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História Parece Mais Fácil Nos Filmes - Consider The Sea


Escrita por: SheUsedToBeEmo

Notas do Autor


GENTE, como assim a fic chegou em 100 favoritos?!!!!!! Estou sem acreditar aqui, de verdade! OBRIGADA!! Mesmo! Eu nem sei o que dizer porque é algo tão legal e tão... muito legal. Sério, nem sei se a fic merece, mas obrigada! Venham cá e me abracem! \o/

Capítulo 17 - Consider The Sea


Sábado. 

   O sol, o mar e a brisa leve. Tudo isso é perfeito. Perfeito em livros, em filmes e na imaginação. Na prática é tudo mais complicado, mas claro que apenas eu consigo enxergar isso enquanto as outras quatro veem um mar de maravilhas. Às vezes penso seriamente se não sofro de Hipopituitarismo, aquela doença que a Esther de A Órfã possui, porque, olha, eu acho que tem um ser já adulto vivendo nesse meu corpo de adolescente. Mas voltando ao que interessa, você acredita que ontem à noite a Normani resolveu fazer uma chamada em conferência entre nós cinco? Em primeiro lugar, eu nem sabia da existência real — e fora dos filmes — desse tipo de ligação e em segundo, quem consegue falar ou entender qualquer coisa em uma ligação com quatro garotas que não calam a boca nem pra respirar? Bom, eu consigo já que tive que me adaptar a isso. Óbvio que fui a ouvinte de toda a animação delas. 

   Allyson: Não decidimos à qual praia vamos! 

   Camila: Vamos à mais próxima pra não perdermos tempo! 

   Normani: Miami Beach! 

   Dinah: Quanto tempo leva daqui pra lá mesmo?  

   Eu: Cerca de vinte minutos

   Dinah: Você já calculou isso antes? Interessante. 

   Normani: Ela calcula cada p asso.. 

   Dinah: Zangada sempre fazendo coisas estranhas... 

   Camila: Ei, não falem assim dela! 

   Eu: Obrigada, Camila. 

   Camila: Por nada, Lolo! Você sabe, estou aqui sempre que precisar e... 

   Allyson: Ew! Parem com isso! 

   Dinah: Me poupem dessa coisa de vocês pelo menos ao telefone. 

   Normani: Ou façam uma ligação em particular! 

   Eu: Vocês poderiam parar com isso? 

   Noramani: Já decidiram qual biquíni vão usar?! 

   Camila, Dinah, Allyson: Sim! O meu é..

 

   E nesse assunto ficaram até eu anunciar já ser tarde o bastante para precisarmos dormir caso quiséssemos estar acordadas tão cedo.  

   Sábado. Octogésimo primeiro dia. Agora estou aqui sentada num degrau da escada na frente de minha casa, olhando a rua praticamente deserta, com Normani ao meu lado folheando uma revista adolescente — totalmente inútil e fútil por sinal — e esperando a Allyson aparecer.  

   — "Teste se você está pronta para namorar". — Escutei a morena rir. — Quer fazer esse teste? Acho que seria bem útil no momento. 

   — Camila e eu não vamos namorar, sabia? — Respondi observando um vizinho praticando sua corrida de cada manhã, acompanhado por seu cachorro. Um Bloodhound muito parecido com o Pateta do desenho animado.  

   — Por que não? 

   — Porque não. Somos jovens para isso e nem temos nada decidido. Eu nem sei ao certo o que temos ou o que quero ter. Nem sei se ela mesma sabe. — Dei de ombros, olhando para o céu quando o cachorro saiu do meu campo de visão. Eu gostaria de ter um cachorro parecido com o Pateta. 

   — Mas achei que você sempre quis isso... — Escutei a revista ser fechada com uma força excessiva. — Lauren, você ainda gosta da Camila, não gosta? Eu realmente queria escutar um "não, não gosto mais" há um tempo atrás, talvez no início do ano, mas se você me disser isso agora, depois de tudo, eu vou... Não sei o que vou fazer!  

   Arqueei as sobrancelhas percebendo o engano que Normani tinha cometido, para então virar meu rosto e encará-la. 

   — Oh, não! Você entendeu errado! — Balancei as mãos no ar ratificando minha negação. — É claro que ainda gosto dela, Normani! Camila é o karma da minha vida. Você sabe disso! Mesmo que eu não quisesse estar com ela, ela ainda atormentaria minha mente mesmo sem estar presente... Ela é um karma... 

   Suspirei notando o qual verdadeiro era o que eu havia acabado de dizer.  

   — Ufa... — Ela soltou o ar colocando uma mão sobre o peito. — Estou aliviada. 

   — E qual é o motivo para essa sua preocupação toda mesmo, hein? — Ri. 

   — Não sei se você percebeu, garota, mas você não teria conseguido nada com a Camila se Dinah, Ally e eu não tivéssemos interferido na história. Então é normal que nos preocupemos. Somos praticamente madrinhas desse relacionamento recém-nascido.  

   — Não fale disso como se fosse um bebê, por favor. — Pedi, contorcendo meu rosto em uma expressão de nojo. — E que mentira. Eu teria conseguido tudo sozinha, sem a ajuda de vocês. 

   Normani me olhou de canto e eu ri. Eu sabia que sem a ajuda delas eu não teria tido progresso algum. Eu sabia que sem elas eu jamais teria saído com Camila. Para ser sincera, acho que sem elas eu nem estaria mais falando com Camila. Mas quando é que eu admitiria isso? Nunca.  

   Escutamos uma buzina e logo avistamos Allyson com metade do corpo para fora da janela do carona, acenando histericamente. Levantamos pegando nossas coisas e fomos até o veículo. Ao abrirmos a porta traseira do passageiro encontramos Camila e Dinah sorrindo. Cumprimentamos Patricia, a mãe da Allyson, nos acomodamos quase espremidas ali no fundo e partimos.  

    Acabei ficando ao lado da porta e Camila estava ao lado da outra.  

   — Por que você trouxe duas bolsas, Lolo? — Camila perguntou apontando a mochila em cima dos meus pés e a bolsa em meu colo. 

   — Nós vamos à praia e depois à casa da Allyson, não é? — Será que mudaram de ideia e não fiquei sabendo?  

   — Vamos... Mas pelo visto você vai acampar, Zangada. — Dinah disse e todas riram, até mesmo a Sra. Hernandez.  

   — Gente, a Laur monta uma mochila de ataque pra qualquer lugar que vai... — Obrigada, Kordei. Você me conhece bem. 

   — Isso é algo bom, Laur. Não ligue para a Dinah. — Allyson disse retirando o cinto de segurança e virando-se para trás. 

   — Claro que não ligo. Eu estou levando coisas úteis e essenciais, mas vocês não pensam nisso.  

   — Realmente, Lauren. Fico feliz por você ser a sensata do grupo. 

