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História Paternidade surpresa (Severitus) - Um desastroso acidente


Escrita por: SrtaAnaSnape3

Capítulo 1 - Um desastroso acidente


Capítulo 1 – Um desastroso acidente

Snape sentia-se cansado, seu corpo mostrava claramente o esgotamento de tantas aulas em um único dia. Odiava as quartas feiras, não havia um momento de descanso além do almoço e todas as suas turmas eram do primeiro ao quinto ano, todas com alunos idiotas que não se aplicavam com vontade ao aprendizado de poções. Os alunos mais velhos já estavam mais do que acostumados com seus métodos e participavam apenas aqueles que tiraram "Ótimo" em seus N.O.M.s no final do quinto ano, mostrando que não teria a dor de cabeça de ter caldeirões explodindo e nem poções tão erradas que tornavam-se até mesmo perigosas. Quando chegava o final do dia tudo que queria era tomar um bom banho, pegar uma taça de hidromel, vinho ou Whisky, abrir um livro e ler até sentir o sono o assaltar, então se arrastaria para o quarto, retiraria a roupa e se deitaria só de cueca em sua cama deixando-se cair em um mundo sem sonhos, nem pesadelos, apenas um limbo.

Era um final de dia perfeito, mas não para o dia de hoje.

Hoje Snape teria que aguardar um aluno para detenção, o que o deixaria ocupado por muitas horas noite adentro. Na maioria das vezes quando dava detenções mandava os alunos para o senhor Filch, uma vez que o velho adorava atormentá-los e segundo ele mesmo, dormia melhor depois de ver as caras cansadas dos pirralhos após limpar, sem uso de magia, o que tivesse mandado.

No entanto para aquele aluno ele fazia questão de dar a detenção pessoalmente, independentemente de seu cansaço. Era seu momento de descontar qualquer frustração em cima dele divertindo-se ao vê-lo tentar segurar a raiva atrás dos dentes. Era seu momento de diversão, a hora de se regozijar por ser o professor e assim ter poder sobre ele.

O relógio na parede de seu escritório acabara de indicar oito horas quando ouviu as três batidas. Respirando fundo levantou-se de sua escrivaninha e caminhou até a porta de madeira maciça girando a maçaneta e abrindo-a para ver a imagem que fazia seu lábio se esticar em um sorriso torto e irritante. Seus olhos chegavam a brilhar ao ver o menino com a cabeça para baixo olhando para o chão, mas mais prazeroso era quando ele erguia a cabeça e o encarava, ver aquelas esmeraldas com ódio em suas íris o deixava deliciado.

Sabia ser meio doentio, mas contemplar os olhos dele com aquele sentimento queimando era como se a própria Lillian o destilasse para si, o que era o certo, uma vez que fora completamente babaca com ela na época da escola e mais ainda, causara sua morte. E também, ver a cara cuspida de Thiago Potter sem poder retrucá-lo lhe causava um prazer quente no âmago. A vingança que tanto sonhara na juventude viera a cavalo, mas chegara, a vingança descontada no filho.

- Pelo menos na detenção o senhor chega na hora, não é mesmo, senhor Potter?

O veneno em sua língua era demasiado desnecessário, ele sabia disso, Potter se atrasara uma única vez e por apenas dois minutos, mas era motivo o suficiente para Snape tirar-lhe pontos da Grifinória e assim o fazer retrucar apenas para que pudesse ganhar uma detenção. Por três anos teve que assistir de camarote Dumbledore o favoritar como se fosse um santo que não erra e estava acima de todas as regras da escola. Estava farto de poupá-lo por causa do diretor, ainda mais depois do último ano em que Potter ajudara Black a fugir tirando de si a glória daquele momento e o reconhecimento pela ordem de Mérlin que ganharia do Ministro.

- Entre. – Disse dando espaço para o menino passar ao seu lado, então fechou a porta. – Hoje o senhor irá cortar essas raízes em pedacinhos bem pequenininhos, depois vai limpar e organizar aquele armário de ingredientes. – Apontou para o armário no fundo da sala que claramente não era limpo há anos, era possível ver as teias de aranha de longe. Potter respirou fundo. Snape deu um sorriso torto. – E claro, sem magia.

