada, meus dias também, mas eu sempre tento trazer em cada capítulo o melhor de mim para cada um de vocês.

3* Eu sei que vivo falando isso, o que já não deve ser mais novidade, mas também, recentemente, sofri de um certo bloqueio que não me permitiu escrever absolutamente nada. Meu tio também morreu recentemente - por neglicencia médica - que mexeu comigo mais do que eu gostaria de admitir, mas, enfim....

Eu gostaria apenas de explicar porque eu sumi e que, obviamente, vou sumir de novo, mas não é porque eu quero, e sim porque é necessário rs. Mas eu sempre volto, e sempre trarei para vocês o melhor de mim.

Bom, espero que gostem do capítulo - o que eu duvido.

Boa leitura.

Capítulo 38 - Capitolo trentasette; Buongiorno part. I


Os olhos de Liam e Zayn se prenderam em Fabrizio, todas as palavras fugiram de seus pensamentos ao mesmo tempo que quaisquer voz, até mesmo do inconsciente, os abandonava. Ao invés daquilo, o medo corroía seus corpos, onde aquele casal apenas conseguia sentir o desespero tomando seus corpos em uma sobrecarga paralisante. 

— Vejam só. Parece que o gato comeu a língua de vocês – Fabrizio deu risada do próprio comentário. Aproximando-se ainda mais do jovem casal que continuaram petrificados onde estavam, os olhos arregalados, a respiração levemente alterada e suas mãos, aquelas mãos que continuavam juntas – percebo que vocês não são tão valentões quando estão sozinhos, não é? 

A voz daquele homem bateu contra o rosto de Liam, esse que estava na frente de Zayn, protegendo-o de qualquer golpe traiçoeiro que viria a seguir. 

— Parece que você não é tão burro como imaginei que era – Liam rebateu e se arrependeu no segundo seguinte quando um soco voou em sua direção, seu corpo vacilou e caiu para trás. Zayn gritou e avançou em cima do próprio pai, mas foi barrado por dois homens quatro vezes maior que ele, que o arrastou para fora do alcance de Fabrizio e de até mesmo o de seu marido que se contorcia de dor no chão. 

— Vocês dois são mesmo retardados, não é? – Fabrizio apontou para o casal que foi separado por seus homens, rindo de canto e coçando o queixo com os dedos – vocês dois são duas aberrações estúpidas e... 

— Isso é o máximo que consegue pensar para nos ofender? – Zayn questionou, sacudindo seu corpo e tentando se soltar das mãos que o segurava – aberrações, estúpidos... retardados? Já ouvimos coisas muito pior. 

— Com certeza, não tenho dúvidas – Fabrizio cedeu a provocação do filho – mas acredito que o que está para acontecer com vocês agora, irá superar qualquer coisa que já tenham ouvido ou, até mesmo sentindo, em toda vida miserável que os dois tem levado. 

Liam naquele momento sentiu seu corpo vacilar, por mais que estivesse de pé, por mais que dois homens estivessem o segurando com força, sentia-se caindo e aquela sensação apenas correu por todo o seu corpo quando o seu olhar cruzou com o de Zayn, e aquela era a última coisa que viu antes que outro soco fosse dado em seu rosto, esse com o dobro da força, fazendo Liam Payne se entregar a mais sombria escuridão. 

❱❱❱❱ 

— Buongiorno ragazze – uma voz soou baixa, estando distante. Seus olhos piscavam, lentamente, tentando se acostumar com a claridade que o tirava da escuridão – Bom dia, olá. Já passou da hora das donzelas acordarem – Liam sentia sua cabeça latejando e o seu pescoço pulsar, seu corpo inteiro estava dolorido, cada músculo gritando por socorro enquanto sua cabeça tentava se recordar do que havia acontecido. 

— Vamos lá, ragazzo. Abra os olhos, não vamos perder tempo – Liam sentiu alguém bater em seu rosto e sua cabeça levantando-se lentamente, seu pescoço estralando, aquele homem desconhecido em frente aos seus olhos estava com um sorriso medíocre. 

Liam sentiu a garganta seca, seus lábios rachados, seu maxilar e nariz doloridos. Não demorou para deduzir que seu rosto estava sangrando, aquele cheiro de ferrugem era forte igual enxofre, deixava-o desnorteado. Payne respirou pelo nariz, sua boca estava tampada com uma fita. 

— Bom menino – disse o homem desconhecido, dando um tapa estalado no rosto de Liam que gemeu abafado por causa da dor. Não sabia quem havia lhe dado um soco antes que apagasse, mas doía como o inferno. 

O desconhecido se levantou, saindo da frente de Liam e dando a visão de Fabrizio, esse que inclinou a cabeça para o lado e sorriu. 

— Vejam só, Zayn também está acordando – disse Del Frazi, aproximando-se do corpo do filho que estava com a cabeça pendida para frente. Liam ouviu um choramingo vindo do marido, e como a si mesmo minutos atrás, Zayn demorou para se acostumar com a claridade – Buongiorno figlio. 

Zayn se desvencilhou do toque que Fabrizio faria em seu rosto. Por outro lado, Del Frazi riu amargurado e, em seguida, desferiu um golpe violento contra o rosto do próprio filho que gemeu alto, mesmo com a fita tampando seus lábios. Liam deu um pulo na cadeira, fazendo-a se mover. Queria ir até seu marido, queria matar Fabrizio por ter dado um olho roxo a Zayn. 

— Ah, você não gostou? – Del Frazi veio em direção a Liam, seus passos duros e calculados, aproximando seu rosto ao de Payne que murmurou palavras desconexas, ninguém o entenderia, não com aquele negócio tapando a sua boca – você não gosta quando alguém toca nele, não é? E eu ouvi boatos que ele era o possessivo. 

Liam tentou se mexer, tentando se soltar daqueles nós, mas seus pulsos apenas ardiam e aquilo era a única resposta que teria. O castanho sentiu as lágrimas escorrem por suas bochechas quando voltou a prestar atenção em seu marido, ele tinha os olhos fortemente fechados tentando conter a dor do golpe. 

— Vejam só rapazes, temos muitos chorões aqui – Fabrizio riu sem fôlego, era estressante e cansativo planejar uma vingança. Era cansativo ter que correr atrás daquelas aberrações. Mas era extasiante vê-los aos seus pés, a um passo de se renderem e implorarem por misericórdia – oras, eu darei aos dois motivos de verdade para se desmancharem em lágrimas. 

