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História Pardebi - Light to guide us


Escrita por: Marurishi

Notas do Autor


Capitulo tranquilo! (eu acho)
Boa leitura e nos vemos nas notas finais!

Capítulo 29 - Light to guide us


“Smoke in the distance

Blind and tryin' to see the light to guide us.” [23]

Parkedale não era uma cidade turística, tampouco tinha grandes atrativos, mas era o ponto de encontro favorito de três pessoas capazes de mudar o mundo.

 

Ainda que Maros não tivesse plena confiança nos propósitos de Stefian e nem revelado tudo o que Katrina lhe contou, estava disposto a auxiliar com o que fosse possível para os estudos avançarem. Totalmente o oposto de Naigel, que achou aquelas pesquisas perda de tempo e dinheiro, por isso Stefian ordenou que ele retornasse a Nelovânia e cuidasse dos negócios, procurando-o via telefone somente quando fosse extremamente necessário. O assessor não discordou, mas seu ódio pelo irmão subiu para outro grau, já que Maros ficaria em Parkedale com Stefian e ele teria que voltar sozinho e trabalhar longe do seu chefe.

 

Maros estava familiarizado com a forma do pai catalogar os documentos e não escondia seu desgosto com o estado dos arquivos:

 

— Vocês fizeram uma bela bagunça! — repreendeu ao ver o quanto Miy e Stefian tinham mexido nos arquivos durante sua ausência.

 

— Tentamos organizar para ficar mais fácil de estudarmos — Miyumi tentou explicar. — Tem muita coisa manuscrita…

 

— E houve progresso?

 

— Não… — choramingou Miy. — A maior parte dos arquivos estão codificados, até mesmo os manuscritos!

 

— Bem, posso ajudar nisso, já que conheço os códigos do meu pai.

 

— Contamos com você! — Miyumi estalou os dedos e piscou para o mordomo como um tipo de incentivo.

 

— No entanto... — Maros sorriu astuto, pronto a propor algo audacioso. — Há um preço para essa decodificação.

 

— Maros, Maros... Não seja tão ganancioso — Stefian falou firme, mas seu tom não parecia ameaçador, talvez pelo divertido sorriso de canto que parecia mais malicioso do que perigoso.

 

Maros lançou um olhar ardiloso e prosseguiu:

 

— Temos um contrato, nele está especificado que farei o que você desejar, contanto que mantenha aqueles que eu amo em segurança. Tenho feito minha parte, mas Kanth ainda está desaparecido.

 

Maros tinha razão. Stefian estava procrastinando naquela cláusula e por isso desviou o olhar quase aborrecido, retorcendo os lábios em puro descontentamento.

 

— Eu sei perfeitamente o que diz no contrato e não pense que farei somente por estar escrito num papel! Eu também tenho grande carinho pelo pequeno Lamazi.

 

— E o que está fazendo para encontrá-lo? Você sabe melhor do que eu o quanto ele corre perigo caso descubram sobre os poderes dele!

 

— Quando mandei Naigel de volta para cuidar dos meus negócios, me referia a esse “negócio” também.

 

— Podemos confiar em Naigel? — Miyumi questionou com um tom desconfiado.

 

Stefian continuou:

 

— Sei perfeitamente do seu desentendimento com o seu irmão, Maros, mas, para mim, ele tem sido mais fiel que um cachorrinho — sorriu turvo. — Ele sempre conseguiu informações precisas sobre aqueles dois garotos.

 

— Naigel não possui as mesmas crenças que nós. — Maros franziu a testa, não queria prosseguir com aquele assunto, pois suas divergências com Naigel eram algo pessoal. — Se tem alguma novidade no caso de Kanth, por que não nos conta?

 

Stefian bocejou e mudou de assunto, comentando sobre instalar um ar condicionado no laboratório.

 

Naquele momento, Maros se indagou sobre Stefian ter conhecimento de tudo o que Katrina havia lhe contado, uma vez que ela mencionou Kanth e o perigo que ele corria. Precisava saber se a intenção de Stefian era ajudar os Pardebis de Nirdovi, ou se ele estava do lado contrário.