   — Obrigada, senhora Hernandez. Fico feliz por alguém entender. — Sorri totalmente satisfeita por estar certa enquanto as outras ironizavam com pequenas vaias. 

   O resto da viajem foi feito em total barulho. As vozes das quatro garotas se misturavam entre si e entre a voz de algum cantor que berrava, alguma coisa sobre alegria, no rádio. Como alguém consegue dirigir assim? Bom, acho que os pais devem adquirir esse poder de fazer qualquer coisa, que requer atenção, em meio à zoada. Mas quero deixar claro que quando eu tirar minha carteira de motorista não vou querer ninguém azucrinando minha concentração. Vou exigir total silêncio, aquele tipo de silêncio que só se pode escutar o cricrilar dos grilos. 

   — Chegamos!! — Camila anunciou quando o carro parou no acostamento da pista.  

   Já dava para ver que a praia não estava tão lotada quanto pensei, mas não estava vazia como eu queria. 

   — Qualquer coisa vocês podem ligar para mim, tudo bem? Se comportem e, Lauren. Cuide delas. E deixem o que não precisarão aqui no carro mesmo. — Sra. Brooke recomendou sorrindo simpática. 

   — Mamãe! Eu sou responsável o bastante para me cuidar! — Allyson reclamou. 

   — Eu sei, querida. Mas cuidado nunca é demais. Agora vão. — Sorriu dando um abraço na filha, que logo saiu do carro. 

   — Andem, Camila e Lauren! Desçam logo! — Dinah reclamou quando Camila tinha dificuldades em retirar o cinto de segurança.  

   — Cheechee, sai de cima do ganchinho! — Camila pediu concentrada no que fazia. 

   — Não sei se você notou, mas não consigo me mexer aqui! — Dinah revidou. 

   — Lauren! — Normani falou e eu entendi. Prontamente abri a porta do meu lado, peguei uma das minhas mochilas e desci.  

   Não demorou para que todas já estivessem do lado de fora do veículo, que logo partiu nos deixando ali paradas na orla, observando o ambiente. Aproveitei para retirar meu chapéu e óculos de sol da bolsa, colocando rapidamente os dois. O sol estava forte. 

   — Ah... Como eu adoro esse cheiro de praia! — Camila disse abrindo os braços, sorrindo e fechando os olhos. 

   — Eu também, Mila! — Allyson fez o mesmo. 

   — E o dia está tão lindo! — A outra continuou.

   — Me poupem disso. Vamos arrumar um sombreiro. — Falei indo em direção à areia.  

   — Pra quê gastar dinheiro com sombreiro? Não precisamos disso, Zangada!  

   — Eu pago, Dinah. Tudo bem. — Não dei mais atenção ao que elas diziam e fui alugar um sombreiro.  

   — Então vai. Vou ficar aqui! — Normani disse indo para um lugar perto do mar. 

   — Espera, Lolo. Vou com você! — Parei de andar ao escutar Camila gritar, olhando para trás. 

   Nesse momento observei as garotas que já haviam colocado os pertences bem longe da orla, em um lugar sem muita gente ao redor onde apenas um casal já adulto estava estirado em cangas e parecia estar dormindo. Dinah se desfazia de seu vestido, revelando um maiô amarelo com alguns detalhes, cavado na parte de cintura. Qual o sentido de usar um maiô que se parece com um biquíni? Não sei. Normani já havia tirado seu short e a camiseta também, expondo seu biquíni preto com detalhes dourados. Ela pouco gosta de se amostrar, pfff. Até a Allyson já estava exibindo seu biquíni rosa. Enquanto isso, Camila corria adorável e desajeitadamente, ainda vestida. Tropeçando na areia, até onde eu estava.  

   — Te alcancei! — Disse ofegante me fazendo sorrir. 

   — Você não precisava correr tanto assim. — Falei voltando a andar com ela ao meu lado. Obrigada por ela ainda estar vestida, céus.  

   — Sabe, provavelmente minha mãe ou uma das mães de nós cinco seria o tipo de pessoa que iria alugar um sombreiro. 

   — Estou sendo comparada às mães de vocês? — Franzi o cenho. 

   — Nesse sentido sim, no resto não... — Riu divertida. — Você está uma graça com esse chapéu, Lolo. — Disse batendo na aba do mesmo.  

   — É para proteção, apenas.  

   — Não precisa fingir, você está usando isso por puro estilo.  

   — Não. Eu não ligo para estilo ou moda, Camila.  

   — Liga sim, mas tudo bem, você não vai admitir mesmo. — Sorriu batendo seu ombro no meu. 

   — Ainda bem que você sabe.  

   Não demoramos para encontrar um ponto de aluguel de sombreiros e cadeiras. O atendente informou que poderíamos ficar durante qualquer tempo e pagar apenas uma única taxa, coisa que me deixou aliviada, eu não queria pagar por hora.  

   — Pega esse aqui, Lolo! — Camila apontou um sombreiro. Balancei a cabeça não entendendo a diferença daquele para os outros. — Esse é vermelho e branco! 

   — E daí...? 

   — E daí que nos filmes os sombreiros sempre são vermelho e branco. 

   — Você sabe que isso não faz sentido, não sabe? — Perguntei cedendo à vontade dela e pegando o tal sombreiro. 

   — Sei... Mas estamos na praia. Não precisamos de um sentido pra isso. — Dei de ombros cedendo à vontade dela.

   Minutos depois voltamos para onde as outras três estavam. Dinah e Normani já estavam de bruços, uma ao lado da outra, usando óculos escuros enquanto Allyson estava sentada ao lado delas. Tivemos uma verdadeira discussão quando estávamos decidindo sobre quem deveria cavar um buraco para tentar fincar o guarda-sol na areia. 

   — Você é quem quis alugar isso. Se vira. 

   — Custa alguma coisa me ajudar, Dinah? Normani? — Fui ignorada pelas duas que não moveram um centímetro. 

   — Eu te ajudo, Lolo. — Camila disse jogando o cabelo para o lado. Não me leve a mal, mas você é meio desajeitada para todo e qualquer tipo de coisa.  

   Cerca de 10 minutos depois conseguimos colocar o sombreiro firme na areia. A Brooke teve que nos auxiliar quando Camila dispensou minha ajuda alegando ser uma expert em armar sombreiros e acabou deixando o guarda-sol voar a uns 7 metros de onde estávamos. Confesso que ver Camila correndo atrás daquela coisa foi uma cena adoravelmente fofa. Ela é, sem nem um resquício de dúvidas, a pessoa mais encantadora da face da Terra e sempre vai ser. Ao menos para mim. 