Disse Fabrizio ao andar para trás, encarando o casal que continuaram imóveis e trêmulos. Liam observou seu inimigo e em seguida, estudou o lugar com atenção. Parecia uma fábrica abandonada, só não saberia descrever do que. Seus olhos vagaram lentamente sobre o local, parecia estar revivendo a mesma coisa de um ano atrás quando foi raptado por Franco. Mas nenhuma tortura física causada no ano anterior o atingiu tanto quanto aquele momento. 

Talvez, a dor psicológica era pior, e os homens de Fabrizio abriram caminho quando um outro vinha empurrando uma cadeira de rodinhas. Liam sentiu sua respiração pesar e respirar pelas narinas não eram o suficiente, seus olhos se encheram pelas lágrimas que borraram a sua visão e, por um momento, desejou que aquilo fosse um pesadelo. 

Camilla estava amarrada a aquela cadeira. 

Liam maneou a cabeça quando reconheceu a expressão sofrida da caçula, o rímel escorria de seus olhos por causa das lágrimas, deixando suas bochechas rosadas marcadas com uma linha preta, terminando na linha da fita que estava na boca da menina. Payne tentou mais uma vez se mover, mas seus punhos estavam amarrados atrás da cadeira que ocupava, e seus tornozelos também estavam aos pés da cadeira. 

— Você quer falar alguma coisa? – Fabrizio voltou até Liam quando o mesmo teve uma reação explosiva quando avistou a cunhada na situação que estava – vamos lá, diga alguma coisa. 

Fabrizio arrancou a fita da boca de Payne, fazendo-o urrar pela ardência em sua pele. Del Frazi encarou com atenção o garoto a sua frente, seus olhos estudavam o rosto do mesmo esperando por qualquer ofensa que surgiria de sua boca. Porém, Liam não conseguia dizer nada, sentia cada parte do seu corpo paralisar e sua voz sumir no poço que se afogava. 

— Hum, acho que o gato comeu a sua língua – zombou o mais velho erguendo-se novamente. Endireitou a coluna e colocou as mãos na cintura, observou a volta e cravou seus olhos no filho mais velho – talvez você tenha algo a me dizer. 

Zayn observou o pai caminhar em sua direção e lentamente piscou seus cílios, onde permitiu que suas lágrimas derramassem em seu rosto. Voltou sua atenção até a irmã, ela que estava encolhida e soluçando o tempo inteiro. Malik queria entender porque ela estava ali. Queria protegê-la. Queria dar a ela uma vida melhor. Mas tinha medo de que tudo acabasse ali, tinha medo que aquele fosse mesmo o fim da linha. 

O moreno apertou suas pupilas quando sentiu a fita ser arrancada de seu rosto, a ardência se misturando com a dor do soco e seu corpo inteiro vacilou. Seu coração estava apertado e batia em um ritmo doloroso, o odor de álcool entrou em contato com seu olfato e Zayn identificou o cheiro de uísque. Soube naquele momento que seu pai estava com o rosto na sua frente, esperando pelo momento que o filho falaria qualquer coisa, mas Zayn não sabia o que dizer. Zayn não tinha mais coragem e, no meio do grito de socorro de sua alma, se calou. 

— Não vou mentir, estou desapontado – compartilhou Del Frazi, estalando a língua no céu da boca e maneando a cabeça. – durante dois meses vocês mataram os meus homens, roubaram o meu equipamento e de metade de outros. Se expuseram para que o país inteiro soubesse quem vocês eram, se declararam os anti-heróis da cidade. Mataram e quebraram todas as regras da máfia. Me desafiaram. – o homem cuspia aquelas palavras no ar, no consciente, no psicológico de Liam e Zayn. Seus olhos intercalava de um a outro e, no final de cada frase, para a própria filha que se encolhia como um coelho assustado – agora, que finalmente estou aqui depois de todas as provocações, vocês se calam. O medo está os dominando, ou sou eu que ainda não extraí o suficiente da ira que está cravada no peito das duas aberrações? 

Fabrizio gritou e seus homens ergueram seus queixos. O silêncio novamente prevaleceu, onde nenhuma palavra saía da boca daqueles dois homens, nem mesmo um único pio. Se aquilo era um jogo? Talvez. Se aquilo fosse o medo que finalmente os atingiu e os mostrou que aquele plano desde o início era arriscado? Não há dúvidas. Del Frazi sabia, eles eram dois meninos que brincavam com o fogo sem nunca terem se machucado de verdade, e agora que as chamas estavam se espalhando e aumentando, eles se calavam, ao invés de pedir socorro. 

Zayn suspirou e aquilo havia sido o suficiente para entender que todos os seus demônios estavam de volta. Eles gritavam em sua cabeça. Eles congelavam seus movimentos. Eles arrancavam a sua voz. Eles o tornou vulnerável mais uma vez, o deixou com medo e o apavoro corroía suas entranhas em silencio e dolorosamente e, quando olhou para Liam, sabia que os demônios de seu marido também estavam vividos. 

— Não. – Fabrizio se manifestou e maneou a cabeça. Uma risada escandalosa quebrou o silêncio e Del Frazi que girou os calcanhares, olhando todos a sua volta enquanto batia palmas – eu não extraí o suficiente a ira das duas aberrações. 

O moreno ergueu seus olhos até o pai. Juntou suas sobrancelhas em confusão, as vozes próximas ao seu ouvido iam se intensificando, mas quando Del Frazi sumiu dentre os outros homens Zayn sentiu cada célula em seu corpo se agitar. O que ele planejava? Era uma dúvida sem resposta, ou ao menos Malik havia pensado assim, porque quando Fabrizio retornou, Zayn desejou com todas as suas forças que um raio o atingisse. 

— Liam. – o moreno chamou pelo marido quando reconheceu seu filho no colo de Fabrizio. Naquele momento, onde Zayn não teve muito a onde recorrer, sentiu todo o medo marejar seus olhos e raciocínio. Liam levantou a cabeça após ser chamado, encarou Zayn e, em seguida, Fabrizio – não, não. Ele é só uma criança... 

— Filho da puta – Liam esbraveceu, a irritação tomando o lugar do medo e o empurrando de um precipício. Payne estremeceu quando avistou Fabrizio acariciar os cabelos castanhos de seu filho adormecido. Payne se moveu nervosamente, tentando soltar seus pulsos do que os prendia, mas ao invés disso conseguiu uma dor latejante na região – como você pode ser tão sujo? Isso com certeza é o golpe mais baixo que você já tenha feito na sua miserável vida. 

Liam tremia, sua respiração falhava e seu coração batia em um ritmo forte. 

— Será que você não se satisfaz só em... Por que você teve que envolver o meu filho nisso? Será que não basta para você ter a mim e os seus filhos aos seus pés nesse momento? Não basta para você ter me atormentado a minha vida inteira, para que, tenha que fazer o mesmo com o meu filho? 

