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História Parece Mais Fácil Nos Filmes - Since That Clocks First Tick


Escrita por: SheUsedToBeEmo

Notas do Autor


OLÁAAAAAAAA, GENTE BACANA! CONSEGUI POSTAR ANTES DE COMPLETAR UM MÊS. INCRÍVEL, EU SEI!. AGORA VAMOS AO MOMENTO DOS AGRADECIMENTOS.
Muito obrigada por sempre estarem aqui com essa autora bem indigna que posta de vez em nunca, sei que vocês poderiam muito bem abandonar, então, obrigada, de vdd!

QUERO FALAR QUE esse capítulo de hoje foi planejado desde a época em que precisei decidir o lugar em que elas fariam o ensino superior... Então... Espero que gostem... Eu gostei hauhauahauha

Capítulo 48 - Since That Clocks First Tick


Sábado.  

   Não sei qual é o problema do universo, mas há algo muito errado que ele fez: colocar nós cinco para nascermos em datas próximas. Eu mal respiro e já iniciamos o ano com o aniversário de Camila, inspiro um pouco e aí temos o aniversário de Normani. Penso um pouco e sou atacada pelo aniversário de Dinah. Tenho algum tempo de paz e recebo um auto bombardeio.  

   Um ano pode ter passado, mas em minha mente os aniversários ainda são datas que não deveriam ser comemoradas.  

   Um ano a mais é um ano a menos.  

   Por isso, nesta manhã, decidi comemorar meu aniversário do meu próprio jeito.  

   — Aonde você está indo? — Escutei a voz de Dinah me chamar.  

   — Vou lá no terraço. — Avisei.  

   Eu havia acordado cedo, como de praxe. Mas ao invés de jogar-me no sofá e ficar vendo TV até Camila acordar ou ir para a Columbia, eu preferi fazer aquilo que há tempos não fazia. Meditar. Refletir. Pensar. E, se tiver sorte, poderei concluir algo.  

   — Vai fazer o quê lá a essa hora? — Dinah perguntou. 

   Ela não iria me desejar um feliz aniversário? 

   — Refletir, Jane. — Falei emburrada. Como ela ousa esquecer do meu aniversário?  

 — Legal. Vou voltar a dormir, acordei apenas para tomar um pouco de água. — Dinah disse seguindo para o corredor, despreocupadamente. 

   — Você sabe que dia é hoje? — Perguntei colocando a mão na maçaneta. 

   — Sábado? 

   — Esquece... — Bufei abrindo a porta.    

   — Ei! — Ela chamou, me fazendo parar e virar para vê-la. — Eu sei! — Dinah disse vindo até mim e me envolvendo em seus braços. — É o seu aniversário! Feliz aniversário, Zangada!  

   — Obrigada. — Falei afastando-a de mim, mas por dentro eu estava sorrindo. 

   — Agora, falando sério.  Vai fazer o quê no terraço a essa hora?  

   — Comemorar o meu aniversário.  

   — Será que nem mesmo com um ano tendo passado você continua estranha? — Perguntou fazendo uma careta. 

   — Jane, dias são dias. Os dias passam, mas nós continuamos. Mesmo quando morremos, nós ficamos no tempo, os dias não. Eles são eles sempre. — Terminei de falar e pude ver Dinah simular um cochilo.  

   — Ops! — Abriu os olhos rindo. — Acho que seu papo chato me fez dormir.  

   Revirei os olhos para ela e fui até a porta. Subi pelas escadas, mas eu nunca antes havia ido lá em cima, apenas comentei uma vez com o Caleb e ele disse que lá não tinha nada de especial. Que era apenas um terraço como qualquer outro Terraço e, até hoje, eu não tive interesse algum.   

   Empurrei a grande porta com alguma dificuldade, mas assim que senti a luz do sol de uma manhã recém nascida me tocar, sorri.  

   Eu estava ficando mais velha e, sinceramente, acho que lidar com a idade já começa a se tornar difícil quando você começa a ter consciência de sua velhice. 

   É triste. 

   É normal. 

   Somos nós. 

   Estendi a toalha, que havia trazido comigo, sobre o chão e sentei-me, cruzando minhas pernas em posição de lótus. Suspirei satisfeita com o ambiente e consertei minha coluna, deixando-a ereta. Pigarreei e fechei os olhos. 

   Tudo o que eu precisava era me concentrar em meu umbigo, nos meus poros capilares ou na parte interna de minhas narinas. Mas dessa vez eu não consegui. 

   Agora eu quero, muito, falar sobre desejos que nem você mesmo sabe que possui. Mas, antes que você deixe sua mente inclinar-se para os desejos carnais e ousados, já esclareço, ante mão, que quero falar sobre desejos verbais. Por exemplo, quando achei que Dinah havia esquecido do meu aniversário, senti-me mal porque, mesmo que eu não demonstre, eu me importo! 

   A verdade é que nós, humanos, sempre esperamos algo de alguém. É uma hipocrisia dizer que faz algo sem esperar outro algo em troca porque você espera sim! Nem que seja um agradecimento, mas você espera. Você pode não perceber, mas seu desejo existe! Ele apenas sabe muito bem como esconder-se. 

   Perdi a noção do tempo em que fiquei refletindo sem conseguir, de fato, limpar a minha mente.

   — Namorada? — Escutei minha voz preferida me chamar e cortar meu pensamento. 

   — Oi! — Respondi abrindo os olhos e virando a cabeça apenas para vê-la caminhar lentamente até mim. Deu a volta, colocou-se em minha frente e em um movimento rápido sentou-se em meu colo.  

   — Feliz aniversário! — Sorriu largamente passando os braços por meu pescoço.  

   — Obrigada... — Sorri de volta.   

   — Estava meditando? — Perguntou olhando aleatoriamente para meu rosto e passando o dedo por ele.  

   — Tentando. — Fechei os olhos e sorri, sentindo o carinho.  

   — Eu acordei achando que você tinha esquecido do próprio aniversário assim como pensei que havia esquecido do meu... — Escutei-a dizer enquanto seus dedos paravam em minhas bochechas. — Acordei pra te dar um beijo e você não estava lá.  

   — Não me importo em recebê-lo agora. — Falei fazendo meus lábios dobrarem-se em um bico.  

   Não demorou mais do que um segundo para que eu sentisse os lábios dela grudados aos meus.  

   — Feliz maioridade! — Sussurrou separando nossas bocas para então voltar a juntá-las e exigir um contato mais profundo.  

   Segurei-a pela cintura e esqueci de todas as minhas teorias sobre aniversários e idades. Se em todo aniversário meu eu recebesse um beijo dela, com certeza deixaria minhas teorias de lado e aceitaria o passar do tempo.  

   — Mmmm espera. — Ela disse partindo nosso beijo.    

   — O que foi? — Perguntei abrindo os olhos e dando de cara com o semblante feliz de Camila. — Você me beijou sem escovar os dentes? 

   Ela revirou os olhos. 

   — Entenda que meus germes agora são seus germes e acabou. — Falou me fazendo rir. 

   No mesmo instante imaginei uma migração germinal! Imagine comigo, os germes devem fazer uma festa quando um beijo acontece. Devem começar a gritar e a se perderem entre si. 

   Deve haver muitos germes que foram obrigados a sair de suas casas — bocas — para irem até outras... Sem contar aqueles que nunca mais voltarão porque suas casas bucais beijaram outras casas bucais por um momento apenas. 

   O lado bom de eu beijar somente a minha namorada é que nossos germes agora são amigos, familiares... Algo do tipo. 

   Acabei rindo do meu próprio pensamento. 

   — Adoraria saber o motivo do seu riso, mas tenho a certeza de que foi algum pensamento estranho. — Camila disse com os lábios crispados. 

   — Foi sobre germes... Qualquer dia eu te conto. 

   Camila sorriu e negou com a cabeça. 

   — Você precisa ir se arrumar. — Avisou.  

   — Por quê? Hoje é sábado, lembra? — Perguntei afundando meu rosto no pescoço dela.  

   — Mas eu tenho uma surpresa pra você. — Falou afagando minhas costas.  

   — Oh, não! Eu não quero uma festa! — Reclamei inspirando o cheiro dela.  

   Sabe quando alguém acaba de acordar e tem a roupa cheirando a sono ainda? Então, o sono não tem cheiro, mas roupas de dormir têm um cheiro próprio, você deve saber do que estou falando. Camila estava com esse cheiro. Um cheiro bom. 