 

Muitos dos documentos que estavam sendo decodificados continham dados significativos que não deveriam cair em mãos erradas. Maros não tinha certeza se queria deixar Stefian acessar sem saber com clareza dos propósitos do outro. Se o paralelo 24 fosse descoberto e o vórtice pudesse ser aberto, todos em Nirdovi correriam perigo caso as intenções não fossem ajudá-los. E havia Kanth, cuja localização era desconhecida e ele não sabia onde isso se encaixava no resto da trama, se tinha algo a ver ou se era uma coincidência.

 

— Stefian, preciso lhe perguntar algo. — Maros arriscou, com as mãos trêmulas sobre o teclado do computador.

 

— Pergunte-me, responderei se puder.

 

— O que você sabe sobre Nirdovi e os Pardebis?

 

Maros sentiu os olhos de Miyumi se fixaram nas suas costas. Era a primeira vez que ele mencionava tão abertamente sobre os Pardebis e isso causou um clima tenso no laboratório.

 

— O suficiente… — Veio a resposta monótona de Stefian.

 

Não era o suficiente para Maros.

 

— Preciso saber suas reais intenções com essas pesquisas. — Virou-se na cadeira giratória para encará-lo. — Se realmente deseja minha ajuda, precisa me contar a verdade.

 

Stefian riu mudando de posição na cadeira e isso poderia ser interpretado como uma dissimulação ao desconforto. Maros observou Miyumi encaram ambos, um após o outro até se intrometer:

 

— Maros! — a moça o chamou gentilmente. — Confie em nós. Estamos todos do mesmo lado.

 

— Que garantia eu tenho? — perguntou, duvidoso.

 

— Não se trata de garantias — retrucou Stefian. — Trata-se de propósitos.

 

— E qual seu propósito em relação aos Pardebis? Tudo isso é realmente para ajudá-los?

 

— Por que, de repente, você está tão interessado nos Pardebis?  — Stefian se alterou e levantou-se bruscamente. — Você aceitou nos ajudar por Kanth, nem mais, nem menos… Ou será que você sabe de algo que não sabemos? — Estreitou os olhos e fez uma careta de desdém. —  Quem disse que os Pardebis de Nirdovi precisam de ajuda? Onde está escrito isso?

 

Maros pensou no que Katrina havia lhe contado sobre os descendentes das mentes obstinadas e juntou com as histórias de seu pai, sobre a guerra entre nações, cujos governos usavam os Pardebis como cobaias de estudo e armas a seu favor. No momento em que Maros concluiu esse pensamento, Stefian gargalhou alto como se tivesse ouvido uma ótima piada.

 

— Maros, Maros. — Aproximou-se pelas costas e inclinou-se sobre o rapaz sentado, abraçando-o pelos ombros. — Não fique pensando muito alto… — sussurrou ao pé do ouvido de forma sensual. — Me dá dor de cabeça.

 

Maros percebeu o grave erro que cometeu, era óbvio que Stefian estava lendo sua mente. Todavia, para sorte e prazer do mordomo, Stefian não pareceu se ofender e apertou mais o abraço:

 

— Então é assim que nos chamam: descendentes de mentes obstinadas! — Sorriu emblemático, soprando as palavras contra o pescoço do mordomo. — Já que você me trouxe uma informação extremamente importante para nortear os motivos pelos quais existem Pardebis nesse mundo, posso revelar o grande mistério. — Soltou-o vagarosamente e sentou-se indisciplinadamente na mesa de frente para Maros. — Tudo o que tenho feito é porque quero voltar para casa.

 

Na face de Maros se estampou algo entre incredulidade e fascínio. Ele não conseguiu desviar os olhos de Stefian e não viu quando Miyumi quase caiu da cadeira atrás de si, chocada pela sinceridade do irmão.

 

Maros fechou a boca e engoliu a seco. Na sua mente, havia aceitação daquilo como verdade, mas logo veio outra pergunta perigosamente fatal: se Stefian apenas queria voltar para Nirdovi, qual seria o passo seguinte quando ele já estivesse em casa? Era possível que algumas pessoas não tivessem planos de salvar Nirdovi, e sim de destruí-los ou escravizá-los. 

 

Talvez, a grande questão não estivesse no “ir para casa”, mas sim quando ele já estivesse lá.

 

"Lose all the weakness

Finding strength in knowing this is not the end." [23]

 

Stefian não sabia da existência de Katrina e muito menos sobre o paralelo 24. Ainda que fingisse saber de tudo — pois seu orgulho era imenso, muitas coisas lhe eram novidades. Tudo colaborava para acrescer seus planos e essa novidade chegou como um troféu de ouro.

