Pov’s Rick Grimes
Música: Into the black –Chromatics
Eu abri os meus olhos podendo ouvir os gemidos vindo de todos os lados, eu não estava exatamente na onde eu havia caído ao tentar levar os zumbis para longe da ponte. Eu me lembro de ter visto o Daryl e me lembro de falar com ele a respeito do que Noora tentou fazer com o Negan hoje mais cedo. Michonne havia me chamado pelo walkie-talkie e depois de esclarecer tudo sobre o assunto, pediu para que eu retornasse para casa quando a horda me pegou de surpresa.
Franzi o cenho notando que eu estava em um quarto de hospital, no meu quarto de hospital que eu estive no começo de tudo isso muito antes de eu saber o que estava acontecendo. Eu observava o meu corpo ligado a aparelhos de todos os tipos e eu desviei brevemente o olhar para a janela vendo um monte de pássaros pretos voando todos juntos. Eram muito parecidos com aqueles que eu vi com Judith no dia anterior. Engoli em seco voltando a olhar para o meu corpo deitado e ergui a minha mão esquerda a vendo encharcada de sangue. Com o meu sangue para ser mais especifico. Ouvi uma risadinha e pisquei algumas vezes tentando entender o motivo de eu estar aqui novamente.
-Acorde. –eu disse a mim mesmo. -Está na hora de acordar, babaca. –o meu pensamento me levou para o que realmente acontecia e eu fiquei ofegante sentindo uma dor se alastrando por todo o meu abdômen. Olhei a barra de ferro atravessada em mim e grunhi de dor notando os mortos se aproximando cada vez mais. Tentei me mexer para sair de lá e gritei devido ao buraco que saia sangue sem parar. O barulho que o cavalo fez atraiu a minha atenção e ao pensar no que eu poderia fazer para que ambos saíssemos daqui, retirei o meu cinto que serviria de ajuda para me reerguer.
Caí no chão já solto da barra de ferro e pressionei minha mão contra o machucado para estancar o sangue antes que tudo piorasse. Olhei em volta preocupado e sem saber o que fazer e pela primeira vez depois de muito tempo, eu me senti sozinho, sabendo que se ninguém aparecesse, eu iria morrer e deixar tudo que eu tinha para trás. Eu não temia a morte, mas eu temia uma morte sem sentindo no meio de todo a esse caos que eu já sobrevivi.
Me levantei com dificuldade e corri cambaleando até o cavalo que ia de um lado para o outro com medo dos mortos. Eu subi nele e o animal saiu andando comigo que começava há ficar um pouco zonzo devido à perda de sangue. Respirei fundo sentindo o meu corpo doer e olhei para trás por breves segundos para me certificar de que eu estava em uma distancia considerável da horda que me seguia.
-Eu preciso protegê-los. –sussurrei. -Preciso ficar acordado. Preciso levá-los para longe. –a minha cabeça zumbiu e um flashback da fazenda voltou na minha cabeça fazendo minhas vistas embaçarem por eu ter tido por um rápido momento a chance de sentir como era estar lá novamente. Meus olhos começaram a querer se fechar e então tive um flashback do hospital dessa vez, o lugar responsável pela minha recuperação e que me deu a oportunidade de estar aqui agora. Grunhi de dor quando o cavalo começou a correr comigo e o ritmo da minha respiração começou a mudar quando um pequeno desespero começou a me invadir. Eu sabia o que estava para acontecer. -Eu tenho que lutar... Por eles. Eu tenho... –entrei na floresta para desviar a horda do caminho que levaria a ponte e quando notei que eu já estava longe o suficiente, eu desci do cavalo ao saber que eu estava exatamente onde Maggie, Noora e Cyndie haviam matado aqueles zumbis. Entrei na casa cambaleando e me escorei ofegante na parede de madeira para recuperar o fôlego. Corri até a mesa e peguei o forro o rasgando no meio antes de amarrá-lo fortemente contra a minha cintura. Respirei fundo tentando juntar todas as minhas forças, mas a minha cabeça tombou para trás no instante que eu apaguei.