   — Eu sei. Por isso não vamos a uma festa. É algo muito melhor... — Ela disse apertando-me em um abraço. 

   — Vamos estar sóbrias? — Rocei meu nariz pelo pescoço dela.  

   — Eu garanto que não há álcool envolvido no meu plano.   

   — Então eu aceito ir. — Sorri depositando um casto beijo no maxilar da minha namorada. 

   — Vamos, então... — Camila disse, mas parecia que não queria se mover. 

   — Vamos? 

   — Podemos nos atrasar um pouco, sem problemas. 

   Assenti para ela e ergui meu rosto. Ficamos nos encarando por algum tempo e só então dei-me conta de que em minha vida havia duas estrelas com brilhos naturais e, juntas, não se ofuscavam. 

   Atrás de Camila estava o sol, como pano de fundo natural, e à frente dele estava o meu sol tocável: Camila. 

  Suspirei, não aguentando mais os sentimentos que afloravam em mim sempre que Camila estava por perto, ou longe, mas em pensamento...  

   Até poetisa eu me tornava! Que absurdo! Como uma garota tem a audácia de aparecer em minha vida para bagunçá-la dessa forma?! 

   E os meus princípios? Onde ficavam com tudo isso?! 

   Escondidos, claro. 

   — Por que você está me olhando assim? — Camila perguntou e eu sorri. 

   Sem responder nada, aproximei meu rosto do dela e selei os nossos lábios. Pude escutá-la soltar um breve riso e, logo em seguida, corresponder ao meu beijo. Lentamente pedi passagem com a minha língua entre o lábios dela. Suspirei por satisfação e espalmei minhas mãos pelas costas dela. Não demorou muito e seus dedos já estavam entrelaçados em meu cabelo. 

   Eu, definitivamente, acho o beijo de Camila o melhor beijo de todos os beijos que já provei ou poderia/poderei provar. 

   Aos poucos, parecendo relutante, Camila começou a encerrar o beijo. 

   — Precisamos... ir... agora... — Falou bicando seus lábios nos meus. 

   — Então mova-se para longe de mim antes que eu a impeça de sair daqui, de uma vez por todas. — Resmunguei. 

   — Bem tentadora essa sua ameaça, mas ela acabaria com todo o meu planejamento para o seu dia.  

   Revirei os olhos e esperei um pouco, até ela se desprender de mim e levantar. Fiz o mesmo e logo peguei a toalha do chão. 

   — Primeiro a dama aniversariante, por favor. — Camila fez graça. 

   — Quem está com pressa é você, então passe agora mesmo em minha frente. — Bufei chateada com o fato de não poder ficar mais algum tempo beijando a minha namorada em meu aniversário. 

   — Você é dona de uma delicadeza sem tamanho. Como consegue? — Ironizou.

   — Acho que nasci com esse dom. — Dei de ombros, caminhando até ela. — Anda logo. — Falei apoiando minha mão direita na base das costas dela e impulsionando-a para a porta da saída. 

   Descemos calmamente pelas escadas e, sem demorar muito, chegamos até o apartamento. 

   — FELIZ ANIVERSÁRIO, AMIGA/ZANGADA/LAUR!!!  

   As duas primeiras palavras saíram iguais, mas quando chegou no vocativo, tudo se embaralhou. Mas o que importa é que as três não demoraram em saltar para cima de mim, envolvendo-me em seus braços. 

   — Obrigada. — Agradeci ao mesmo tempo em que reprimia um riso. 

   — Nossa quarta maior de idade. — Normani disse sorrindo e segurando meu rosto entre as mãos. — Amiga, eu te amo. 

   Sorri e dei de ombros. 

   Ela sabia que aquilo não era fácil, por isso apenas revirou os olhos e me abraçou. Aceitei o abraço, mas logo a empurrei para longe. 

   Meu lema de "diga não ao sentimentalismo" ainda estava de pé. 

   — Laur, que você seja abençoada em sua nova etapa da vida! — Allyson disse abraçando-me sem um aviso prévio. 

   — Brooke! — Repreendi-a, mas foi de brincadeira, claro.

   — Ei. Já conversamos sobre os abraços. Já faz um ano! 

   — Que seja. — Resmunguei. 

   — Zangada... — Dinah disse e logo me sufocou em seus braços enquanto eu me debatia, sem êxito, neles. — Parabéns. Que a vida e a idade te tragam boas maneiras para lidar com a sociedade. 

   — Obrigada. — Revirei os olhos e, finalmente, consegui me ver livre daqueles braços. 

   — Olha só quem veio dar parabéns para a mamãe! — Camila anunciou e eu logo vi o filhote de cachorro balançando o rabinho enquanto era carregado por ela.

   — Obrigada, Sparky. — Agradeci, afagando a cabeça do cachorro que logo tentou lamber minha mão.

   — Ótimo! Agora todas vão se arrumar porque não podemos nos atrasar! — Camila avisou enquanto me entregava o Sparky.

   As garotas rapidamente correram para os quartos e eu sabia que nem adiantava eu tentar ir atrás porque o banheiro já estaria ocupado. Por isso apenas sentei-me no sofá, fiquei vendo TV com o filhote agoniado que brincava com a minha mão e esperei até o momento em que Camila gritou "Lauren, pode vir! Você ficou por último!" 

   Tomei meu banho, mas acabei vestindo o pijama porque eu havia me esquecido de perguntar a Camila para onde iriamos. Por isso, assim que terminei de estender a toalha na área de serviço, fui até Camila. Bati duas vezes na porta do quarto dela e só entrei quando escutei a permissão. 

   Eu precisava ser mais cautelosa para o ocorrido ousado de dias antes não se repetisse. 

   — Camila. — Chamei-a colocando apenas a cabeça para dentro do quarto, quando me certifiquei de que ela estava vestida, entrei. — O que devo vestir? 

   — Qualquer roupa que você vestir, servirá. — Ela disse sem me olhar porque estava mais ocupada procurando algo entre os lençóis bagunçados da cama. 

   — Qualquer uma mesmo? 

   — Aham. Não vamos a nenhum lugar grã fino, então suas roupas do dia a dia servirão. — Sorriu para si mesma, erguendo uma meia. 

   — Ok. — Assenti para ela, recuei o meu corpo, fechei a porta e segui para o meu quarto.  

   Chegando ao meu quarto, fui diretamente até o meu guarda-roupas. Acabei não tendo dúvida alguma sobre o que vestir. Peguei uma blusa cinza de manga e uma calça preta. Estava ótimo. O aniversário é meu e eu visto o que eu bem quiser. 

   Após todas nós ficarmos prontas, conferi todas as janelas do apartamento, deixei o Sparky deitado em sua caminha na sala e então descemos. Quando chegamos ao saguão, Caleb acabou me surpreendendo com um abraço. 

   — Parabéns, Lauren! 

   — Obrigada, Shomo. — Sorri para aquela demonstração de afeto. 

   É. Talvez eu estivesse um pouco comovida nesse dia, mas só talvez. 

   — Vão para a comemoração? — Ele perguntou me soltando e dando dois tapinhas em minhas costas. 

   — Você está sabendo sobre isso? — Olhei para ele, que assentiu. — Aonde elas estão me levando? 

   — Não tenho a permissão de dizer, então, apenas vá. 

   — Eu já ia esquecendo de um detalhe. — Camila exclamou e em menos de dois segundos minha visão escureceu. 

   Senti algo rodear minha cabeça e uma pressão ser realizada por cima do meu osso parietal.  

   — CAMILA! — Gritei colocando as mãos sobre meus olhos, mas sentindo apenas um pano. 

   — Você tem que estar vendada para a surpresa ser realmente uma surpresa. — Ela disse.

   — E como vou andar?!

   — A gente te guia!  — Dinah disse.

   — Você não, Jane! 

   Sim. Eu já estava prevendo a Dinah me colocando para esbarrar em todos os lugares, propositalmente. 

   A garota gargalhou. 

   — Eu te guio, prometo tomar cuidado. — Camila disse e logo senti os dedos dela entrelaçarem-se aos meus.

   — Bom passeio, meninas! — Escutei a voz do Shomo.

   Eu até desfaria esse gesto, mas eu estava vendada e sabia que se eu ousasse separar nossas mãos, Camila entenderia mal e brigaria comigo. 

