História Partition - Capítulo Onze

 — Papa, posso entrar? — Li, bateu na porta antes de abrir uma pequena fresta, espiando com seus olhos negros iguais aos de Jungkook.

— Oui, meu amor, venha aqui, deixe-me ver como minha princesa está. — Jimin estendeu os braços em direção a, agora, nem tão pequena Li, que recém havia completado seus nove anos, e a colocou em seu colo assim que a mesma abriu a porta e correu ao seu encontro.

Muitas coisas aconteceram desde o dia que Jungkook levou Jimin para conversar, naquela noite eles finalmente se acertaram, toda a mágoa e tristeza que ambos sentiam foi jogada fora, enquanto se amavam sobre o teto do carro. Hoje, cinco anos depois, Jimin é um homem muito bem-sucedido, diga-se de passagem, sua academia de dança ficou incrivelmente famosa, orgulhando assim não só sua mãe, mas também todos a sua volta, principalmente Jungkook, que nunca mediu esforços para vê-lo realizado.

O dia era mais que especial, estava enfim se casando com Jungkook, tudo do jeito que sempre sonhou, bem, quase, sua mãe não pode vir, não conseguiu um voo há tempo, mas ele entendia. Voltou sua atenção à pequena que estava em seu colo; Seong Li estava adorável em um vestido rosa claro com rendas e tule, a franja foi cortada por vontade da mesma e uma tiara com um laço combinando com o vestido estava ao redor de sua cabeça.

— Você está triste porque a vovó não veio? — A menor acariciou o rosto de Jimin e esse beijou a palma de sua pequena mão.

— Não exatamente, meu amor, appa só queria que ela pudesse estar aqui.

— Mas ela veio, olha. — A pequena saltou do colo de Jimin e foi abrir a porta, e lá estava sua mãe, com uma mala de tamanho médio ao lado dos pés, os olhos marejados e um sorriso brilhante.

— Não acredito que meu bebê finalmente vai se casar! Oh, mon Dieu! — A morena deixou a mala perto da porta e abraçou o filho como se não o visse a muito tempo, quando na verdade fazia apenas dois meses que a mesma esteve em Seul.

— Maman, não acredito que me enganou! E você sua pestinha, foi cumplice. – Apontou para a pequena Li, que riu e correu porta à fora, sendo puxada pela melhor amiga, Minhwan, filha mais velha de Taehyung e Hoseok.

— Foi ideia de Jungkook, mate ele depois. — A mais velha riu e puxou o menor para a cama de casal que ele dividia com o moreno. — Mas me fale, como está se sentindo? Tudo está saindo como você queria? Está um corre-corre lá fora, você nem faz ideia.

- Oui, Jungkook me deu carta branca para fazer tudo do meu jeito, mas ele fez questão de participar de tudo, desde provar os doces até na escolha das flores, tudo o que eu escolhi, tem um dedinho dele. Como eu sempre quis.

— Falta apenas meia hora para a cerimonia, você já está pronto? — A mais velha levantou-se e foi até a penteadeira de Jimin, tomando em mãos a escova de cabelos do mesmo, logo se colocando atrás do filho e penteando cuidadosamente os fios loiros do mesmo.

— Maman, eu estou pronto já faz cinco anos — O loiro ri, mas logo para ao ver que a porta é novamente aberta, dessa vez por Taehyung, segurando a pequena Byunhee adormecida nos braços.

— Minnie, ‘tá na hora.

Jimin levantou-se, ajeitando o terno branco e impecável, e foi em busca da pequena flor de narciso que ficaria em seu bolso, igualmente a de Jungkook. Sua barriga revirava-se de uma forma gostosa e ele não se aguentava de saudades do moreno, estava a mais de 24 horas sem vê-lo, por conta da tradição. Ao chegar no topo da escada, pode vislumbrar o jardim de sua casa todo enfeitado por flores e luzes, estava divino, tinha que admitir que a equipe de decoração era maravilhosa e fez um ótimo trabalho. Taehyung desceu na frente, pois era um dos padrinhos de Jungkook, juntamente com Hoseok.

Ao caminhar entre os convidados, Jimin pode vislumbrar Jungkook parado no altar, com seu terno preto impecável e topete bem feito. O sorriso do moreno era radiante, assim como o seu.

O juiz de paz pegou o microfone e pediu para que os convidados se sentassem, e logo começou o discurso que havia preparado para a ocasião.

— Eu gostaria de fazer um exercício com vocês esta noite. Eu trouxe aqui dois óculos, e o amarelo para o Jungkook, que vê tudo dessa cor, não é mesmo? — Os convidados riram — E eu trouxe um azul para você, aqui — Entregou os óculos com as lentes redondas e coloridas para os noivos e prosseguiu — Eu queria que vocês colocassem esse belo exemplar, e olhassem para os convidados, assim. Isso, registraram o momento? — Após Namjoon ter soltado um sonoro sim, e Jungkook rir do amigo, o juiz virou-se para Jungkook — Agora olhem aqui, isso. Jeon, agora, como você está enxergando?

— Tudo amarelo — Jungkook sorriu para Jimin e beijou a mão do mesmo.

— E você Jimin?

— Tudo azul.

— Tudo azul, né? Se o Jungkook tentasse te convencer nesse momento que o mundo é amarelo, você acreditaria nele? — Jimin nega. — Por quê?

— Porque é azul.

— Por que o mundo é azul, né? E você Jungkook? Se ele tentasse te convencer agora que o mundo é azul, você ia acreditar? Não? Por quê?