Fabrizio esbugalhou levemente os olhos em direção ao castanho, onde riu ironicamente antes de balançar o menino em seu corpo e acariciar as costas do mesmo, na tentativa de não fazê-lo acordar com aquela gritaria. A ira que ele queria estava sendo libertada em um ritmo lento, mas ela se transformaria em grande e não demoraria tanto para isso acontecer. 

— Por que o trouxe até aqui? – Liam voltou a falar. Não desviava sua atenção de seu filho e muito menos dos olhos vermelhos e inchados dele. Enzo havia chorado, Liam o conhecia bem, e seu coração estava apertado só de imaginar alguém o fazendo algum mal – por que trouxe a sua filha? Chega de envolver mais gente nessa história, chega de ser covarde e venha até aqui... Você quer me matar... 

— Liam, não. – Zayn o repreendeu com um grito. 

— Então me mate. 

Payne não deu ouvidos ao seu marido, seus olhos estavam esbugalhados e brilhantes por causa das lágrimas. Sentia a veia em seu pescoço pulsar furiosamente, talvez tivesse um infarto naquele momento, talvez todo aquele estresse o matasse antes que uma bala atravessasse o seu crânio. Porém, não poderia aceitar o mesmo destino ao seu filho. Aquilo era um jogo, envolver Enzo naquela história era um maldito jogo sujo. 

— Ai está a ira que eu esperava – Fabrizio comentou em um grito entusiasmado, mas, em seguida, arrependeu-se quando o menino em seu colo choramingou e se mexeu. Del Frazi balançou-o novamente enquanto murmurava "shh" para Enzo voltar a pegar no sono – mas vamos falar mais baixo, eu não quero acordar o meu neto. 

— Ele não é o seu neto – esbraveceu Zayn. O moreno estava com o maxilar fortemente fechado, observava o mais velho sobre os cílios – o meu filho não é neto de um homem como você. 

— Como você é sentimental – Fabrizio zombou. Payne observou-o e moveu os punhos mais uma vez, tentando encontrar a liberdade. 

— Por que você o trouxe? – Zayn voltou a debater – por que Camilla está aqui? Por que.... 

— Quantos porquês – o mais velho repreendeu, soltando uma rajada de ar e massageando a têmpora. Fabrizio contornou com a ponta dos dedos a extensão de seu nariz, quando o segurou, procurou uma forma divertida para explicar o que estava prestes a acontecer naquela fabrica – vocês são terrivelmente irritantes, porém, são peças de bastante importância para o que estamos prestes a fazer. 

— Esse é aquele momento que você vai revelar os seus planos maquiavélicos? – Liam deduziu, debochando da cara do mais velho. Del Frazi virou-se para o castanho, cravando os olhos no mesmo e reparando que levemente um sorriso irônico desenhava o canto dos lábios rosados do marido de seu filho – você é tão previsível – estalou a língua no céu da boca. 

— Não. Esse é aquele momento que eu acabo com a vida das duas aberrações – retrucou. Sua voz firme e tremula por causa do ódio que manifestou-se em seu corpo. Os olhos âmbar fixos aos de tom chocolate. 

Liam olhou-o sobre os cílios, inclinando a cabeça para trás e engolindo a seco. A seguir, o mafioso rival arrastou seus pés até a cadeira que a caçula ocupava.  

— Acho que minha doce filhinha pode dizer para todos nós o que ela e o meu netinho estão fazendo aqui. – Disse o mafioso, acariciando as madeixas negras da caçula que recuou ao eu toque. Fabrizio sorriu para a garota e em um piscar de olhos puxou a fita presa sobre os lábios da menor.   

— Não a machuque seu desgraçado filho da puta. – Zayn berrou sobre pulmões ao ouvir o grunhido doloroso escapar da boca de sua irmã.    

— Alguém cale a boca desse idiota – ordenou Del Frazi, acariciando os filhos desgrenhados em sua cabeça. – E do marido dele também, não queremos ser mal educados e interromper a história de Camilla.  

Os homens de Fabrizio trataram de cuidar logo do casal de mafiosos que lutaram, mesmo incapazes, para tentar se manterem longe de quaisquer mão alheia que ousava os tocar, mas, no final, tudo o que havia restado a eles era apenas resistir, afinal de contas, aquela tortura já estava tomando um destino longe demais. 

Zayn rosnou atrás da fita e levou seus olhos de volta a sua irmã que tentava se esconder atrás dos cabelos compridos e ondulados grudados nas bochechas rubras por causa das lágrimas e do suor de tanto tentar lutar contra qualquer homem que ousou toca-la anteriormente. Malik odiava tudo o que via e principalmente, tudo o que sentia e imaginava sentir.  

Odiava com todas as forças restantes em seu corpo que alguém tocasse em quem ele amava. Todos poderiam notar suas reações super exageradas com Liam - e ele era um homem grande e forte o suficiente para se virar sozinho. Naquele momento, Enzo e Camilla estavam envolvidos naquela história. Ambos estavam tão indefesos como aqueles dois homens que juraram se amar até mesmo depois do provável no dia anterior, eles eram apenas duas peças que não deveriam estar ali, porém, por alguma razão, eles eram tudo o que aqueles homens armados precisavam; um espetáculo cruel com a sanidade de quem já não a tinha.  

— Está tudo bem, querida. Vamos, diga a todos o porque vocês estão aqui. – Fabrizio segurou com mais cuidado Enzo com um braço e com o outro livre esticou em direção a caçula, puxando com a ponta dos dedos as madeixas que grudaram na pele por causa das lágrimas, até que os olhos ambares da mesma estivessem fixos em seu rosto – papai promete que nada vai acontecer com você se cooperar comigo. 

Camilla observou por detrás de uma cortina de mechas sobre seus olhos o olhar vazio de seu pai, estudando-o em silêncio, procurando entender porque ele se sentia tão satisfeito com a desgraça alheia. Testar a lucidez de alguém era o passatempo favorito de Del Frazi antes de tortura-los fisicamente, Camilla sabia que seu pai acreditava que não existia cansaço maior que o psicológico, e bem, com aquilo, infelizmente, a garota teria que concordar.  

Infelizmente, a sobriedade era mais importante que a falta de um braço - não que a segunda opção não fosse ruim de qualquer forma -, mas é possível se adaptar com a falta de um; afinal de contas, nunca sabemos o que está se passando na cabeça de alguém.  

— Por que eu não consigo acreditar em você? – Camilla engoliu o nó que inchou em sua garganta, se surpreendendo com o timbre da própria voz – você é um mentiroso. 

