História Passos Coloridos - Ferocidade dos Blanco

Naquela noite as coisas ficaram tensas. Um certo alguém fez tudo o que podia para evitar mais pessoas de serem possuídas pelas trevas de Yin. A magia do garoto estava esgotada. Ele não podia mais usar seus poderes e estava inconsciente com febre. Milton sangrava pelo pescoço na cama. Uma lâmina feita de trevas havia perfurado sua garganta e cordas vocais. Seu próprio parceiro da Guarda Vermelha estava contaminado pelo mal já há muito tempo. Ravena e a princesa da coroa tentaram de tudo para parar Dan. A feiticeira gótica acabou sendo derrotada por exaustão. Caída no chão, ela ainda conseguia ver Lonnie lutar pelo reino.

Dan usava pouca energia mágica e mesmo assim conseguia feitos ferozes e eficazes. A princesa não economizava nada e dava tudo de si. Ela possuía inúmeras reservas de magia em anéis, braceletes e brincos. A batalha já havia se tornado uma guerra de exaustão. Quem se cansaria antes? Aquele que parecia sobreviver a tudo ou aquela que parecia ser incansável? Os dois travaram uma longa batalha. Tudo começou quando Ravena havia tentado segurar ao máximo seu parceiro com sua magia roxa. Ela acabou tendo sua energia esgotada e consequentemente Milton foi assassinado com crueldade. Após ter pousado na madeira da mansão, a princesa disse:

— Por que não vamos ao jardim? Não quero danificar a mansão. — Educadamente diz Lonnie após ver a cena de assassinato do mago mais útil de todo o país. — Ravena. Você fez um bom trabalho. Dê-me licença por favor.

Ravena se envergonha e se afasta para fora da mansão sem dizer uma palavra. Ela havia deixado Milton para trás. Talvez a partir daquele dia ela nunca mais pudesse se recuperar de ter falhado em frente à realeza.

— Não. Eu devo ficar aqui e garantir que o mago do tempo esteja realmente morto. Este poder deve ser banido do mundo. — Diz Dan.

Ele olha para a palma de sua mão direita e faz surgir a partir de sua mente uma espada feita puramente de um fogo mais escuro. Dan então a segura pelo cabo com as duas mãos e perfura o coração do rapaz inconsciente na cama, que acaba sendo queimado de imediato.

— Você não tem escolha! — Ela diz após uma súbita mudança de seriedade em seu olhar.

O cabelo da princesa começava a flutuar com o vento. Sem mover seu corpo, uma forte onda de ar era invocada através de seus pés, empurrando todos os móveis com tremenda força. Aquela magia de ar era violenta. O próprio vento era cortante e perfurante como uma ou várias agulhas juntas. A espada do guarda era desfeita. Aquele fogo escuro se espalhava pelas paredes e se extinguia no mesmo instante em que as tocava. Dan não pôde fazer nada além de encarar a princesa nos olhos. A ira da realeza era paralisante. O corpo do guarda parecia não sofrer danos. Dan estava mais resistente a tudo. Bastava que usasse sua mente para andar à beira da imortalidade.

Ela rangeu os dentes e desferiu um olhar furioso ao antigo membro da Guarda Vermelha. O vento se tornou mais forte e mais denso. As paredes começaram a rachar. Os sofás próximos rasgaram-se. Pedaços de tecido voaram pela construção. A princesa gritava de olhos fechados e o vento se expandia para toda a mansão, em direção a todos os lados, com mais potência. Dan ainda a observava de olhos semicerrados, porém desta vez com os dois braços na frente de seu rosto. Seus pés não estavam mais aguentando a pressão daquela ventania. Seu corpo estava sofrendo vários cortes rasos.

O rapaz era arremessado na parede. Sua colisão causou um impacto capaz de provocar rachaduras na mansão. Seus braços e pernas forçaram-se a ficarem afastados na parede enquanto o vento o mantinha preso.

— Isto não existe.... É só uma ilusão... — Ele repetia baixinho de olhos fechados e com isto os ataques violentos e estrondosos da princesa não faziam metade do efeito esperado.

Um círculo de vento se formou ao redor de Lonnie. Ela fechou os olhos e continuou com seus braços e pernas imóveis. Seus pés agora eram a base de um grande tornado. O vento havia se tornado ciclônico. A mansão começou a se remexer e se quebrar aos pedaços. Partes afiadas de madeiras, telhas, tijolos e móveis circulavam através da ventania. Todas as paredes e andares foram destruídos. A atenção dos soldados que estavam no jardim foi chamada. As flores eram aos poucos arrebentadas pelos destroços da mansão. Aquelas trevas que circulavam pelo ambiente acabaram entrando no tornado e se fundindo com ele. Dan voou pelos ares e permaneceu no alto. O corpo de Milton também, e este foi arremessado ensanguentado em cima de um arbusto após tomar uma boa dose de vento cortante.

Dan notou que uma aura cinza saía de um dos braceletes da princesa. Ela tinha mais cinco deles, e dez anéis. Sem falar dos brincos. Ela possuía quatro deles. Seus lindos e longos cabelos negros se destacavam no meio de todo aquele poder. Quanto poder. A pele da família Blanco era sempre pálida e branca como a neve. Seus conhecimentos diziam que o rapaz ainda possuía cura. Ele poderia lutar para o bem mesmo com aqueles olhos. Tudo o que precisaria era de um empurrão, nem que este precisasse ser feito com um tornado mortal.

— Dan. Volte para nosso lado. Você ainda pode. — Ela diz e obriga mentalmente o curso do tornado a arremessar seu inimigo em uma das torres no alto do castelo, que acaba se desmoronando furiosamente junto dele ao chão.

Ele caía de olhos fechados, sempre repetindo as palavras de que aquilo era apenas uma ilusão. Seu subconsciente acreditava. Era preciso de algo ainda mais poderoso para fazê-lo parar de mentir para si mesmo. O pior é que suas feridas se cicatrizavam rápido demais. Era impressionante o quão bom era seu controle mental, visto que aqueles que herdavam os poderes negros eram diferentes uns dos outros. Mas ele não poderia ficar daquele jeito para sempre. Uma hora ele teria de abrir os olhos e lutar, ou acabaria morrendo. Não se podia ficar na defensiva e querer ganhar de uma princesa.

Enquanto estava no chão com os destroços da torre espalhados por seu corpo, abria um dos olhos e criava com a mente uma lâmina forjada pelo fogo. A lâmina se esgueirava devagar pelo solo, evitando encostar no gramado. Era quase impossível de nota-la, pois a grama do jardim estava alta. Lonnie desfazia aos poucos o tornado enquanto caminhava devagar até o guarda. Todos os acessórios da princesa agora emitiam auras de diferentes cores: vermelho, azul, amarelo, verde, marrom... etc.

— Dan, você pode voltar para o nosso lado. — Diz a princesa.

— Jamais. — Ele diz.

A lâmina de fogo se lançava com a força de uma pedra de catapulta em frente ao peito da princesa. Seu tamanho crescia a cada segundo. Raios saíam do peito de Lonnie e batiam nos muros do castelo, os cortando aos poucos. A terra se estremecia e se agitava. O ambiente ficava frio. O domínio de todos os elementos estava em suas mãos.