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História Passion and Pride - Capítulo 2



Notas do Autor


muito obrigada pelo feedback positivo 💘 esperamos que gostem 💗

Capítulo 2 - Capítulo 2


Por vezes, o medo pode surgir atrelado a curiosidade e até mesmo ao desejo de possuir o novo, e o tipo mais perigoso de desejo, era exatamente esse, o qual não se sabia onde estava se perdendo, mas que se tinha consciência absoluta de estar se perdendo.

E que uma vez perdido, não existia caminho de volta.

- Milorde? - Sérgio ouviu a voz da rainha de longe, em uma distância considerável. Ele abriu os olhos e acendeu uma das velas ao seu lado, iluminando o ambiente.

- Majestade. - A cumprimentou de forma correta, a vendo encostada na porta de seu quarto, usando um robe vermelho e pesado.

- Acordei você? - Ela perguntou enquanto começava a abrir o laço do robe, o deslizando por seus ombros até que ele caísse no chão.

Sérgio desceu o olhar lentamente pela camisola branca e leve que ela estava usando. A parte superior era formada por rendas e a inferior por um tecido quase transparente, era o bastante para mexer com a imaginação de qualquer homem.

Estava adequada a modalidade da época, mas era o suficiente.

A rainha estava realmente tentando o seduzir?

- O que foi, Milorde? Nunca viu uma mulher em tais vestes antes? - Sorriu de forma zombeteira e ele até teria revirado os olhos se não estivesse tão encantado em apenas olhar para ela.

E é claro que ele já havia visto uma mulher desnuda antes, mas havia sido há muito tempo.

- Quer que eu me aproxime? Ou está com medo? - Raquel perguntou aquilo e em seguida sorriu de lado. - Você possui medo de mim, milorde? - Ela o encarou sorrindo ainda mais. Sérgio deveria admitir que apesar de toda a áurea sombria que a cercava, ela era uma mulher bastante sedutora. Talvez houvesse algo de atraente em seus mistérios.

Ele a compararia a uma taça de vinho servida por um desconhecido, ao mesmo tempo que o conteúdo parecia ser atraente, havia a chance de estar envenenado.

Raquel aproximou-se da cama e ele engoliu em seco, a vendo ajoelhar-se no colchão. Ele mudou a posição em que estava, rapidamente sentando-se na cama e a observando. Raquel era incrivelmente bela e seu irmão não estava de todo errado em estar fascinado por ela.

- O que pretende majestade? - Ele perguntou engolindo em seco, a sentindo deslizar os dedos pela camisa branca que ele usava, um tipo de pijama muito comum a época.

- Você não tem nenhuma ideia? - Ela sorriu e ele negou com a cabeça.

- A senhora não deveria estar em meus aposentos.

- Eu sou a rainha, posso estar aonde eu bem entender. - Ela sussurrou e voltou a deslizar as mãos por sua camisa e Sérgio realmente não possuía forças para pará-la.

O desejo parecia estar invadindo cada célula de seu corpo e ele ainda nem a havia visto completamente desnuda.

A rainha desceu o olhar para os fechos frontais da própria camisola e o encarou.

- Abra- os. - Ela pediu com um sorriso malicioso. - Abra-os, agora. - Dessa vez ela o mandou, mantendo o olhar fixo no seu.

Sérgio sentiu suas mãos tremerem um pouco, mas não se absteve das ordens da rainha, moveu as mãos e puxou os delicados laços que prendiam o tecido da camisola, aos poucos revelando os seios e a barriga da rainha.

Ele desceu o olhar por seus seios – foi inevitável – e deslizou os dedos pelo local, mas foi impedido pela rainha, que empurrou a sua mão.

- Eu mandei abrir os fechos da camisola, mas não falei absolutamente nada sobre tocar-me dessa forma.

- Perdão, foi... inevitável. - Ele afastou-se um pouco da rainha, mas ela voltou a sorrir.

O que ela era? Uma personificação do mal?

- Eu disse que não havia mandado, mas isso não implica dizer que eu não queira que você me toque dessa forma. - Alcançou uma de suas mãos com a dela, encostando os anéis frios – que ela usava até para dormir – em sua pele e a moveu para cima de um de seus seios.. - Só que eu gosto de estar no controle de quase tudo.