— Você é um mentiroso. – Del Frazi formou uma careta, imitando a forma da filha de falar. Em seguida, sem avisos prévios, levou sua mão até a nuca da menor, enterrando seus dedos nos fios e os puxando para trás, fazendo a garota gemer alto e arrastado, enquanto seu rosto se contorcia entregando a falta de conforto.  

Fabrizio entregou Enzo para um dos seus homens, esse que apenas segurou-o com cuidado. Parecia que aquele garoto era um boneco de porcelana, onde todos tinham medo de danificá-lo ao tocá-lo - não que Liam reclamasse, afinal, estava furioso só do fato de Fabrizio ter o envolvido naquela história, se ele ousasse a fazer algo que danificasse o garotinho, Payne tomaria atitudes que o levaria para o tumulo mais cedo que o planejado -. O homem que estava com Enzo se afastou, não o suficiente para fugir do campo de visão do pai dele, mas o suficiente para que ele não acordasse com qualquer grito que viesse a seguir. 

— AGORA. 

Os olhos de Camilla se fecharam com o sopro forte quando Fabrizio gritou contra seu rosto, a garota encolheu os ombros. Lentamente pode sentir cada músculo de seu corpo estremecer, mantendo-a escrava do próprio medo. 

Por outro lado, sentia tanta raiva do próprio pai que poderia considerar dar um tiro na testa dele caso tivesse a oportunidade. Era meio sombrio, porém Camilla não se arrependeria de matá-lo e muito menos odiaria quem fizesse isso por ela. 

— Eu... Eu estava com o E-Enzo na praça – a morena se viu obrigada a dizer quando outro puxão em seu cabelo a fez segurar o choro. – Leone, Niall e Josh estavam jogando bola na quadra do hotel e... e eu resolvi sair com Enzo para comprarmos sorvete – soluçou alto, sem conseguir olhar para o casal. – Nós estávamos na praça, com seguranças, mas Enzo se encantou com um esquilo e começou a correr atrás dele e... Eu... Eu juro que...               

— Não há tempos para desculpas, Camilla. Apenas continue. – Rosnou o mais velho próximo ao ouvido da menor.  

— Eu resolvi segui-lo – finalmente tomou coragem de olhar para os outros reféns, imóveis e arrasados com toda a situação. – ficamos fora da visão dos seguranças por menos de cinco minutos, mas foi o suficiente para homens do papai aparecer e nos encurralar – Cams respirou fundo e se segurou para não jogar para fora todo o nojo que sentia do homem que acabou de chamar de pai. – Eu não faria nada, juro que não. Então eles pegaram Enzo e quando me certifiquei do que acontecia, já estávamos dentro de um carro com Enzo chorando em meu colo e uma arma apontada para mim. Eles queriam informações sobre os dois, queriam saber aonde vocês estavam, mas... Eu não disse nada do que eles me pediram, eu não dei nenhuma informação sobre vocês – ela voltou a soluçar – mas, depois de horas naquilo, Leo e Niall sairão para nos procurar. Josh estava com o pai dele e a Lorenzo. Havia um rádio comunicador. – Camilla olhou para seu irmão – os homens no rádio falavam que se não tivessem as informações que precisavam, atirariam em Leo ou no Niall.  

Camilla olhou para Liam, como se através disso o pedisse desculpas em silêncio, mas o homem não conseguiu encara-la por tempo demais, não quando o tiro havia saído pela culatra.  

— Achei que eles estavam mentindo. Mas eles atiraram em um carro que estava do lado de Leone na praça. Lembro de vê-lo cair assustado no chão e procurar por todos os lados, lembro de ouvi-lo chamar por mim e Enzo... – a caçula abaixou a cabeça, era tão doloroso para ela como para qualquer outro. Havia se entregado a aquela história, a todas aquelas escolhas e tudo estava desmoronando pouco a pouco. – Eu tentei não dizer nada, eu... Eu sinto muito.         

— Tudo bem querida, você fez um ótimo trabalho. Estou orgulhoso de você. – Fabrizio soltou o cabelo da menina e tapou a boca dela de volta, acariciando, dessa vez, com cuidado a bochecha da menor que recuou ao seu toque como um rato assustado. – Bom, rapazes, e com tudo isso chegamos a parte que invadimos o hotel que vocês estavam hospedados e blá-blá-blá. O que faremos agora? – o homem fingiu pensar ao colocar as mãos na cintura. – Ah, sim. Agora é a hora que eu os torturo até que vocês me implorem por misericórdia.  

Para ele não bastava os torturar, não bastava testar os limites, não bastava ter-los comendo na palma de sua mão. Para ele sempre foi pelo prazer, pela saciação. Para Fabrizio Del Frazi tudo ainda era pouco, e isso também se aplicava em seus planos de vingança. Havia levado tempo demais para ter aqueles homens da forma que queria e, agora que finalmente os tinha, aproveitaria cada segundo ao máximo. 

Camilla ao ouvi-lo abriu seus olhos marejados e acabou por cobrir os de seu irmão. Zayn estava em um misto confuso de pânico e aversão, era algo tão negro que o fazia se contorcer; impaciente, zangado, ansioso. Ele era um leão faminto preso dentro de uma jaula e Fabrizio era a presa que ele queria cravar os dentes.  

Era injusto; os irmãos sabiam. Era uma vida que inicialmente não escolheriam ter, mas já dizia Newton que toda ação tem uma reação; e as consequências das ações anteriores que tomaram estavam ali, em frente aos seus olhos.  

Fabrizio deixou sua coluna ereta quando percebeu que havia extraído o suficiente da mais nova, agora, sem olhar para o filho e o marido dele, caminhou até o homem que segurava Enzo e voltou a pega-lo em seus braços. 

Del Frazi sorriu com a inocência inofensiva de seu suposto neto, que ao passar para o seu colo procurou por conforto e proteção. O menino pôs as mãos rechonchudas nos ombros do mais velho e pousou sua cabeça no peito dele, ronronando baixinho com os lábios entreabertos e levemente umedecidos pela saliva. 

— Como uma criança tão encantadora pode ser filho de uma aberração?! – o homem pensou alto, alisando os cabelos castanhos escuros do menino com os dedos longos e frios – ele é simplesmente magnífico. 

Liam piscou e sentiu todo aquele medo endurecer cada parte do seu corpo. Sua pele pinicava, seu extinto paterno estava aguçado e fragilizado; ele precisava de Enzo em seus braços, precisava mantê-lo longe de Del Frazi. 