O caminho na estrada para a entrada de Atlanta estava exatamente como eu lembrava, quando por algum motivo eu comecei a visualizar a cidade grande. Eu estava em um cavalo assim como antes e a horda me seguia me fazendo ter a sensação de deja-vú. Eu já havia estado aqui antes, eu havia visto esse mesmo zumbi saindo desse mesmo ônibus abandonado no meio de uma rua entre os grandes prédios. Eu estava procurando pela a minha família e eu sabia disso, mas algo chamou a minha atenção quando eu vi um carro estacionado e alguém dentro dele me olhando atentamente.
-Caramba, caubói. –Shane falou e as minhas vistas embaçaram por vê-lo bem na minha frente. -Você está uma merda. –eu assenti para ele e o meu pensamento me levou para outro lugar mais uma vez. Eu estava na viatura junto com ele, em frente ao campo em que eu levei o tiro que me mandou para o hospital.
-O que aconteceu? –eu perguntei quase podendo sentir o gosto verdadeiro das fritas e dos hambúrgueres que comíamos.
-“O que aconteceu”? –Shane perguntou. -Qual é Rick, você sabe o que aconteceu, olhe ao seu redor. Você sabe o que é.
-São os idiotas que estávamos perseguindo? –eu perguntei apontando para o carro capotado.
-Muito bem... Disseram pelo rádio que eram dois suspeitos, certo? –Shane me perguntou e eu assenti.
-Tinha um terceiro. –sussurrei ao me lembrar.
-Tinha... Aquele terceiro homem mudou tudo não é? –ele me perguntou e eu pensei sobre o assunto antes de assentir.
-Estou procurando pela minha família. –eu falei e ele me olhou.
-Ah é isso que você esta fazendo? –ele perguntou franzindo o nariz. -Procurando pela sua família? Isso não é totalmente verdade, poderiam dizer que você está procurando pela minha família. –eu comecei a rir e o olhei com uma cara engraçada. -Como está a minha garotinha? Ela tem os meus olhos, não?
-Mas não tem o seu nariz. –comentei e nós dois começamos a rir me fazendo sentir falta de como as coisas eram entre nós antes.
-Sorte que ela não tem as minhas orelhas. –ele disse e eu ri mais ainda assentindo antes de olhar para ele com atenção me perguntando por quanto tempo há mais eu iria vê-lo.
-Você é muito babaca. –eu falei.
-Sim, eu sou... Eu sou mesmo. –Shane falou encostando sua cabeça no banco. -Como você, na verdade. Gosto de levar o crédito por isso, Rick. Quando eu penso nisso, sei que outras pessoas influenciaram você, mas eu gostaria de levar todo o crédito...
-Eu não queria isso, você sabe. –eu falei em um tom baixo.
-Mas você aceitou, não é? –ele me perguntou. -O que você fez naquele campo... Só você e eu... Você seguiu os meus passos, Rick. Foi bom ter feito isso. Você se impôs irmão.
-Tinha que ser eu. –eu disse. -Ainda tem que ser.
-É Rick, acho que é aí que você se engana. –Shane falou me olhando. -Tem que ser eu. É o único jeito de fazer isso. Quero que pense a respeito em como arrancou a garganta daquele filho da mãe na estrada. O cretino na igreja com o facão vermelho. É disso que eu estou falando. É disso que eu preciso que faça e isso que você precisou fazer. Eu sabia que era capaz disso... Quer saber as respostas? Quer saber do que isso se trata? Isso daqui, eu e você. Agora eu vou dizer e quero que escute, chegou à hora. Ajoelhe-se, procure lá no fundo, encontre isso, Rick. O ódio, a raiva, a lealdade... É o único modo de fazer isso e você precisa fazer. Entendeu? –ele perguntou e eu o encarei. -Você consegue irmão.
-Eu sinto muito... –falei. -Sinto muito pelo que fiz com você.