Sérgio suspirou um pouco e moveu os dedos em seu mamilo, a fazendo abrir um pouco a boca, suspirando também.

Raquel voltou a descer a mão do moreno por seu corpo, o deixando tocar o meio de seus seios, o estômago, a parte inferior da barriga, até que chegasse bem perto de seu ventre. Então ela apenas soltou a sua mão.

Sérgio voltou a olhar em seus olhos e ela apenas negou com a cabeça, voltando a fechar os laços da camisola como se não houvesse feito nada.

- O que pretende... majestade? Vindo para os meus aposentos no meio da noite... deixando-me tocá-la dessa forma e depois...

- E depois? Continue suas objeções ao meu comportamento... - Ela mordeu o lábio inferior como se aquilo a excitasse e moveu o corpo para a frente, pousando as pernas uma em cada lado da cintura de Sérgio e forçando o corpo do homem contra a cabeceira da cama. - E então, Milorde? Qual é a sua próxima objeção? - Ela praticamente rebolou em seu colo, aproximando a boca da sua e Sérgio sentiu cada canto de seu corpo se acender com aquilo. - Possui alguma objeção a me foder, milorde? Prefiro que defina agora...

Sérgio acordou perturbado, levantando da cama de forma rápida, sentando-se sobre o colchão, e se dando conta de que tudo aquilo não passava apenas de um sonho. Parte de seu corpo estava suado e uma certa parte estava ganhando vida como ele nunca havia visto antes, já havia acontecido – era óbvio –, mas não daquela forma.

Por alguns segundos ele desviou o olhar da cama para uma pintura no quarto, pensando que talvez devesse entregar aquele jogo para o seu irmão, ele não estava preparado para tudo aquilo, não havia sobrevivência calculada para Raquel Murillo.

[...]

Raquel e Fabio caminhavam aos arredores do enorme castelo e a rainha parecia levemente entediada com toda aquela situação. Escolher um marido, era um dever naquele momento, uma obrigação, e não algo que ela gostaria de fazer espontaneamente por estar apaixonada.

Curiosamente, ela teve lembranças de seu falecido marido Alberto, e em como as coisas haviam corrido errado em um casamento arranjado, mas ela havia salvo a si mesma e a Espanha de um homem como ele. E o diferente é que agora, ela possuía o poder da decisão, o poder da escolha.

- Aprecia dançar, milorde? - Indagou depois de alguns segundos de uma caminhada silenciosa. O vento estava relativamente forte naquele dia, balançando os seus cabelos e parte de seu vestido. Fabio parecia encantado.

- Aprecio sim, Majestade. Inclusive, pretendo dar mostras de tal aptidão no baile de máscaras hoje durante a noite.

- Eu não aprecio tanto. - Ela respondeu ríspida.

- Não?

- Não tanto quanto apreciava aos vinte e poucos anos. - Raquel olhou de relance para o homem de cabelos grisalhos, que assentiu.

Aquele foi o primeiro momento em que ela percebeu que ele era um homem bonito. Não tanto quanto seu irmão, mas ele possuía uma masculinidade em seus traços, muito apreciável.

- Algo mudou em seu coração, majestade?

- Na verdade, em minha mente. Não se era esperado que eu obtivesse dos mesmos gostos aos quarenta anos. - Ela sorriu e o homem acabou sorrindo também, levemente seduzido por seus encantos e pela brincadeira que ela havia feito. - Aos quarenta anos, os meus gostos têm se limitado um pouco.

- Hum, e se me permite fazer tal indagação, o que aprecia? - Um sorriso beirou os lábios dela e mais uma vez ele espelhou o gesto.

- Aprecio a leitura, o silêncio, o vinho, a música, gosto que toquem harpa e violino... - Ela o olhou mais uma vez e levantou um pouco o vestido pesado para passar por uma trilha com algumas pedrinhas no caminho. - Gosto de treinar tiro ao alvo, também. - Ela terminou, e ele desceu o olhar por seu corpo, percebendo que ela usava um vestido branco naquele dia, seus cabelos claros estavam presos e apenas a parte da frente estava solta ao redor de seu rosto. - O que mais ambiciona na relação entre Espanha e França? - Perguntou para o homem que se surpreendeu com a pergunta. - Assumir o reino de seu pai?