 

Ele sabia sobre os mecanismos criados pelo Dr. Venk, alguns para apontar locais com grande energia, mas não imaginava que o local procurado pelo cientista fosse, especificamente, o paralelo 24: Onde acreditavam existir o portal do vórtice para Nirdovi.

 

Após essa revelação, era imprescindível concluir tal mecanismo e saber que ele estava nas mãos de uma pessoa estranha só fazia Stefian querer imediatamente encontrar Katrina, a suposta irmã mais velha de Kanth.

 

Era uma história tão absurda que precisava ouvir da própria moça. Sondaria a mente dela para ter certeza que não era uma mentira. Não acreditava que a herdeira legítima de uma família tão rica como os Lamazis permanecesse na pobreza e anonimato sem nenhum ressentimento ou segundas intenções.

 

Um encontro foi marcado.

 

Contudo, uma folga se fazia necessária. Miyumi estava a ponto de surtar com tantas leituras e teorias surreais. Até mesmo os belos cabelos roxos que sempre ostentavam um penteado e um acessório diferente estavam desbotando e há dias eram presos no mesmo coque feito de qualquer jeito. Ela pediu quase aos prantos que pudessem descansar alguns dias.

 

Era justo e necessário. Todos estavam cansados.

 

Stefian a convidou para visitar sua mansão no litoral, a Parshevangi.

 

Evidentemente, ela aceitou com extrema empolgação e ficou combinado que ele mandaria buscá-la.

 

Miyumi vestiu o vestido de grife caro e extravagante dado a ela pelo irmão. Escolheu o sapato de salto mais alto e uma meia-calça bordada. Era uma ocasião memorável e teria que sentir-se à altura do evento. Contudo, não foi capaz de atender suas próprias expectativas, pois quando os portões dourados se abriram, sentiu-se pobre.

 

A luxuosa mansão adquirida naquele país recentemente estava muito além de sua imaginação. Ficou bestificada, deslumbrada com o que seus olhos viam; nunca havia visto tanto luxo e riqueza tão de perto.

 

Demorou um pouco para se acostumar com a ideia de que tudo aquilo era do seu irmão. Lembrou-se do convite feito no dia em que se reencontraram, para que ela morasse ali com ele, e seu coração disparou emocionado com a possibilidade.

 

Naquele encontro, privado e sem restrições, Miyumi pôde conhecer mais do seu irmão e de sua personalidade não muito diferente da sua quando se tratava de extravagâncias. Ele a esperava no hall de entrada, trajando um terno completamente bordado de cristais, com jóias e tassels exuberantes nos ombros e nos punhos. A visão clichê de um bilionário excêntrico.

 

Também era uma visão rara, já que os Ampartavanis prezavam o anonimato e Stefian era obrigado a apelar para a discrição, dentro de ternos sérios e sem graça durante os momentos em que estava a trabalho. Não poderia desfilar mundo afora usando seus trajes brilhantes e exóticos, deixava-os para eventos especiais.

 

Recebeu a irmã com um abraço caloroso e um olhar orgulhoso.

 

Depois de acomodada, Miyumi sentiu-se curiosa:

 

— Você mora sozinho aqui?

 

— Sim, mas isso logo vai mudar, quando você aceitar minha proposta.

 

— Estava lembrando disso no caminho para cá. — Sorriu, mordendo os lábios, tentada com aquela possibilidade.

 

— Isso é um sim? — animou-se.

 

— Quando olho ao redor e vejo o tamanho de tudo isso, penso se você não se sente solitário…

 

— Muito… — falou baixo e desviou o olhar fingindo tristeza e completou. — Esse luxo é todo inútil quando não se tem com quem dividir momentos de felicidade e amor.

 

Aquele jogo era sua especialidade e ele sempre conseguia atingir seu objetivo. Miyumi se jogou em seus braços, abraçando-o com força. Ela estava divagando sobre a vida de luxo que poderia ter vivendo ali, mas descartou devido a várias outras circunstâncias, no entanto, ao saber daqueles sentimentos do seu amado irmão, sua perspectiva mudou, aceitaria ficar ao lado dele mesmo se fosse convidada para morar debaixo de uma ponte:

 

— Prometo que vamos ficar juntos, você nunca mais vai se sentir solitário!

