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História Passion Fruit - Marinette.exe


Escrita por: Andrezadoll

Capítulo 6 - Marinette.exe


Fanfic / Fanfiction Passion Fruit - Marinette.exe

A Confiserie Tom & Sabine não era grande, mas muito acolhedora: predominantemente branca com detalhes nas paredes em forma de pequenos losangos verde-claros, enormes espelhos com grossas molduras no mesmo tom de verde e algumas mesas em madeira estrategicamente espalhadas.

Conhecia o local por fora, assim como sua fama, mas de fato nunca havia entrado ali até aquele dia. Era um mundo de doces finos incríveis, além das tradicionais baguetes e croissants.

Após cumprimentar Nathaniel e Marinette, Luka caminhou na minha direção.

— E aí, novato? Fiquei sabendo que você veio parar aqui também.

Nós nos cumprimentamos num aperto de mão informal.

— Bom dia, Luka. Marinette me contou que você faz as entregas.

— Eu e minha bicicleta estamos às suas ordens. — Ele fez uma pequena reverência, curvando o tronco para frente e acomodando a mão no peito. É claro que ele não perderia a chance de zoar. — Se precisar de ajuda com alguma coisa, me fala. Eu entro e saio daqui o dia todo. E obrigado por cuidar dela ontem, viu?

— A honra foi minha.

O moreno, então, sorriu, deu dois tapinhas leves no meu braço e depois caminhou até o balcão; a senhora Cheng já o aguardava com algumas caixas empilhadas.

Observei Marinette rapidamente; ela se mantinha concentrada em suas tarefas, mas era bem diferente de quando a vi trabalhar ontem à noite, no hotel. Na padaria ela deixava transparecer a sua melhor parte: a sua aura feliz.

Permiti que aquela doce emoção me contagiasse e segui com minhas tarefas. Porém, para minha total surpresa, Chloé entrou na loja. Eu precisei olhar duas vezes para ter certeza.

Minha amiga usava grandes óculos escuros que cobriam boa parte do rosto, além das roupas mais casuais para seu hábito. Parecia que ela não queria ser reconhecida, mas decidi não implicar sobre isso… por enquanto.

— Ei, o que está fazendo aqui? — perguntei, animado. Estava feliz em vê-la.

A loira abaixou os óculos somente um pouco para me olhar por cima deles.

— O que você está fazendo aqui.

— Trabalhando, Chloé querida. Foi você mesma quem me sugeriu.

— Não era… aqui.

— Acontece que estavam precisando de uma ajuda aqui também.

— E você não ia me contar? — perguntou em baixo tom.

— Me perdoa, Chloé. Queria te falar pessoalmente, não esperava te encontrar aqui de manhã. Sério, tenho muita coisa pra te contar. Eu passo lá no hotel assim que eu sair, só vou trabalhar de manhã.

— Tá, pode ser — ela sussurrou, ajeitando os cabelos loiros sobre uma das laterais do rosto, escondendo parcialmente a face.

— Mesa pra quantos?

Chloé arrumou a postura.

— Não, eu… eu só vim comprar uma coisa e… e já vou embora. — Ela mexeu no cabelo outra vez.

Ela disfarçou? Caramba, Chloé estava disfarçando. Ela nunca disfarçava.

— Por que não fica hoje… e deixa uma boa gorjeta pro atendente? — Pisquei.

— Você é ridículo. — Poderia jurar que ela revirou os olhos, mas ainda usava os enormes óculos escuros.

Eu sorri e, por puro reflexo, movi o rosto de repente para o lado. Então reparei que Marinette nos encarava. Ela não parecia brava, apenas… surpresa? Ela desviou o olhar e seguiu para trás do balcão.

— Preciso voltar pro trabalho, não quero perder meu emprego logo no primeiro dia porque me distraí conversando. Não quer mesmo uma mesa? — perguntei a Chloé, indicando o local com a cabeça. Já havia reparado que havia uma livre ao lado de Nathaniel.

A loira encolheu levemente os ombros e cedeu:

— Mesa pra um.

