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História Paranoid - Fracasso.


Escrita por: sympathize

Notas do Autor


NOTAS FINAIS! ;*

Capítulo 5 - Fracasso.


Fanfic / Fanfiction Paranoid - Fracasso.

Lauren parecia menos aborrecida enquanto nos preparávamos, mas eu sabia que ela ainda estava um pouco tensa pelo o que havia acontecido tempo atrás. Pensei em comentar sobre o assunto com ela, no entanto, decidi que era melhor deixar para conversar quando estivéssemos em casa. Pois, já que ela estava falando – quase – numa boa comigo, eu não queria estragar o momento.

Enquanto colocávamos o uniforme, ela me deu mais algumas dicas e repetia algumas coisas que o James havia dito, para que eu gravasse tudo certinho. Graças aos céus, teoricamente eu estava conseguindo compreender muito bem, só precisaria me esforçar para igualmente obter um bom resultado na prática.

Retirei minha touca e dei uma ajeitada em minha trança, que ficou um pouco desgrenhada. Guardei as roupas recém-tiradas, continuando apenas com meu tênis porque o antigo da Lindsay não serviu em mim, mas o James avisou que, se me saísse bem no treinamento, ele providenciaria um calçado igual ao das outras garçonetes.

Fechei a mochila e coloquei-a de um lado do meu ombro, escorando-me no balcão para esperar a Lauren, que estava concentrada em amarrar o cabelo em um rabo-de-cavalo alto e bem preso, terminar de se arrumar.

— Vamos logo, antes que o James venha implicar — informou, revirando os olhos enquanto jogava as roupas dentro de sua bolsa, sem sutileza alguma e eu liberei um riso leve.

— Você já foi mais organizada — brinquei e ela enrugou o nariz em desdém.

Assim que chegamos ao salão nos encontramos com Elizabeth e Hannah, as garçonetes que iriam dividir o turno da manhã conosco, conversando euforicamente perto do balcão e a lanchonete ainda não estava aberta.

Absorvi o aroma maravilhoso que partia da cozinha e fechei meus olhos, apreciando-o com devoção. 

— Melina e Jason são ótimos, não é? — Lauren questionou, olhando-me divertida.

— Sim, os dotes culinários deles são as razões por eu amar vir nesse lugar — rebati e ela me olhou indignada, estreitei minhas sobrancelhas e ela bufou aborrecida. 

— Achei que você amasse vir aqui por minha causa — retrucou emburrada e eu não pude evitar a gargalhada.

Lauren me censurou com o olhar e eu engoli a risada, me esforçando para não voltar a rir.

— Os dotes culinários deles e você são as razões por eu amar vir aqui. Melhorou?

Ela sorriu amplamente e eu abafei a risada.

— Sim, bem melhor! 

Novamente não pude conter a risada, daquela vez sendo acompanhada por ela, e quando nos aproximamos das garotas, elas pararam a conversa paralela e me olharam. Hannah me sorriu absurdamente simpática.

— Oi, Sav — Elizabeth me cumprimentou de longe, sorrindo de lado e eu repeti seu gesto.

— Oi, Lizzie — murmurei, sem jeito. 

Elizabeth e eu não éramos tão próximas pelo fato dela ser prima do Andrew e ter a ideia absurda de que eu era muito cruel com o garoto. Vivia insistindo que eu deveria dar uma segunda chance à ele, que ele se demonstrava muito arrependido pelo o que havia me feito, que realmente gostava de mim e blá, blá, blá.

Era altamente irritante o fato de todos se empenharem em defendê-lo quando, na verdade, Andrew era o algoz da situação. Foi ele que me enganou e me fez passar a maior vergonha do universo, foi ele quem me fez ser a piada do resto do ano letivo inteiro. Mas era eu quem deveria voltar atrás? Era eu quem deveria perder a oportunidade ouro que era namorá-lo? Fala sério!

Como era possível que ninguém conseguisse ver o quão certo era eu me manter distante dele? Era a minha dignidade, afinal. E, por isso, eu não era nem um pouco cruel, tampouco injusta, por expeli-lo como uma doença infecciosa, até porque eu realmente o via como tal! Durante tempo demais me enganei a respeito dele e me deixei levar pela estupidez de uma garotinha apaixonada, para, no final, ele me retribuir da pior forma.

Logo, as chances de voltarmos a ter qualquer tipo de relacionamento estavam cem graus abaixo de zero.

— Oi, Sav — Hannah disse animada, tirando-me dos devaneios e se aproximou, depositando um beijo rápido em minha bochecha.

Minha relação com ela era mais amigável, já que ela era uma amiga de longa data de Lauren e acabamos suprindo certa amizade também.

— Oi, Hannah — respondi mais sorridente e ela sorriu, inclinando a cabeça de forma meiga.

Ela era um doce de pessoa, quase um cupcake ambulante.

— Fico feliz que você tenha entrado no lugar da Lindsay, preciso confessar que eu já não aguentava mais aquela garota!

— Hannah... — Lizzie a recriminou, lançando-a um olhar recheado de censura. 

— Qual é? Só estou falando a verdade! — A garota se defendeu prontamente, dando de ombros.

Lauren gargalhou ao meu lado e eu me mantive alheia, ainda estava conquistando território, apesar de conhecer parte das pessoas que o habitavam.