 

Enquanto Miyumi afundou o rosto no peito do irmão, ele sorriu vitorioso. Aproveitando que ela não estava vendo sua expressão soberba e contente por ter conseguido o que queria, perguntou fingindo um tom de voz quase choroso.

 

— Você virá? Ficará aqui comigo? — Afagou os cabelos roxos com delicadeza.

 

— Sim…

 

Para Miyumi, a ideia de que seu irmão vivia solitário lhe doía ao ponto de ser quase insuportável. Amava Stefian mais que a própria vida e, ainda que fosse um pedido absurdo, ela atenderia. Pelo irmão, faria qualquer coisa sem pensar duas vezes.

 

Não seria uma escolha difícil, pelo contrário, toda aquela riqueza lhe atraiu mais do que imaginou. Era óbvio que não era dada a humildades, gostava de exuberâncias e glamour, era uma autêntica fashionista exibida. Sua personalidade era gentil, protetora e empática, mas nada interferia em gostar de jóias e perfumes caros.

 

Aquele acordo foi selado com champanhe e caviar. Ele havia dispensado os empregados, queria se mostrar e deixar claro que não era um mimado inútil que ganha comida na boca, ele sabia cozinhar e preparar drinks melhor do que ela. Tratou-a como uma rainha, enchendo-a de elogios exagerados que ela aceitava rindo e sabendo que nem todos eram ditos de coração, retribuindo da maneira mais autêntica e sincera que lhe convinha.

 

Dançaram com pés descalços, relembraram a infância, fizeram planos para a mudança de Miyumi e também para a dominação mundial. Isso também incluía Maros, que seria o mordomo dos irmãos e passaria a viver em Parshevangi para servi-los.

 

— Será complicado continuar na minha universidade.

 

— De maneira alguma! Nem eu, nem você estaremos aqui o tempo todo, lembre-se de que temos negócios em Parkedale e Nelovânia — disse servindo mais uma taça do champanhe raro e premiado. — Além de que preciso cuidar dos assuntos relacionados às empresas Ampar.

 

— Então, aqui é como se fosse nosso refúgio para momentos de folga?

 

— Exatamente!

 

Miyumi pensou em Medora, por um lado, ficou aliviada em saber que mesmo aceitando a proposta do irmão, não haveria muitas mudanças na sua vida, apenas que agora teria um segundo lugar para estar, como uma casa de férias ou um resort particular — e um cartão de crédito extra para extravasar.

 

Observou mais um pouco aquela taça com líquido de cor dourada e pensou na questão da paranormalidade… Soltou a taça sobre a mesa de centro:

 

— Stef, por que não procuramos Ryth? — A beleza de cabelos roxos e meias rendadas questionou o irmão. — Sendo um paranormal, ele também tem seu valor e é bom que estejamos juntos.

 

— Há um problema com o garoto Nateli. A família dele é muito rigorosa e temo que ele não aceite tão fácil o nosso propósito.

 

— Ele não negaria ajuda sabendo que Kanth está envolvido.

 

— Talvez, mas prefiro não envolvê-lo… É mais seguro procurar Katrina. — Relaxou descansando a cabeça no colo da irmã. — Ryth ainda é muito jovem e essa sociedade é muito cruel com garotos como ele.

 

Miyumi franziu a testa, tentando entender por que a sociedade seria cruel com um garoto perfeitamente dentro dos padrões e expectativas. Se virou para olhar o céu estrelado através das grandes janelas de vidro como se as estrelas tivessem uma resposta.

 

— Sempre achei que garotos como ele fossem os mais estimados pela sociedade, o exemplo perfeito de padrão almejado.

 

Stefian sorriu e fechou os olhos.

 

— Aparentemente ele é, mas os sentimentos em seu coração vão torná-lo vulnerável tornando-o um alvo fácil. Não queremos mais um desaparecido, queremos?

 

Miyumi entendeu, Stefian estava protegendo Ryth para que ele não tivesse o mesmo destino de Kanth.

 

— Você falhou com Kanth, mas não quer falhar com Ryth…

 

— Eu não colocaria nesses termos… — Franziu as sobrancelhas, um pouco incomodado pela palavra. — Não é uma questão de falha.

 

Stefian se levantou andando de um lado para outro, sua testa enrugada mostrava uma preocupação excessiva.