Acompanhei seus passos e puxei a cadeira para ela se sentar. Em vez de escolher o assento exatamente ao lado do ruivo, escolhi o da posição oposta, o que lhe permitiria apreciar a vista pela janela — algo que Nathaniel parecia ter zero interesse, pois estava de costas para o vidro. Em seguida, lhe entreguei o cardápio.

Então a deixei e fui recolher a louça de outra mesa. Quando retornei, segurei a vontade de rir, embora uma careta delatasse meu desejo; Chloé cobria praticamente todo o rosto com o cardápio aberto bem diante de si, e apenas uma parte dos óculos era visível acima do papel (era humanamente impossível que ela conseguisse ler qualquer coisa).

Posicionei-me ao seu lado.

— A senhorita está se sentindo bem?

A loira fingiu um pigarro e abaixou o cardápio, depois ajeitou os cabelos soltos.

— Perfeitamente, obrigada.

Não tinha nada de normal naquele comportamento, nadinha. Apoiei as mãos no tampo da mesa e me aproximei, sussurrando:

— Tem certeza? Você tá muito estranha.

Ela sorriu, nervosa, e moveu a mão no ar, como em sinal de dispensa. Então ficou séria de repente.

— Eu te explico depois — sussurrou entre dentes. Depois voltou a subir o cardápio, cobrindo o rosto quase por completo de novo. — Já decidi o que vou querer — pronunciou com a voz limpa e fluida, em tom normal.

Anotei tudo e, antes de deixar o local, reparei que Nathaniel sorria discretamente enquanto bebia seu café, embora não segurasse nada além da minúscula xícara de porcelana. Tampouco havia um celular sobre a mesa ou algum exemplar de jornal. O cara estava rindo sozinho e sem um motivo aparente. Seria o ruivo um desses artistas excêntricos? Não havia nenhuma menção sobre isto nas redes sociais.

Chloé não demorou a ir embora. Pelo visto não tinha mesmo a intenção de ficar. Aquilo foi muito, muito estranho. Era como se ela tivesse uma vida dupla. Bem, pensando assim, até que era bem interessante.

***♡***

(Marinette)

Quando acabou o turno da manhã, meu pai saiu da cozinha e assumiu temporariamente minhas funções; era meu horário de almoço.

Ajeitei o avental antes de chamar o loirinho. Será que ele já tinha percebido que eu ficava nervosa ao lado dele? Eu esperava que não, isso só me deixaria mais nervosa. E estávamos prestes a ficar a sós outra vez.

Caminhamos até a saleta nos fundos. O pequeno cômodo funcionava como ambiente de descanso. Havia um sofá, uma mesa de centro e até mesmo uma televisão. Ah, também era o hall de entrada da casa; tinha uma porta de saída lateral para a rua e uma escada que levava ao andar superior.

Adrien pendurou o avental no cabideiro enquanto eu ainda pensava no que falar. Como eu poderia elogiá-lo sem parecer óbvio o que eu realmente pensava sobre ele? Eu não poderia ser muito fofa, também não muito ríspida ou o afastaria por completo.

Por que eu estava tão preocupada? Era uma profissional, poderia lidar com isso. E aquele na minha frente era Adrien Athanase, o novo atendente da confeitaria e nada mais do que isso. Nada mais, Marinette!

Adrien era só um garoto habilidoso que conquistou a vaga por mérito próprio. Ele se provou perfeito para o cargo e eu precisava dele. Sim, ele era… perfeito. Um perfeito cavalheiro e incrivelmente bonito também e… Eu deveria parar de pensar naqueles olhos verdes e no que senti quando ele me ofereceu o guarda-chuvinha. Tinha sido como… como se ele me oferecesse o mundo.

Não é que eu estivesse me apaixonando, claro que não! A gente havia acabado de se conhecer, seria loucura. Quando retornei à realidade, percebi que Adrien me encarava. Há quanto tempo eu me perdi em devaneios? Há quanto tempo ele estava me olhando? É claro que ele aguardava um feedback após seu primeiro dia, eu deveria mesmo falar alguma coisa.

— Escuta… — Adrien começou a dizer e meu coração disparou.

Abri a boca para responder, mas nada saiu. Eu estava congelada; não sabia o que dizer. “Marinette.exe” tinha parado de funcionar.