   O caminho até o tal lugar não foi fácil. Confesso que andar sem saber por onde eu pisava foi uma experiência completamente agoniante. Eu escutava vozes, risos, passos, buzinas, freios, alarmes, choros de crianças, latidos de cachorros... Todo tipo de som que se pode encontrar em uma cidade grande. 

   É claro que imaginei o que as pessoas pensariam ao ver uma garota vendada andando pelas ruas, mas preferi ocupar a mente com outras coisas porque senão eu surtaria, arrancaria a venda e estragaria a tal surpresa, além de decepcionar minhas amigas e minha namorada, que não deixa de ser uma amiga. 

   Não pude calcular o tempo aproximado do percurso, mas não demorou. E o detalhe é que não pegamos o metrô, ou seja, era algum lugar próximo! 

   — Vamos, meninas. É por aqui! — Escutei Allyson dizer. 

   De repente um cheiro de planta invadiu o meu sentido atento. Sabe aquele cheiro que é uma mistura de terra, flores e plantas em geral, que você sente quando está em um lugar natural? Então, foi isso o que eu senti. 

   — Namorada, você me trouxe para uma floresta? — Perguntei, receosa;

   — Shhh! Estamos tentando nos localizar. — Ela apertou nossas mãos.

   — Se eu for atacada por um urso enquanto estiver vendada, espero que vocês sejam vítimas também. — Avisei.

   — Amiga, estamos tentando achar o lugar. Fica quieta. — Normani disse.

   — Ali! Vamos! — Allyson disse e então senti um puxão em minha mão. 

   Caminhamos mais um pouco e nenhuma delas falava nada. Foi um silêncio total até Camila me obrigar a parar. Logo depois ela me fez rodar um pouco, como se me posicionasse, e pigarreou. 

   — Pode abrir. — Camila disse retirando a venda de meus olhos.  

   Primeiramente crispei meus olhos, esperando os mesmos se adaptarem à luz, assim que minha visão ficou nítida, abri minhas pálpebras normalmente e focalizei o que estava à minha frente. Uma parede de tijolos cor de ferrugem com quatro arcos ovais, que serviam de entrada e saída para o local. 

   E ali estava ele, o relógio com um sino em cima sendo "batido" por duas estátuas de macaco. Abaixo disso ficavam as estátuas do hipopótamo, do elefante e mais alguns animais. 

   — O zoológico?! — Perguntei em meio a um breve riso. 

   — Namorada, não é só um zoológico. É Madagascar! — Escutei a voz de Camila e senti a mão da mesma tocar meu ombro. 

   Abri a boca sem acreditar naquilo e ri. Ri pelo nervosismo e pela surpresa.  

   — Eu não acredito, Camila! — Falei ainda admirando a fachada do lugar. 

   — Pode falar. Sua namorada é a melhor. — Ela bateu um ombro no meu. 

   — Eu sempre soube disso... — Murmurei. 

   EU ESTAVA NO ZOOLÓGICO DO CENTRAL PARK! O MESMO ZOOLÓGICO DO FILME MADAGASCAR!  

   Não. Você não precisa me dizer nada. Eu sei que ir ao zoológico e ficar feliz por isso é um ato quase que infantil. Mas você mesmo é testemunha do quão relevante aquele desenho animado é em minha relação com Camila. Ele diz tudo e diz nada ao mesmo tempo. Mas caso você pare pra analisar um pouco, temos como achar uma semelhança da história deles com a minha e a das garotas.   

   Veja bem, eu juro que faz sentido! Mas você tem que transcender comigo.  

   Como já é de sua ciência, Madagascar conta a história de um bando de animais desastrados que tentam fazer alguma coisa dar certo. Tem um bando de pinguins que pensam ser os incríveis espiões. Tem uma girafa hipocondríaca, uma hipopótamo apaixonada pela girafa, um leão que se acha um superstar e uma zebra que sonha em ser livre. Não podemos esquecer também do grupo de lêmures que pensam viver em um reinado!   

   Agora me diga, tudo isso que citei não lembra em nada Allyson, Camila, Dinah, Normani e eu? Ainda não? Então, calma. Vou simplificar.  

   Madagascar mostra como as diferenças pouco importam quando um depende do outro.     

   Minha vida mais as das outras quatro é o exemplo real de como as diferenças pouco importam quando se está em um grupo para sobreviver.  

   Não. Não estou dizendo que dependo delas para sobreviver, até porque isso seria uma grande ingratidão com meus órgãos vitais e todo o meu metabolismo que me mantém em pé todos os dias. Porém, estou falando que, quer eu queira ou não, nós cinco nos mantemos a salvo, e posso até incluir Veronica nisso.   

   — Foto da maioridade da Zangada! — Dinah gritou posicionando o celular a sua frente e as outras três logo me puxaram para sair na foto. — Lindas!  

   Eu ainda estava sem acreditar, por isso nem consegui proferir palavra alguma.  

   — Pronto. Lá dentro tiraremos muito mais fotos. Já estou avisando. 

   — Verdade, amiga. Poupa essa bateria. 

   — Esperem aqui mesmo! — Allyson avisou andando para a direção contrária a nós.     

   Ficamos apenas observando a menor de todas ir até um lugar, onde era vendido lembranças do zoológico. Pude vê-la apontar para alguma coisa atrás o balcão, então o atendente assentiu e virou-se para pegar algo.  

   — Será que poderíamos rodar pelo lugar em um igual aquele ali? — Dinah perguntou apontando para algo atrás de mim. Virei-me um pouco para ver o que ela estava mostrando e assenti animada.  

   — Eu aceito! — Concordei vendo uma espécie de transporte parecido com um ônibus, mas todo aberto.

   — Não! Nós viemos para andarmos a pé! Namorada, você está deixando de ser sedentária. Esqueceu? — Camila perguntou.  

   — Como eu poderia esquecer com você lembrando a cada segundo? — Revirei os olhos, voltando à posição inicial.  

   — Essa é a intenção. E estou pouco me importando se você reclamar. — Camila rebateu e eu dei de ombros, fingindo que ela não estava ali. — Lauren, não me ignore.  

   — Amigas, não venham brigar justamente em meu passeio!  

   Camila ia dizer alguma coisa, mas Allyson chegou, interrompendo.     

   — Vamos aproveitar o zoológico da maneira certa. Como você é a aniversariante, vai usar isso! — A menor de todas falou, rápido demais, colocando um boné com chifres de alce em minha cabeça.  

   — Nem pense nisso! — Falei colocando a mão na aba do boné para arrancá-lo.   

   — Nem pense nisso, você. — Camila disse rindo, dando um tapa em minha mão. — Tá linda, namorada!  

   — Se abracem! Vou tirar uma foto desse momento lindo. — Jane avisou.  

   Cruzei os braços, me negando a participar daquela bobagem, mas Camila me ignorou e me abraçou enquanto Dinah mirava a câmera do celular para nós. Pude ver Allyson bater as mãos e suspirar.  

   — Meninas, nunca pensei que eu fosse admirar um namoro entre garotas, mas eu preciso dizer que admiro muito o de vocês. — Falou assim que Camila me soltou e correu para ver como havia ficado a foto.  

   — Brooke, não há o que se admirar.  — Expliquei. 

   — Amiga, cala a boca e tenta não ser chata ao menos no seu aniversário.  

   — Como posso não ser chata? Eu sou a única obrigada a usar esse boné ridículo! 

   — É seu aniversário. Cala a boca. Eu contribuí com três dólares para o seu ingresso. — Dinah disse.

   — E isso significa que tenho que usar essa coisa? — Apontei para a minha cabeça. 

   — Não. Mas é divertido. — A maior de todas riu. 

   Desisti de relutar e acabei aceitando aquele boné horrendo. Olhei para os lados e encontrei o que eu tanto queria.  

   Mapas! 

   Fui até o funcionário que distribuía os mapas e pedi um, agradeci e voltei para onde as outras estavam.  — Ok. Poderíamos ver o urso agora? Porque eu quero ver o urso. — Falei, dando de ombros me achando no direito, já que o aniversário era meu.   

   — Mas eu quero ver as aves antes! — Normani pediu. Kordei, o aniversário é meu!  

   — Gente, o leão é a atração principal. Vamos vê-lo! — Dinah levantou o braço em sinal para que seguíssemos, mas ninguém a seguiu. Você não entendeu que eu é que escolho?  

   — Eu quero ver o ti-   

   — Chega! — Allyson gritou antes que Camila concluísse a frase. — Vamos ver tudo pela ordem. Comecem a andar agora mesmo.   