    Finalmente pude ajeitar minha canga abaixo do sombreiro e sentar-me. Aproveitei para tirar a camiseta que usava, estava calor demais e ficar nojentamente suada era a última coisa que eu queria. Ao terminar de dobrar a peça e guardá-la na bolsa, ajeitei meu chapéu e os óculos e deparei-me com uma situação estranha: Camila, que estava em pé retirando as sandálias, parou o que estava fazendo e passou a me encarar sem piscar olhos. Seu semblante estava de um jeito jamais visto por mim antes. A esse ponto eu devia estar completamente ruborizada, por isso desviei o olhar e me preocupei em procurar na bolsa o frasquinho de protetor solar e passá-lo por toda parte do meu corpo que ficasse exposta aos raios solares. 

   — Vocês já passaram o protetor? — Perguntei para as três que estavam ao sol. 

   — Estamos nos bronzeando, Laur. Não precisamos disso. — Allyson respondeu. Revirei os olhos e levantei-me indo até elas.  

   — Vocês vão pegar uma queimadura séria se tostarem sem protetor, suas tolas. — Falei entregando o frasquinho a Normani.  

   — Passa em mim, amiga. — Folgada! Não passo, não! 

   — Você tem suas próprias mãos. Use-as. — Dei de ombros ainda esperando ela pegar o produto. 

   — Então não vou passar.  

   — Normani! Você não é mais criança! 

   — Então não cuide de mim como se eu fosse uma! — Virou o rosto me ignorando e deixando-me perplexa. Como ousa falar assim comigo, Kordei???  

   — Sente-se, garota idiota! — Ordenei e ela fez o que eu disse. — Quero ajudar e você me trata assim. — Comecei a passar o produto em suas costas e ombros. — Ofereço a mão e você quer o braço. — Ela virou o rosto para que eu passasse no mesmo e assim o fiz. — Agora você passa na barriga e nas pernas, criança. — Peguei sua mão e despejei uma certa quantidade de protetor.  

   — Zangada! — Dinah chamou e não acreditei quando a vi sorrindo já sentada.  

   — Nem pensar. Passe você! — Neguei com a cabeça. 

   — Vou pegar câncer de pele e a culpa será totalmente sua, Jauregui... — Cantarolou. 

   — O problema é seu. — Dei de ombros. 

   — Mila, a Lauren quer que eu pegue câncer! — Gritou. Mas o que Camila tem a ver com isso? 

   — Lolo, — Escutei a voz de Camila, que logo projetou-se ao lado de Dinah. — não deixe a Dinah pegar câncer. — Não me olhe assim, Cabello! — Por favor. — Suplicou com os olhos. 

   — Ok! — Me rendi. — Mas apenas dessa vez. E você, — Apontei o frasco para a que era o meu ponto fraco. — não faça mais chantagens. 

   — Não fiz nada! — Sorriu totalmente sapeca.  

   Idiota. Não vale colocar Camila pra me pedir alguma coisa. Realmente me odeio por ser uma fraca!!  

   — Lauren, estou na fila! — Allyson acenou animada e eu não pude fazer outra coisa a não ser mostrar meu dedo do meio para ela, porém logo senti um tapa em minha mão. 

   — Não faça gestos feios, Lolo!  

   — Ouch!  Ela mereceu!  

   — Ninguém merece gestos feios. — Cruzou os braços. — Pede desculpas para a Ally. 

   — Não. — Ri ao mesmo tempo em que passava o protetor nos braços de Dinah. 

   — Pede agora. 

   — Nunca. — Revidei, espalhando o produto no rosto da garota maior. 

   — Se você se desculpar só porque a Mila tá mandando, sua moral vai ralo a baixo, Zangada. — Jane sussurrou. 

   Ela estava certa, se eu cedesse a tudo o que Camila pedisse, meu fim estaria definitivamente decretado. 

   Terminei o processo na Hansen e sem falar nada fui para o lado da Brooke, começando a passar o protetor em seus ombros. Aquele era o meu silencioso pedido de desculpas, provavelmente, compreendido por ela. Mas ainda assim senti culpa. Mas que maldita é a vida! Quanto mais próximo de alguém você fica, mais agradável você tem que ser. Se eu tivesse feito isso há um tempo atrás não teria me importado, mas agora nosso coleguismo já havia se tornado uma... ami... uma maldita amizade! E eu entendo bem que não se deve magoar seus amigos. Allyson era um pouco mais sensível que as outras e por isso senti um búfalo começar a pesar em minha consciência. 

   — Foi mal, Brooke. Não quis soar rude com você. — Sussurrei sem que Camila notasse. 

   — Tudo bem, Laur. Eu não ligo. — Sorriu quando passei o protetor em seu nariz. — Se eu fosse me importar com cada coisa que você faz ou diz, eu já estaria louca. 

   Ri com seu comentário. Prontamente voltei para debaixo do guarda-sol e pude passar o protetor em mim mesma. Terminei e guardei o frasco na bolsa. Coloquei os braços para trás, apoiando meu peso sobre eles e observei o mar à minha frente. As vozes das garotas já se misturavam com as outras tantas vozes ao nosso redor.  

   Eu podia não gostar, mas não podia negar: o dia estava lindo. O brilho do sol tocando o mar. O vento fazendo umas poucas ondas se formarem no horizonte. Acho engraçado. Poeticamente lindo. Visualmente lindo como nos filmes e... PORRA! NÃO! Não estou vendo isso!!! SOL, QUEIME MEUS OLHOS AGORA MESMO!  

   Camila Cabello surgiu de biquíni. Repito: com a parte de cima de seu biquíni. E ficou parada justamente na minha frente. Se ela ia dizer alguma coisa, não deu tempo porque minha reação foi instantaneamente ridícula.  

   Engasguei com a minha saliva e tive que colocar a mão sobre a boca, tossindo incontrolavelmente. Eu já não conseguia pensar em mais nada. Minha mente estava resumida a: Camila. O biquíni verde de Camila. A barriga exposta de Camila. Camila sem camiseta. Camila de biquíni. E novamente a barriga completamente exposta de Camila. Tirei meus óculos quando senti alguém dando insistentes tapinhas em minhas costas. Aos poucos consegui me recuperar do breve surto. Minha respiração voltava ao normal enquanto eu me abanava com a mão.  

   — Lolo? — Escutei aquela voz ao meu lado. A mão que tentava me ajudar agora estava pousada em meu ombro. Petrifiquei. Não, por favor, mundo! Não faz isso comigo. — Lauren? 

   Não adiantava o quanto minha voz quisesse sair. Eu não conseguia. Camila estava ao meu lado! 

   — Lauren, é sério. Fala comigo. — Sua voz insistiu. 

   — O-o-oi. — Meu tom saiu completamente desafinado. 

   — O que aconteceu? Você está bem?  

   Sua mão pressionou minha pele e eu apenas assenti olhando para a frente concentradamente. 

   — Lauren. — Chamou mais uma vez e eu tive que encará-la. Vagarosamente virei minha cabeça em sua direção. — O que foi que aconteceu, hein? 

   — Ah, é... Eu não sei... Foi só o... Você sabe, o... — Tentei falar alguma coisa e ela riu. 