— Você não precisa falar desse jeito — Elizabeth resmungou timidamente, forçando-se para que Hannah desse ouvidos ao que ela dizia, mas a garota simplesmente revirou os olhos, demonstrando desinteresse e discordância. 

— Eu já não aguentava mais aquela menina! Não aguentava mais ela falando das quatro vezes seguidas que foi a funcionária do mês enquanto me pedia para atender as mesas dela por que estava precisando ir ao banheiro! Ela ganhava méritos as minhas custas e nunca me deu os créditos por isso! — Hannah disparou revoltada e eu arregalei os olhos, surpresa com a repentina mudança de humor. 

— Por que não disse isso enquanto ela trabalhava aqui? — Lizzie questionou e a garota revirou os olhos novamente. — Talvez se tivessem resolvido isso, a relação de vocês teria sido melhor!

— Você é muito boba, Elizabeth! Realmente não conhecia a Lindsay, ela jamais iria me escutar! Ela só ia dizer: “​Eu fui à funcionária do mês quatro vezes seguida, quem você acha que é para exigir alguma coisa de mim Hannah Montana?!”. 

Não pude evitar a risada após ouvi-la imitando a voz da Lindsay e Lauren acabou rindo também, apenas Elizabeth ficou séria. 

Eu havia chegado a conhecer Lindsay Murray, não éramos tão próximas, mas havíamos trocado algumas palavras e pelo o pouco que eu pude notar ela parecia ser bem metida a besta mesmo.

— Eu odiava quando ela me chamava desse jeito, tinha vontade de socar aquela cara de fresca dela! Mas o James disse que não queria intriga, então eu só não fiz nada a respeito antes, porque estava seguindo as ordens dele!

Elizabeth revirou os olhos, dando uma breve analisada aos arredores, visivelmente evitando o assunto, e o silêncio se instalou entre nós durante incontáveis minutos. Percebi que o clima havia ficado um pouco pesado entre elas, que pareciam verdadeiramente aborrecidas uma com a outra.

— Ela não era tão terrível assim — ouvi Lauren quebrar o silêncio e o clima, e olhei-a brevemente. 

— Podia não ser com vocês — Hannah resmungou, mantendo seu olhar fixo em um ponto invisível pelo chão. 

— Tudo bem, era irritante o fato dela ficar jogando na cara as quatro vezes seguidas que foi funcionária do mês. Mas, tirando isso, até que ela era legal — Lizzie admitiu, dando-se por vencida e a Hannah olhou-a com uma sobrancelha erguida.

Um minuto depois, gargalhadas escandalosas explodiram ao meu redor. Olhei para as três rindo descontroladamente e me perguntei de onde repentinamente havia saído tanta graça. Me senti perdida e continuei quieta, encarando-as como se fossem uma trupe de malucas.

Em seguida, me aproveitei de meu momento deslocada para dar uma analisada no uniforme e alinhei a saia quadriculada – que estupidamente me parecia curta demais –, ajeitei a camisa e passei as mãos em meus cabelos. Quando, enfim, terminei de reforçar minha arrumação, notei que as garotas haviam parado com a disputa de quem gralhava mais alto e, naquele momento, me avaliavam atentamente. 

— O que foi? — indaguei, mexendo em cabelos novamente e a Lauren riu. — ‘Tá bagunçado? 

— Se você não parar de mexer, vai bagunçar! — retrucou, dando um tapa leve em minha mão e eu sorri.

— Você está ótima, Savannah — Lizzie disse e eu lhe sorri abertamente, em alguns momentos ela simplesmente esquecia a revolta que sentia por eu pisar tanto em seu primo e me tratava bem. 

— Obrigado, você também está ótima! — devolvi o elogio e ela sorriu de lado. 

— Opa, a conversa deve estar boa, mas é hora de trabalhar — James apareceu ao nosso lado, nos assustando com o tom alto de sua voz.

— À luta! — Hannah disse, fazendo uma dancinha engraçada, que tirou gargalhadas de todos.

Lauren pegou minha mochila, para guardá-la na dispensa da cozinha, onde todos guardavam os pertences durante o tempo de trabalho. 

— Boa sorte, Sav — Elizabeth desejou, com um sorriso motivador nos lábios e eu sorri em agradecimento antes de vê-la caminhar junto com a Hannah até as portas de entrada da lanchonete, abrindo-as.

Me senti ainda mais nervosa e a ansiedade me dominou por completo, sufocando meu estômago. Respirei fundo e mentalmente repeti diversas vezes que tudo daria certo.

Não levou tempo para as primeiras pessoas entrarem, que já estavam aguardando do lado de fora, e eu permaneci parada, analisando atentamente as mesas sendo escolhidas.

— Vai dar tudo certo, Sav — Lauren sussurrou, tocando meu ombro enquanto mantinha um sorriso otimista nos lábios.

Me esforcei para sorrir de volta e pela cara que ela fez não tive muito sucesso. Não havia como esconder meu nervosismo.

— São quarenta mesas embutidas com oito cadeiras e cada uma de nós atende dez mesas, hoje você vai atender da 21 até a 30. Lembre-se de tudo o que o James te disse e se precisar de ajuda, você pode me chamar. É só anotar direitinho na comanda, mandar o pedido para o balcão, entregar quando estiver pronto e ficar ligada nas suas mesas. Fica tranquila, você vai se sair bem!

Foi fácil sorrir abertamente após ela depositar o beijo da sorte em minha testa, e Lauren repetiu meu gesto antes de caminhar até uma mesa que deveria ser de sua escala.