   — Mas eu é que estou com o mapa. E deveríamos começar por aqui. — Gabei-me, apontando para a direita.   

   Em um movimento rápido, Allyson tomou o meu mapa.  

   — Não está mais. Agora andem para lá! — Apontou para o lugar que eu havia dito.  

   — Brooke, você está me furtando em meu aniversário? — Perguntei, cruzando os braços.  

   — Lauren, apenas faça o que eu estou falando. — Ela ordenou.  

   Bufei e segurei no braço de Camila.  

   — Fique ao meu lado. — Cochichei ao ouvido dela. — Isso aqui é um lugar perigoso.  

   Ela riu e se soltou de meu poder para apenas rodear seu braço em meu pescoço.  

   — Você não precisa arranjar desculpas para me ter por perto.  

   — Shhh. — Foi o que eu disse.  

   As outras três seguiram em nossa frente. Ainda não havíamos chegado ao primeiro animal, mas o caminho era realmente interessante. Plantas e mais plantas em nossas laterais. O lugar estava consideravelmente cheio, principalmente por crianças que gritavam e falavam sem parar. 

   — Lauren! Camila! Venham ver! — Allyson nos chamou. 

   No mesmo instante apertamos  nossos passos e alcançamos as três. À minha direita tinha uma espécie de lago, logo depois da cerca de madeira. E sabe o que Allyson nos chamou para ver? 

   — Patos, Brooke? — Indaguei vendo dois patinhos brancos. 

   — Não podemos desmerecer os patos. — Não é questão de desmerecer, Brooke.

   — Foto! — Dinah gritou e então tivemos que nos posicionar para uma foto. 

   Por todo o passeio foi assim, Dinah anunciava que iria tirar uma foto, todas nós tínhamos que nos posicionar e aí ela ficava satisfeita. Isso aconteceu quando vimos um pavão, um tucano, algumas outras aves desconhecidas por mim e até quando um pássaro grande e cinza estava bebendo água em seu bebedouro. 

   Aproximadamente 40 minutos depois, nós finalmente começamos a ver os animais que não costumamos ver em nosso dia-a-dia. 

   Me entenda, não quero desmerecer as aves, mas é muito mais fácil vê-las do que os outros animais. 

   Sendo assim, fiquei muito animada quando avistei um grande reservatório com água dentro, algumas pedras no meio e, o principal, duas focas! 

   — Amiga, lembra do nosso passeio escolar? — Normani perguntou, ficando ao meu lado. 

   — Lembro, sim. — Concordei enquanto tinha a minha mente invadida pelas lembranças daquela terça-feira de julho, na qual fomos para um zoológico de Miami com o colégio. 

   Sorri e deixei que as novas memórias começasse a se formar em minha vida, por isso focalizei na foca que agora estava mergulhando na água ao mesmo tempo em que a outra fazia algumas poses sobre a pedra. 

   — Foto! — Jane anunciou. 

   Depois das focas, vimos o urso, os macacos, o leopardo, o avestruz, o tigre e, finalmente, chegamos à parte que mais tinha a minha curiosidade. Você deve estar imaginando o que eu estou falando... Sim... Os animais principais dos filmes Madagascar! 

   O primeiro que vimos foram os lêmures... Ah... Como olhar para eles e esquecer do Rei Julien e seus súditos? Ou então a incrível e magnífica canção que ele criou? Imagina só se esses lêmures reais começam a dançar!

   O segundo foi o leão e, confesso que fiquei extasiada ao vê-lo, Camila também pareceu fica no mesmo estado que eu. 

   — Cheechee! Tira uma foto minha e da Lauren com o Alex! — Minha namorada disse já me abraçando de lado. 

   — Você sabe que o nome dele pode não ser Alex, né? — Perguntei.

   — Vamos chamá-lo de Alex, assim como vamos chamar todos e quaisquer semelhantes com o filme pelos nomes do filme. 

   — Que seja. — Dei de ombros, mas não sorri para a foto. 

   E só para constar o leão era muito mal humorado, diferente do Alex

   Após isso, seguimos nosso passeio em direção ao hipopótamo, no caso a Gloria. Depois dela, demos de cara com o Melman, de acordo com Camila. Porém, mais conhecida como girafa. 

   — Agora estou com uma dúvida. E se essa girafa for uma garota? — Minha namorada perguntou.

   — Girafa soa como se todas as girafas fossem garotas, não é? — Perguntei tentando descobrir o gênero do animal. 

   — Não importa. Vai ser Melman, de qualquer forma. 

   Sorri para ela e então puxei-a para minha proteção, enlaçada por meu braço esquerdo, antes de seguirmos para o próximo animal. As outras três já estavam a passos e mais passos de distância, mas não me importei em segui-las calmamente. Eu queria aproveitar Camila, ali comigo. 

   Suspirei assim que cheguei perto das outras garotas e sorri, me sentindo imensamente feliz por meu aniversário ter sido planejado pelas cinco. 

   — Lauren! Você precisa de uma foto individual aqui!  — Não, Camila...

   Só então dei-me conta de que já estávamos vendo a zebra, ou o Marty, como minha namorada prefere chamar. 

   — Camila, não quero uma foto onde apareço sozinha. 

   — Mas eu quero guardar comigo. 

   ISSO SIGNIFICA QUE VOCÊ QUER TER BOAS LEMBRANÇAS SOBRE MIM, NO FUTURO?! 

   Dei de ombros e fingi não me afetar com o que ela disse. Assim tive a minha foto com uma zebra ao fundo e com o meu horrendo boné de alce. 

   Vimos mais alguns animais e então seguimos para um lugar onde havia uma enorme parede de vidros. Já tinha muita gente ali observando, mas com alguns empurrões de Dinah, conseguimos um lugar na frente para ver o que estava por trás daqueles vidros.  

   Os pinguins! 

   Foi impossível ver aqueles pinguins e, instantaneamente, não lembrar dos pinguins de Madagascar.  

   Diga-me, como eu poderia esquecer dos tempos em que ficar mirabolando planos — como os pinguins fazem sempre — para me afastar de Camila era o meu maior passatempo? Não tem como. 

   E posso até dizer que a foto que Jane tirou de nós cinco com os pinguins ao fundo, foi a única foto para a qual sorri espontaneamente.  

   Já era 14h:37 quando chegamos a um lugar onde poderíamos descansar um pouco antes de continuar o nosso passeio. Sentamo-nos em uma grande mesa de madeira que tinha perto de alguns troncos ocos de árvore, onde algumas crianças — tolas — achavam que estavam num playground. 

   Lanchamos alguns sanduíches que Normani havia levado para todas nós — já sabendo que, se eu soubesse nosso destino, faria exatamente aquilo, — e, sem demorarmos muito, fomos para a última parte de nosso passeio.  

   Seguimos para o outro lado do zoológico, onde ficava os animais de fazenda. Tudo bem que é estranho ver animais como bois, ovelhas e porcos, mas já estávamos lá, então tínhamos que ver tudo! 

   — Mas posso falar uma coisa? — Perguntei retirando o boné de alce quando nosso passeio acabou. 

   Já estávamos do lado de fora do zoológico. 

   — O que quiser! O dia é seu!  — Camila sorriu. 

   — Olha, eu realmente adorei o dia. Adorei o lugar e os animais, mas eu espero que um dia eles tenham a vontade do Marty de ser livre e as ideias dos pinguins para conseguirem fugir daqui...  — Falei conferindo o horário no relógio. 16h:23. 

   — Realmente... Vendo por esse lado, é triste ser aprisionado assim. — Allyson concordou comigo.   

   — Ainda mais para a distração humana! — Falei imaginando um motim formado pelos animais do zoológico.   

   Seria legal, não é? Digo, se os animais mostrassem que são muito mais do que meros subordinados da vontade humana. No fundo, eu tenho a impressão de que nós, os humanos, não passamos de fantoches nesse mundo que mais parece um teatro e que seres extra terrestre nos fazem de distração. Também penso que os animais riem de como nós somos animais racionais que agem como emocionais e, quando pensam ser o máximo, não são maiores do que um grão de arroz.  

   — Zangada, nós não temos jeito a dar. — Dinah cortou minha linha de pensamento.  

   — Esse mundo capitalista é muito maior do que qualquer vontade revolucionária, amiga. — Normani disse e nós quatro olhamos para ela, assustadas por suas palavras. — O que foi? Eu vejo o noticiário, às vezes!  

   Assentimos e continuamos a andar.  