Mas o que aquele pobre homem poderia fazer? Estava detonado, quase dado como derrotado. Suas forças eram quase nulas em seu consciente, em seu corpo, em sua alma. Liam naquele momento não era nada, apenas uma carcaça vazia. Um homem que um dia teve esperanças e sonhos, agora, o que ele poderia ser? 

De relance olhou para seu marido; Zayn ainda estava petrificado e com os olhos tão chorosos que apenas contribuiu para que terminasse de partir seu coração. Olhou para a cunhada; Camilla não sabia se chorava ou se soluçava, era uma bagunça de rímel e cabelos desgrenhados, e seu belo e jovem rosto estava todo rubro por causa da respiração ruidosa e o desespero. Olhou para o seu filho; Enzo, o garotinho mais doce era o seu filho, com sonhos e esperanças. Uma inocência cativante e um menino perfeito. 

Elena se orgulharia daquele garoto. Tão novo e tão inteligente. Era cativante, era curioso, era esperto e criativo. Tudo o que Liam um dia foi, só que ainda melhor.  

O papai é o meu super herói - Liam pode ouvir a voz do mais novo ecoar em suas lembranças passadas, sentindo o coração dentro do peito apertar tão intenso que o arrancou o ar. Seus lábios tentaram montar um sorriso, mas era impossível naquele momento. Enzo, aquele pequeno garoto o trouxe felicidade - e também uma pitada de desespero - desde o primeiro momento que soube que o teria.  

Liam era apenas um garoto que ainda não havia decidido um caminho certo a seguir na vida, e, ter Enzo havia sido a maior e melhor responsabilidade que havia adquirido para si. O ama tanto e o tempo inteiro, e o machuca saber que naquele momento não era nada do que o garotinho costumava pensar sobre si.   

Será que Enzo continuaria o considerando um super herói depois de descobrir que o pai fracassou?! Será que ele olharia nos olhos de Liam e se orgulharia dele depois que soubesse que ele era um perdedor?! Será que Enzo gostaria de ser alguém como Liam, sem as armas, sem as guerras, sem o ódio e sem a máfia, quando ele crescesse?! Apenas um homem de palavra, de honra e de esperanças?! Será que algum dia Enzo contaria para seus filhos que o avô deles era uma bagunça, mas nunca deixou que nada de ruim acontecesse a alguém que ele amava?! 

Puf, essa última parte é uma mentira, não é? Ele não havia conseguido proteger todos, porque se tivesse não estariam naquela situação.  

Payne fechou os olhos, se sentiu um perdedor. Não merecia o amor do próprio filho e duvidava muito que um dia pudesse merecer o de Zayn. Liam sabia que a culpa daquilo não era dele - não totalmente -, mas saber disso não mudava a maneira dele se sentir.  

— Você quer dizer alguma coisa? – Fabriziu ergueu uma das sobrancelhas em direção à Payne quando percebeu a inquietude repentina dele. O castanho se remexeu na cadeira, sacudiu a cabeça e chamou atenção dos demais. 

Fabrizio lentamente caminhou até ele, com o pequeno garoto embalado em seus braços, olhou para o pai da criança e com um acenar de cabeça ordenou que um dos homens armados ao lado de Payne retirassem a bandagem de sua boca. 

Liam soltou um suspiro tão cansado e sofrido que suspeitou que aquele homem - o homem que era naquele momento -, era o mesmo de alguns meses atrás. Ele não se sentia como aquele, na verdade, não chegava nem perto daquele antigo Liam, aquele que não se importava com o seus sentidos perfeitos. Liam nunca teve medo, mas nenhuma das outras ocasiões que o pôs de prontidão em frente à morte envolvia a única e pequena coisa que o deu motivos para se manter são - mesmo sendo teimoso e impulsivo -, por todo aquele tempo.     

Ninguém havia tocado ou mencionado em Enzo. Ninguém, tirando Fabrizio Del Frazi. 

— Desculpe, eu não o ouvi. – Del Frazi mostrou um sorriso entusiasmando quando a fúria de seu inimigo não havia passado de sussurros. De repente, não era mais um leão rugindo a todos pulmões, ele não era mais forte o suficiente para amedrontar alguém; Liam era apenas um gatinho amedrontado e encolhido.  

Liam não era o mesmo e ele sabia disso; no inicio ele era imortal, mas ele pode disfarçar muito bem que sempre esteve morto por dentro. 

— Repita o que disse... – um dos homens de Fabrizio entendeu o olhar que seu superior o direcionou e, com o punho fechado, acertou com um soco surdo e impactante o estômago de Liam que apertou os dedos das mãos e fechou a cara com o som que escapuliu dentre seus lábios.  

O italiano se encolheu, onde seus olhos se fecharam fortemente e seus ouvidos capitaram o som quase mudo de Zayn protestando atrás da fita em sua boca. Payne respirou fundo, tentando afastar a dor em seu corpo que se arrastou como ácido, queimando cada rastro e contorcendo cada músculo. 

— Você é um grande filho da puta. – Disse o castanho para o inimigo, rindo debilmente dele ou até mesmo de si mesmo. 

Sua risada foi cortada com outro soco, esse vindo em direção ao seu maxilar, fazendo-o pender a cabeça para o lado com o golpe duro e ágil. Outro soco, esse sendo desferido com brutalidade em seu nariz, o sangue espirrou e Liam estava tonto o suficiente para dizer que via estrelas piscando em um céu negro. 

O mundo girava, era uma perfeita desordem. Dedos grossos se prenderam fortes no couro cabeludo, puxando sua cabeça para trás brusco e insensível. 

— Não o machuque... – Sua voz voltou em um choramingo exausto, tão falha que mal a reconheceu – não faça nada com ele  – engoliu a seco, aquele era o seu pedido de misericórdia – Enzo é só uma criança, faça o que quiser comigo, mas... não machuque o meu filho. 

Seus olhos voltaram até Del Frazi, apesar que enxerga-lo através de tanta dor era difícil. Conseguia sentir a insensibilidade de seu inimigo da mesma forma que sentia o sangue agitado em suas veias. Ele o zombava em silêncio, e talvez aquilo ainda era pior, Liam temia a aquilo, era ridículo, porém sufocante. 

Fabrizio com o pequeno Enzo olhou de Liam para Zayn e de Zayn para Camilla. Desenhando um sorriso insano no rosto e cravando seus olhos de maneira invasiva nos três reféns que se encolhiam com o arrepio que corria em seus corpos desprotegidos. Del Frazi piscou seus longos cílios, de uma maneira quase inocente; mas era mais do que palpável a euforia que cada músculo em seu corpo demonstrava ter - Fabrizio se divertia com aquilo, era o seu prazer particular. 