— Porque o mundo é amarelo.

— Amarelo, não é? Certo. Então, como é que pode ser mudado essa situação? Essa perspectiva? Jimin? Não? — Pergunta para os noivos. — Ela pode ser mudada quando um dos dois tiver a disposição em dizer ‘Me deixa enxergar como você?’ Então, se houver uma troca de óculos... Isso. — O juiz aguarda os noivos trocarem os óculos — Quando houver essa troca de óculos, você poderá dizer ‘Ah, o mundo não é só amarelo’, — Diz olhando para Jungkook, — ‘O mundo, não é só azul’ – Agora encarava Jimin. — Foi isso que Jesus fez, e o que eu quero declarar agora aqui, diante de vocês, é que o casamento bem-sucedido é aquele que a gente constrói sempre disposto a enxergar pela ótica do outro. E esse é um exercício diário onde abrimos mão de nós mesmos. Mas em primeiro lugar honrar a aliança, não a que eu tenho com o meu marido, mas a que eu tenho com o senhor.

Caminhou para frente dos noivos e virou-se para os convidados, agora falando de um modo geral.

— Quero deixar também com vocês que Jesus viveu a sexta feira da paixão de muito sofrimento, mas depois ele experimentou um domingo de glória na vida dele. Então em um casamento, não há um domingo de glória se a gente não tiver disposto a passar pela sexta feira da paixão; sacrificar, renunciar, abrir mão. Amém? Então, quando vocês estiverem passando pela sexta feira da paixão no casamento de vocês, lembrem-se que Jesus abriu mão da sua própria visão para enxergar o que o Pai tinha proposto. Então, falem um para o outro ‘Eu quero abrir mão da minha visão, eu quero enxergar com os seus olhos’ — Virou-se para os noivos e pegou a mão de Jimin. — Repete comigo ‘Eu quero enxergar como você, Jungkook, enxerga’.

— Eu quero enxergar como você, Jungkook, enxerga.

— Eu quero enxergar como você, Jimin, enxerga. — Jungkook repetiu em sua vez.

— Amém?

— Amém! — Os convidados concordaram e aplaudiram as belas palavras do juiz.

— Podemos começar então.

Voltou para seu posto, em frente aos noivos e pediu para que os convidados levantassem para a troca de alianças, nesse momento Li entra com seu lindo vestido, trazendo em suas pequenas mãozinhas uma almofadinha com as alianças em cima. Ela para em frente dos dois e recebe de Jimin um beijo em cada bochecha, e um na testa, de Jungkook.

— Podem começar, por gentileza.

Jungkook foi o primeiro, segurou ambas as mãos de Jimin, respirou fundo e olhando em seus olhos, começou.

— Eu perdi noites tentando decorar o que falar aqui, para não passar vergonha, sabe? — Algumas pessoas riram, incluindo ele próprio, mas continuou. — Mas eu percebi que teria mais valor se ao invés de passar tudo para o papel e depois apenas repetir, eu falasse abertamente na hora. Então eu vou começar com uma citação de um escritor que eu gosto muito, e acredito que todos o conheça, Nicholas Sparks. — Mirou os olhos pequenos de Jimin e apertou suas mãos antes de continuar — ‘A partir de agora, vou me tornar o homem que sempre deveria ter sido. Serei mais romântico e aproveitarei ao máximo o tempo que temos juntos. Em cada um desses preciosos momentos, espero conseguir fazer ou dizer algo que o faça entender que eu jamais poderia ter amado outro homem como eu amo você.’ — Jimin já soluçava baixinho, Jungkook estaria igual, se não tivesse se contendo para terminar seus votos. — Jimin, você é tudo o que estava faltando na minha vida, e eu, sinceramente, espero poder ser o mesmo para você. — Pegou a aliança de Jimin, que estava gravada com seu nome. — Eu, Jeon Jungkook, te aceito, Park Jimin, e prometo te amar na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, respeitando-te e sendo fiel todos os dias da minha vida. — Lentamente deslizou a aliança pelo anelar gordinho de Jimin, beijando-a depois.

— É extraordinário quando conhecemos alguém com quem podemos dividir nossa alma, que nos aceita como somos, com todos os nossos defeitos. Eu tenho o procurado, pelo o que parece, por uma eternidade, e sinto que eu finalmente encontrei minha felicidade. Eu me comprometo a amá-lo seriamente, em todas as suas formas. Prometo que nunca vou esquecer que o que temos é para toda a vida, e que não importa quantos desafios surjam para nos separar, sempre iremos encontrar o caminho de volta, um para o outro. — Jimin segurou na canhota de Jungkook e pegou sua aliança. — Nenhum espaço de tempo com você é suficiente, então vamos começar com o para sempre. Eu, Park Jimin, te aceito, Jeon Jungkook, e prometo te amar na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, respeitando-te e sendo fiel todos os dias da minha vida. — E assim como o moreno, Jimin beijou o anelar do mesmo, onde agora repousava a aliança que simbolizava que, enfim, eles estavam casados.

— Então, diante de todos, e pelo poder a mim investido, eu vos declaro casados. Podem se beijar. 

Então Jungkook mirou bem no fundo dos olhos de Jimin, e encontrou algo que procurava a muito tempo. 

Amor. 

Beijaram-se apaixonadamente pelo que pareceu uma eternidade, até sentirem os primeiros grãos de arroz batendo contra o rosto e logo sorriam. 

Enfim casados. 

— TO CHEGANDO HAVAÍ!