Continuei parada, observando os arredores e focando nas mesas que foram escaladas para mim. Vi um casal entrando e caminhando para o lado onde minhas mesas se encontravam, não demoraram para se sentarem na vinte e três e eu chequei meus pertences para o atendimento, antes de caminhar decididamente na direção da mesa onde eles estavam.

Conforme me aproximava, o nervosismo se fazia mais presente diante dos primeiros clientes que eu atenderia. E tentar imaginar como seria não colaborou muito para que eu me tranquilizasse. Então, fiquei apenas implorando mentalmente para que eles fossem legais comigo e, assim que me aproximei da mesa, expirei profundamente ao ver a mulher sorrindo cordialmente para mim. 

— Olá, bom dia. Sejam bem-vindos a Jimmy Snackbar's — saudei-os com entusiasmo, parando ao lado da mesa e o sorriso da senhora aumentou. Não  me contive em esboçar um sorriso maior em resposta. — Sou Savannah e serei sua garçonete. 

— Olá, Savannah — o homem disse, olhando-me atentamente e eu sorri de lado. — Você trabalha aqui há muito tempo?

Estranhei a pergunta, contudo, não tardei a respondê-lo:

— Não, senhor. Comecei hoje, mas eu costumava ser uma frequentadora assídua.

— Ah, que coisa ótima! — a mulher, de cabelos loiros tingidos e olhos castanhos, falou de forma encantadora. — É a primeira vez que estamos aqui. Estamos de passagem e uns amigos de Dennis — apontou para o homem de cabelos grisalhos e olhos verdes sentado ao seu lado, que sorriu amigavelmente para mim — nos disseram que essa é uma ótima lanchonete. 

— Sim, senhora — respondi educadamente e quase sorri da expressão de reprovação que ela fez quando utilizei "senhora" para me dirigir a ela. 

— Me chame somente de Edith — pediu incisiva e eu sorri, assentindo com um aceno de cabeça. 

— E sem essa de senhor para o meu lado também, apenas Dennis — o homem ao seu lado se pronunciou e eu ri baixo, sendo acompanhada por eles.

Discretamente, suspirei, extremamente feliz por meus primeiros clientes serem pessoas tão simpáticas e bem-humoradas. 

— O que vão pedir? — perguntei, pegando minha comanda e minha caneta, e eles analisaram o cardápio atentamente. 

— O que você acha da comida daqui? — Dennis rebateu, após um tempo pensativo. 

— Olha, na minha humilde opinião, aqui servem a melhor comida do mundo — respondi sem pensar muito. — Se o paraíso se assemelha a alguma coisa desse planeta, sem dúvida, são aos dotes culinários dos nossos cozinheiros.

Eles riram e eu acabei os acompanhando. Em seguida, ambos me observaram com ternura e isso me deixou acanhada.

— Ela lembra a Joanna, não é? — Edith indagou e Dennis assentiu depressa.

— Joanna é nossa filha mais nova — ele explicou ao perceber minha confusão. — Ela é assim como você, explica as coisas de forma tão convincente que é impossível resistir.

Sorri em agradecimento e minhas bochechas ardiam violentamente. Não demorou para que Dennis estivesse caçoando de mim enquanto Edith sorria maravilhada por me ver envergonhada.

Eles eram espontâneos e, aparentemente, pessoas extremamente fácies de lidar; de se soltar sem medo. Joanna tinha sorte por ter pais como eles, pois ambos pareciam não se importar com essas idiotices de idealizações e controle, não faziam o estilo pais-mandões e eu desejei que meus pais fossem como eles – ou até mesmo que fossem eles.

— E então, Savannah... O que você nos sugere? — Dennis questionou, tirando-me das abstrações e erguendo seus olhos em minha direção.

Fiz uma momentânea expressão pensativa, que fez ambos rirem, me sentia completamente à vontade e fiquei extremamente feliz por eles não estarem me recriminando com o olhar e por estarem me tratando tão bem sem nem, ao menos, me conhecer.

— As panquecas e os ovos com bacon são divinos — sugeri, sorrindo particularmente tentada ao me lembrar do sabor delicioso das comidas que Melina e Jason preparavam. 

— Então vou querer panquecas e um café sem açúcar — ele solicitou, dando uma breve analisada no cardápio.

Anotei o pedido atentamente.

— Calda de chocolate, de morango ou mel? — questionei, olhando-o brevemente e ele negou com um aceno de cabeça.

— Vou trocar por manteiga.

Assenti, em seguida, olhei para Edith.

— Eu vou querer... — parou brevemente, analisando o cardápio. — Ovos mexidos com bacon e suco de laranja. 

Anotei o pedido dela e olhei-os brevemente. 

— Mas alguma coisa?

— Não, querida. — Edith respondeu, olhando para Dennis que negou com a cabeça a possibilidade de pedir mais alguma coisa naquele momento. — Por enquanto, só isso mesmo. 

— Ok, sintam-se a vontade.

Eles assentiram e eu lhes dei um último sorriso, antes de pedir licença e me afastar na direção do balcão. Toquei o sino e não demorou para que Jason aparecesse na porta da cozinha, sorrindo timidamente quando me viu e eu lhe entreguei a comanda, que a analisou atentamente. 

— São clientes novos, então capricha — adverti divertida e ele riu, confirmando com a cabeça. 