   — Não sei, não. Respira, vai. — Talvez eu respirasse se você tirasse essa mão do meu ombro! 

   Inspirei forte e expirei mais forte ainda. 

   — Estou bem. — Sorri. 

   — Laur, você precisa se controlar! — Normani gritou. 

   — Estamos de olho em você, Zangada! — Dinah completou. 

   No momento em que escutei as outras três rindo, me dei conta do meu papel de idiota. Olhei pra Camila que sorria com um olhar confuso.  

   — O que você precisa controlar?  

   — Nada! — Fui rápida. 

   — Suas bochechas estão vermelhas. — Seu rosto rapidamente se tornou preocupado. — Lolo! Será que você está tendo reações ao sol?! 

   Claro. O sol agora tem o nome de Camila e se parece bastante com você. 

   — Aham. Deve ser o mormaço, sabe? — Ou só a vergonha de todo mundo notar a situação, menos você. 

   — Sei sim. Já passou o protetor? Você precisa mais que nós. Você sabe que é uma desprovida de melanina. — Riu batendo em meu ombro. Finalmente você tirou essa mão daí. 

   — Idiota. — Revirei os olhos e logo encarei seu rosto. Estava evitando olhar qualquer coisa abaixo de seu pescoço. — Já passei sim. E você? 

   — Não... Eu tinha vindo falar com você exatamente sobre isso. Olha, será que devo me sentir excluída por ser a única deixada de lado na proteção contra o sol? — Falou dramaticamente e eu ri completamente nervosa. 

   — Hum, não... 

   — Então você pode passar em mim? — Sorriu largamente. Ai, caramba, não. Não posso! 

   — Allyson! — Chamei a garota que estava mais próxima. Peguei o frasco do protetor solar na bolsa e joguei para ela. — Passa na Camila.  

   — Por que eu? — A menor de todas perguntou e eu quis dar-lhe uma bofetada por não entender. 

   — Por que ela? — Camila questionou. 

   — Porque... — Pensa, pensa. — Porque estou ocupada. — Retirei rapidamente uma garrafinha d'água da bolsa. — Me hidratando.  

   Comecei a beber a água sem parar e lancei um olhar de súplica para a Allyson que entendeu, finalmente, o recado. 

   — Vem, Mila. Esse sol está forte demais e a Laur pode passar de má vontade. Aí você já sabe... Você vai torrar. — Meus sinceros agradecimentos, Brooke.  

  Camila não contestou e não demorou muito para alguma conversa surgir entre elas. Já eu não conseguia tirar aquela imagem da minha cabeça. Ver a garota pela qual você está apaixonada vestindo roupas de banho é diferente de ver suas amigas vestindo a mesma coisa. Confesso que não sinto nada ao ver qualquer outra garota de biquíni, mas Camila... Você me entende, não é? Ela é ela.  

   Fiquei por um tempo fuçando meu joguinho de cuidar de dragões enquanto as outras faziam sei lá o quê. Estava bastante concentrada criando uma boa cidade para meus pequenos dragões.

   — Lolo... — Escutei a voz arrastada de Camila quando estava fazendo um dragão crescer. 

   — Quê? — Continuei concentrada no meu joguinho. 

   — Quer ir comigo dar uma volta? — Animou-se. 

   — Não quero, não. Obrigada. — Agora é só alimentá-lo corretamente e ele fica adulto

   — Vamos... Por favor! 

   — Chama alguma delas, Camila. — Apontei sem desviar os olhos do telefone. Ficou adulto! Agora preciso apenas colocar outro ovinho de dragão para chocar no ninho!

   — Lauren! — Falou firme e eu tive que olhá-la. Seu rosto não estava com uma expressão muito legal. — Levanta logo daí. 

   — Mas eu nã... 

   — Você vai levantar agora mesmo, Jauregui, e vai caminhar comigo. — Soltei um riso completamente sem graça para uma Camila completamente séria. 

   — Claro. Uma caminhada não faz mal. Faz bem à saúde, não é? Vamos sim. — Guardei o celular e em um salto pus-me de pé. Meus pequenos dragões podiam ficar para depois porque tenho certeza que Camila viraria um dragão raivoso a qualquer momento.

   Camila sorriu largamente, levantando-se também.  

   — Garotas! Vamos ali e voltamos logo.  

   Allyson inclinou-se para o lado e cochichou algo para as outras duas, gerando um riso entre as três. Franzi o cenho intrigada com a piada interna delas. 

   — Vamos, Camila. Deixe essas três aí. — Segurei no braço da garota e puxei-a para a tal caminhada. 

   — Elas estão cheias de segredinhos hoje. Você sabe sobre o que é? — Perguntou tirando minha mão de seu braço e ajeitando o cabelo. 

   — Não faço ideia. Deve ser alguma bobagem. — Dei de ombros.  

   — Eu queria saber, de qualquer forma. — Suspirou e em um breve movimento cruzou seu braço no meu. 

   Concordei com a cabeça e continuamos a andar. Novamente aquele silêncio bom tomou conta de nós duas. Os únicos sons audíveis eram o som do mar, o burburinho das pessoas e os nossos pés marcando a areia molhada. Vez ou outra Camila me fazia rir ao afundar demais na areia, tropeçar e quase cair, mas mesmo assim não largar o meu braço. 

   — Se eu cair, você vem junto. — Falou risonha e eu apenas revirei os olhos. Idiota, eu já caí. Caí de sentimentos e emoções por você. Será que você vai cair por mim também?   

   Eu realmente não estava ligando para os raios solares que queimavam a minha pele. Eu não estava ligando para a água salgada tocando os meus pés descalços. Eu não estava ligando para as probabilidades de eu pegar algum fungo naquela praia. Nem mesmo o suor misturado ao protetor solar nojento me incomodava. Nada poderia me incomodar porque, simplesmente, ela estava comigo. Sei que ela não sabe, mas o importante é que eu sei: Camila me traz mais paz do que qualquer meditação que eu faça. Tudo bem que esse ser humano acabou, em tão pouco tempo, com tudo o que eu construí ao longo desse meu curto tempo de vida, mas por mim, tudo bem.  

   — Sabe o que eu acho engraçado? — Perguntou e eu neguei com a cabeça. — Os escritores e cantores adoram o mar. E, sei lá, quase sempre são as mesmas metáforas escritas de formas diferentes, mas ainda assim fazem sucesso.  

   — Realmente é algo bobo. Deve ser alguma psicopatia marítima comum a esse tipo de gente. — Camila deu um tapa em meu braço. — Ai!  O que foi?! 

   — Não fala isso. Eu estava elogiando. 

   — Pareceu mais uma crítica ruim. Se explique melhor, Cabello 

   — Para de ser chata. O mar é bonito. — Inspirou forte e sorriu. — Eu realmente gosto desse cheiro.  

   — Só tem água e sais aí. Nada demais.  