   — Gente, eu fiz errado em marcar o dia no zoológico? Era pra ser legal, não uma aula de História nem de Sociologia... — Camila disse cruzando um braço no meu.  

   — Não! Eu gostei e muito! Só estou comentando... Você sabe... Eu penso demais. — Dei de ombros, estiquei o braço e o passei pela cintura dela. Ela logo aninhou-se em meu corpo, aproveitei a proximidade e encostei minha boca na orelha dela. — Eu não poderia ter tido presente melhor. — Sussurrei, deixando um beijo na bochecha dela antes de volta à posição anterior.   

   Ela sorriu e passou um braço por meu pescoço, ainda de lado.   

   — Eu sou a melhor namorada que você poderia ter arranjado. Eu sei. — Gabou-se e eu ri.   

   — Olha, eu bem que poderia concordar com você, mas não estou a fim de encher o seu ego, então vamos apenas dizer que você é uma namorada legal.   

   — Sou muito mais do que uma namorada legal, mas tudo bem. Eu sei que você tem muita dificuldade pra assumir isso.   

   — Eu não vou falar nada além disso.   

   Nosso caminho para casa foi tranquilo apenas aproveitamos o que o Central Park tinha de natural para nos oferecer.  

   E posso arriscar dizer que essa foi uma das poucas vezes em que me senti uma participante do elenco da vida, ao invés de somente ser uma telespectadora.  

   Sábado. 510 dias desde que Camila falou comigo pela primeira vez. Dia em que tenho um segundo aniversário sendo comemorado ao lado de pessoas que antes não faziam parte das comemorações. Também é meu primeiro aniversário que passo longe da minha família, é claro que algum lugar dentro de mim sente falta da minha mãe querendo que eu fizesse uma comemoração. 

   Quando chegamos ao apartamento o Sparky veio correndo e pulando nas pernas de todas nós, mas Camila adiantou-se e pegou o animal no colo. 

   — Como está o bebê da mamãe? Com fome? Vamos resolver isso! — Falou fazendo uma voz infantil e indo para a cozinha.  

   Deixei que ela fosse alimentar o pequeno faminto e segui para o meu quarto, joguei o boné ridículo em cima da cama, retirei meus sapatos e tão logo senti meu celular vibrar no bolso. Peguei-o e acabei sorrindo quando vi o nome Mãe na tela. 

   — Oi, mãe. 

   — Lauren! Finalmente consegui falar com você! Onde você estava? Por que não atendeu? Com quem estava?  

   — Calma, mãe... Eu só não havia visto suas ligações. As garotas planejaram uma surpresa... 

   — Então quer dizer que você estava comemorando seu aniversário? — Perguntou, parecendo surpresa. 

   — Na verdade elas me obrigaram. Me levaram ao zoológico...  

   — Michael! A nossa filha está crescendo! Veja, ela comemorou o aniversário! 

   Revirei os olhos e o que se seguiu foi minha mãe colocando a ligação no viva-voz e chamando meu pai e meus irmãos para participarem. Acabamos ficando um longo tempo conversando... Na verdade, minha mãe perguntava e eu respondia tudo. 

   — Oi, irmão! — Escutei Chris dizer sozinho, depois de um tempo. 

   — Não sou seu irmão, Chris... 

   — Já conversamos sobre isso. Mas me conte sobre sua vida com a sua garota... 

   Mordi meu lábio inferior e pensei um pouco antes de contar. 

   — Estamos namorando. 

   — MENTIRA! 

  — É verdade... Faz uns três meses. 

   É claro que eu usei o "uns" para não deixar claro que eu sabia exatamente o tanto de dias em que Camila estava em minha vida ou quanto tempo tínhamos de namoro.   

   — Cara, então quer dizer que na próxima vez em que vocês todas vierem visitar as famílias, teremos uma surpresa? 

   — Chris, não! Você simplesmente não pode contar isso a ninguém! Muito menos aos nossos pais. 

   — Pode deixar. Não quero assustar a mamãe... Você sabe... 

   — De quê? 

   — Ah, irmão... Ela pensa que você já está com algum garoto...  

   — Ela ainda continua com essa ideia de que eu preciso de um namorado? 

   — Sempre que o assunto surge, ela comenta... 

   — Apenas mantenha meu segredo com você, certo?    

   — Por mim, tudo bem. Mas me conta, quem fez o pedido? 

   Bufei e ri nervosamente. 

   — Foi o meu irmão, não foi? — Ele gargalhou alto. 

   — Tchau!  

   Falei e encerrei a chamada. 

  Joguei o telefone sobre a cama, peguei meu pijama no guarda-roupas, uma toalha limpa e segui para o banheiro. Tomei o meu banho, depois fui para a cozinha, eu precisava comer alguma coisa. Fiz um rápido lanche, enchi uma xícara com meu suco e sentei-me em minha poltrona. No sofá ao lado estava Dinah dormindo no colo de Normani enquanto Allyson cochilava no chão com o Sparky em cima da barriga dela. 

   — Onde está Camila? — Perguntei mordendo meu sanduíche.

   — Foi tomar o banho dela. — A morena respondeu. 

   — Ah... 

  — Você gostou do seu dia, amiga? 

   — Foi bom. 

   — LAUREN! — Camila gritou de algum cômodo que eu não soube identificar. 

   — QUE É? 

   — VEM AQUI NO SEU QUARTO! 

   — TEM QUE SER AGORA? 

   — TEM! 

   Revirei os olhos e bufei, levantando-me e deixando o prato e a xícara sobre a mesa.  

   — Normani, jamais namore alguém que mora na mesma casa que você. — Avisei à minha amiga. 

   — Tem o lado bom, você só não sabe aproveitar. — Pude escutá-la dizer quando eu já seguia pra o meu quarto. 

   A porta estava aberta e a luz acesa, entrei procurando por Camila, mas tudo o que aconteceu foi a porta sendo fechada e trancada. Virei-me rapidamente e lá estava minha namorada, escorada na porta. 

   — Aconteceu alguma coisa? — Perguntei olhando para ela que me encarava de forma estranha. 

   — Na verdade, vai acontecer. 

   — Hum... O quê? — Cocei a nuca. 

  — Agora chegou o momento em que você terá o seu segundo presente!   

   — Outro?! Achei o ingresso e o dia já haviam sido dois presentes!   

   — Então considere esse como o terceiro... — Riu, mas não foi um riso divertido, foi um riso... sexy!   

   — Ok. Cadê? É de desembrulhar? — Perguntei animada. 

   —Tecnicamente, sim...   

   Camila deu um passou para o lado e bateu a mão no interruptor, fazendo a luz ser apagada, ficando apenas o abajur iluminando o ambiente.   

   — Namorada, não estamos fazendo racionamento de energia. Pode deixar a lâmpada acesa... — Ri balançando uma mão no ar.   

   — Não estou racionando energia... É só que você vai ter que desembrulhar o seu presente no escuro.   

   — Hummmm... Um tipo de surpresa? Igual quando você venda uma pessoa e a faz colocar a mão em uma caixa com ratos ou insetos?   

   Ela começou a caminhar em direção a minha cama. 

   — Não vai ser exatamente um rato... Nem um inseto... Mas você vai colocar suas mãos em alguma coisa, sim. — Você está muito estranha. Pare com isso, antes que eu me assuste. 

   — Estou realmente curiosa... Será que você poderia me mostrar logo?    

   — Calma... — Ela disse aproximando-se de mim e parando, ainda em pé, de frente para a cama.   

   — Ok. Cadê o embrulho?  

   — Vem aqui antes. — Ela pediu mordendo o lábio inferior e me chamando com o dedo indicador.   

   Dei de ombros e fui até lá, ficando de frente para ela.   

   — Estou esperando o meu presente. — Sorri sem mostrar os dentes.   

   — Antes você vai ter que me beijar. — Você não deveria impor condições fáceis assim... 

   Ri e logo segurei-a pela cintura.   

   — Ok. Mas eu vou querer meu presente logo depois. — Falei inclinando meu rosto até nossos lábios se tocarem.  

   — Seu presente virá antes mesmo do que você pensa.  — Disse com a voz abafada por meus lábios e logo capturou o meu inferior com os dentes.  

   Camila estava jogando comigo e aquilo, de certa forma, estava me agradando. Por isso, quando ela tentou me beijar, desviei os meus lábios para  bochecha dela, onde deixei um beijo antes de trilhar fracas mordidas pela pele dela até chegar em seu pescoço, meu ponto fraco nela. 