- Sim, mas ter uma esposa também sempre foi de minha vontade. Não pretendo me casar apenas para formar uma aliança, gostaria de ter uma esposa e possivelmente um herdeiro.

Herdeiro... Raquel não pode evitar a expressão de desconforto. Era um assunto delicado para ela.

- Uma esposa rainha da Espanha. - Ela complementou em um tom cortês, mas havia um leve deboche em sua voz. - E um herdeiro de dois reinos.

- Se for, ainda será melhor.

Alicia olhava a interação de longe, de uma das largas janelas do castelo. E se perguntava porque Sérgio não havia tentado investir primeiro, pois sua intuição indicava que a rainha havia gostado um pouco mais de sua maneira de comportamento.

- Quer apostar quantas moedas que ela se livra dele em alguns poucos meses? - Andrés a surpreendeu, consequentemente até a assustando um pouco.

- O que você é? Uma assombração pelos arredores do castelo? - Ela o olhou de cima a baixo, percebendo que suas vestes eram ainda mais bonitas que as do dia anterior. Ele era um bonito cavalheiro.

Para se fazer uma observação justa, os dois irmãos espanhóis eram sinônimos de beleza. 

- Sou apenas um cavalheiro, Milady. Mas se está com dúvidas sobre o castelo ter assombrações ou não, posso levá-la para conhecer os arredores. - Ele disse aquilo em um tom malicioso e a ruiva revirou os olhos, percebendo as suas intenções.

- Não há chances de tal infortúnio acontecer. - Ela sorriu cinicamente e Andrés negou com a cabeça, também levando o seu olhar para longe da ruiva e para o casal ao lado de fora.

- Eles formam um casal elegante. - Ele comentou e Alicia estreitou os olhos. - Mas ele parece ser uma presa fácil, fará absolutamente tudo o que ela mandar.

- Ela é uma rainha absolutista, acho que seja justo que ele faça tudo o que ela mandar.

- Você sabe o que quero dizer. O seu outro irmão, parece ter uma personalidade um pouco mais profunda. Digo, ele não demonstra, mas parece ser um homem inteligente e habilidoso.

- O Sérgio? - Ela indagou levemente surpresa.

- Sim, o Lorde Marquina.

- Ele sempre foi muito estudioso e realmente inteligente, mas nunca soube como lidar com o lado oposto, com as mulheres...

- E o outro?

- Menos inteligente, cem por cento menos estudioso. Mas possui muita astúcia e é muito habilidoso com as mulheres ao seu redor.

- Acha que ele vence essa?

- Por incrível que pareça, a sua irmã não parece muito impressionada com nenhum dos dois. É quase como se ela estivesse analisando uma boa troca de mercadorias. - A ruiva disse e Andrés gargalhou, jogando a cabeça um pouco para trás. - E você? Por que não é o rei? Geralmente, na dinastia, a coroa é passada para o filho homem.

- Não quando ele é mais novo que a filha mulher, um ano. - Ele respondeu e foi a vez de Alicia rir.

- Um ano retirou você do trono da Espanha. Eu nunca terei essa dúvida, pois meu pai jamais passaria a coroa para mim, antes de morrer ele deixou isso muito claro.

- Quem é o mais velho dos dois homens?

- Fabio.

- E por que a coroa não foi passada diretamente para ele?

- Eu teria que lhe matar para te contar isso.

- Oh, milady...

Sérgio aproximou-se dos dois, que se viraram na mesma hora para olhá-lo.

- Não participou do desjejum, milorde. Acordou indisposto? - Andrés perguntou e Sérgio rapidamente negou com a cabeça, colocando os dois braços para trás em um sinal de respeito e vasta educação. Os acontecimentos daquela manhã voltaram a assombrar a sua mente e ele sentiu o seu rosto enrubescer de leve apenas por se lembrar.

Na verdade, ele acordou muito disposto.

- Um pouco.

- Quer que eu peça para algum criado...

- Não é necessário. - Ele desviou o olhar para a janela, avistando o seu irmão e Raquel. Os dois conversavam animadamente sobre algum assunto banal e ele tossiu um pouco lembrando da noite anterior mais uma vez, eram coisas demais para assimilar.

Visita noturna no quarto da rainha e sonhos completamente importunos.

- Está tudo bem, Sérgio? - Alicia perguntou e o homem assentiu, voltando o olhar para a janela.

