História Paraíso Perdido - Proteção.

Ela ajoelhou-se diante dele. Estranho, Sasuke tinha uma expressão contorcida em dor, algo que não era comum á um demônio depois de levar uma mordida de vampiro.

– Água benta não lhe afeta exteriormente, mas será que correndo por seu sangue não queima nem um pouquinho? –um homem muito branco e vestido com roupas antigas apareceu. – Isso é o que acontece com vocês depois de ter uma dose de água benta injetada junto com o nosso vírus. –riu, mas em seguida parou notando que sua piada não surtira o efeito desejado.

– Quem é você? –Sakura questionou-o.

– Sou o líder deles. –observou as cabeças j0gadas ao chão. – O alfa, primeiro espécime dessa raça que vocês acabaram de diminuir, mas não importa, a hora de vocês chegou. –avançou lentamente até eles.

Sasuke tentou mover-se, mas não teve êxito, parecia estar queimando por dentro. Sakura por outro lado, não sabia se o enfrentava e deixava o Uchiha exposto ou protegia-o e dava um jeito de escapar dali.

Foi quando Naruto apareceu chamando a atenção do desafeto:

– Ei dentuço! Volte para o caixão seu defunto! Roubou essas roupas do museu foi?! –gritou para provocá-lo e ao contrário do que a rosada pensou, deu certo. Ele desviou-se para o loiro que foi tomando cada vez mais distância.

A Haruno pôde enfim voltar sua atenção para Sasuke que parecia consumido pela dor. Não podia ajudar muito daquela forma.

Olhou para ambos os lados, tentou detectar qualquer outra presença, o próprio Príncipe parecia quase inconsciente.

Retirou o colar e colocou a mão sobre o ferimento em seu ombro, usando seu poder divino para curá-lo.

Sasuke não estava mesmo em seu total domínio, suas vistas ficaram embaçadas. A última coisa que viu foi o vulto rosa, mas sentiu uma áurea diferente bem próxima á si, já havia presenciado aquela energia antes, mas estava muito fraco para raciocinar enquanto sentia um poder agindo sobre si.

...

Acordou em sua cama, no Inferno. Seu quarto não era diferente dos demais, apenas composto por móveis e adereços mais escuros.

Naruto e Sakura estavam diante de si, como se velassem seu sono.

– Sasuke! –o loiro exclamou aliviado por estar acordado.

– O que aconteceu lá? –foi direto ao ponto, sentando-se.

– Parece que o vampiro estava com um alto índice de água benta quando o mordeu, de alguma forma isso foi liberado junto com o vírus vampírico. –a rosada explicou.

– E aquele desgraçado que apareceu depois? –indagou novamente.

– Eu o persegui, mas então ele desapareceu sem deixar rastros. –o loiro respondeu.

Uma batida foi ouvida, em seguida viram que a mesa de canto havia se partido ao meio com o golpe do Uchiha.

– Droga! –rosnou. – Mas foi bom, assim eu mesmo tenho o prazer de torturar aquele imbecil até á morte. –parecia cegado pelo ódio.

– Nós o pegaremos Sasuke. –lhe garantiu o loiro.

– Naruto, deixe á mim e á Sakura sozinhos agora. –pediu recuperando sua postura e erguendo-se da cama.

– Suas mulheres não vão gostar nada disso. –alegou.

– Não te perguntei nada, agora saia! –elevou seu tom de voz e o loiro obedeceu dando uma última olhada em Sakura, que tinha uma sensação ruim em relação aquilo.

Quando se viram á sós, mal teve tempo de questioná-lo, pois foi logo jogada contra a parede e segurada pelo pescoço:

– O que é você? –estava irritado.

– Do que está falando? Você sabe o que sou. –respondeu com dificuldades.

– Não, não sei. Demônios não recuperam ferimentos daquela forma e não exalam uma energia tão peculiar... Na verdade, até seu cheiro é diferente. –alegou depois de aproximar o rosto do pescoço dela, inalando seu aroma e causando-lhe um arrepio.

– Em relação á isso, não sei o que lhe responder. Mas o que quer dizer com energia peculiar? Você estava semiconsciente, está imaginando coisas. –argumentou ficando apreensiva com a situação.

– Eu não sou louco! Sei muito bem que energia era aquela, só não consigo distingui-la. –fechou ainda mais o punho em torno de seu pescoço, ela sentiu-se sufocar.

– Sasuke, seu tio quer vê-lo agora mesmo! –Naruto bateu do outro lado da porta.