-Você tem que esquecer essa merda. –ele disse e voltou a comer as batatas-fritas. -Quer saber, Rick? ACORDE! –ele gritou e quando abri meus olhos um zumbi estava prestes a cair em cima de mim. Eu o empurrei para trás com força e saí da casa as pressas ao ver que a horda já havia me alcançado. Corri até o cavalo e o soltei subindo em cima do mesmo em questão de segundos antes que o primeiro grupo conseguisse nos cercar.
**
Pov’s Rick Grimes
-Eu preciso protegê-los. –sussurrei. -Preciso ficar acordado. Preciso levá-los para longe... –tombei por cima do cavalo fechando os meus olhos por já me sentir totalmente cansado. Respirei fundo e franzi o cenho no momento em que senti um cheiro que eu conhecia muito bem. O aroma das arvores e do celeiro da fazenda me fez ter a sensação de por algum motivo eu tive a oportunidade de voltar para um dos lugares em que eu já passei durante toda essa caminhada. Senti as minhas vistas embaçando ao ver Hershel de costas vendo o por do sol e eu engoli em seco não acreditando que eu estava o vendo novamente.
-Oi Rick... –ele disse sorrindo para mim e me chamando com as mãos. -Vem aqui... –comecei a ir até ele em passos calmos e coloquei a mão por cima do meu ferimento que ardia. -Olha só isso... –Hershel apontou para a vista e eu olhei antes de abrir um sorriso.
-Esse lugar... –eu falei me lembrando de cada detalhe do que já vivi aqui. -É lindo.
-É uma beleza... Não é? –ele me perguntou e eu me virei o olhando com atenção. O abracei rapidamente fechando meus olhos com força enquanto eu podia sentir um abraço de pai depois de muito tempo.
-Eu sinto muito pelo o que aconteceu com você, Hershel. –eu disse. -Com a Beth e com o Glenn... Por tudo que a Maggie perdeu.
-Rick...
-Talvez se eu estivesse me esforçado, se eu tivesse feito as coisas diferentes ou escutado mais... –eu falei. -Eu...
-Não foi a sua culpa... Nada disso. –Hershel disse e eu o olhei. -Não se preocupe com nenhuma dessas coisas...
-Eu preciso achar a minha família. –eu falei a ele. -Preciso manter ela unida.
-Não, não precisa... –ele disse. -Você acha que precisa. Eu sei que tem sido difícil... –eu assenti e abaixei a cabeça.
-O que a Lori queria para mim, para o Carl... Não tem sido fácil. –eu falei. –Estamos tentando.
-Mas vamos chegar lá. –Hershel respondeu. -Todos nós. Juntos.
-Eu estou cansado Hershel. –eu sussurrei. -Cansado de perder pessoas... Talvez eu possa encontrar a minha família aqui.
-Não Rick... Porque você sabe que a sua família não está aqui. –eu soltei um suspiro e revirei os olhos sentindo Hershel depositando sua mão sobre o meu ombro. -Agora... Você tem que acordar. –eu pisquei algumas vezes vendo que eu estava de volta na estrada.
Música: Oats in the water – Ben Howard
Olhei em volta notando que a horda e o cavalo haviam sumido e eu estava a pé. Olhei as gotas de sangue pingando contra o chão, mas então eu franzi o cenho percebendo que havia um homem de costas para mim agachado na estrada olhando o nascer do sol em um ambiente frio, pois ele usava um casaco preto. Engoli em seco começando a me aproximar calmamente e ele se levantou antes de me olhar e abrir um sorriso.
-Olá Rick... –ele disse e as lagrimas acumularam nos meus olhos quando eu vi que se tratava de Peter, pai da Noora. -Não nos encontramos novamente, não é amigo? –ele sorriu para mim e eu fiquei de frente para ele. -Tenho que te agradecer... Quando eu lhe disse que um dia poderia me retribuir o que eu fiz por você, você retribuiu cuidando da minha garotinha.