- Precisa cortejá-la para ser escolhido. - Andrés provocou.

- Não acho que seja o momento...

- Vai deixar o Fabio passar em sua frente? - Alicia perguntou, levantando uma de suas sobrancelhas.

- Corteje-a hoje à tarde. Leve-a para um passeio, ela aprecia andar a cavalo e também gosta de arco e flecha. - Andrés comentou com um sorriso.

- Me dar essas informações, é levemente trapaceiro pois vou estar a frente de Fabio, em um quesito.

- Essa é a intenção, milorde.

- E o que pretende com isso? Que eu seja o primeiro a morrer? Pelos gracejos que deixas escapar, ela é praticamente uma versão feminina de Henrique VIII. - Andrés riu no mesmo segundo.

- Essa foi a melhor comparação. Gosto de sua companhia, milorde.

- Mas o que significam os seus gracejos em relação ao assunto? Eles realmente possuem significado?

- Terá que descobrir sozinho, milorde. Eu creio que já tenho falado demais. - Ele sorriu de lado, e Sérgio sentiu um leve arrepio correr por sua espinha.

Seu irmão parecia viver um paraíso na terra, enquanto a única coisa que ele sentia era medo e talvez um pouco de curiosidade, mas ele admitia que Raquel era uma mulher intrigante, como os personagens de livros que ele costumava ler.

A loira levantou a cabeça, avistando os três parados na janela, mas seu olhar foi rapidamente direcionado para Sérgio.

A rainha movimentou a cabeça em um aceno rápido, um educado cumprimento, e Sérgio correspondeu ao gesto. Alguns segundos depois, ela sorriu apenas com os lábios, sem mostrar os dentes, mas Sérgio não espelhou o gesto, apenas continuou a olhando como se ter a rainha sorrindo para ele não significasse absolutamente nada.

- Creio que já está na hora de voltarmos para o castelo, não concorda, milorde? - Raquel perguntou para Fabio depois de alguns minutos.

Ela ainda levantou o olhar para ver Sérgio na janela do castelo, mas pela distância que haviam atingido, já havia se tornado impossível que qualquer um deles se vissem, ou pior, mantivessem algum contato visual.

- Por que? Eu pretendia cortejá-la pelo restante da manhã.

- Terá meses para me cortejar.

- Isso se você demorar meses para tomar a sua decisão.

- Milorde, eu irei escolher um marido e não uma cortina nova para a minha janela, eu necessitarei de um tempo para decidir quem vai dividir comigo, o trono, os lençóis reais e até mais coisas. - Ela passou as mãos pelos cabelos, colocando uma mecha para atrás de sua orelha.

- Não foi isso que eu quis dizer. Talvez você possa se apaixonar em pouco tempo. - Ele deu de ombros e ela sorriu um pouco surpresa.

- Me apaixonar? - Ela questionou aquilo quase rindo.

Soava como uma piada.

- Não é a sua intenção?

- Não, milorde. - Ela respondeu seca. - Paixões nunca me trouxeram nada de bom. - Ela colocou os cabelos para trás novamente. - É melhor entrarmos, o vento parece selvagem hoje. - Ela virou-se de costas, levantando levemente a barra do vestido e seguindo para dentro do Castelo, Fabio a seguiu, pensando em suas palavras.

[...]

Quando a noite chegou, também fora iniciado o baile de máscaras e Raquel parecia a mais desanimada da festa em seu próprio reino. Enquanto todos pareciam aproveitar o momento, parte dela queria gritar e expulsar todos de seu castelo.

Havia membros da igreja católica que a encaravam estranho por ela ainda não ter escolhido um marido e a olhavam quase como se estivessem cobrando dívidas, havia lordes de quase todos os lugares tentando corteja-la e seu irmão parecia querer correr atrás de todo ser humano que usasse saias e espartilhos.

- Você não parece estar aproveitando muito da festa, majestade. - Alicia sussurrou perto de seu ouvido e ela franziu um pouco a testa, engolindo meia taça de vinho em seguida.

- O que tem de bom nela? - Ela revirou um pouco os olhos e Alicia riu.

- Cavalheiros muito interessados em você. - A ruiva sorriu com malícia, olhando fixamente para Raquel.

- Cavalheiros interessados em meu trono você quer dizer.