 

— O fato deles se amarem não é ponto principal, mas como isso os afeta diante do que eles representam dentro de suas famílias e sociedade. — Stefian bufou, como se aquele fato o deixasse bastante chateado. — Eles ainda são adolescentes em pleno desenvolvimento mental e, com o agravante da paranormalidade, isso pode ser um desastre total já que mexe diretamente com o psicológico.

 

Miyumi não havia pensado naquele ponto de vista. Agora fazia sentido aquela preocupação do irmão e ela sussurrou pensativa:

 

— Um coração partido pode se tornar perigoso.

 

— Vingativo e violento…

 

— Talvez, por isso Ryth precise de atenção, já que foi bruscamente separado de Kanth. — Sentiu-se triste pela situação.

 

— Exatamente por esse motivo não posso ir até ele de mãos abanando, preciso ter algo concreto para oferecer, ou vou apenas magoá-lo ainda mais.

 

— É muito fofo ver como você se preocupa com os sentimentos dos outros! — Sorriu de maneira abobalhada.

 

— Fofo… ? — Stefian repetiu com dúvidas. Ele jamais usaria tal adjetivo para se descrever, mas, vindo de sua irmã, não o ofendia, apenas soava engraçado.

 

— Qual o poder do Ryth? Você sabe? — Ela mudou a linha do assunto quando percebeu o semblante estranho do irmão.

 

— Controle da mente alheia, pena que ele não domine corretamente.

 

— Wau! — Foi o que conseguiu exclamar depois de piscar várias vezes, assimilando a ideia, pois esse tipo de poder sempre lhe pareceu incrível e perigoso. Lembrou-se das conversas que costumava ter com Dora sobre habilidades paranormais e achou um bom momento para comentar a respeito da amiga.

 

— Medora também tem ignorado seus poderes, não parece querer controlar ou evoluir. Acredito que se ela se juntasse a nós nas pesquisas isso a motivaria de alguma maneira.

 

— Os estudos do Dr. Venk são os mais impressionantes pela precisão dos detalhes acerca das habilidades e auxiliam muito para o conhecimento e controle, pode ser interessante para ela.

 

— Gostaria de poder conversar pessoalmente com o Dr. Venk algum dia.

 

— Agora isso é impossível.

 

— Ele me pareceu bem vivo e lúcido nos sonhos de Maros.

 

— Memórias do inconsciente de Maros. — Voltou a sentar-se, deitando-se no colo da irmã. — Isso pode ser interessante de se acessar.

 

— Abominável em absoluto. — Balançou a cabeça negativamente. — Eu jamais acessaria o inconsciente de outra pessoa sem permissão!

 

— Que hipócrita! Você faz isso sem nenhum pudor ao se introduzir nos sonhos alheios! Ou acha que sonhos são o quê? São manifestações de memórias registradas pelo inconsciente. — Apontou o dedo em riste como se repreendesse uma criança que fez algo errado. — Essa sua falsa moral, rejeitando a ideia quando está sempre inclinada a fazê-lo.

 

Se Sefian não fosse seu amado irmão, a mão de Miyumi voaria direto no meio do rosto dele. Ela chegou a abrir a boca em um protesto, ofendida, mas nada falou. Simplesmente teve preguiça de dialogar sobre os sonhos que supostamente invadia. Fazia muito tempo que não agia dessa forma, pois os lugares que visitava e as pessoas que ajudava não estavam em sonhos, ainda que fosse uma manifestação do inconsciente, era parte de um outro mundo que ela podia entrar livremente, não se tratando de nenhum tipo de invasão.

 

Ele continuou:

 

— Provavelmente, nesses sonhos está a sua verdadeira face livre das amarras morais, ética e tabus. Para dominar o poder, tem que conhecer a si mesmo e saber sua verdadeira essência, o motivo de querer usar tais habilidades.

 

Ela se incomodava quando Stefian a acusava daquela maneira, não o culpava pela incompreensão total de como o poder dela funcionava, mas esperava que a inteligência dele fosse capaz de assimilar. Até porque nem mesmo ela conseguia explicar esse tipo de experiência fora do corpo. Não era apenas uma projeção astral, ela sabia que, por diversas vezes, estava lá de corpo e mente, mas como explicar esse fato absurdo?

 

Decidiu cortar o assunto:

 

— Não é sobre mim, é sobre você! Qual o motivo de você usar os seus?