Jason voltou para a cozinha e eu me virei dando uma analisada ao local, que já continha uma boa quantidade grupo de clientes. Lauren atendia uma mesa e Hannah entregava alguns pedidos, Lizzie também entregava seus pedidos e logo avistei mais pessoas entrando e duas das minhas mesas ficaram ocupadas.

Sem demora, caminhei até uma delas, atendendo-a e, por sorte, estava pegando clientes de extrema simpatia e bom-humor.

Quando o pedido de Dennis e Edith ficou pronto, levei-os, porém, não me demorei muito, pois precisava atender os outros clientes.

Era um trabalho tranquilo, apesar de ficarmos andando de um lado para o outro o tempo inteiro e o humor favorável dos clientes – alguns, aliás, sempre tinha um mal-humorado no grupo – ajudava bastante.

A lanchonete ficou parcialmente cheia durante o breakfast time², mas Lauren disse que depois de 12h00pm o número triplicava, ocupando quase que o salão inteiro.

Nosso expediente terminaria 04h00pm e, então, entrariam outras garotas para o turno da tarde, em que a lanchonete, na maioria das vezes, se encontrava lotada. Cheguei a atender clientes conhecidos e todos me olhavam confusos quando eu chegava, me apresentando como garçonete, mas felizmente não me tratavam com indiferença.

Ouvi alguns cochichos enquanto passava, mas completamente diferente do que havia imaginado, aquilo não estava me incomodando nem um pouco.

Havia clientes bons ali, havia pessoas que gostavam do meu atendimento e não seria um bando de imbecis – que só sabiam julgar sem saber de porcaria nenhuma – que estragariam a felicidade que eu estava sentindo por estar conseguindo me adaptar tão bem ao meu primeiro trabalho.

— Ei, Savannah — escutei alguém me chamar e procurei pelo salão, me deparando com Dennis com o braço erguido, acenando para mim. 

Caminhei apressada até a mesa deles e ambos sorriram para mim.

— E então, o que acharam da comida? — investiguei enquanto recolhia os pratos.

— Você estava certa, a comida daqui é divina! — Dennis falou animado e Edith sorriu da reação do marido.

— A comida aqui é realmente boa, adoramos e adoramos a garçonete também — ela ressaltou educadamente e eu não pude evitar um sorriso que se alastrou por meus lábios, orgulhosa de mim mesma. — Espero que nos atenda na próxima vez que viermos.

— Não demoraremos a voltar, tenha certeza — Dennis pronunciou, dando uma piscadela para mim e fazendo-me gargalhar. 

— Fico feliz que tenham gostado e espero que voltem sempre, serão sempre bem-vindos, são os melhores clientes que alguém no primeiro dia de trabalho poderia ter! Quem dera todos fossem como vocês — disparei os elogios e eles sorriram ao mesmo tempo, se levantaram e eu recolhi o resto das coisas, colocando-as na bandeja. 

— Onde acerto a conta? — Dennis perguntou, se espreguiçando e Edith sorriu, dando um leve tapa na barriga do marido.

Sorri. Eles eram tão divertidos.

— Ali. — Apontei para James, que se encontrava cuidando da caixa registradora.

— Muito obrigado pelo ótimo atendimento — Edith reforçou, depositando um beijo em minha bochecha.

Sorri, totalmente envergonhada e agradecida.

— Você é uma grande garota, Savannah — fora a vez de Denis dizer, sorrindo de lado e um sorriso de ponta a ponta se alastrou por meus lábios. — Obrigado!

— Eu que tenho que agradecer, obrigado pela preferência e eu fico muito feliz em saber que gostaram tanto do meu atendimento. Isso é muito importante.

Eles sorriram cordialmente e se despediram indo até James, para acertar a conta. Caminhei até o balcão e coloquei a bandeja sobre o mesmo, para que o Jeffrey – um dos ajudantes de cozinha – pegasse quando estivesse disponível. 

— Savannah? — James me chamou e me apressei até o caixa, analisando minhas mesas onde os clientes comiam e conversavam euforicamente. 

— Algum problema? — perguntei, estreitando minha sobrancelha e ele sorriu de lado negando com a cabeça.

— Você está se saindo muito bem, o casal que atendeu te elogiou tanto que eu até duvidei que estivessem mesmo falando de você — Jimmy zombou e eu mostrei a língua para ele, recebendo uma gargalhada em resposta. 

— Do que vocês estão rindo, posso saber? — Lauren encostou ao meu lado, colocando a mão na cintura e eu olhei-a brevemente.

— O James está tirando uma com a minha cara e só ele viu graça, como sempre — rebati, fingindo-me de brava enquanto ele ria descontroladamente.

— Ignora a babaquice — Lauren disse ácida e James parou de rir na hora, encarando-a sério durante um tempo. — Então, Sav, ‘tá mandando bem.

— Estou tendo a sorte de pegar clientes sociáveis. 

— Sorte a sua mesmo, porque eu já peguei uns cinco mal-humorados hoje.

— Espero não ter esse azar, não quero que estraguem o meu dia. — Torci meus lábios e ela tocou meu ombro, sorriu ternamente.

Olhei para o James e ele mexia em alguma coisa atrás do balcão, completamente sério. Me perguntei o que havia acontecido com o lado divertido dele e ao olhar para Lauren, que analisava atentamente as mesas que estava atendendo, para ver se nenhum cliente estava chamando-a, notei que havia alguma coisa errada entre eles.