- Oh... sim. - Ela acabou rindo também e a ruiva acompanhou. - Mas já tomou a sua decisão? Entre os meus irmãos? Quero dizer, já tem uma preferência ou já descartou algum deles? - A ruiva indagou curiosa.

- Depende de qual vai ser melhor durante o sexo. - Alicia quase cuspiu o vinho de volta na taça metálica que possuía em uma das mãos.

Raquel sabia que aquela seria a reação.

- Majestade... - Ela sorriu surpresa, porém sem julgamentos.

- Acha que a rainha só sobe para os aposentos com intenção de dormir, Milady? - A olhou com certa zombaria em seu olhar.

- Não. Mas vai julga-los com base em qual te dá mais orgasmos? Então pretende ir para a cama com os dois? De uma só vez? - Alicia perguntou em um tom zombeteiro e ao mesmo tempo curioso.

- Não de uma só vez. - A loira mordeu o lábio inferior, olhando ao redor na festa. - Quer dizer, eu não descarto a possibilidade de nada. - Ela engoliu em seco e procurou por Sérgio, mas só era possível ver Fabio na festa, que parecia muito animado dançando com uma mulher que ela não recordava o nome. - Apenas temo que um deles nunca tenha tido acesso ao corpo de uma mulher antes. - Ela zombou e Alicia sorriu.

- O Sérgio? - A ruiva sorriu. - Bom, virgem ele não é.

- Como você sabe?

- Quando os dois completaram vinte e um anos, papai os levou para uma casa de meretrizes e bom... você sabe o resto. Costumes tradicionais da família real. - Ela disse a última sentença revirando os olhos e com vasta ironia.

- Eu não acredito... - Raquel bebeu um pouco mais do vinho, sentindo que agora a festa havia tomado algum sentido.

- Se você quiser um histórico... Fabio adorava seduzir mulheres, empregadas, professoras... qualquer mulher bonita que ele visse pela frente. - Ela disse e Raquel negou com a cabeça, entreabrindo um pouco os lábios. - Isso desde que ele descobriu que tem um... algo no meio das pernas.

- Conte-me mais. O assunto me interessa.

- Uma vez... Eu o flagrei com a cozinheira da nossa casa, era uma mulher de uns trinta anos na época e ele era mais jovem. Ele estava a... - Ela mordeu o lábio inferior de leve, não tendo certeza se deveria falar aquilo na frente da rainha do modo que pretendia ou não.

- A comendo?

- Majestade, o seu palavreado... - Ela riu um pouco.

- Eu sou irmã de Andrés. Tenho esse palavreado ao meu redor desde os dezessete anos. Porém, gostaria que você desse continuidade a história sobre o seu irmão, o Fabio.

- Bom, ele estava a comendo por trás, contra a pia da cozinha e ela... parecia estar apreciando bastante, aquela fora a primeira vez que vi sexo explícito, eu tinha dezenove anos. - Ela negou com a cabeça e Raquel sorriu.

- E o Sérgio?

- Bom, o Sérgio prefere aprender com os livros. - A ruiva sorriu. - Já o vi lendo um daqueles livros restritos a homens que usam para medicina e essas coisas, o título do capítulo era “anatomia feminina” e ele me deixou ver algumas partes. - Raquel olhava a ruiva com um sorriso, sentindo que o relato sobre os dois irmãos possuíram um efeito sobre ela, parte de seu corpo estava arrepiado e seu rosto começando a ficar vermelho pela excitação.

Já havia um tempo que ela não havia estado com um homem, e ter sua mente imaginando aquelas coisas ditas por Alicia não havia sido de grande ajuda.

- Então qual você se acha que se sairá melhor em meus aposentos?

- Isso vai depender muito de você e do que você gosta, majestade. Os dois são homens diferentes, nem parecem que nasceram na mesma casa e foram criados pelos mesmos pais. São muito distintos. - Ela tossiu um pouco e Raquel franziu a testa quando a ruiva colocou a mão sob o estômago de forma agoniada.

- Alicia... - Ela aproximou-se da ruiva e segurou o seu braço e uma parte de seu quadril. - Está bem? - A ruiva negou e ela arregalou os olhos.

- As minhas entranhas, as sinto se fechando... - Ela respirou profundamente, levando uma das mãos para a parte baixa do pescoço.

A ruiva tentou dizer algo, mas Raquel não conseguiu entender.