   — Vai além disso e você sabe. Tem todo um significado figurado para o mar, caso contrário a maioria dos filmes não iria filmar tanta água à toa. Sabe, naquelas partes que só tem a música de fundo e o mar. E às vezes tem o fundo do mar... Mas isso é quando se trata de drama. Quando é algo alegre, filmam a superfície...

   — Sabe o nome disso? — Perguntei e ela negou com a cabeça. — Ganhar tempo quando não tem cenas melhores para colocar. Enrolar a plateia. Fingir que tem sentido em uma coisa que não tem. Fazer os telespectadores de bobos.

   Agora já estávamos em uma parte pouco movimentada da praia. A multidão havia ficado para trás e o vento forte fez-se mais presente. 

   — Você é tão séria, mas não leva nada a sério. — Bufou. — Não consigo entender isso. 

   — Eu levo você a sério. — Deixei escapar sem querer. 

   Ela parou de andar e olhou para mim com a boca em formato de " O ".    

   Eu falei o que não devia. Com certeza estraguei minha relação com ela. Preciso voltar no tempo e refazer minha frase. Mas que maldição é essa jogada sobre mim? Só faço e falo a coisa errada! 

   Camila desviou seus olhos de mim, soltou meu braço e virou-se de frente para o mar, de modo que eu estava logo atrás dela. Minha vontade era cutucá-la, mas não o fiz, deixei que ela ficasse ali por uns bons segundos. 

   — Você me leva mesmo a sério? — Perguntou ainda de costas para mim. 

   — Levo... — Minha voz saiu duvidosa.

   — Tem certeza? 

   — Hum... Sim... — Eu a levava mesmo a sério? Claro que sim! 

   — Então seu jeito de demonstrar isso é meio estranho, não é?  

   — Sei lá... Mas se você acha, deve ser. 

   Ela balançou a cabeça de um lado para o outro rapidamente, então virou-se para mim, sorrindo fraco. Em um gesto um tanto fofo, Camila pousou a palma de sua mão direita em meu rosto, fazendo um carinho com o polegar. Certamente corei com aquilo. 

    — Você é meio que um enigma. É meio estranha... — Começou devagar. — Um pouco confusa. Às vezes surtada. Tem um tanto de manias... — Falou, deslizando sua mão pelo meu pescoço, indo parar na minha nuca. — Mas eu gosto de ter você por perto. — Sorri de leve para ela. — Caramba, — Riu sozinha. — eu realmente gosto de ter sua idiotice e seu mau-humor perto de mim. 

   Gargalhamos juntas. 

   — Nesse caso você é a estranha... — Acusei dando de ombros. 

   — Cala a boca. Não sou eu quem acha que vai morrer ao ir à praia e olha que nem é por afogamento! 

   Bufei com seu comentário sem graça. 

   — Agora é você que não me leva a sério. Essas coisas existem! — Expliquei batendo em sua testa, fazendo-a sorrir e se aproximar mais de mim. 

   — Não duvido, mas você exagera, garota estranha.  

   — Estranha não. — Franzi o cenho e pressionei meus lábios um no outro, demonstrando desgosto. 

   — Estranha. — Levou sua outra mão para a minha nuca também. — Muito estranha. — Pressionou suas mãos um pouco, me deixando estática. — Mas...  

   Parou de falar, mordendo seu lábio inferior, olhando diretamente para a minha boca. Camila se aproximou mais ainda, colando seu corpo no meu, fazendo-me prender a respiração. 

   Porra, Camila! Não tem como controlar meu coração em momentos assim. Não tem como parar esses arrepios com você colada em mim! 

  — Ma-mas o quê? — Gaguejei idiotamente. 

   — Mas é min... — Negou com a cabeça. — Nada. — Sorriu. 

   — Você está perto demais. — Alertei. 

   — E...? 

   — Isso é perigoso.  

   — Por quê? — Inclinou a cabeça para o lado. 

   — Estamos em um local público...  

   — Você está vendo alguém aqui nesse momento?    

   Olhei ao redor e não tinha ninguém tão perto assim.

   — Estou... 

   — Quem? — Sua expressão tornou-se curiosa e seus olhos começaram a varrer a praia atrás de alguém. — Lolo... Não tem ninguém. 

   — Tem você. — Sorri largo e recebi um belo tapa no braço. 

   — Idiota. Mil vezes idiota! — Grunhiu rindo.

   — Agressiva. Mil vezes agressiva! — Rebati. 

   — Estranha! — Falou e em um movimento que não vi, Camila encostou seus lábios nos meus. 

   — Mas... — Quando pensei em reagir, Camila desvencilhou-se completamente de mim e desatou a correr para longe. — Pra onde é que você vai?! — Gritei, mas ela fingiu não escutar. — Não vou correr atrás de você!!  

   E eu não ia mesmo correr atrás dela. Cruzei os braços e fiquei a observar Camila correr infantilmente enquanto ria alto. Criança! Quando foi que eu me apaixonei por uma criança? Por que me apaixonei por Camila? Você ainda me deve essa resposta, Universo. Só preciso dessa resposta porque é meio óbvio que se eu tivesse alguma escolha nessa vida, eu não me apaixonaria por ela. Não que eu me arrependa, mas... seria tudo mais fácil.

   Bufei batendo o pé impacientemente na areia. Esperando Camila parar de correr.  

   — Volta aqui, Camila! — Berrei mais alto ainda, já cansada de esperar. 

   A garota parou de correr e olhou para trás, notando que eu não havia me deslocado um centímetro sequer. No mesmo instante seu sorriso foi desfeito para dar lugar a um bico do tamanho do mundo. Em pouco tempo Camila voltou marchando forte, totalmente irritadinha, coisa que me divertiu por isso fiz questão de manter um sorrisinho em meu rosto. 

   — Parou o pega-pega com seu amigo imaginário? Ótimo. — Falei ajeitando meu chapéu. — Vamos voltar.  

   — Por que você não correu atrás de mim? — Sua voz soou como a de uma criança descontente. 

   — Diga-me um motivo para eu correr atrás de você. — Continuei com os braços cruzados, enquanto ela colocava suas mãos na cintura. 

   Não olhe para a cintura, Lauren. Olhe para o rosto, para o rosto. Camila tem um lindo rosto... e um lindo... corpo... Nem um, nem outro!  Tudo bem que eu estava com os óculos escuros, mas vai que ela percebe? Preferi olhar para a sua testa. 

   — Nos filmes as pessoas sempre correm umas atrás das outras. — Ainda estava com o bico desenhado por seus lábios. Casais fazem isso. Casais. 

   — Quando isso aqui — Apontei nós duas e em seguida o ambiente. — for um filme, você me avisa.  

   — Idiota, — Veio para o meu lado, ainda birrenta. — insuportável. — Deu um tapa na aba do meu chapéu e continuou andando na direção de onde viemos. 