-Eu sinto muito... –eu falei o olhando. -Pelo que você passou e por tudo que aconteceu com a sua família... –ele assentiu sorrindo sem mostrar os dentes.
-Está tudo bem agora. –ele falou. -De verdade, está tudo bem. –eu neguei com a cabeça e meu queixo tremeu quando as lagrimas escorreram pelo o meu rosto.
-A Noora já perdeu muita coisa...
-Eu sei, mas ela é uma garota forte e agora o nosso netinho ou netinha vai fazê-la mais forte ainda. –ele falou. -O Carl a faz forte e você sabe disso... Os dois deixaram de serem crianças há tempo. –Peter soltou um suspiro e enfiou as mãos no bolso do casaco para encarar a estrada cheia de neblina. -Isso está longe de acabar e você sabe. Ainda vai haver muitas mortes, suicídios, conflitos e irá acabar para ela quando ela decidir que está na hora de acabar, então não precisa se preocupar. Não com ela.
-Me desculpa se eu falhei com você alguma vez... Pelo que ela passou pelo que ela viu. –ele sorriu para mim e eu assenti com a cabeça.
-Não falhou... Tudo isso a deixou com a cabeça em pé, não a deixou perder a razão. –ele falou. -Mas agora quem está perdendo a razão é você... Preciso que acorde Rick... Preciso que volte. –ele tocou no meu braço e eu abri meus olhos respirando pesadamente. Eu me vi no corredor de hospital e tossi descompensadamente antes de olhar em volta um pouco confuso. Eu manquei até a porta que no começo estava fechada e soltei um suspiro a analisando antes de criar coragem para abri-la.
Don’t open. Dead’s inside.
Eu empurrei para que eu pudesse entrar e um clarão quase me cegou o que me obrigou a tampar minhas vistas usando meu braço. Eu entrei olhando a pilha de mortos embaixo dos meus pés. Comecei a chorar quando meus olhos bateram em Carl, Noora e Beth que estavam amontoados em cima um do outro ao lado de Dale, Glenn, Amy e Andrea. Eu me abaixei olhando uma poça de sangue na cabeça de Carl e um grande buraco na testa de Noora, muito parecido com o que Beth havia levado.
-Não... –eu sussurrei continuando a andar e vi Daryl, Maggie, Rosita e Ezeckiel mais adiante. Engoli em seco não acreditando e neguei com a cabeça. Isso não podia estar acontecendo. Isso não podia ser real.
-Oi meu amor... –ouvi atrás de mim e ao me virar eu vi Lori me olhando. Mais lagrimas escorreram pelo meu rosto e ela sorriu para mim sem mostrar os dentes.
-Eles estão todos mortos? –eu perguntei.
-É, estão sim. –ela respondeu olhando os corpos brevemente. -Mas está tudo bem.
-Como pode estar tudo bem? –eu perguntei sem entender enquanto uma sensação horrível me invadia por estar os vendo dessa maneira. Não era nada do que eu queria para nenhum deles. -Como isso pode estar bem?
-Porque você fez a sua parte. –ela respondeu. -Como eu fiz a minha... Como o T-dog fez a dele, a Beth, o Hershel... E os outros antes de nós.
-Como? –eu perguntei.
-Eles nos deram a força, simples assim. –ela disse. -Para fazermos tudo que tínhamos que fazer. E os outros conseguirão forças de nós. Mudamos uns aos outros, Rick... Ajudamos uns aos outros. Tornamos uns aos outros melhores... –as minhas vistas voltaram a embaçara e eu soltei um suspiro. -E nunca acaba.
-Parece que está acabando. –eu falei.
-As pequenas coisas terminam... Mas, nunca é o fim de tudo. –Lori disse me olhando. -Porque nós não morremos meu amor. Não é sobre você, ou sobre o Carl ou sobre qualquer um de nós... É sobre todos nós. E eu acho que não fica por aí, eu acho que sempre passa por cima em direção ao bem. Em direção a coragem. Em direção...
-Ao amor. –eu completei e assenti fechando meus olhos.