Mas, por ora, decidi não perguntar. Fosse o que fosse, Lauren me contaria quando chegássemos em casa, então eu esperaria pacientemente e já prepararia meus ouvidos para ouvi-la choramingando pelo o que quer que tivesse acontecido.

Vi um dos clientes me chamando e rapidamente fui até a mesa, voltando ao trabalho.

⚜⚜⚜

O período do café da manhã acabou e a lanchonete, ao invés de esvaziar, fora ficando mais cheia.

Trocamos os cardápios, limpamos as mesas e Lizzie varreu o salão. Alguns clientes saíam e outros entravam. Naquele período, lunch time³, os número de pedido quadruplicava.

A hora passava tão rápida enquanto estávamos trabalhando que eu nem ao menos percebia. Estava um pouco cansada, mas minhas energias se renovavam sempre que um cliente me chamava e me tratava de forma educada. Por conta do aumento de pedidos, a demora do preparo aumentou consideravelmente, mas parte dos clientes era bem paciente.

James ligou o som e algumas músicas lentas e ambientes começaram a tocar, melhorando a energia da lanchonete. Me encostei no balcão depois de servir todos os clientes de minhas mesas e fiquei parada ali, olhando-os atentamente para o caso de um deles erguerem o braço. 

— O movimento está tranquilo hoje — Hannah disse, encostando-se ao meu lado.

— Não sou capaz de imaginar o movimento intranquilo — rebati ironicamente e ela riu.

— Está se saindo bem, Sav — Lizzie acrescentou, se juntando a nós e eu sorri de lado.

— Parece que estou com sorte — falei com pouco entusiasmo e elas caíram na risada. 

— Mesa com criança é a pior coisa, só sabem derrubar refrigerante e comida — Lauren se juntou a nós reclamando.

— Hoje eu atendi uma mesa com criança que não derrubou nada — Lizzie se gabou e Lauren lançou um olhar enviesado para garota, que riu de sua carranca.

— Não atendi nenhuma mesa com criança ainda — contei e elas me encararam brevemente.

— Sorte a sua! — disseram em uníssono e isso nos rendeu risos. 

Olhei para uma de minhas mesas no mesmo instante que um dos clientes ergueu o braço.

— De volta ao trabalho — murmurei, me afastando das garotas.

Tratava-se de mais um casal gentil, que após agradecerem pelo atendimento e eu os agradecer pela preferência, foram até o caixa e falaram bem ao meu respeito. Depois de ter que suportar mais uma piada de James McGregor, eu recolhi as coisas sobre a mesa e limpei-a, deixei a bandeja com as louças sujas no balcão. 

Quando me virei na direção do salão abarrotado por clientes, meus olhos recaíram na entrada da lanchonete, aonde a presença de uma pessoa me chamou completamente minha atenção, e eu senti um nó se formar em minha garganta sem demora. Ainda paralisada, acompanhei-a com o olhar, rezando mentalmente para que não se sentasse em uma das mesas que eu atendia e me soquei – mentalmente, claro – diversas vezes quando a vi se se sentando à mesa vinte e cinco.

Respirei fundo e, como um imã, meu olhar encontrou o de Lauren, que me observava com preocupação enquanto rapidamente se aproximava.

— Quer que eu atenda? — questionou e, depois de um tempo incerta, eu neguei com a cabeça.

— Uma hora ou outra vou ter que fazer isso mesmo — rebati simplesmente, começando a caminhar na direção da mesa.

“Relaxa, mantenha a calma!”, repetia incessantemente em minha mente e aquilo, de certa forma, estava me ajudando. Vi-a sorrindo daquele jeito superior quando Hannah passou ao seu lado e senti meu sangue ferver, mas, ainda assim, tentei manter a calma. Quando alcancei sua visão, primeiramente ela me analisou confusa, em seguida, me encarou dos pés a cabeça e o sorriso que se alastrou por seus lábios pintados pelo gloss pink me fez rosnar internamente.

— Boa tarde — eu disse, forçando o entusiasmo, ao me encostar ao lado da mesa. — Sou Savannah e serei a garçonete de vocês.

— Savannah?!

Escutar aquela maldita voz esganiçada proferindo meu nome fez meu estômago embrulhar e em meus pensamentos mais sombrios eu soquei no rosto fortemente maquiado, mas completamente diferente disso, eu ainda estava parada, mantendo meus olhos bem longe das fuças da mesma. 

— Gwendolyn — falei a contra-gosto, forçando um sorriso e o nome dela soou como uma ofensa.

Tive o prazer de vê-la arqueando uma sobrancelha, pouco satisfeita por eu não ter chamando-a pelo apelido favorito, como os outros faziam por saberem de sua negação ao próprio nome.

— Quanto tempo — a mãe dela disse, olhando-me surpresa. — Como você está crescida e bonita!

Eu não os via desde que havíamos acabado o ensino médio. Porque, depois disso, os Phillips saíram em uma jornada, visitando familiares fora da cidade. Dei glórias aos céus quando soube que Gwendolyn ficaria fora por um ano – ela havia topado numa boa para esperar as coisas esfriarem de ter sido exposta – e mesmo depois que ela voltou, ainda não havíamos nos visto.

Não até aquele momento, em que, infelizmente para o meu azar, nos reencontrávamos e, de brinde, eu teria que a atendê-la como garçonete. 

Ó vida, por que és uma grande merda? 