   — Vai zangar comigo porque não corri atrás de você? — Comecei a segui-la. 

   — Já zanguei!  

   — Camila! — Fiquei indignada. — Que bobagem é essa? Qual é! — Ela me ignorou. — Isso é criancice sua, sinceramente. Vou te ignorar. — Ela não disse nada. — Eu estou te ignorando. — Total silêncio ainda. — Você está sendo ignorada por mim, sabia?  

  Ela não disse nada, apenas parou de andar e eu tive que desviar a tempo de não bater em suas costas. Lentamente ela virou-se para mim. 

   — Eu é que estou te ignorando aqui, idiota! 

   — Que seja! — Falei alto, erguendo os dos braços para o céu. — Então para com isso! Não tem por que você fazer isso, caramba! 

   — É que você sempre... 

   — Ah, para de me culpar! — Interrompi sua fala, já irritada, tirando meus óculos para olhá-la. 

   — Mas a culpa é sua, o que eu posso fazer? Nada. E isso porque você consegue estra...

   — Cala a boca, vai!  

   Segurei em seu pulso, puxando-a com uma certa força para mim e sem pensar duas vezes — para não desistir — coloquei minhas mãos em suas costas, fazendo com que ficássemos com nossos rostos quase colados. Camila manteve seus braços cruzados, por pouco tempo, enquanto me encarava com a boca entreaberta, mas não demorou mais que 3 segundos para suas mãos se firmarem em minha cintura, fazendo-me soltar o ar pesadamente com o toque. Engoli em seco e inclinei-me um pouco. Entendendo meu sinal, Camila agilmente capturou meu lábio inferior entre os seus e com calma o sugou. Confesso que fiquei surpresa com aquele ato completamente inesperado, porém tão bom! Sem mais delongas, separei nossas bocas apenas para juntá-las novamente, do jeito certo. Deslizei, lentamente minhas mãos por suas costas, ombros e parei-as em sua nuca. Sem tanta timidez, como tivemos nos beijos anteriores, deixei minha língua resvalar por seus lábios e adentrar sua boca. Fechei os olhos e Camila inclinou a cabeça ao mesmo tempo em que sua língua encontrava a minha. Podia ser a terceira vez que nos beijávamos, mas meu corpo ainda sentia a emoção de como fosse a primeira. Nossos lábios e línguas tocavam-se de forma calma, paciente. Sem pressa alguma para terminar aquilo, Camila acarinhou minha pele, deslizando seus dedos por minha cintura, pelas minhas costas, traçando o caminho exato da minha coluna vertebral. Arrepiei-me ao sentir o calor de suas mãos tocando diretamente meu corpo, minha pele. Enquanto sua língua explorava a minha boca com uma certa necessidade, suas mãos ousaram escorregar, sapecamente, até o cós do meu short. À essa altura meus dedos se revezavam entre estar em seus cabelos, macios por sinal, e segurar meus óculos. Ainda sem parar o beijo, Camila desceu mais um pouco suas mãos, em direção ao meu bumbum. No mesmo instante soltei sua nuca e dei um belo tapa em suas mãos que logo voltaram para a minha cintura. Não demorou muito para que a garota começasse a rir, fazendo com que o nosso beijo cessasse. Antes de findar, de fato, o beijo, a de olhos castanhos mordeu levemente o meu lábio inferior e depois tocou seus lábios nos meus uma última vez.  

   Abri meus olhos respirando descompassadamente e encontrei Camila sorrindo divertida. Essa garota é uma completa safada, quem diria ou imaginaria isso?! 

   — Já falei que você está uma gata nesse biquíni? — Perguntou passando um dedo por minha clavícula exposta por causa do biquíni preto sem alças que eu usava, enquanto sua outra mão permanecia em minha cintura. 

   — Não, sua safada adolescente. — Satirizei revirando os olhos. 

   — Safada? Nem fiz nada demais. — Sorriu mordendo a língua enquanto olhava a minha pele. 

   — Você consegue ser pior que os homens. Olha pra isso. — Ri indicando seu rosto.  

   — É que você está linda, de verdade, hoje. — Deu de ombros rindo e depositou um beijinho em meu ombro, fazendo-me rir nervosa. Eu preciso me acostumar a ter Camila tão perto assim, fisicamente.

   — Obrigada, mas... Hum... Eu não estou chegando aos seus pés.  

   — Para. 

   — É sério. 

   — Você é linda, você sabe. Ainda mais com esse chapéu e esses óculos... — Pareou meu corpo inteiro com os olhos, mordendo o lábio inferior. — Caramba! Você fica intimidante demais. 

   — Para de ser idiota. — Eu já estava ficando sem graça. Camila conseguia ser uma sem vergonha que me deixava sem graça ao falar e na grande parte do tempo, sem abrir a boca. 

   — Se você me der um beijo eu paro. — Fez um biquinho. 

   — Já te beijei hoje. Chega, sua adolescente assanhada. — Brinquei, afastando meu rosto. 

   — Prometo que minhas mãos vão se comportar!  

   — Hum... Ok. Mantenha elas bem comportadas. — Camila riu erguendo a cabeça. 

   — Eu prometo!  

   Ela disse e eu não resisti, acabei beijando Camila mais uma vez. De fato ela se comportou no início, mas não demorou para que suas mãos logo traçassem o caminho não permitido. Outra vez Camila, sem vergonha alguma, deslizou suas mãos até minha parte de trás, dando um leve aperto dessa vez. 

   — Camila! — Reclamei ainda com seus lábios colados aos meus. Logo me afastei dela, que sorria. — Você prometeu! 

   — Eu prometi, mas elas não! — Ergueu as duas mãos e eu revirei os olhos sorrindo. 

   — Idiota. — Falei colocando meus óculos de volta no rosto. — Vamos logo. 

   — Parei, de verdade! — Disse quando começamos a fazer nosso caminho de volta para onde as garotas estavam. 

   — Não acredito mais. 

   Antes de qualquer outra coisa, Camila segurou minha mão, mas não apertou. Ok, aquilo era comigo. Respondendo às expectativas da garota, entrelacei nossos dedos, firmando nossas mãos. Camila ergueu as nossas mãos à nossa frente e sorriu sozinha.  

   — Você sabe que nesse calor vai formar uma poça de suor entre nossos dedos, não sabe? — Comentei. 

   — Shhh! Não pensa na parte sem graça das coisas. — Falou. 

   — Ok. — Sorri. 

   O resto do trajeto foi feito em silêncio, às vezes ela balançava nossas mãos para frente e para trás. Outras vezes ela me olhava e sorria sem motivo. Mas aproveitei o momento para pensar no que Camila disse sobre o mar. Ela tinha razão, ele pode significar a mesma coisa quando retratado de infinitas formas diferentes.  E no momento apenas uma música descrevia meu estado de espírito.  