-A família que você procura... Você não vai encontrar, porque eles não estão perdidos. –ela falou. -E você não está perdido... O que você precisa fazer é acordar. –os meus olhos se fecharam e eu caí para o lado batendo com tudo contra o chão. Minha vista embaçou e eu abri meus olhos notando que eu estava no acampamento. Ele estava vazio e com muitas coisas destruídas por toda parte. Eu me levantei notando a horda atrás de mim e vi o cavalo já longe por ter saído correndo em disparada com medo dos grunhidos incessantes. Andei com dificuldade até a estrada e eu me desequilibrei já sem forças quando cheguei à ponte. Meu abdômen latejou e eu olhei para os dois lados não sabendo mais o que fazer enquanto a horda minha para me pegar.
-Rick! –eu ouvi alguém me gritando e olhei para trás. -Rick! –eu olhei Daryl correndo apressadamente na minha direção com Maggie, Noora, Carl e os outros e eu sorri feliz por eles terem vindo. O grupo começou a matar os mortos fazendo uma barreira na minha frente e Michonne se abaixou ao meu lado me fazendo olhá-la com atenção. Eu achava que eu nunca mais iria ver nenhum deles, mas aqui estavam eles lutando por mim como um dia eu lutei.
-Rick, está tudo bem. –Michonne falou. -A gente vai tirar você daqui está bom?
-Não... –eu disse negando com a cabeça. –Não, você cuida deles, eu não consigo. –falei.
-Consegue! Ainda não acabou! Nós não morremos... –ela disse e eu assenti sabendo que foi exatamente o que Lori havia me dito. -Você é forte Rick, e você não desiste... Então lute Rick. Lute por mim! Lute por todos nós. –eu olhei para o lado olhando o grupo e eles sorriram para mim esperando que eu me levantasse e fizesse alguma coisa.
-Lute por nós, pai. –Carl falou.
-Vocês são minha família... –eu disse. -Eu encontrei vocês. Mas... Isso não é real. –eles desapareceram de perto de mim e eu abri os meus olhos que eu nem me dava conta de que estavam fechados. Eu comecei a caminhar pela ponte com dificuldade sentindo uma terrível dor por todo o meu corpo. Os mortos estavam cada vez mais perto e logo eu já havia atravessado toda a ponte sem saber como. Uma mão me agarrou por trás e eu me virei encarando um zumbi que estava prestes a me morder. Uma flecha foi acertada em sua cabeça e o corpo caiu no chão me obrigando a olhar para o lado para ver de onde isso havia vindo. Olhei para Daryl na mata e os outros se aproximaram dele correndo. Outra flecha foi acertada em um zumbi que estava próximo o suficiente e eu assenti para eles sorrindo sem mostrar os dentes enquanto o meu corpo começava a amolecer.
Pov’s Noora Hale
Eu encarava a estufa vendo as pessoas trabalhando nela e cruzei os meus braços olhando rapidamente Judith brincando perto das arvores com uma das moradoras de Alexandria. Ouvi passos vindos correndo na minha direção e eu me virei vendo Gabriel falando algo com o Carl antes de vir até mim um pouco preocupado com algo que havia acontecido.
-O que foi? –eu perguntei franzindo o cenho.
-Problemas no acampamento... –ele falou. -É melhor vocês virem e logo... –eu assenti a cabeça e saí correndo atrás dele. Quando chegamos até lá, nós o encontramos todo vazio e destruído como se uma horda tivesse acabado de passar por cima de tudo. Eu olhei em volta preocupada não sabendo o que havia rolado e me entreolhei com Maggie que havia vindo com um pessoal de Hilltop.
-Eles foram embora... –Carol disse aparecendo com outro grupo. -Não sei onde eles arranjaram armas, mas arranjaram... Pegaram tudo e foram embora. Os salvadores se mandaram, só sobraram esses... –eu respirei fundo não acreditando e olhei para Laura, a salvadora que loira, que era uma dos que haviam permanecido.