- Imaginei. – Balbuciou Harry.

- O que disse?

- Nada, senhor.

- Ótimo, pode começar.

Snape viu o menino se adiantar para a mesa e pegar a adaga afiada que deixara ali para ele, então começar a cortar as raízes com cuidado para deixar bem pequeno como ordenara. Por alguns minutos ficou apenas o olhando e sentindo dentro de si a quentura da vingança o aquecer. Então deu as costas e se encaminhou para a escrivaninha aonde voltou sua atenção para uma pesquisa que estava fazendo para desenvolver uma poção capaz de inibir ou pelo menos diminuir os efeitos do feitiço Cruciatus. Automaticamente ao pensar no motivo de ter começado essa pesquisa levou a mão ao braço esquerdo onde antes havia apenas uma leve sombra da Marca Negra, mas que agora começava aos poucos a ficar mais firme e mais visível. Sabia, desde o dia em que aquele garoto sobreviveu a maldição da morte que seu antigo mestre voltaria. Dumbledore lhe dissera que o Lord das Trevas ressurgiria um dia, só não se sabia quando e agora Snape sentia que a data estava próxima.

Tirando as lembranças de sua mente, voltou a atenção para a pesquisa e seguiu lendo e fazendo anotações até que após uma hora Potter se aproximou de sua mesa.

- Terminei com as raízes, senhor.

Snape levantou os olhos dos pergaminhos e encarou o menino com desconfiança, o garoto o encarava com raiva enquanto se encaminhava para a mesa onde ele estivera e conferia seu trabalho. Realmente Potter se dedicou a tarefa realizando-a com perfeição.

- Aceitável. – Disse vendo as sobrancelhas do mais novo se juntarem em clara discordância. – Comece a limpeza.

Harry respirou fundo e se dirigiu a última estante enquanto Snape retornava a sua mesa.

- Muito cuidado com os vidros, Potter, há coisas aí que podem rapidamente o levar a uma morte dolorosa. – Comentou dando uma nota de sarcasmo no final. – Não querermos que isso aconteça com o santo Potter, não é mesmo?

Antes que o menino pudesse lhe lançar um olhar de desprezo Snape voltou a atenção para sua pesquisa. Durante duas horas tudo que se ouvia era o som dos pergaminhos e da respiração cansada do menino que limpava o suor do rosto com o braço. Faltava pouco para que ele acabasse e Snape já estava prestes a liberá-lo uma vez que ele mesmo estava cansado e queria mais do que tudo deitar em sua confortável cama com seus lençóis negros e macios.

Mas Harry Potter sempre tinha que estragar seus planos.

Segundos antes de o dispensar, quando ergueu os olhos viu o garoto se esticar para pegar o vidro da prateleira de cima, uma prateleira alta demais para seu pequeno tamanho, seus dedos tatearam o recipiente com líquido verde o puxando para frente. Snape mal teve tempo de enfiar os dedos na manga do sobretudo onde guardava a varinha, pois em milésimos de segundos o vidro virou sobre a cabeça de Potter derramando-se por inteiro sobre seu corpo.

- Merda! – Exclamou quando o menino começou a gritar.

Agora Snape tinha minutos ou até mesmo segundos para agir e somente alguém com uma mente calculista agiria de forma rápida e calma como ele fizera indo em direção ao menino que gemia de dor com os olhos fechados, o rosto cheio do líquido que escorria por seu corpo inteiro. Rapidamente o mais velho jogou sua capa sobre o outro, segurou em seus ombros e o guiou para fora do escritório, diretamente para seus aposentos por uma passagem secreta. Potter agora chorava, o líquido que derrubara em si mesmo era um veneno potente que entrava na pele e atingia a corrente sanguínea se espalhando com velocidade pelo corpo e causando queimação por onde passava. Havia apenas um antídoto que Snape pegou rapidamente em uma estante enquanto corria em direção ao banheiro com o menino precisando ser praticamente carregado em seus braços. Quando adentraram o banheiro, Snape abriu o chuveiro e sem cerimonias enfiou Harry embaixo fazendo com que a água corrente descesse por seu corpo levando embora o excesso do veneno. Com sua mão devidamente protegida por luvas, Snape limpou o rosto do garoto e abriu sua boca o fazendo engolir o antídoto.