" Compare your hands to mine and see who tried this time

And wanting nothing more than to flee these streets

You live for night but this is light so consider the sea”

 

   É claro que Camila foi quem tomou a iniciativa, outra vez. É verdade que perco noites e mais noites de sono pensando sobre quem sou, como devo agir, sobre a escola e principalmente sobre ela. Eu sei que vivo mais a noite do que o dia, mas no momento eu estou com ela, e é ela quem clareia toda a escuridão da minha mente. Camila é como um sorriso que alegra meu dia no meio do meu desespero rotineiro. Ela me faz afogar nesse mar de sentimentos e depois me ergue até a superfície, fazendo-me respirar.... É... Eu estou levando muito em conta o mar. 

   Nos aproximamos do nosso lugar inicial, encontrando Allyson com uma feição de dor debaixo do sombreiro enquanto Dinah e Normani riam ainda sob o sol. 

   — Finalmente vocês chegaram! Estavam aonde, casal? Se comportaram? — Acho que no dia em que Dinah Jane deixar alguma coisa passar sem um comentário, ela vai estar gravemente doente.

   — A Camila é uma sem vergonha, saibam disso. — Avisei soltando a mão da garota, indo para o lado de Allyson. 

   — Não fiz nada, gente! Sério. — A outra se defendeu. 

   — O que é que você fez, Mila? — Normani perguntou. 

   — Me assediou! — Acusei pegando minha garrafinha d'água, abrindo e bebendo um grande gole.

   — Mentira! Eu estava tirando areia do short dela, só quis ajudar. — Disse cínica. Tirando areia? Desde quando eu tinha areia no short? Sem vergonha! 

   — Não acreditem nela! — Revidei e todas riram soltando piadas para Camila que não se abalou nem um pouco. 

   — Vocês se entendem do jeito de vocês, né? — Brooke comentou. — Eu gosto disso em vocês. 

   — É... — Olhei para ela, que ainda estava com uma cara de dor. — Você está bem, Brooke? — Perguntei fechando a tampinha da garrafa e guardando a mesma na bolsa. 

   — Não... Tomei sol demais, Laur. Tá tudo ardendo aqui. — Reclamou e no mesmo instante ergui meu dedo indicador. 

   — Eu avi...

   — Eu sei, você avisou. — Assentiu para mim. 

   — Espera... — Abri minha bolsa e procurei por um frasquinho azul. — Ah, droga, deixei meu creme pós sol na outra bolsa, foi mal. 

   — Tudo bem. Vou só evitar o sol a partir de agora. — Sorriu. Coitada, realmente fiquei com dó dela, mas eu avisei. Sempre aviso.  

   — Quem mandou passar o bronzeador, sua anã louca?! — Dinah berrou. — Eu falei que não precisava! 

   — Eu só fiquei meia-hora debaixo do sol! — A pequena explicou.

   — Bronzeador, Allyson? Você merece um tapa por cima dessa pele torrada aí. — Falei e ela fez uma cara de dor ao me escutar. 

   — Ally, — Camila sentou do outro lado da baixinha. — vamos para a água? Alivia um pouco o ardor... Eu acho. — Disse pousando sua mão no ombro da garota. 

   — Tira! Tira! Tira! — Allyson gritou nos assustando. Bem feito, achei pouco. 

   — Desculpa! Eu esqueci! — Cabello riu tirando a mão. 

   — Vamos logo mergulhar! — Normani disse já de pé com Dinah ao seu lado. 

   — Vamos. — Allyson disse e se levantou com Camila.  

   — Anda, Zangada!  

   — Não, obrigada. Eu estou bem.  

   — Vamos, Laur. — Brooke pediu. 

   — Para de ser sem graça! — Normani insistiu. 

   — Ai, tá! — Me levantei de má vontade. Tirei meu chapéu e guardei o mesmo na bolsa, mas continuei com os óculos. — E se nos roubarem? 

   — A gente fica de olho. Ninguém vai roubar, fica calma. — Normani garantiu. 

   — Se tentarem eu venho aqui e arrebento o imbecil! — Jane disse. 

   — Esperem! — Camila pediu enquanto desabotoava o short. QUÊ?! 

   — Anda, Mila! — Allyson já estava impaciente. 

   — O que você está fazendo? — Perguntei perplexa. 

   — Tirando o short? — Perguntou retirando completamente a peça. 

   — Caramba!  — Sussurrei, jogando meu cabelo para trás, totalmente incomodada com a visão. — Coloque esse short de volta, Camila. — Ordenei. 

   — Por quê? — Porque você está quase pelada no meio da praia! 

   — Porque sim. 

   — Não. As garotas estão todas sem short. Não vou nadar com o short. — Me obedeça, Cabello!! 

   — Mas eu vou entrar na água com o short! — Comentei. 

   — E...? Ah, Lolo. Para, não vou me infectar. — É você que vai infectar a cabeça desses homens que estão por aí! 

   — Mas... Não era... Camila! — Tentei falar, mas perdi a noção de formar palavras quando ela já estava indo para o mar com Allyson e Normani. 

   Céus, ter a visão de Camila caminhado de costas para mim foi surreal. Olhar a parte de trás fez, literalmente, a minha boca abrir em descrença. Aquilo era mesmo dela? Aquele... hum... bumbum era um tanto exagerado, não acha, Natureza? É exagerado demais para meus olhos! Camila estava sem o short. Eu estava vendo o corpo de Camila quase sem nada! Biquínis são quase roupas íntimas com um tecido próprio para a água, será que ninguém percebe isso? Andar por aí com roupas de banho é o mesmo que usar roupas íntimas. E juro que nunca havia me preparado para isso. Não estou bem.  

   — Fecha a boca, garota! — Dinah chamou minha atenção e colocou uma mão nas minhas costas, me guiando até o mar. 

   — Para, Jane.  

   — Se você tivesse dito "Estou com ciúmes, Camila. Vista isso." ela teria entendido.  

   — Não é ciúmes. — Ciúmes é o caramba. Só quero protegê-la dos olhares indecentes alheios. Tirando o meu pouco indecente, claro. 

   — É o quê então? 

   — Nada, Dinah.  

   — A Mila sempre chama a atenção com esse corpo dela, nem muito o corpo, mas esse bumbum dela faz sucesso, hein...  

   — Não preciso saber disso! 

   — Verdade... Você está entre os que são chamados a atenção, não é?  — "Os"? Tenho que ser única nisso, Hansen!

   — Jane, cala a boca. — Ela apenas riu. 

   — É até bom que vocês duas apenas se observem porque aí sobram mais caras que me observem. — Deu dois tapinhas em meu braço e correu para encontrar as outras já dentro da água. Hesitei um pouco, mas acabei entrando no mar e juntando-me às outras quatro. 