Não sei se percebeu minha hesitação, mas ele logo continuou:

— Eu não esqueci que você me falou pra ser menos simpático com a clientela, mas é que…

— Oh, não… eu… eu preciso dizer que você fez um trabalho incrível hoje.

Adrien pareceu surpreso. Eu estava surpresa; pelo visto ainda não havia perdido a habilidade de falar.

— É sério? — ele perguntou.

— É, claro. Adrien… — Dei um passo em frente e diminuí a distância entre nós. — Aqui você não precisa se preocupar em… não ser simpático. Tudo bem se você for… você mesmo.

— Eu mesmo…? Acho que você não gostaria de quem eu sou de verdade.

Não pude evitar o sorriso, é claro que eu já gostava dele, e algo dentro de mim gritava que eu já o conhecia “de verdade”. É incrível o que podemos perceber quando estamos frágeis e vulneráveis. A garota que entrara naquela despensa não foi a mesma que saiu. Eu não era a mesma desde que conheci Adrien Athanase.

Disfarcei a lembrança e retirei o avental. Depois, o posicionei em outro braço do cabideiro, bem ao lado de onde estava o dele. Em seguida recolhi os lábios para dentro da boca a fim de umedecê-los, então voltei a falar; precisava dar alguma orientação. Era o primeiro dia dele, afinal.

— Só tome cuidado pra não se distrair e... Ai!

Eu tropecei no pé do cabideiro e tombei para frente, caindo direto nos braços de Adrien, que me segurou prontamente, impedindo a queda.

— Desculpa e… e obrigada. — Voltei a ficar de pé, piscando no mesmo ritmo e descontrole que meu coração batia. Senti meu rosto ferver de vergonha; quando me tornei tão desastrada?

Ele deve ter percebido meu embaraço e tentou consertar o clima.

— Acho que agora estamos quites. — Ele sorriu, o que piorou minha vertigem. — Você estava falando algo sobre não me distrair.

— Sim, é! Você fez um bom trabalho, só tome cuidado pra não perder a noção do tempo e acabar falando demais.

— Eu sinto muito mesmo, Marinette. Aquela garota com quem eu conversei hoje, ela é minha amiga, fiquei surpreso quando a vi, ela também, não sabia que eu tinha sido contratado.

Adrien ajeitou os cabelos lisos e depois massageou a própria nuca com uma das mãos. Tão bonitinho ele se explicando, parecia meio sem graça.

— Eu não estava chamando sua atenção, loirinho.

— Não?

— Não. Mas espera… ela é mesmo sua amiga? — Franzi a testa. A única garota com quem ele conversou por um tempo significativo havia sido a Chloé. Talvez fossem apenas conhecidos, mas… amigos?

Chloé era uma famosa influenciadora digital, tinha mais de oitenta mil seguidores (eu era um deles). E mesmo que eu não fosse de ficar na internet, o pai dela possuía uma rede de hotéis de luxo onde eu costumava organizar coquetéis, então eu sabia exatamente quem ela era.

— Sim… — a afirmativa tinha entonação de pergunta.

Eu precisava ser mais clara.

— Você é amigo de Chloé Bourgeois?

— Era dela que eu tava te falando ontem, ela faz muito bem o papel da irmã que eu não tive. Nossas mães são amigas desde sempre, desde quando eram solteiras.

Ele me ofereceu um sorriso carinhoso e soube que ele estava sendo sincero. Então lhe expliquei meu lado da história:

— Ela vem aqui quase todos os dias. Com o tempo você vai perceber quem são nossos fregueses habituais. Mesmo com os disfarces que ela usa, não é difícil reconhecê-la. Ela tem uma coleção incrível de óculos escuros, sabia? É claro que você já sabe… Deve ser legal ter um amigo famoso — comentei com sinceridade. Chloé parecia uma garota legal.

Então o loirinho cruzou os braços e ergueu sutilmente o queixo, me encarando com aqueles olhos verdes desconfortavelmente intensos. Acho que meus pulmões sufocaram.

— Como se você não soubesse como é ter um amigo famoso… Eu te vi com o Nathaniel Kurtzberg. — E ergueu as sobrancelhas, tentando provar que tinha um ponto.