- Alguém... - A rainha gritou enquanto segurava Alicia perto de si e a ruiva tossia repetidamente.

- O que houve, majestade? - Fabio fora o primeiro a se aproximar das duas.

- Hermanita... agora ataca mulheres também? - Andrés se aproximou, já fazendo zombarias.

- Não tente ser engraçado. - O olhou com raiva.

- Tentaram envenenar a rainha e trocaram os copos? - Alguém perguntou e tanto Alicia como Raquel arregalaram os olhos.

- Não digam besteiras e não façam alarde. - A loira disse irritada.

- Parece envenenamento. - Andrés segurou o pulso da ruiva, tomando o lugar de Raquel e apoiando Alicia em seu ombro.

- Você acha que eu não sei? - Ela perguntou com ironia enquanto olhava para o irmão.

- O baile está encerrado. - Raquel disse irritada, sentindo seus olhos encherem de lágrimas, mas ela não choraria em meio a tantas pessoas, isso demonstraria fraqueza e uma rainha não poderia demonstrar fraqueza. - E arranjem um médico, agora. - Ela ordenou irritada. - E quero que deem a volta por todos arredores do castelo para saber se a pessoa que fez isso... tentou fugir.

Alguém havia atentado contra a sua vida mais uma vez? Algum familiar de Alberto? O arquiduque espanhol?

Por alguns segundos, ela nem mesmo estava vendo o que estava acontecendo ao seu redor. Tudo parecia um borrão de vozes e imagens se misturando. Ela conseguia ouvir a voz de Alicia, de Fabio... Andrés, e uma multidão se formar.

Aquilo era claustrofóbico.

Ela só se lembrava de começar a subir as escadas que ela não fazia a menor ideia de onde dariam, e apenas seguia pela escuridão com a barra do vestido levantada, sentindo o penteado que as suas criadas demoraram horas para terminar, se desfazer no caminho.

O final das escadas, deu-se na varanda do castelo, na qual ela se apoiou no batente, sentindo a respiração ficar cada vez mais forte, parecia que o seu corpo iria explodir, mas as lágrimas não saíam de seus olhos.

- Oh... - Ela gemeu de dor, percebendo que havia machucado a mão em algum objeto nas escadas, um arranhão era visto na lateral, sangrava um pouco, e aquilo foi a deixa para que ela chorasse.

A lembrança foi clara, as imagens se dissiparam em sua mente sem nenhum controle.

- Majestade? - Ela sentiu uma mão forte, porém não era pesada, tocar o seu ombro. Ela virou-se no mesmo segundo. Vendo que era Sérgio.

- Ah, é você. - Ela começou a limpar as lágrimas de uma só vez, não queria que ele a visse chorar.

- Está tudo bem, majestade? - Ele indagou, Sérgio estava singelamente preocupado, ela estava ofegante, com a mão machucada e os olhos cheios de lágrimas. - Alguém te machucou? Ou tentou lhe machucar? - Ela rapidamente negou com a cabeça, para que não ocorresse um mal entendido.

- Eu me machuquei sozinha. - Ela respondeu de forma ríspida e ele apenas assentiu.

- Mas aconteceu alguma coisa?

- Por que está me fazendo tantas perguntas? - Ela inquiriu irritada e ele deu dois passos para trás, se afastando um pouco dela.

- Nada, eu só... está alterada, majestade.

- E? - Ela apenas perguntou e voltou a se virar para o lado aberto da varanda, ele fez o mesmo, parando bem ao lado dela.

- Perdão. Se a incomodei...

- Está me incomodando desde que chegou aqui na minha casa. E nem possui intenção de me tomar como esposa, porque nem ao menos me corteja. Realmente não sei o que você está fazendo aqui.

- Você quer ser cortejada por mim? - Ela revirou os olhos ao ouvir aquela pergunta.

- Você me entendeu.

- Por que está tão irritada?

- A sua irmã... ela... está passando mal lá embaixo, algumas pessoas acham que ela foi envenenada, que queriam me envenenar e erraram a taça... - Ela fechou os olhos um pouco perturbada e Sérgio arregalou os olhos, mas ficou um pouco mais tranquilo alguns segundos depois.

- Passando mal como? - Ele questionou curioso.