   O resto da manhã ficamos conversando entre risadas, mas não demoramos muito debaixo do sol porque a Brooke reclamou do ardor e não queria ficar sozinha esperando por nós. Nesse momento todas concordaram em fazer companhia para a tostada. Almoçamos quando já passava das 14hs. Elas foram comprar a comida em um restaurante que tinha pela orla, mas eu preferi comer os sanduíches que eu mesma preparei e levei, sendo hidratada por um bom suco de caixinha. Você sabe que são inúmeros os casos de pessoas que adoecem por comer alimentos na praia, mas tudo bem, eu sou esperta o bastante e sei me cuidar sozinha. Até tento dar algumas dicas para essas garotas que preferem não me ouvir. Quando a mãe da Allyson chegou para nos buscar o relógio marcava 17h:27 e eu quase a abracei por não demorar mais. Já fazia mais de uma hora que eu pedia, insistentemente, para irmos embora. A nojeira da praia já tinha chegado ao nível máximo e eu não aguentava mais ter que olhar Camila vestindo o tal biquíni verde. Pois é, depois que saímos da água até tentei fazer com que ela vestisse o short, porém ela apenas colocou uma toalha sobre os ombros e continuou de biquíni até irmos embora. Por conta disso, evitei qualquer contato físico com ela e sua pele mais que exposta. Diversas vezes, quando estávamos na água, ela tentou me abraçar ou tocar em mim, mas eu fugi de todas as tentativas. Com certeza as garotas notaram, menos ela.

   — Me carrega? — Perguntou. — Estou cansada de nadar. 

   — Hum... Não! Exercício na água faz bem. Finja estar na hidroginástica. — Sorri amarelo para ela e corri para o lado de Normani em busca de um refúgio.

   Chegamos à casa da Brooke e eu disparei para o banheiro do seu quarto sem dar chances para que alguma outra garota tomasse banho em meu lugar. Senti um alívio instantâneo quando a água fria refrescou o meu corpo quente. Me senti eu mesma de novo ao lavar meus cabelos e mandar para longe toda aquela pegajosidade causada pelo sal, protetor e suor. Argh! Tão cedo não ponho meus pés na praia.  

   Após todas estarem tomadas banho, jantamos com os pais da Allyson e voltamos para o quarto da mesma. O dia tinha sido extremamente cansativo. Arrumamos os colchões no chão e nos jogamos exaustas neles.  

   — Hoje foi bem legal. — Camila comentou enquanto passava um hidratante pós sol nas costas de Allyson. 

   — É, foi um bom dia na praia... Mani e eu tomamos sol, vimos bastantes rapazes e um deles ainda piscou para mim! — Dinah disse orgulhosa de si mesma. 

   — Ele piscou pra mim, Dinah! 

   — Foi pra mim. Não vem querer roubar. 

   — Tenho certeza que foi pra mim! — Normani deu de ombros.  

   — Piscou para as duas, que tal? — Camila disse e eu sorri de sua bobagem. 

   — Não, Mila... — Dinah suspirou. — Mas continuando: a Ally conseguiu tostar em menos de uma hora e as duas aí ainda tiveram um passeiozinho particular. Querem dia melhor? 

   Camila olhou para mim e piscou um olho, apenas neguei com a cabeça e ri.  Ela estava fazendo aquela jogada de flerte outra vez, era muito idiota. Mas Dinah estava certa, o dia foi um bom dia. Foi um sábado para ser guardado na memória para sempre... Claro, exceto por algumas poucas bobagens como: Camila de biquíni. Camila dando uma de sem vergonha.  

   Ficamos falando mais sobre alguns fatos engraçados que vimos na praia até dar 01h:03 e ninguém mais se aguentar acordada. Deitei em meu lugar de costume, na ponta. Allyson ficou no meio das quatro, colocando travesseiros ao seu redor para que ninguém a machucasse durante a noite. Camila estava se preparando para deitar ao meu lado quando Dinah chegou antes dela. 

   — Cheechee! — Droga, eu prefiro a Camila aqui do lado. 

   Dinah pegou seu protetor de olhos para dormir e o ajeitou na testa. 

   — Vocês são adolescentes. Adolescentes têm hormônios. Os hormônios causam vontades e por isso vocês não vão dormir juntas. 

   — Ew! Eu só queria deitar do lado da Lolo, nada demais. — Camila suspirou com pesar. 

   — Nós três temos que cuidar de vocês. — Jane disse se cobrindo.  

   — Você deita aqui, Camila assediadora. — Normani riu indicando a outra ponta dos colchões. 

   — Por favor, Mani. Fala pra Dinah... 

   — Deita logo! — A morena ordenou e Camila fez o que ela disse. 

   — Agora boa noite. Se vocês se moverem um centímetro que seja, eu vou saber, hein? — Hansen falou colocando o protetor sobre os olhos e embarcando em seu sono profundo. 

   — Boa noite e tentem não se mexer muito. — Brooke disse com a voz abafada, pois estava de bruços. 

   — Vocês vão se ver quando o sol raiar. Sem dramas, Mila. — Normani falou. — Boa noite. 

   — Lolo... — Camila chamou.

   — Fala. 

   — Te vejo quando o sol raiar. 

   — Também te vejo quando o sol raiar. — Ri. Ou em meus sonhos

   — Certo... Boa noite, tá? 

   — Boa... 

   — Até amanhã. 

   — Até... 

   — Dorme bem. 

   — Você também... 

   — Calem essas bocas agora mesmo! — Normani mandou. 

   — Ai, até breve, Lolo. 

   — Boa noite, Camila.  

   — Lolo, você soube que... 

  — O que é que custa pra vocês ficarem caladas?! Credo, vocês só vão dormir! — Allyson reclamou. 

  — Ok! — Camila sussurrou. — Lolo, falo com você amanhã. Beijos... 

  — Tchau, Camila. — Sorri encerrando nossa conversa antes que as garotas reclamassem mais uma vez. 

   Dormi rápido, dormi bem, dormi pensando em Camila. Dormi escutando o ronco de Dinah. Dormi com as pernas de Dinah em cima de mim. Dormi sem me incomodar. Dormi levando em conta o mar e notei que eu era uma embarcação desgraçadamente afundada já. Afundada num mar chamado Camila.  


Notas Finais


Entãooo, we know we know we know... essa música cola na mente, hein? Livrem-me kkk. Mas então, vamos comentar, né gente? Adoro mesmo responder o que vocês dizem, eu já falei que nunca sei o que responder, mas respondo mesmo assim e se não respondo é porque não vejo. Comentem, tá? Vamos refletir sobre as coisas. Dizer se a história tá boa, tá ruim, tá sem graça... E agora é sério, COMO ISSO CHEGOU EM 100 FAVORITOS???? Isso é muito, gente! Putz, nunca pensei, sério mesmo, que fosse passar dos 10 favoritos e agora tem 100. Eu apenas agradeço, de verdade verdadeira porque, sei lá, é meio inacreditável, masok. E é isso, nos vemos por aí. Saudações! :D/


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