   Dei uma mordida mais forte no local para logo em seguida beijar com vontade. 

   — Estou achando que... você está fazendo isso somente pra... conseguir o seu presente logo. — Camila disse com a voz entrecortada, me fazendo rir. 

   — Cala a boca. — Falei e ao mesmo tempo senti minha cabeça ser erguida pelas mãos dela. 

   — Faça, você mesma, isso. — Instigou-me com uma sobrancelha arqueada.  

   CAMILA, VOCÊ NÃO PODE FALAR ISSO PARA MIM ENQUANTO ME ENCARA COM ESSE OLHAR! 

   — Ok... — Dei de ombros somente para não demonstrar que quando ela falava daquela forma comigo, eu ficava afetada. 

     Lentamente aproximei minha boca da dela, dando início a um beijo não tão calmo como os que eu costumava iniciar, tanto que dessa vez eu mesma é quem pediu passagem para um beijo de língua. Camila logo consentiu e eu deixei que minhas mãos apossassem-se da cintura dela, onde firmei meus toques. Ao mesmo tempo, as mãos de Camila passeavam por meus braços, ombros, pescoço, completamente inquietas.  

    A cada toque dela que meu corpo sentia, eu me arrepiava, sem contar que escutá-la arfar entre o beijo quando eu pressionava meus dedos na cintura dela, me levava a um estágio de sanidade bem crítico.  

   Eu poderia até tentar me controlar e evitar que aquele beijo se tornasse algo perigoso, mas depois de tanto tempo resistindo, eu já não tinha mais forças para sair correndo quando ela me beijava assim.  

   O beijo de Camila é completamente desarmador, os toques dela são enlouquecedores e com certeza possuem algo que anestesia a minha mente, para que ela não grite um "LAUREN, CONTROLE-SE!". 

   Estava tão envolvida com a boca dela movendo-se sincronizadamente com a minha que mal notei quando as mãos dela pararam de me tocar e agora encontravam-se entre nós duas, na altura das nossas barrigas. 

   Acabei separando nosso beijo e olhando para baixo, quase tendo um infarto quando notei que Camila estava abaixando o zíper da calça jeans. 

   — Camila, o-o-o que você... — Respirei fundo e reformulei a minha fala. — O QUE É ISSO?   

   — Seu presente está logo aqui embaixo... — Falou abaixando a calça, sem vergonha alguma. 

   — Você escondeu aí debaixo? — Ri nervosa e comecei a coçar meu pescoço.   

   AQUILO NÃO ERA UMA COISA BOA. 

   Ela revirou os olhos, apoiou uma mão em meu peito e me empurrou, fazendo-me sentar na cama.   

   — Cala essa boca e deixa que eu mesma mostro o seu presente. — Disse, parecendo impaciente, enquanto jogava a calça para longe. 

   CARAMBA, ELA ESTAVA DE CALCINHA EM MINHA FRENTE! 

  — Tudo bem... — Falei com a minha boca completamente aberta. 

   Camila, para terminar de me matar, tirou a blusa rapidamente e eu senti meu corpo inteiro esquentar no mesmo instante. 

  Mesmo naquela penumbra, eu conseguia ver perfeitamente o corpo de Camila coberto apenas por um conjunto de roupas íntimas sexies rosa claro.  

   Arfei com aquela visão e precisei abrir a boca para inspirar o ar.  

   — Gostou do presente? — Ela sorriu mordendo o canto direito do lábio inferior. 

   — Mas que porra... — Saiu em um fio de voz.  

   — Sem xingamentos! 

   — Porra, Camila! — Como você quer que eu não xingue com você assim na minha frente?!  

   Aquela garota não podia ser real. Não... Ela também não podia ser minha. COMO EU CONSEGUI TÊ-LA PRA MIM?! Céus! Ela é simplesmente perfeita! Eu não mereço isso tudo, não!  

   Olha só pra esse corpo... 

   Respirei fundo enquanto meus olhos percorriam minuciosamente cada pedaço daquele corpo. Tudo bem que eu já havia visto Camila de biquíni, mas não tem como comparar uma garota de biquíni com uma garota vestindo roupas íntimas. Sem contar que o corpo de Camila mostrava mudanças desde o ano passado, ele parecia ter amadurecido... Ganhando formas de uma mulher... 

   — Ai, que inferno. — Puxei a gola da minha blusa, tentando, inutilmente, me acalmar. 

   — Shhh... — Ela fez colocando o indicador sobre meus lábios enquanto debruçava-se sobre mim. — Não pensa muito... 

   Assenti, ainda entorpecida e fechei os meus olhos para tentar absorver aquela imagem em minha mente, mas minha namorada não me deu paz, simplesmente voltou a me beijar ferozmente. 

   Deixei que tudo fosse para o espaço, por um segundo, e retribuí o beijo. Não demorou muito e senti os dedos de Camila rondarem a barra da minha blusa. Eu já sabia o que estava por vir, por isso quando ela tentou levantar  peça que me cobria, eu permiti. Ainda ajudei-a a tirá-la por completo.  

   É claro que eu tinha vergonha de ficar tão exposta assim, mas juro que naquele momento isso não tomou conta de mim. 

   Percebendo que eu não resistiria, Camila desceu os beijos para meu pescoço ao mesmo tempo em que suas mãos seguiram para minhas vergonhas superiores.  

   Eu já estava perdida, sendo assim só me restava entrar de cabeça naquela situação. Por isso mesmo segurei Camila com toda a força que eu pude, levantei-me com ela, somente para virar-me e jogá-la sobre a cama.  

   Deitei sobre ela ao mesmo tempo em que as pernas dela entrelaçavam-se em minha cintura. Desci minhas mãos pela cintura dela até chegar às coxas dela. Mordi meu lábio inferior, sentindo-me completamente tentada a beijar aquele pescoço e foi exatamente o que eu fiz. 

   Beijei a pele de Camila enquanto suas mãos passeavam por minhas costas. 

   Eu não estava nada bem. Estávamos nos beijando sem blusas, seu corpo seminu tocando o meu, minhas mãos sem pudor algum vagando pelas coxas dela, enquanto subiam e apertavam a lentamente a parte de trás daquele corpo... Ah... Aquela parte do corpo de Camila poderia ser o meu fim. 

   Sentir minhas vergonhas superiores tocarem as vergonhas superiores dela, foi o meu fim. Deixei que um gemido escapasse por minha boca. Ergui a cabeça somente para olhar dentro daqueles olhos castanhos e sentir meu mundo cair. 

   Eu não tinha mais dúvidas de que era ela... Seria com ela... 

   Suspirei com o pensamento e senti os dedos de Camil trilharem minhas costas até chegar ao feixe do meu sutiã. 

   EI! CALMA! AINDA NÃO! 

   Sem dizer nada, separei-me dela e pus-me de pé.    

   — Camila, eu... eu... — Pensa, Lauren! — Eu estou... sabe? — Perguntei e ela negou com a cabeça. — Eu estou tendo meus óvulos sendo mortos e eliminados.   

   — Você está naqueles dias?  

   Pelos céus! Essa garota consegue ser linda até mesmo quando os cabelos estão bagunçados e os lábios naturalmente vermelhos.  MAS ESSE NÃO É O FOCO NO MOMENTO.

   — Aham. — Pigarreei enquanto procurava por minha blusa. 

   — Mas... — Ela franziu o cenho, parecendo atordoada. 

   — Inclusive eu tenho que ir trocar agora!  

   Fui até o meu guarda-roupa, peguei um absorvente, uma calça jeans e corri para o banheiro.   

   É claro que era mentira. Meu ciclo mensal de óvulos inutilizados expulsos não acontecia naquela data, mas eu precisava dessa pequena mentira.   

   E antes que você  venha falar alguma coisa, tente entender o meu lado! Eu não estou pronta para isso, é difícil, é complicado, é um passo arriscado! 

   Fechei a porta do banheiro e rapidamente abri a torneira da pia para molhar o meu rosto. Em seguida troquei a calça do meu pijama pela jeans e decidi que eu precisava tomar um pouco de ar. 

    Porém, antes, passei em meu quarto para deixar a minha calça do pijama e vi Camila, já vestida, completamente enfurecida andando de um lado para o outro. 

    — Por que trocou de roupa? — Perguntou parando de andar. 

   — Porque... Essa daqui é melhor. 