- Ela bebeu vinho... disse que a garganta dela estava fechando e parecia que iria desmaiar. A essa hora ela pode estar morta. Eu deveria ter te avisado assim que eu cheguei aqui.

- Majestade... Ela não vai morrer. Alicia é alérgica a um tipo específico de vinho e ela pode ficar desacordada por alguns minutos. Ela fica incapacitada para dizer isso quando acontece e o meu irmão é descuidado demais para se lembrar.

- Oh... - Ela pareceu aliviar-se um pouco. - Você tem certeza?

- Tenho, majestade. - Ele sorriu de lado e ela percebeu que aquela fora a primeira vez que o viu sorrir. - Ninguém atentou contra a sua vida essa noite e nem contra a dela.

- Eu destruí o baile. - Ela franziu um pouco a testa e ele assentiu.

- Pode retomá-lo amanhã. Isso é bem comum para a realeza.

- É verdade... Onde está a sua máscara, milorde?

- Eu não tenho uma. Não pretendia participar do baile.

- É, eu percebi que você não desceu para o salão.

- Percebeu? - Ele questionou surpreso e ela não sabia que reação tomar, até ver Fabio entrar na varanda e ele tinha um olhar quase ameaçador.

Os três se entreolharam de forma confusa e Raquel foi a primeira a abrir a boca.

- Como ela está?

- Bem, foi apenas uma crise alérgica a um componente do vinho. - Ele respondia a pergunta de Raquel, mas olhava para Sérgio.

- Eu vou providenciar mais tipos de vinhos. - Ela respirou fundo. - Quero vê-la. Onde ela está?

- Nos próprios aposentos. - Ele disse aquilo com certa raiva, mas a loira não deu atenção, apenas seguiu para dentro do castelo, seguiu alguns passos, mas voltou para perto da varanda, pois percebeu que havia esquecido de perguntar a Fabio se ele sabia qual havia sido o tipo de vinho que Alicia havia ingerido.

Quando se aproximou das cortinas, percebeu que os dois irmãos pareciam alterados, então ela apenas se encostou atrás dos tecidos vermelhos, ouvindo do que se tratava a conversa dos dois.

- Você disse que não pretendia corteja-la, que eu poderia fazer o que eu bem quisesse, mas na primeira oportunidade você está sozinho com ela. - Fabio disse aquilo com certo sarcasmo.

- Eu não estava a cortejando. Apenas estava... estava conversando com ela.

- Advinha qual é o conceito de cortejar? Ou acha que eu cortejo indo para a cama da rainha?

- Fabio, mesmo se eu a estivesse cortejando, o que tem de errado nisso? Que eu saiba estou no meu direito, é para isso que estamos aqui.

- Esse não é o ponto, Sérgio. O problema é que você se faz de bonzinho, “Não a quero", “Não vou para o baile”, “Estou com medo”. E exatamente na primeira oportunidade você me apunhala pelas costas. - Raquel ouvia tudo atentamente, sentindo a raiva invadir cada pedaço de seu ser, tudo o que ela mais odiava eram aqueles tipos de idiotices.

Irmãos colocando um trono acima até mesmo do próprio laço sanguíneo.

- Não foi isso que aconteceu, a rainha quem apareceu aqui, e apenas.

- Prometemos não ser desleais um com o outro.

- Eu não estou sendo desleal.

- E eu não sou um troféu de melhor desempenho e estratégia para cavalheiros. - Ela apareceu na varanda, assustando os dois homens que deram alguns passos para trás. - Se pretendem continuar brigando como adolescentes por quem está cortejando quem e em que horário, podem pegar as suas malas e entrar no primeiro navio de volta para a França. Eu até pago as passagens. Mas esse tipo de competição como se eu fosse apenas um reino e não uma mulher, me irrita...

- Majestade... -  Fabio começou, mas ela não parecia querer escutar.

- E vocês não querem me ver irritada. - Ela saiu da varanda com algumas lágrimas nos olhos, talvez aquilo fosse hipocrisia da sua parte? Talvez. Pois ela também os via como apenas algo a ser escolhido, mas em sua cabeça, era um tipo diferente de escolha.

No fundo, em seu coração, ela queria realmente escolher um marido e não um sucessor de trono.

E a escolha não seria fácil, e naquele momento ela não tinha ao menos noção do porquê.

O destino os reservava acontecimentos totalmente imprevisíveis.



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