O sorriso superior nos lábios dela só aumentava minha ira e eu estava me segurando bastante para não saltar no pescoço dela e descontar toda a raiva que eu sentia desde que havia visto as fotos retiradas atrás daquele maldito ginásio. E vontade de dizer tudo para os pais dela – que achavam que a filhinha deles era uma santa – era colossal, mas nada daquilo mudaria o que havia acontecido, nada me faria esquecer ou até mesmo faria com que eu me sentisse melhor depois do que ela me fez.

A revolta era enorme, a sede de vingança também, mas não valeria a pena. Não valeria a pena pagar na mesma moeda, fazê-la sofrer e perder alguma coisa da mesma forma que ela havia me feito, pois não mudaria a droga que a minha vida havia se tornado depois do ocorrido. Revidar apenas me tornaria uma pessoa baixa como ela e eu a abominava o suficiente para querer ter qualquer tipo de semelhança.

O castigo dela viria com o tempo, porque nada na vida fica impune e o ditado mais certo que existe é o de que tudo que vai volta, pois era um fato e eu era prova viva disso. E um dia Gwendolyn também seria; eu ainda teria o prazer de ver a máscara dela caindo, com ou sem a minha ajuda.

— Obrigado, sra. Phillips — agradeci formalmente, forçando um sorriso e olhei para o sr. Phillips sentado ao lado de sua mulher, que sorriu para mim.

Como pessoas tão legais podiam ser pais de alguém como a Gwendolyn?, indaguei. Ela era de longe a pessoa mais inconveniente, dissimulada, debochada e insuportável que eu tive o desprazer de conhecer.

— O que vão pedir? 

— Eu quero um sanduíche natural de frango e um suco de abacaxi — a bruxa respondeu rapidamente, sorrindo da forma mais irônica possível enquanto eu anotava seu pedido. 

— Vou querer um cheeseburguer com uma porção média de batata frita e um copo grande de Coca-Cola — o sr. Phillips pediu sem medo.

Anotei rapidamente e voltei-me para a sra. Phillips, que ainda analisava o cardápio atentamente. 

— Um misto quente e um suco de maracujá — solicitou, abaixando o cardápio e erguendo seus olhos até os meus.

Anotei o pedido dela e, sem demora, pedi licença e me afastei para levar o pedido até o balcão. Entreguei-o para o Jason, que estava pegando as bandejas sujas, e, para ocupar minha cabeça, fui atender outros clientes recém-chegados; ignorando bravamente a presença do último ser que eu queria ver na minha vida.

Ouvi tocarem o sino e vi os pedidos da família Phillips sobre o balcão, os olhei e eles conversavam animadamente, Gwendolyn me olhou brevemente e fez um sinal debochado com a cabeça para que eu fosse buscar a bandeja, me segurei para não lhe mostrar o dedo médio e caminhei com passos fortes até o balcão. Fiz a entrega dos pedidos e senti-a me olhando com sarcasmo o tempo inteiro, mas agi com uma frieza e indiferença surpreendente.

Todas as minhas mesas ocupadas já haviam sido atendidas e servidas, e os clientes não estavam precisando de mim, então aproveitei para tirar um segundo de descanso, me encostando no balcão, onde Hannah igualmente descansava; olhando atentamente para suas mesas. 

— Fazia tempos que essa garota não vinha aqui — resmungou e nem precisou me olhar para que eu soubesse de quem estava falando. — Que azar ela ter sentado bem na sua mesa.

— Nem me fale — ralhei, trincando os dentes. Era tortura demais para mim, ela havia estragado o meu dia! — Não tem como ficar pior.

— Na verdade, tem sim — escutei Lauren dizer, encostando-se ao meu lado.

Lancei um olhar um tanto quanto maligno para a mesma e, em resposta, ela simplesmente fez sinal com a cabeça para a porta de entrada da lanchonete, por onde aquele ser de cabelos loiros e sorriso galanteador adentrava esbanjando estilo com uma jaqueta college azul marinho, uma calça jeans de lavagem escura, falsamente segura pelo cinto – que era mais para enfeite do que para impedir que sua calça caísse –, desfilando e exibindo seu corpo estupidamente musculoso.

Mil vezes droga!, gritei mentalmente, xingando-o de tudo que era ofensa por ser tão convencido e por ainda causar tanto efeito em mim, mesmo depois do que me fizera. Eu deveria sentir repulsa, deveria ter nojo dele, mas tudo o que eu era capaz de pensar quando ele estava tão perto era em como as coisas costumavam ser quando éramos só nos dois. Em como tudo parecia perfeito antes das fotos dele e Gwendolyn Philips acasalando atrás do ginásio virarem capa do jornal estudantil. 

— O inferno está vazio e os demônios estão aqui — Hannah murmurou, desanimada.

 — Ele não vai fazer isso — sussurrei comigo mesma.

— Ele vai — Lauren rebateu. — Ele vai sim.

Ela estava dolorosamente certa.

E a cena a seguir fez com que o café da manhã, que ainda se encontrava em meu estômago, quase voasse pela minha boca. Senti meu ódio triplicando e engoli o grito de fúria que beirava a minha língua, quase escapando de vez por minha boca. Era tortura demais para mim. Meu dia perfeito se tornando um completo pesadelo e eu já estava começando a detestar tudo aquilo.

Estava bom demais para ser verdade, concluí. Estava boa demais para ser a minha vida.