Após um longo tempo em silêncio, após montar uma expressão de falsa compreensão, o homem arrastou seus pés cobertos por uma bota de couro até mais próximo do filho de seu inimigo. Com os seus olhos cravados nele, como se nada no mundo soasse mais interessante do que o pedido misericordioso de um pai para o seu filho, o homem se agachou na frente do castanho, pôs o menino em seu colo delicadamente, onde Enzo deitou a cabeça no peito de Liam e se agarrou a camisa dele. 

Talvez o menino tenha reconhecido o cheiro do pai, porque foi instantâneo o sorriso pequeno nos lábios menores. 

Del Frazi apoiou sua mão sobre as costas do menino para que ele não caísse no chão. Poderia ver o corpo daquele jovem pai tremendo de ansiedade e de preocupação com seu filho e ao mesmo tempo, aliviado por senti-lo respirando contra sua pele. 

Fabrizio observou a bagunça que estava fazendo em Liam agora, os olhos vermelhos e marejados que observavam o menino dorminhoco e os lábios trêmulos que beijou a cabeça do mais novo. O mais velho piscou diante aquilo; porque ele sabia que nunca, em toda a sua vida, havia chego perto daquele maldito sentimento e proteção paterna que Liam tinha por Enzo. 

— Eu não poderia machucar uma criança... – sua voz havia sido apenas um murmuro, mas alto o suficiente para que Zayn do outro lado pudesse se surpreender com o que ouviu. Del Frazi parecia ter ligado um pequeno fio a humanidade, mas quando Liam tirou os olhos do menino para encara-lo, encontrou ali a charada escondida por trás do que ainda não havia sido dito – e é por isso que eu o entregarei a outra pessoa. 

Sem conseguir capitar o que o homem queria o dizer, Liam apenas abriu os lábios afim de pedir respostas quando de repente o leve peso sobre seu colo foi arrancado. Assistiu Fabrizio caminhar até o outro lado da roda, onde dois homens o deram passagem e, atrás deles, se escondia uma peça que fez o ódio escondido dentro da mente de Liam se acender como fogo raivoso que queimava uma floresta a noite. 

— Eu entregarei o moleque para Somerhalder. O que ele decidir fazer ou deixar de fazer com o menino não será problema meu, e muito menos de vocês, já que estarão mortos...   

As palavras do velho sumiram quando Enzo foi entregue a Ian, esse que cravou seus olhos claros aos escuros de Liam, retraindo uma reação um tanto quanto chocante dele. Não tendo forças o suficiente para encontrar palavras ou para dizer algo, o jovem mafioso apenas rosnou. Remexeu-se tão furiosamente sobre a cadeira que, quando percebeu, não pode impedir que ela se desequilibra-se e o levasse a cair de cara no chão.  

Payne pode ouvir o som de sua bochecha impactando contra o concreto, trazendo uma dor latejante em seu crânio e em seu antebraço direito quando ele ficou preso entre o chão e a cadeira. Sua cabeça latejou e, mesmo soando distante, pode ouvir o som dos choramingo desesperado de Camilla e a agitação de Zayn. 

Liam percebeu que sua cabeça sangrava quando ouviu a voz de alguém que tanto amava: 

— Papai?  

Encontrou os olhos sonolentos e entreabertos de Enzo que os coçava com os punhos fechados e rechonchudos.  

Naquele momento Ian recebeu a ordem de Fabrizio para tirar o menino dali e, lançando um último olhar para Payne, puxou a cabeça do menino contra seu pescoço, não permitindo que ele assistisse aquela cena enquanto o tirava daquele cenário traumatizante. 

— Não. – Disse Payne, arranhando a garganta seca ao proferir. – Não. – Gritou, e as lágrimas voltaram a arder em seus olhos. 

— Não, não. – Fabrizio imitou o inimigo, passando a perder a paciência – você tem sorte de o ver vivo – voltou até o inimigo e levantou-o junto com a cadeira – tem sorte que eu não tenha o matado, de que eu permitisse que você o visse pela última vez – o homem segurou no maxilar travado de Liam, tentando manter a cabeça do mesmo imóvel, trazendo a atenção do mesmo até seus olhos – tem sorte por não vê-lo agonizando na sua frente até morrer. 

Aquelas palavras eram como tiros; dolorosas, agonizantes e mortais. Trazendo com ela pensamentos tão caóticos que mesmo Zayn que se mantinha mais quieto, apenas porque não sabia como reagir a tudo aquilo, sentiu cada parte mínima do seu corpo arder ferozmente como se tivessem jogado álcool em uma ferida aberta. 

Malik cravou os olhos em seu marido, esse aparentando perder as forças aos poucos e a coragem, mas então, por um momento, mesmo sufocado na própria dor, Zayn sentiu vontade de rir; 

Liam cuspiu na cara de Fabrizio, e como resposta levou um soco tão forte que o fez virar o rosto. O grunhido escapou de seus lábios junto ao sangue que pingou no chão, porém, nada dentro daquela fabrica havia conseguido chamar mais sua atenção do que a risada abafada que Zayn soltou.  

Payne passou a observá-lo, quase xingando-o por estar rindo de uma situação como aquela, quando finalmente entendeu o porquê ele ria. Era simples; não havia motivos. Mas ouvir sua risada, ver sua expressão relaxada e seus olhos brilhando novamente trouxe a Liam uma calma tão grande que foi capaz de suavizar toda tensão posta em seu corpo.  

Sua risada apenas se intensificou mais, um pouco mais alta, tornando para ele difícil respirar pelo nariz já que sua boca estava tampada. Porém, Zayn não conseguia evitar, mesmo que tentasse, era mais forte que todo o seu ser. Teve um flashback de como havia conhecido Liam e, enquanto o castanho dúvida que era o mesmo homem de meses atrás, Zayn o enxergou ali - depois de muito tempo acostumado com seu jeito, apenas o enxergou -, mais uma vez, como ele era quando se conheceram; metido, irritante e arrogante.            

Aquele era o homem que odiou e que se apaixonou cegamente; o homem que o mudou através de muitos gritos e socos na cara; o homem que o ensinou a olhar o mundo com outros olhos; o homem que jogou na cara de todos os seus inimigos todas as suas escolhas e de como se orgulhava delas, mesmo que isso o submetesse a um olho roxo ou um tiro de raspão. Aquele era Liam, o debochado, seguro de si, intimidante, teimoso e prepotente. Aquele era o seu marido, mesmo camuflado atrás do próprio sofrimento - aquele é o seu Liam. 