-Isso só pode ser brincadeira... O que eu disse a você? –eu perguntei a Michonne que negou com a cabeça parecendo não querer acreditar nem admitir que eu estava certa o tempo todo.
-O que vamos fazer agora? –Noah perguntou.
-Vamos voltar para Alexandria e vamos separar grupos para procurar por eles... Não vamos deixá-los irem tão longe. –eu falei. –Peça para o Ezeckiel vigiar o Santuário com a galera do Reino e... –eu me assustei ao ouvir o som da crossbow disparando uma flecha e eu olhei para Daryl não muito longe de nós enquanto mirava em algo.
-É o Rick! –ele disse e nós corremos até ele para ver o que acontecia. Eu arregalei os olhos o vendo em cima da ponte com uma horda de zumbis bem de frente para ele e o meu coração acelerou.
-O que ele está fazendo?! –Maggie perguntou sem entender.
-Ele está ferido! –Michonne gritou.
-Aquele bando está indo para Hilltop, ele vai tentar derrubar a ponte. –Daryl disse e disparou a flecha no segundo zumbi que estava próximo de mais dele.
-Vamos desviar o bando, empurrá-los para outra direção. –eu falei e Carl encarou o homem apenas dando alguns passos para trás já fraco o suficiente.
Música: Only One –Alex Band
O garoto saiu correndo em disparada e eu logo o segui não dando tempo de ninguém reagir. Eu corria apressadamente seguindo Carl na mata e logo atrás Maggie e Michonne vinham o mais rápido que podiam para que conseguíssemos chegar até onde Rick estava na ponte. A pistola já estava em uma das minhas mãos e eu desviava das arvores sentindo a preocupação me invadindo com medo de não chegarmos a tempo. Carl virou o rumo aumentando a velocidade de seus passos e a minha respiração falhou brevemente quando eu me esforcei para alcançá-lo.
-RICK! –Michonne gritou para que ele saísse de lá logo. Olhei Rick erguendo sua arma e as lagrimas surgiram nos meus olhos enquanto corríamos o mais rápido que conseguíamos para salvá-lo.
Eu os encontrei.
Ouvi um disparo e a ponte explodiu em questão se segundos. Eu parei de correr um pouco ofegante e encarei o fogo um pouco incrédula com o que havia acabado de acontecer. Arregalei meus olhos vendo os zumbis voando com o impacto e olhei para Carl assustada que havia parado para encarar o que havia acontecido bem na sua frente.
-PAI! –ele o gritou com uma voz rouca e quando estava prestes a ir até lá eu o segurei cobrindo minha boca com uma das minhas mãos. Eu comecei a chorar em disparada e ele tentou se soltar de mim para ir ver o que sobrou na ponte agora em chamas. -PAI! –eu abracei o seu corpo para que ele não soltasse e o grito de Michonne atrás de mim me fez chorar mais ainda enquanto Carol e Maggie a seguravam sem conseguir desviar os olhos daquilo. Nós caímos sentados no chão e eu o prendi com os meus braços ouvindo o choro de desespero e tristeza que ele dava enquanto focávamos na ponte em chamas.
-Eu sinto muito... Eu sinto muito meu amor. –eu falei o abraçando e ele deitou a cabeça no meu peito começando a soluçar pelo que viu. Carl me abraçou de volta e eu respirei fundo não acreditando por nenhum momento que Rick havia morrido. Fechei meus olhos com força e solucei sem soltar o garoto que se engasgava com o próprio choro igual a mim.
Flashback on
Rick voltou a olhar para mim e então destrancou a cela. Ele puxou a cadeira que tinha na mesa e se sentou colocando sua arma e um copo de água em cima. Revirei meus olhos assim que ele me encarou e então me sentei de frente para ele.
-O que você quer? –eu perguntei e ele empurrou o copo com água na minha direção.
-Aqui. Beba. –ele falou. -Se tentar alguma coisa enquanto conversamos, eu vou matar você.
-Me diga alguma coisa que eu ainda não sei. –eu disse e empurrei o copo em sua direção. -Beba primeiro.