   Ela assentiu e olhou para as minhas mãos com o cenho franzido. 

   — Achei que você tinha ido trocar. 

   Só então notei que eu ainda estava com o absorvente em mãos. 

   — Droga... — Murmurei. 

   — Olha, Lauren... Não precisava ter mentido para mim. Era só dizer que não sente atração por mim... 

   OLHA SÓ A BESTEIRA QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO. 

   Tentei responder, mas Camila foi mais rápida e saiu do quarto. Não perdi tempo e a segui, mas ela fechou a porta do próprio quarto em meu rosto. 

   — Camila, fala comigo. — Bati na porta. 

   — Sai daqui, Lauren! 

   — Vamos conversar... 

   — Eu não quero conversar com você.  

   Eu iria bater mais uma vez na porta, quando alguém me segurou pelo braço e me arrastou até a sala. Só quando fui jogada no sofá, vi que era Dinah. 

   — Conte tudo agora mesmo. — Ela exigiu. 

   Olhei para as três garotas que me encaravam e acabei contando tudo par elas, sem tantos detalhes, claro. 

   — Zangada, você simplesmente se negou para a sua namorada completamente entregue a você em uma lingerie, queria o quê? Que ela sorrisse?  

   Suspirei cansada.  

   — Isso é realmente necessário em um relacionamento? — Perguntei. 

   — O quê?  

   — Isso... — Tentei falar, mas não saía. 

   — Acho que não entendi. — Entendeu sim Jane! 

   — A copulação, Jane!  

   — O famoso sexo, na linguagem humana? — Ela perguntou e eu senti minhas bochechas esquentarem ao escutar aquela palavra, então apenas assenti.  

  — Claro que é necessário e, caso não tenha percebido, sua namorada está sendo consumida interiormente por essa necessidade.  

   — Eu já notei isso, mas não acho que eu possa fazer algo...   

   — Claro que pode! Vá lá e faça a Camila sua, fisicamente falando...  

   — Jane, eu não sei fazer essas coisas!  

   — Aprende. Não tem muito segredo... Chega lá e faça coisas com suas... coisas...  

   — Amiga, — Normani, que até então só nos escutou, falou. — Vamos chamar a Vero e ela vai te explicar como funciona essa coisa entre garotas.  

   — A Veronica? NÃO!  — Me desesperei.

   — Por que não? — Allyson perguntou. 

   — Ela vai rir de mim... Vocês sabem como ela é.  

   — Mas vai te ajudar, é o que importa. — Normani disse.  

   — Eu não quero ter uma conversa constrangedora sobre copulação com a Veronica. — Cruzei os braços. 

   — Então deixa eu só te avisar que sua namorada já teve essa tal conversa e está super avançada no assunto... — Dinah disse e eu engasguei. 

   — É O QUÊ?  

   — Ops... Acho que falei demais... — Dinah riu sem graça, levando um tapa da Allyson 

   — Falou muito!  — A menor de todas disse.

   — Zangada, a Chancho não precisa saber que você sabe!  

   — Minha namorada... OH NÃO!  — Coloquei a mão na testa sem acreditar naquilo.

   AGORA EU NÃO TINHA MAIS PARA ONDE CORRER.   

   Camila estava realmente disposta a conseguir o eu que tanto quer. Ela já sabia o que tinha que ser feito, ela já havia dado um passo gigantesco à minha frente. 

   Eu estava desesperada. Sem saída.  

   — Vero, Será que você poderia nos encontrar no café da esquina? Assunto urgentíssimo...  — Escutei Dinah falar ao telefone. — Não. Camila está aqui e o que temos pra falar é com a Lauren... Sim, brigaram, mas foi por algo fácil de resolver... Ok. Até. 

   — Vamos, amiga. — Normani disse. 

   — Ally, você cuida da Chancho? — Dinah perguntou.

   — Podem deixar. — A menor de todas sorriu acariciando o Sparky. 

   Eu não conseguia pensar mais nada, por isso deixei-me ser arrastada por aquelas duas até a cafeteria da esquina. Sentamo-nos em uma mesa ao canto e, como eu não conseguia falar, Dinah fez os nossos pedidos. 

   Não demorou mais do que meia-hora para Veronica entrar no local e sorrir, vindo até nós. 

   — Feliz aniversário! — A garota disse me abraçando antes de sentar-se ao me lado. 

   — Vero, é o seguinte.  

   Normani e Dinah contaram tudo a Veronica, enquanto eu bebia o meu café preto sem acreditar que Camila já havia conversado com a minha colega de quarto sobre aquilo.  

   — Então, Lauren Michelle, aqui vai meu presente de aniversário para você. — Iglesias riu.   

   — O quê? — Perguntei distraidamente. 

   — Uma básica aula sobre sexo lésbico.  

   Senti-me sufocar com aquelas duas palavras que eram proibidas em meu vocabulário. Até tossi um pouco. 

   — Vero, pega leve. Fala copulação... Ousadia... Entre garotas... A Laur não aguenta palavras fortes e diretas. — Normani pediu e, como eu previa, Veronica riu alto.  

   — Por que eu usaria sinônimos se constrangê-la é muito mais divertido? — Minha colega de classe perguntou, divertidamente.  

   — Vero, começa logo a ensinar alguma coisa a Zangada. Antes que a Camila comece a ligar querendo a namorada em casa. — Dinah disse e eu, instintivamente, crispei os lábios pensando que aquilo era verdade.  

   Minha namorada é bem autoritária quando quer, mas acho que ela não me quer mais.

   — Certo, vamos por etapas. Hoje você vai aprender o básico. — Veronica disse.  

   — Eu, sinceramente, não quero aprender nada sobre o assunto. — Falei cruzando os braços.  

   — Se você ousar levantar-se dessa cadeira, juro que te busco e amarro aí! — Dinah disse tocando em meu braço.  

   — Mas eu não preciso desse ato em minha vida! Sabiam que existe animais por aí que nunca acasalam e nem por isso morrem? Pensem na botânica! Elas fazem a reprodução pelo ar! — Tentei argumentar.  

   — Eu vou te amarrar nua na cama da Camila se você não parar agora mesmo de relutar. — Dinah disse, fazendo Normani rir.  

   Arregalei os olhos e abri a boca.  

   — Amiga, você sabe que ela é capaz de fazer exatamente isso. — Normani disse dando um gole em seu suco.  

   — Não acredito que estou sendo obrigada a aprender sobre algo que não me interessa. — Bufei, dando-me por vencida.  

   — Você não está sendo, exatamente, obrigada. Sabemos que, no fundo, você quer isso, amiga. — Normani, eu quero discordar, mas...    

   Eu sei que você já está cansado dos meus discursos sobre tudo. Mas eu preciso discursar sobre vontades que por se esconderem tão bem escondidas que enganam você. E não. Não é a mesma vontade ou desejo que senti mais cedo com Dinah, é um desejo carnal/sentimental/emocional.  

   Sabemos, você e eu, que em meu fundo profundo aprofundado lá no fundo escavado até onde pôde ser escavado, quase perto do fim, na profundeza mais profunda do que a do oceano ou a do magma, eu sinto desejo por Camila.  

   Sim.  

   Eu tenho vontade de realizar a reprodução não reprodutiva com a minha namorada, mas acontece que eu não sei e nem tenho ideia de como isso é feito!  

   Ao menos não entre garotas, já que entre um garoto e uma garota eu já vi nos livros de Biologia como acontece... Não exatamente, mas o processo em si...  

   Enfim.  

   Eu não sei copular!  

   — Lauren Michelle, me escute! — Veronica chamou a minha atenção, estalando os dedos em frente ao meu rosto.  

   — Fale, Veronica. Estou aqui te escutando.  

   — Então, antes de tudo vocês terão que ter um amasso bem quente.  — Ela disse e eu franzi o cenho.

   — Isso elas têm feito muito nos últimos tempos. — Normani comentou e eu chutei o pé dela por debaixo da mesa. — Ouch! Eu só falei a verdade!

   — Vero, pula logo pra parte da ação! — Dinah disse impaciente.  

   — Claro! Vamos lá. Há vários tipos de posições. Acho que assim, logo de cara, você não precisarão usar as bocas... lá embaixo, sabe? — Senti meu estômago embrulhar com aquela possibilidade. Sério que aquilo existia?! — Podem deixar isso pra segunda vez porque não é tão simples e vocês estarão nervosas, então você usar os seus de-  

   Antes que ela terminasse de falar aquela coisa constrangedora, meu celular começou a vibrar e, é claro, eu atendi sem nem olhar quem era.  