E Zayn o amava, tanto que chegava a doer; era uma dor aguda, meio quente, às vezes fria como o sopro do inverno. Era uma dor eterna, sem escapatória e, em certos casos, arriscada demais para a sua saúde mental. Porém, aquela dor o fazia se sentir bem. 

Liam se segurou, mas logo se juntou as gargalhadas de seu marido. Apesar de ambos não saberem o que estavam fazendo, ou mal saberem o que o destino havia os reservado - apesar de parecer óbvio -, apesar de suas cabeças estarem aonde Enzo estiver, apesar de pensarem em uma forma de tirarem Camilla dali a salvo e com vida, apesar de tudo que pensavam e sentiam, de todos os arrependimentos e de todas as oportunidades que tentavam encontrar no meio de tantas armadilhas, mesmo sem dizer uma única palavra um para o outro, eles conseguiam se compreender, se encontrar, se preencher e, por aquela razão, mesmo não se importando com quem ou como os olhavam, ou aonde estavam, eles riam, porque talvez aquela fosse a última vez que pudessem deslumbrar do amor puro no meio de tantos demônios.  

— Vocês são inacreditáveis. – A voz de Del Frazi se manifestou surpresa perante as risadas dos mais novos que nem mesmo Camilla conseguia compreender. – Estão prestes a morrer e... 

Fabrizio foi interrompido por uma onda sonora mais alta de Liam, que encolheu-se sobre o próprio corpo, ignorando seus músculos dolorosos, redobrando atenção a Zayn - a única fonte que conseguia, mesmo com uma simples trocar de olhares, restabelecer todas as suas forças. E, por um momento, esse que tirou antes de responder ácido o inimigo, o castanho se perguntou quando e como conseguia viver sem Malik; porque ele sim, mesmo com a corda amarrada em volta do pescoço, dava a Liam mil e uma razões para olhar um novo dia e dizer que tudo valeria a pena. 

— É que... – o castanho tentou, mas a sua voz era interrompida pelo riso frouxo e pela respiração cansada, mas, pela primeira vez naquela madrugada, sua voz estava firme o suficiente para dizer que aquele gatinho medroso dentro de si crescia e, consigo, trazia um rugido forte entalado na garganta.  

Porque sim, apesar de inacreditável e clichê, o amor poderia sim restabelecer as forças de alguém. Vindo de algum lugar, de alguém, de você mesmo. Ele poderia ressurgir através de cada músculo vacilante, através de cada bombardear doloroso e agonizante do coração, através de cada palavra e pensamento, através das promessas que Liam e Zayn fizeram um ao outro; Então, se eu tiver que enfrentar a máfia inteira para te ter ao meu lado, meu amor, eu farei. De olhos vendados e de mãos atadas, eu farei. 

— Fabrizio, sei que não estou na melhor posição para o dizer isso, mas... – Liam olhou em volta, todos aqueles homens, todos aquela atenção, toda aquela dúvida, inimizade, tensão e cede por vingança divergindo pelo ar, adentrando cada poro, dominando cara homem. – Meu marido e eu teremos o meu filho de volta e, quando Enzo estiver nos meus braços eu darei um tiro na cara daquele filho da puta do Ian – sonolenta e grogue, mas ali estava sua restauração, o Liam de Zayn, o homem que conseguia irritar, trapacear e infligir os sentidos mais sólidos dos homens mais seguros de si com poucas palavras. – então depois de matar ele vamos levar Camilla e os outro para um lugar seguro, e ai, quando todos estiverem longe de você e desses vermes que você chama de homens, eu e o meu marido vamos transar, só para aliviar essa tensão desgraçada que você está nos colocando... – maneou a cabeça e deu de ombros para Zayn que rolou os olhos para ele. – E, somente depois disso, eu e o idiota do seu filho viremos atrás de vocês. Mataremos todos eles, um por um, até que você seja o único de pé... e ai... – Liam poderia ouvir o som de algumas risadas céticas, mas aquilo não o afetaria, não quando Zayn havia conseguido reacender seu coração com uma simples faísca. – nós vamos matar você, arrancar a sua cabeça fora e pendura-la na bandeira nos murros na arena de Verona, seu grande filho da...    

Payne se calou com o tiro disparado, fazendo-o encolher o corpo ao sentir o vento da bala quando ela passou tão perto de si que quase o atingiu. Um ecoo agonizante se espalhou sobre o tímpano esquerdo, fazendo o mafioso forma uma careta ao tentar se acostumar com a nova sensação. Liam piscou, o som ficou distante como quando bateu a cabeça no chão, e seus dedos escondidos em seus costas se roçaram rapidamente. Em uma breve troca de olhares com o marido, voltou sua atenção para seu suposto sogro, e o observou respirar pesadamente. 

— Ai está a ira que eu espera. – Provocou o inimigo, pressionando o ouvido no ombro e tentando afastar aquele ecoo de sua cabeça. – Você vê quando não é bom quando o provocam? Quando provocam a sua ira. – seus olhos se intensificaram sobre o homem que ergueu o queixo – não é bom quando é com a sua sanidade que brincam. Você pode estar simplesmente caminhando para casa quando, de repente, você assiste de camarote seu irmão sendo arremessado a dois metros a cima do solo, e quando ele retorna ao chão, ele está morto. Ou, você descobre que sua mãe não voltará da igreja. Ou, melhor, tiram a vida da sua esposa a sangue frio em frente aos seus olhos. 

Fabrizio engoliu a seco, tentando disfarçar o desconforto que aquela conversa havia o trazido. Del Frazi conhecia Liam, não tanto quanto gostaria, mas o suficiente para dizer que o garoto sabia como atingir o ponto fraco de alguém; afinal de contas, havia sido treinado com o melhor; Liam era igual ao pai quando ele tinha a mesma idade, só que mais atrevido e teimoso do que o próprio Lorenzo gostaria de admitir.  

Payne estudava o inimigo com cuidado, sabia que uma hora ele se cansaria de ouvi-lo tagarelar e viraria o revolver em sua direção e a última coisa que ele veria seriam faíscas fugirem do cano antes que tudo ficasse escuro. Mas, não se arrependeria que aquelas fossem suas últimas palavras; nunca, em toda sua vida deixou de falar o que pensava e, talvez, isso tenha lhe causado grandes problemas. Talvez... 

Nunca fuja de uma luta, mesmo que ela o leve ao seu fim; aquele era seu mantra, e Liam sabia que de uma forma ou de outra conseguia atingir Fabrizio como nenhum outro inimigo havia feito antes. Payne o atingia e isso enlouquecia o seu adversário.   

— Nunca é bom quando somos nós que estamos do outro lado do revólver. 