-Está achando que vamos te envenenar? –ele perguntou me olhando.
-Não sei, me diga você. –ele pegou o copo e bebeu um gole antes de empurrar na minha direção novamente.
-Quero fazer algumas perguntas. Saber tudo sobre você. Eu sou Rick Grimes. Vamos começar com o... Seu nome? –ele perguntou.
-Porque quer saber? Para colocá-lo em uma lapide depois que me matar? –perguntei ironicamente.
-Talvez. –ele respondeu. -Isso vai depender de como irá responder as minhas perguntas. Irá depender do que você vai me contar sobre você e seu grupo. Não está indo tão bem por enquanto...
-Quer muito saber sobre eles? –eu perguntei e Rick assentiu. -Então Rick Grimes, tenho certeza que eu vou valer para você muito mais viva, do que morta.
**
-Solte. –Michonne disse encarando o cara e Rick aproveitou a distração para fazer um furo no pescoço do cara com uma faca. Sangue jorrou caindo em cima dele e Rick se levantou jogando o corpo para o lado enquanto todos ficavam chocados com o que havia acabado de acontecer. Acho que essas pessoas nunca haviam visto nada assim.
-O que foi? –Rick perguntou normalmente como se não tivesse feito nada de mais.
-Ethan! –o outro cara no chão gritou.
-Você o matou! –a mulher disse quase chorando e eu a encarei travando o maxilar.
-Ele tentou matar o Gregory, tentou me matar. –Rick respondeu e a mulher correu até ele. Ela o acertou com um soco e quando ela tentar algo contra ele eu fui até lá e a derrubei no chão com tudo. Ela caiu de costas sobre a terra e eu apontei minha arma em sua direção notando as gotinhas de sangue pingando nas minhas botas.
-Não seja uma cretina. –eu disse seriamente enquanto eu sentia o meu rosto latejando.
-Larga a arma! –um japonês gritou comigo e Rick apontou sua arma na direção dele.
-Não acho que vamos fazer isso. –ele falou.
**
Eles se afastaram se entreolhando e eu sorri de lado no momento que Daryl retirou a arma de Rick do cós de sua calça. Ele a estendeu para o homem que ainda não acreditava que havia recuperado a sua Colt. Ele a pegou analisando e eu e Carl nos entreolhamos brevemente com um sorrisinho no rosto e então o cara que eu não via há tanto tempo sorriu na minha direção me puxando em sua direção.
-Graças a Deus você está bem... –ele disse. -Senti a sua falta, Hale.
-Meu coração ainda está batendo... –respondi. -Eu também senti a sua falta, Rick. Muita falta... –respondi ao nos afastarmos eu voltei para os braços de Carl novamente. Dei uma olhada no grupo e sorri para Tara que havia voltado inteira de uma busca que foi fazer a muito tempo com o Heath. Encostei minha cabeça nele vendo todos se entreolhando com um sorriso no rosto e senti um beijo sendo dado na minha cabeça. Rick fez um sinal com a cabeça para todos nós e eu ri fraco gostando da sensação de estarmos unidos. Ele saiu andando em direção a casa e nós começamos a segui-lo já sabendo que era isso. O futuro que queríamos estava prestes a começar.
**
A minha atenção foi atraída quando eu ouvi o portão sendo aberto. Rick e Michonne apareceram e eu me levantei com a garotinha saindo andando na frente de Maggie. Coloquei Judith no chão e ela correu até a Michonne que havia se abaixado para pegá-la. Rick abaixou a cabeça quando todos começaram a olhá-lo e eu engoli em seco ficando sem reação. Eu o olhei começando a ir até ele e nós dois nos abraçamos fortemente como se nunca mais fossemos nos soltar. Como ele havia me dito ao sair de Alexandria, eu seria a pessoa que mais o faria lembrar do filho nesse momento.
-Você está bem? –ele perguntou.
-Não, mas eu ficarei. –eu respondi. -Por todos nós.
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