   — Oi?  

   — Onde está você?! — Camila perguntou no típico tom furioso.  

   Sorri ao notar que fui salva por minha namorada tarada.  

   — Na cafeteria da esquina. Veronica está aqui, Dinah e Normani também. — Fiz questão de dizer, para dissipar qualquer briga que estivesse por vir.  

   — Vão demorar? Está muito tarde para uma garota compromissada estar longe da namorada. — Agora a voz dela soou mais calma... Divertida, eu diria.  

   AI QUE BOM! ELA NÃO ESTAVA MAIS IRRITADA COMIGO!

   — Já estou voltando. Vai querer alguma coisa daqui?  

   — Eu aceito um bolinho.  

   — Ok. Já estou indo.  

   — Se você demorar mais do que dez minutos, eu vou até aí te buscar.  

   — Mila, deixa a garota! Ela está em boa companhia dessa vez.  — Escutei Allyson dizer.

   — Ally, namoradas fazem isso. É normal... — Escutei-a dizer. — Namorada, — Voltou a falar comigo. — Tchau.  

   Acenei calmamente com a cabeça e fiquei algum tempo olhando para o telefone em minhas mãos.  Eu ainda era a namorada dela...

   — Acho que alguém tem que voltar pra casa porque a namorada mandou. — Veronica disse, simulando uma tosse.  

   — Estou voltando porque eu quero. Camila, de forma alguma, não manda em mim!  — Falei, erguendo meu dedo indicador.

   — Amiga, não tente mentir quando nós sabemos da verdade. Apenas vá.  

   — Você conseguiu escapar do nosso assunto, mas não se preocupe que ainda nessa semana nós conversaremos sobre isso.  — Veronica disse.

   — Eu quero estar presente!  

   — Eu também.  

   Dinah e Normani disseram, gerando uma careta em mim.

   — Vocês são estranhas, sinceramente...   — Falei.

   — E avisa a Ally que vamos ficar mais um pouco por aqui. — Normani pediu.  

   — Ok. — Concordei levantando-me e seguindo para o balcão.   

   Esperei até algum atendente me notar e então pedi o um bolinho de baunilha para Camila. Paguei e pedi para que colocassem em uma embalagem para viagem. Passei novamente pelas garotas, acenei rapidamente e segui para o prédio.  

   Não demorei-me pela calçada, por isso apressei os passos até chegar ao elevador e então, finalmente, estar abrindo a porta do meu apartamento.  

   — Camila! — Gritei assim que fechei a porta atrás de mim.  

   — Mas que demora foi essa, mulher? Estava somente com as garotas? Tinha mais alguém lá? Estavam fazendo o quê?! — Perguntou, segurando o Sparky em seus braços e levantando-se do sofá.

   — Calma! — Pedi passando por ela e empurrando a sacola de papel com o bolinho em seu peito. — Estava somente com elas três.  

   — E por que eu, sua namorada, não fui convidada para isso? Olha, Lauren. Eu conheço a Dinah, a Normani e a Vero. Portanto sei que elas não são quietas e poderiam ter levado você para uma boate novamente!  Ainda mais depois de você ter surtado lá no quarto!

   — Você por um acaso já teve sua liberação de óvulos inutilizados esse mês? — Perguntei, distraidamente. 

   — Lauren, não mude o assunto! 

   — Camila, você está vendo coisas ondem não tem! — Bufei. 

   — Como você quer que eu me sinta depois de ter sido dispensada? Você, além de fugir, me largou lá! 

   — Você estava em sue apartamento, então, tecnicamente, não foi largada. — Bocejei. 

   — Lauren! 

   — Vamos dormir? — Perguntei, sorrindo para ela. 

   — Eu não sei se quero dormir com você. — Cruzou os braços. 

   — Você me tirou de lá para quê então? 

   — Pra... Porque... Argh! Eu te odeio. — Grunhiu dando um tapa em meu braço. 

   — Eu também te odeio. Muito, inclusive. — Respondi.

   — Não me importo se você me odeia, contanto que continue trazendo bolinhos para mim. 

   Revirei os olhos para ela e empurrei-a em direção ao quarto. 

   — Anda logo, vamos dormir. 

   — Não vou dormir com você. — Ela insistiu, mas eu não estava disposta a acatar a falsa vontade dela. 

   É claro que aquilo era puro charme. É claro que ela queria dormir comigo. 

   — Vai sim.   

   — Ok. Você está insistindo demais. — Falou.

   Não demorou muito e logo estávamos prontas para dormir, Dinah e Normani ainda não haviam voltado e Allyson já havia dormido quando bati na porta dela para avisar. Com isso, desliguei a luz do quarto e deitei-me ao lado de Camila em minha cama, que já hava colocado o Sparky para dormir na caminha dele, no chão. A garota aninhou-se em meu corpo, apoiando a cabeça em meu peito. 

   — Lolo? — Ela chamou. 

   Como nos velhos e recentes tempos....

   — Hum? 

   — Vou comer meu bolinho amanhã.

   — Tudo bem.

   — E não quero que você pense que estou te forçando a alguma coisa. 

   — Tudo bem. Eu acho que entendo.  

   — É só que... Sei lá... 

   — São os seus hormônios? 

   — Não, Lauren. — Ela disse prestes a se irritar. 

   Não se irrite, novamente. Por favor!

   — Ok. Eu acho que não consigo entender, de verdade. 

   Camila suspirou alto e virou para o outro lado, soltando-se de mim.

   — Não tem mais o que explicar. Você sabe o que eu quero. 

   — Sei...  — Respondi olhando para o escuro do teto.

   — Você só não precisava ter mentido naquele moento. Eu conversei com a Ally e ela me explicou o seu lado.

   — E então? — Eu quis saber.

   — Ela disse que eu estou agindo como um garoto animado demais com sua primeira namorada. — Acabei deixando um riso escapar ao escutar isso. — E que eu tenho que ser mais compreensiva. 

   — Olha, Camila... A gente vai dar um jeito nisso, certo? Só te peço calma porque, ao menos, de uma coisa eu já tenho certeza.

   — Do quê?

   — Será com você. Somente.

   Dei-me conta do que falei, mas não me arrependi e até acho que falei a coisa certa porque, logo em seguida, Camila voltou a deitar-se sobre meu peito. Segurei-a com uma certa possessividade e deixei um beijo em seu cabelo.

   — Pelo menos a sua escolha foi certa... Você sabe... Eu sou a melhor como flertadora, como beijadora, como namorada e, em breve, como... personal privê.

   Rimos por algum tempo.

   — Bem modesta você. — Respondi entre risos.

   — Também sou a melhor com piadas... — Continuou listando.

   — Sem dúvidas! 

   Ela era a melhor em tudo e eu sabia disso.


Notas Finais


GENTE, quero falar sobre uma coisa que andei refletindo esses dias, logo depois do meu surto de querer viver uma vida natural sem tecnologia. Então, quero falar sobre o quão estranho é você ter uma fic, tipo, ela te mostra coisas que você nunca imaginou e umas dessas coisas são as pessoas. Sério, conheci muita gente através dessa fic, umas passaram e outras ficaram e, sei lá, é estranho... Você cria uma história que deixa de ser uma história e vira um barco que vai te levando para o tudo... Sei lá. Vocês não acham isso meio louco, não? Tipo, temos mais de um ano aqui, juntos, eu escrevendo, vocês lendo e comentado... GENTE, ISSO AQUI É UM MONTE DE PALAVRAS, A FIC TAMBÉM E, SEI LÁ! Só sei que isso é bem louco e que preciso continuar refletindo, me ajudem nessa reflexão. VAMOS!
E, COMO SEMPRE, comentem se quiserem, tá? Lembrem-se da liberdade. E me desculpem pelos erros E PELOS PARÁGRAFOS MALDITOS QUE ME ODEIAM!
Nos vemos logo e, SE QUISEREM, falem comigo no twitter camzcamzra . Sou uma flopada abandonada, então seria legal alguém falar comigo, ou não. Façam o que quiserem.
Saudações :D/


GENTE, EU TAVA ESQUECENDO, AÍ VOLTEI AQUI. GENTE! ESSA FIC TÁ SENDO POSTADA LÁ NA REDE SOCIAL LARANJA DE FICS... VOCÊS SABEM BEM QUAL É! AQUELA COM W. XAU!


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