— Você está na frente dele. – Retrucou Del Frazi. Payne deu de ombros. 

— É, você tem razão. Afinal, sempre teve não é?  

— Cale a sua boca, chega da sua ironia, para tudo há limites.  

— E você o encontrou quando atirou no seu filho e depois matou a sua esposa a sangue frio? – Liam gritou, como se sentisse raiva de não ter estado presente quando um dos piores capítulos na vida de seu marido aconteceu. Payne odiava Del Frazi por isso, tanto que jurou a si mesmo enquanto Zayn chorava em seu ombro durante noites que quando colocasse suas mãos nele, acabaria com ele da forma mais dolorosa possível. – Me fale, Fabrizio, como é o seu limite? 

— Eu mandei você calar a boca. – O homem avançou no castanho e pressionou o cano do revólver contra a testa de Payne, vendo-o piscar lentamente. – Você é um merda como o seu pai. 

— Posso até ser. – Liam moveu mais uma vez suas mãos inquietas, quando, de repente, percebeu que de tanto se mover os nós feitos em seus punhos começam a ficarem frouxos. Por pouco não soltou um suspiro convencido quando se via perto da liberdade. – Eu, definidamente, sou um merda igual ao meu pai. Porém, convenhamos, Lorenzo pode ser um merda, mas ele não começou uma guerra só porque levou um pé na bunda. 

Sua petulância não havia sido em vão, porém, provocar um homem nas condições de Fabrizio não era um plano muito inteligente - não que Liam realmente se importasse aquela altura. O castanho gemeu arrastado quando o inimigo desferiu um golpe com o revólver contra sua cabeça. Viu pelo o que considerou a centésima vez o mundo girar e o mesmo som de reprovação vindo de seu marido, que rangia com os dentes com fúria, arrastando os pés da cadeira no chão sujo conforme seu corpo se movia de uma forma desesperada e ávida, atrás da liberdade para seus punhos, para que eles pudessem acertar um belo soco ensurdecedor naquele homem que insistia em machucar seu marido. 

— Eu já me cansei de ouvir o que você tem a dizer. – Fabrizio rangeu os dentes, ansioso demais para tentar esconder suas mãos trêmulas. Quando Liam voltou a se acostumar com a dor em sua cabeça, reabriu os olhos que carregavam o ódio de mil demônios, enquanto sua garganta parecia que se trancava o suficiente para poder protestar. 

Seus lábios se trancaram em uma linha rígida, trêmula e embranquecida. 

— Acho que já passou da hora de acabar com as aberrações... – as risadas de Payne o calou mais uma vez. 

— Nada que você faça poderá me surpreender. – Desafiou, mesmo estando incerto do que dizia. Liam apenas estava possesso o suficiente para desafiar seu inimigo a uma luta mano a mano, mal aguentava consigo mesmo, mas tiraria forças do inferno caso fosse preciso para derrotar aquele cretino.  

Fabrizio mesmo tremendo e cerrando os punhos de raiva, sorriu e uma nova ideia clareou sua mente, como se pairasse uma pequena lâmpada acessa sobre sua cabeça. O homem piscou lento e sorridente, como se ser desafiado naquela altura do campeonato ainda o saísse da mesma forma que quando começou. Meio despreocupado, seus olhos se dirigiam até Zayn e seus pés se arrastaram até ele, ecoando por todo o lugar. 

Del Frazi moveu os cílios, olhou para Liam e encarou mais uma vez Zayn, agora estando perto o suficiente do moreno para poder sentir a raiva dele em uma áurea negra. Seus olhos âmbares, tão bonitos quanto os dos filhos, porém, diferente dos dele, traziam mais ódio e cede por vingança pior a de qualquer outro. Com atenção estudou o rosto do moreno, sem ao menos piscar, ou dar aos outros a oportunidade de duvidar, apenas ergueu a arma que segurava e bateu no rosto de Zayn. 

Havia sido tão forte como aquele que havia acertado em Liam, e ele, aonde estava amarrado, gritou, mas seus gemidos de ódio haviam sido sufocados por outros homens quando Fabrizio mandou calá-lo, agora, sua atenção era girada a Zayn e como ele tentava engolir a própria dor com os lábios e olhos cerrados. 

— É inacreditável como você conseguiu me decepcionar, mesmo depois de todas as chances que eu o dei. – Os olhos do pai se cravaram nos do filho quando seus dedos seguraram com firmeza o maxilar do mais novo, fazendo-o encara-lo. – é relativamente surpreendente ver, que mesmo depois de tanto tempo, você se dedicou a algo, mesmo que isso o condene a uma vida inteira infeliz. 

Zayn tentou retrucar, mas a fita em sua boca não permitiria. Outra vez estremeceu, mas a voz de seu avô - o último Del Frazi antes de Fabrizio assumir o poder - ecoou aos ouvidos do moreno quando ele esteve em seu leito de morte; 

Nunca abaixe sua cabeça a ninguém, mesmo que futuramente tenha que se virar contra o seu próprio rebanho. Nunca seja aquilo o que os outros querem que você seja. Lute e conquiste, e tudo o que você quiser será seu. – Seus cílios se moveram e a lembrança desapareceu como fumaça. Os olhos âmbares se afundaram nos de seu pai e seu queixo se ergueu, Zayn não permitiria que aqueles demônios o sufocasse e o engolisse de novo.  

— Tsc, tsc, tsc. – Fabrizio estalou a língua no céu da boca reprovando o que via – você se acha corajoso, não é? Se acha forte – inclinou a cabeça para o lado, rindo nasalmente – mas eu o conheço o suficiente Zayn, eu criei você. 

Você não me conhece; rosnou o moreno em sua cabeça. 

— Você sempre foi fraco e nada mudará isso.  

Malik observou o mais velho deixar a coluna ereta, andando para trás e disfarçando o sorriso em no rosto. Ele não sabe de nada. 

— Bom senhores, agora é a hora mais esperado por mim e todos os meus homens. O fim das duas aberrações, porém... – Com um estalo de dedos a cima da cabeça, virou sua mão em direção a Payne, apontando para ele. – Você me deu uma ideia brilhante e eu não posso deixar de a pôr em prática. Afinal, pode ser prazeroso tirar a vida de vocês, mas será mais ainda os ver fazendo isso por mim. 

O quê? Não pode ser; foi o que Zayn pensou antes de procurar entender o que estaria por vir, porém, se ele pudesse escolher, optaria em não presenciar as cenas que estavam por vir, porque além de tirar o seu fôlego, o traumatizaria para o resto de seus dias.  

Ou minutos... 


Notas Finais


ox, Blue.


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