 

— Eu já falei: Salvar um mundo. O nosso, das pessoas que amamos, daqueles que lutaram antes de nós para que pudéssemos ter uma chance de existir e vivenciar a liberdade com momentos felizes. — Tocou de leve no rosto dela, suas digitais analisando a pele alva. — Eu uso meus poderes para lutar por aquilo que fará bem, não somente a mim, mas a todos os que eu amo.

 

— Soa tão poético e faz de você um herói.

 

— Em certos momentos, somos todos heróis no controle. Em outros, nos tornamos os vilões, mas tudo faz parte do desenvolvimento da história. — Passou os dedos sobre os lábios dela e concluiu. — Está na hora de Medora ter uma participação maior…

 

— É como se ela tivesse renunciado à sua paranormalidade, vivendo como se aquilo fosse algo passageiro, como uma gripe de verão.

 

— Como eu disse, somos todos heróis ou vilões… Todos necessários. — Abriu um sorriso extremamente sedutor. — Mais um motivo para ela participar ativamente, vamos fazê-la ter interesse novamente.

 

— E se ela decidir que não quer usar suas habilidades? Isso seria uma escolha dela e deveríamos respeitar.

 

— Você acha correto desperdiçar alguém como ela? — perguntou sinuoso.

 

Miyumi pensou por um momento, mas logo concluiu com um enigmático olhar:

 

 — Não… — disse num sussurro. — Assim como também não seria correto desperdiçar Ryth…

 

— E você, não estaremos desperdiçando sua incrível habilidade de moldar os sonhos? — perguntou sinuoso. — Você sabe que pode trazer esse poder para a realidade, não sabe?

 

Ela sabia.

 

E havia diferentes formas de trazer seu poder para o mundo físico, já tinha feito isso algumas poucas vezes, como o que aconteceu ao seu professor de filosofia, quando moldou suas ações no sonho para acontecerem na realidade. Ou nas vezes em que precisou voltar para casa sozinha à noite e, já ciente dos perigos, usou suas habilidades para moldar a imagem que os outros tinham de si, fazendo com que a vissem de outra forma, sendo outra coisa ou até mesmo não sendo vista.

 

 Fizera exatamente isso no primeiro encontro entre eles, na sala do seu apartamento naquela luta surreal, onde moldou a realidade para se defender do irmão quando ele a atacou para testá-la. Não via vantagem em usar essa técnica, uma vez que gostava de ser quem era e havia muito mais contras do que prós devido à quantia de pessoas que podia iludir.

 

Ou, pelo menos, ainda não tinha controle o suficiente para iludir várias pessoas em um mesmo local ao mesmo tempo. Quem sabe fosse questão de prática?

 

— Você quer brincar de esconde-esconde comigo? — perguntou rindo, achando que seria interessante praticar suas habilidades com o irmão.

 

“Noise in the silence

Listen as the storm is rolling in.” [23]

 


Notas Finais


[23] Música tema: Heroes never die - Unsecret feat. Krigarè

Eu esqueci de por essa nota do capitulo passado, mas antes tarde do que nunca! ;D
Quero apenas mencionar uma curiosidade que talvez muitos tenham notado e outros não. Sobre os nomes da família Lamazi. Huss é um homem dominador, mas Katherina é quem tem a palavra sobre criação e domínio dos filhos. Mesmo quando ele a obrigou a se separar de Katrina, ela deu um jeito de conseguir manter contato. A escolha dos nomes foi dela, derivados do seu nome — Katherina — Katrina e Kanth. O correto seria apenas Kant, mas a letra H no final foi adicionada porque sendo ele homem, deveria ter algo do nome do pai, assim, foi adicionado o H de Huss. Já Katrina, como foi a filha rejeitada, não recebeu nada do pai, apenas um derivado cru do nome da mãe.

A pronúncia de todos os nomes não sofre alteração. Não sei como alguém lê, por lembrar nomes estrangeiros pode-se pensar numa pronúncia americanizada, mas o correto é bem como se escreve mesmo. Quando criei os nomes eu não tinha muita afinidade com a língua inglesa, menos ainda a pronúncia correta das palavras estrangeiras, por isso nada tinha alteração na pronúncia e mantive isso até os dias de hoje.

Muito grata a todos que chegaram aqui! Todos os que estão lendo e comentando com carinho tem um lugar especial no meu coração.

Agradecimentos imensos e cheios de purpurina para minha beta, Ana, que merece os maiores elogios! ♥


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