Odiava que lhe interrompessem e mais ainda quando suas perguntas ficavam sem respostas.

Liberou-a deixando com que caísse no chão tossindo. Então curvou-se sobre ela e segurou delicadamente seu queixo para que olhasse para si:

– Escapou dessa vez, mas ainda continuaremos essa nossa conversa. –percebeu o quanto ele estava falando sério.

A porta foi aberta bruscamente:

– Cansei de esperar Sasuke! –Obito alegou adentrando seguido de Naruto que havia ficado preocupado com Sakura.

Só então reparou no sobrinho, em seguida na garota e disse malicioso:

– Desculpe ter interrompido as coisas. –ria sem graça. – Parece que escolheu bem dessa vez Sasuke. –atentou-se a rosada que se erguia.

– O que quer Obito? –indagou com azedume.

Obito? Então aquele era o Rei do Inferno? Sakura mal acreditou e como se não fosse o suficiente ter Sasuke desconfiado, bastava ele dizer alguma coisa ao outro e ele faria ainda pior.

– Soube que Sai, o alfa dos vampiros te fez uma surpresinha. Isso tem me preocupado, não só os lacaios dele, mas os lobisomens e até as bruxas tem nos atacado cada vez mais. E sabe o que é pior? Estão conseguindo nos derrotar.

– A maioria desses inúteis não sabe se defender nem de caçadores humanos, quanto mais inimigos habilidosos. –justificou como se aquela constatação já fosse mais do que óbvia.

– E o que sugere? Que montemos um quartel? Por enquanto as quantidades não são tão grandes, mas aumentam á cada dia. Temos que por um fim nisso. –pôs-se á pensar.

– Simples, ao invés de ficar fazendo pactos, ordene-os para caçar. Aprenderão as consequências do fracasso com a morte de seus iguais e na prática, é sempre melhor ser o predador ao invés da presa. –respondeu naturalmente enquanto Naruto e Sakura só assistiam aquela conversa á dois.

– Pode ser que tenha razão... –concordou. – O difícil é colocar isso na cabeça daqueles desmiolados. –nem parecia que aquele homem era o temido Obito Uchiha.

Ele ia sair, quando voltou-se olhando fixamente para a garota. Caminhou em passos lentos até ela com expressões intrigadas.

Sakura sentiu seu coração acelerar: “agora eles me pegaram”. Foi então que ele segurou o pingente de seu colar entre os dedos e disse:

– Esse cristal não me é estranho... Lembro-me de tê-lo visto antes em algum lugar. –deu-lhe um pequeno sorriso com os olhos estreitos e voltou á direção oposta, saindo dali em seguida.

Suspirou aliviada, notando que Sasuke ainda avaliava sua reação.

– Sakura pode me ajuda em algo? –Naruto chamou sua atenção.

– C-Claro. –respondeu ainda nervosa e quando passava pelo Uchiha, este lhe puxou apertando seu braço.

– Não se esqueça da nossa conversa. –advertiu-a.

No corredor com Naruto:

– Na verdade não era nada, só queria te tirar dali. As coisas estavam bem tensas entre vocês, o que houve? –estava mais sério do que de costume agora, vai ver que era a preocupação.

– Ele desconfia até de minha sombra, quer me arrancar coisas que não existem. –respondeu fazendo pouco caso.

...

Sasuke estava em seu quarto, quando sentiu a presença do tio novamente:

– Parece que temos uma intrusa. –ele falou com um tom tão sóbrio quanto o do sobrinho.

...

Ela não aguentava mais ficar ali e fingir ser quem não era, ou pior afinal, estava sendo exatamente o contrário de sua natureza.

Não tinha ninguém com quem desabafar e isso não era tão problemático no Céu, pois lá sempre foi um lugar extremamente solitário. O pior era estar correndo o risco de ser pega á qualquer instante e ter todo o esforço jogado no lixo e a promessa feita descumprida injustamente.

Sabia que era arriscado, quando decidiu ir para um campo deserto em algum ponto no extenso planeta Terra.

– As coisas estão se complicando, tive que curá-lo e ele acabou notando algo. Obito quase reconheceu o colar. Esteve tudo por um triz e eu francamente não sei se essa possibilidade já se esvaiu. –desabafou sentada, com as mãos unidas. – Espero que esteja tudo bem por aí.

Disse mais algumas coisas em seguida levantou-se e quando ia recolocar o cordão de prata, surpreendeu-se com a presença dos Uchiha, tio e sobrinho.

– Agora sei o que você é. –o mais novo entre eles pronunciou vitorioso.

...