— Sabe quem ele é? — indaguei. Minha pergunta era quase um desafio. Nathaniel não era nenhuma celebridade, e eu de fato estava muito surpresa por Adrien saber quem ele era; aquilo me deixou imensamente feliz.

— Ele foi a revelação do último ano. — O tom de voz era incrédulo, como se estivesse dizendo algo óbvio. Ele arregalou os olhos, claramente se divertindo. Eu também estava.

— Em arte — respondi sorrindo. — Nem todo mundo gosta.

— Morar em Paris e não apreciar obras de arte deveria ser crime, joaninha. Os quadros dele são incríveis.

Nossos olhares se encontraram em cumplicidade. E eu precisei dar o braço a torcer; ele tinha razão.

— São mesmo — respondi. Acho que saiu mais amável do que calculei. — É difícil encontrar quem realmente acompanhe essas coisas hoje em dia. Não tô falando de obras clássicas, que todo mundo conhece porque já ouviu falar, mas arte contemporânea. A comunidade não tem mais interesse nisso… em renovar conceitos e permitir novas… inspirações.

— Minha mãe sempre foi uma grande fã, do clássico ao moderno, devo agradecer a ela por ter me influenciado. Eu me considero não apenas um admirador, mas um estudioso da vida e suas representações artísticas. Tudo está em constante mudança, até mesmo nossas próprias percepções.

Por um momento só havia nós dois e nossa paixão em comum.

— Bem, o Nath… Digo, o Nathaniel, ele estudou com a gente, eu e Luka, somos todos muito próximos.

— Sim, claro. Vocês pareciam mesmo bem próximos.

Oh, céus. Ele entendeu tudo errado. Talvez fosse melhor eu explicar direito.

Amigos próximos. Somos só amigos. Eu, ele, Luka… Só que às vezes ele, o Nath, fica fora uns tempos, tem familiares na Irlanda. Ele voltou semana passada, mas só conseguiu vir hoje. Ele sempre vem, sabe? Digo, tomar café. Aqui.

Não fui capaz de controlar a frequência incomum de minhas piscadas, fazia isso quando ficava nervosa.

— Eu também faria o mesmo no lugar dele — Adrien comentou de forma amável, e eu me perdi outra vez naquele verde desconcertante até que um movimento na porta me roubou a atenção.

— Ei, Jess! — gritei. Minha voz saiu meio trêmula.

Ela e Adrien se cumprimentaram.

— Oi, Mari. Desculpa o atraso hoje, o Luka foi pra uma audição — Jess comunicou, deixando a sacola com as quentinhas em cima da mesa de centro. — Ligaram agora há pouco, foi tudo meio corrido. Parece que uma banda não vai poder se apresentar neste sábado e estão procurando outra com urgência.

— Luka tem uma banda? — o loirinho perguntou.

— Ele é o guitarrista — Jess informou.

— Uau, isso é incrível…!

— Bem, se ele fechar lá, posso descolar uns ingressos — ela ofereceu. Então se voltou para mim. — Eu vou fazer as entregas agora de tarde no lugar dele, já falei com seus pais. Vai ser até melhor, viu? Não é por nada, não… mas eu pedalo mais rápido que ele.

Quase tive um ataque de riso, e cobri a boca para disfarçar. Então me toquei que Adrien ainda estava ali.

— Eu… você tem que ir, né? Estou te prendendo aqui.

— Acho que sou eu quem estou atrapalhando… você está perdendo seu horário de almoço.

— Bem, a minha comida só chegou agora.

— E eu tô com fome. — Jess se sentou no sofá, abriu a sacola sobre a mesa de centro e buscou uma das quentinhas.

— Eu vou nessa, então. Bom te ver, Jess. Até amanhã… Marinette.

Adrien me olhou por um segundo a mais antes de virar as costas e partir.

Então eu percebi que aquilo não era suficiente; e eu desejei que um dia ele pudesse me chamar de princesa outra vez.


Notas Finais


Gente, acho que os divertidamentes da Mari não batem muito bem kkkkk

Aí o POV da Marinette não planejado, Talita :p

Obrigada por acompanharem, espero que estejam se divertindo <3


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