Harry gritou de dor e se agarrou as vestes de Snape com força. O professor não se importou em estar molhado ou com o menino agarrado a si, sua mente trabalhava apenas com o que precisava fazer. Sabia que o veneno teria que ser combatido dentro do organismo pelo antídoto, mas por fora ele precisava ser completamente retirado da pele de Potter e não poderia ser por feitiço, uma vez que o contato com magia só faria com que aumentasse sua potência. Sendo assim Snape, agora praticamente encharcado devido o menino ter grudado em seu corpo para se aguentar em pé, começou então a retirar a roupa de Harry até que ficasse nu deixando a água escorrer por sua pele. O grifinório estava tão desnorteado com tudo que nem mesmo entendeu que estava completamente pelado diante de Severus Snape que agora passava a mão em si ensaboando-o e limpando seu corpo.

Não havia nada além da completa concentração na mente de Snape enquanto lavava o menino da cabeça aos pés, ali era apenas um profissional cuidando de uma vítima de acidente, um acidente que desejava muito que Dumbledore não soubesse.

Foi apenas quando, ainda segurando firmemente Harry com o braço, Snape o virou para começar a limpar suas costas que o profissionalismo abriu uma brecha para dúvidas pessoais, quando seus dedos passaram por uma marca na pele dele. Por um momento elevou o olhar para o rosto jovem, Harry estava com a cabeça apoiada completamente em seus braços, seus olhos estavam fechados, ele respirava devagar, o antídoto fazia efeito, agora Snape sustentava praticamente todo o peso do garoto. Com cuidado olhou novamente aquela marca alojada um pouco abaixo das omoplatas, era no formato de uma peça de quebra cabeça, de tom marrom claro e do tamanho de um dado. A marca contrastava com a pele alva do grifinório.

Snape estava perdido em pensamentos quando sentiu os braços do menino se soltarem, Potter caíra no inconsciente como era de se esperar conforme o antídoto agia. Voltando a atenção para sua tarefa terminou de lavá-lo, fechou o chuveiro e invocou, com um levantar de mão, uma toalha. Com cuidado o enrolou no pano e o ergueu em seus braços, ainda com receio de usar magia e ocasionar algum problema com qualquer resquício de veneno que tenha ficado. Suas sobrancelhas se estreitaram ao sentir o peso daquele corpo jovem, com certeza faltavam alguns quilos ali. O levou até sua cama e o depositou em cima de seus lençóis negros, descansando a cabeça no travesseiro vendo os cabelos revoltos se espalharem.

O menino parecia ressonar tranquilamente como se não tivesse passado perto da morte. Suas feições eram calmas e leves. Apenas uma criança. Snape agitou a varinha fazendo aparecer roupas limpas que imediatamente começou a vestir em Harry, assim que terminou agitou a varinha e o cobriu.

Por muitos minutos ficou apenas o olhando ressonar, observando se haveria qualquer reação tardia, mas Harry apenas dormiu, respirando calmamente e parecendo nem mesmo sonhar. Convencido de que o garoto estava bem, Snape dirigiu-se ao banheiro e devagar desabotoou cada um dos botões do sobretudo. Sua mente fervilhando. O sobretudo caiu com peso no chão. Snape se olhou diante do espelho de corpo inteiro na parede e piscou diversas vezes antes de finalmente começar a desabotoar a camisa branca. Quando a peça também foi ao chão, repousando sobre a anterior, o professor olhou para seu torço nu. Seu corpo não era algo atraente, pálido e magro, sem pelo algum e nem músculos salientes. As únicas coisas que chamariam atenção para quem olhasse seriam as cicatrizes antigas que desenhavam seu peito e sua barriga, herança deixava por seu pai e depois por seu mestre. Virando-se de costas, além de mais cicatrizes, havia uma marca.

Virou o pescoço para vê-la, havia anos que não a olhava, não havia necessidade de recordá-la, no entanto agora ele a encarava.

Uma marca logo abaixo das omoplatas, no formato de peça de quebra cabeça e do tamanho de um dado.

Sua marca de nascença.



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