Vi a Gwendolyn erguer os braços, balançando-os animadamente para chamar a atenção de Andrew e ele olhou-a, sorrindo antes de caminhar até a mesa onde a mesma estava. Ele cumprimentou os pais dela, cumprimentou-a com um beijo na bochecha, e depois ambos trocaram algumas palavras e a situação piorou de vez quando o mesmo se sentou na cadeira livre ao lado dela; tornou-se insuportável quando o braço dela se ergueu, chamando-me.

Eu pude sentir o sangue correndo quente em minhas veias enquanto caminhava na direção daquele inferno disfarçado de mesa, e tinha plena consciência de que o ódio estava exposto em meus olhos. 

Assim que o olhar do Andrew encontrou-me, à confusão ficou estampada em suas feições. Eu respirei fundo e ignorando completamente a ebulição que me incendiava por dentro, lhe dei o meu melhor sorriso. 

— Boa tarde — falei, puxando a comanda e a caneta, e mantendo meu olhar distante —, o que deseja?

Senti-o me analisando dos pés a cabeça.

— Savannah? — ele questionou após um tempo inexpressivo e eu ergui meus olhos até os dele, não o poupando nem um pouco da raiva que eu estava sentindo e ele arqueou as sobrancelhas. — O que faz aqui?

— O que vai querer? — perguntei, ignorando-o.

— Ela é a nossa garçonete — Gwendolyn respondeu com particular satisfação.

— O que você está fazendo aqui? — Andrew insistiu, ignorando-a.

— Brincando de garçonete — respondi mal-educada.

Os pais da Gwendoline me olharam surpresos e eu olhei-os arrependida, me desculpando em um sussurro.

— Me chama quando for pedir alguma coisa. Com licença.

Afastei-me sem pensar duas vezes e não demorei a sentir a presença atrás de mim. Caminhei mais depressa, mas, antes que pudesse entrar na cozinha para fugir dele, Andrew segurou meu braço e indelicadamente me virou em sua direção. 

— O que você quer? — perguntei entre dentes, evitando olhá-lo.

— O que você está fazendo aqui? — repetiu a pergunta e eu ri debochada. 

— Eu já respondi essa, próxima.  

— Será que tem como você falar comigo sem ser esse poço de rancor? — ele indagou e franziu as sobrancelhas, visivelmente indignado. 

— Será que tem como você me deixar em paz? — contrapus, puxando meu braço do aperto da mão dele e sentia o olhar de algumas pessoas em nossa direção, principalmente o de Lauren que assistia tudo de longe.

— Por que você não volta para sua casa e acaba de uma vez com essa palhaçada? — Ele mantinha o tom baixo. — Olha só para você Savannah, ‘tá bancando a idiota! 

Tentei dar as costas e ignorá-lo, contudo, ele puxou-me pelo braço novamente.

— Por quê? — perguntei baixo. — Trabalhar como garçonete não parece digno pra você? — Franzi as sobrancelhas, mantendo um sorriso sarcástico. — Não sei se você se lembra, mas sua prima também trabalha aqui!

— A Lizzie é um caso à parte — ele rosnou, apertando meu braço. 

— Ah, cala essa boca! — Revirei os olhos, tentando me livrar do aperto das mãos dele em meu braço. — A única coisa que você deveria fazer é cuidar da sua vida! Não é da sua conta o que eu deixo ou não de fazer.

— Que vantagem existe em virar as costas pra vida boa que você levava, pra estar assim? — ele inquiriu saber, apontando para mim com indiferença.

— Isso se chama viver, Owen — respondi, no mesmo tom. — Você deveria experimentar e deixar de ser o fantoche medíocre dos seus pais.

Ele arqueou ainda mais as sobrancelhas e eu pude sentir sua respiração pesada batendo em meu rosto. 

— Você nem tem noção das coisas que diz, poderia estar bem melhor agora e olha só para si mesma! 

— Ah, é? Poderia estar melhor como, Andrew? Seguindo as regras dos meus pais e namorando o traidor que você é? Isso é o melhor para mim na sua opinião? Fala sério! Me erra! 

— Ei, gente. — Lauren disse ao nosso lado e eu nem havia notado a proximidade dela. Olhei-a e o Andrew manteve os olhos em meu rosto, analisando-me com fúria. — Aqui não é lugar pra lavar roupa suja, você está no seu local de trabalho Sav. E você — apontou para ele —, deveria respeitar isso.

— A conversa aqui já acabou — decretei, decidida a me afastar dele de uma vez por todas, mas antes que pudesse dar o primeiro passo para longe, sua mão novamente puxou meu braço com força.

— Só acaba, quando eu disser que acabou! — vociferou convicto, intensificando o aperto em meu braço e por alguns segundos eu permaneci virada de costas para ele. — Você acha que já superou o que tínhamos, mas eu sei que você ainda me quer, então por que não para de joguinho idiota e volta a ser a minha bobinha?

Perdi o sentido por alguns segundos e quando dei por mim, já havia me virado em um lampejo e acertando uma bofetada forte no rosto de Andrew, fazendo-o me soltar de imediato. Em seguida, senti minha mão latejar e só então compreendi o que havia acabado de fazer. Minha boca se entreabriu e eu olhei ao redor, observando que todos nos olhavam surpresos e Lizzie me olhava indignada. Gwendolyn era a única doentiamente feliz com tudo o que estava acontecendo.

Não levou tempo para o James chegar ao nosso lado, nos olhando tão confuso quanto todo o resto, e eu senti meus olhos arderem, já prevendo o que aconteceria. O dia havia sido tão perfeito, tudo estava indo tão bem e naquele momento eu via tudo desmoronando lentamente. Sentia o receio dominando meu corpo e não sabia o que fazer.

Andrew permanecia parado na minha frente, com uma das mãos em cima de onde eu havia lhe acertado, e quando nossos olharas se encontraram, desejei que não houvesse acontecido, pois seu olhar frio e sua expressão odiosa eram as últimas coisas que eu queria ver naquele momento. A certeza de que haveria uma contra-atacada de mestre e de que aquilo não ficaria impune eram as últimas que eu gostaria de ter.

Minhas teorias simplesmente se consolidaram quando o vi se virando na direção de James, encarando-o seriamente. 

— Se tem amor a sua espelunca, eu acho melhor que essa garota não trabalhe mais aqui — foi tudo o que ele disse, antes de caminhar irritado até a saída e todos permaneceram quietos, assistindo-o sair.

Mas no momento em que ele sumiu de cena todos os olhares se voltaram para mim.

James respirou fundo e levou a mão até o rosto, escorregando-a até seus cabelos. Lauren se aproximou e me abraçou de lado, Hannah encostou ao nosso lado e eu vi Elizabeth correndo para fora da lanchonete às pressas, atrás do primo.

Uma lágrima escorreu por meu rosto inconscientemente e eu enxuguei-a rapidamente, não iria chorar na frente daquelas pessoas, não mesmo. Olhei para a Gwendolyn e o sorriso vitorioso nos lábios dela só fez com que um ódio irreprimível crescesse dentro de mim, senti uma vontade tão grande de pular em cima dela que tive que prender meus braços no pescoço da Lauren, intensificando o abraço para que aquele desejo não se concretizasse. 

 — O que ele quis dizer com aquilo, James? — Hannah perguntou e o ele bufou aborrecido. 

— Spencer Owen ainda é oficialmente o dono daqui — James contou, após um tempo e eu senti uma repressão em meu peito. — Ele alugou pra mim durante esses quatro anos, mas agora estamos negociando a venda, quase no fim das negociações para ser mais exato. E certamente aquele garoto mimado vai fazer com que ele mude de ideia e, de quebra, tome o estabelecimento, a menos que...

James olhou-me penalizado e não precisou terminar para que eu o entendesse. Me afastei da Lauren e ela sorriu miserável. 

— Não vai perder sua lanchonete por causa de mim, James — afirmei, me aproximando dele e vi o rosto dele se retorcendo com a raiva. — Obrigado pela oportunidade e pelo incentivo, apesar de ter dado errado no primeiro dia, eu aprendi muita coisa hoje. 

Sorri de lado e ele fez o mesmo, me aproximei e abracei-o forte. Senti a vontade de chorar me dominar, mas contive-a novamente. 

— Sinto muito, Sav — Hannah disse, me tomando em um abraço assim que me afastei do James. — Seria tão legal trabalhar com você todos os dias. 

— Você ainda pode frequentar minha lanchonete, Savannah — James disse incisivo. — Ele não pode interferir nisso. 

Confirmei com um aceno de cabeça e algumas pessoas ainda me olhavam com aquele maldito olhar de recriminação e pena, caminhei até o banheiro acompanhada por Lauren e peguei minha mochila.

— Estava bom demais para ser verdade — sussurrei com a voz embargada e ela se aproximou, acariciou meu rosto com a ponta dos dedos. 

— Sinto muito, Sav — choramingou e eu vi algumas lágrimas escorrendo por seus olhos, enxuguei-as e forcei um sorriso, que sem dúvida deve ter parecido mais uma careta, na expectativa de acalmá-la. 

— Leva o uniforme — ela avisou, me entregando a chave de casa. — Quer que eu vá com você?

Neguei com um aceno de cabeça e ela anuiu, me abraçou novamente antes de sairmos do banheiro e distante eu me despedi de James e Hannah que estavam parados ao lado do balcão.

Assim que passei pela porta de saída senti as lágrimas brotando em meus olhos e suspirei. Mais do que nunca, eu não sabia o que faria a partir dali. Havia me encontrado na primeira oportunidade, mas naquele momento estava perdida novamente.
O fracasso voltando a ditar as regras.

E em busca de algum alívio para o sufoco que se alojava dentro de mim, ao erguer meus olhos para contemplar o céu, como em um déjà vu, encontrei a figura mais à frente, caminhando completamente desengonçada até sua Kombi velha, e a curiosidade explodiu dentro de mim, alastrando-se a todo vapor.

Sem hesitar, decidi que deixaria para chorar outra hora, pois naquele exato momento tinha uma promessa a ser quebrada.
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²Hora do café da manhã. | ³Hora do almoço.


Notas Finais


Oi chuchus *.* primeiramente quero agradecer pelos comentários lindos e pelos favoritos, obrigado de coração, isso realmente significa pra mim e estou felicíssima que Paranoid esteja cativando vocês. E espero que gostem desse capítulo e quem estiver lendo e puder me ajudar a divulgar a história, seria de muita ajuda e eu ficaria imensamente grata!! Enfim, vou ficando por aqui com esse capítulo enoooorme rs e até a próxima paranoicas. Zilhões de beijos e cheiros ;*


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