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História Paternidade surpresa (Severitus) - A verdade que Dumbledore escondeu


Escrita por: SrtaAnaSnape3

Capítulo 4 - A verdade que Dumbledore escondeu


Capítulo 4 – A verdade que Dumbledore escondeu

Tempo, era tudo que ele precisava para poder pensar nos passos seguintes. No entanto descobriu que o tempo que precisava acabou se mostrando também um inimigo, pois a constatação de que tinha um filho e que esse filho era justamente Harry Potter causou em sua mente e coração um caleidoscópio de sensações novas e confusas.

Em todos esses anos jamais imaginou que pudesse ter a oportunidade de ter um filho, afinal jamais amou outra mulher além de Lillian, se fosse ter um filho teria que ser com ela, por isso sentiu uma felicidade enorme quando ela lhe contara que a suspeita do resultado do momento que tiveram. Era um sentimento profundo e intenso que gritava em seu peito, prometera que faria de tudo para não ser como Thobias e que sairia do ciclo do Lord para ficar junto a ela e a criança. Mas depois de dias e mais dias idealizando um ser que nunca vira ou tocara, que era apenas um amontoado de células no ventre dela, veio a notícia da perda junto com o término do que nem havia começado entre eles. Apesar de sentir dentro de seu peito uma dor lancinante com a informação, sabia que nada poderia ser feito. Nunca mais haveria um bebê e Lillian fora embora o deixando com a certeza de que jamais a veria novamente.

O ódio e ressentimento em seu peito fora o que o tornara um ótimo comensal da morte, no entanto, fora também a sua ruína já que em um desespero para se provar contara apenas uma parte da profecia ao seu mestre. Foi quando Voldemort sorrira dizendo a seus súditos que os escolhidos era os Potters, que ficou sabendo que Lillian teria um bebê. Em seu desespero em buscar ajuda para protegê-la e ainda tomado pela dor do término do que tiveram nem mesmo parou para fazer as contas. Estava claro dentro de si que Lillian jamais mentiria, então não tinha porquê sequer pensar que havia outra possibilidade além daquela criança ser filho de Thiago.

Ah, se tivesse deixado de ser cego e burro, se deixasse o ódio e inveja de lado teria percebido que o bebê chorando no berço, enquanto abraçava o corpo da mulher, era seu filho. Mas tudo que queria era distância do menino e nem mesmo quando o garoto de onze anos sentou-se no banquinho para que o chapéu seletor escolhesse a casa, Snape sentiu algo mais do que ódio. Tudo que via era a cara de Thiago.

A possibilidade de sentir novamente o que sentira ao saber que seria pai era nula, pois seu coração se fechara para qualquer sentimento que não fosse culpa após a morte de Lillian. Nunca mais sentiu atração e vontade por nenhuma pessoa, sua mente e corpo fecharam-se por completo o afastando de sentimentos belos e simples como afeição e amizade.

Até agora.

Agora que começava a sentir tudo estranho e diferente, parecia que uma porta se abrira dentro de si liberando algo que o consumia e o transformava.

As mudanças não afetavam apenas Snape. Em apenas uma semana Harry também percebera que algo estava diferente. As aulas com o professor não eram agora o inferno que já fora. As injurias que normalmente recebia em praticamente todas as aulas diminuíram para poucas vezes em que o professor se zangava com alguma coisa com outro aluno a qual ele humilhava e então Harry, que não se aguentava calado, enfrentava o professor. Principalmente quando era Neville. Mas fora esses momentos, Snape ficava calado apenas o observando de longe.

Apesar de Harry ter adorado não ouvir as palavras ferinas em seu cangote, suas notas não melhoraram com essas mudanças, o principal motivo era por realmente não ser bom em poções e o segundo era por sentir o peso do olhar negro em cima de si o tempo todo, não apenas nas aulas como no salão principal durante as refeições, no período de estudos no salão menor e até mesmo enquanto passeava nos jardins ou voava em sua vassoura no campo de quadribol. Era como se Snape não tirasse mais os olhos de si. Queria poder ir até ele e dizer para parar de olhá-lo, que era estranho e assustador, mas sabia que o professor daria risada da sua cara e diria claramente que não tinha o menor interesse em sua vida e que era muita presunção achar que gastaria tempo pensando em alguém como ele.

No entanto, a verdade era que Snape tinha mais interesse do que imaginava. Desde o momento que soubera da paternidade, buscou vê-lo sem o pano grosso, pesado e denso que ele mesmo vestira e que o cegava para uma verdade que agora ele via claramente a sua frente. A verdade de que Harry Potter não era nada do que sempre via.

O garoto se mostrou ser um adolescente que gostava de estar com os amigos, principalmente os inseparáveis Ronald Weasley e Hermione Granger, mas não como Thiago fazia junto a Sirius. Se tivesse que compará-lo com um dos marotos seria com Lupin, pois em nenhum momento ele quis se mostrar para ninguém, na verdade parecia não querer nenhuma atenção e apenas passar despercebido, o que foi uma grande surpresa. Menos de uma semana se passara e aquele garoto o fez mudar de opinião apenas o observando de longe. O que aconteceria se pudesse se aproximar? Conversar? Será que seria capaz de realmente conhece-lo? Gostar dele?

- Já tomou uma decisão? – Questionou Dumbledore em uma tarde ao chamá-lo para um chá da tarde.

- Ainda não.

- Mas vejo que algo está diferente, você o observou a semana inteira.

- E você me observou a semana toda também, pelo que vejo.

- Sabe que nada passa despercebido por mim, ainda mais quando diz respeito a pessoas com quem me importo como você e Harry. – Dumbledore sorriu antes de tomar um gole do chá em uma xicarazinha branca. – Já mudou seus conceitos sobre ele?

- Ainda o acho um tanto prepotente e arrogante. Na maioria das vezes fica quieto cuidando de sua vida, mas não perde a oportunidade de fazer algo idiota que chama atenção para sua pessoa.

- Acho completamente compreensivo ele ser assim, visto toda sua infância. Não é à toa que tenha sede para se provar, ainda que não goste de holofotes.

- O que tem a infância dele – Perguntou Snape franzindo a testa e entrelaçando os dedos das mãos.

- Harry nunca teve uma infância fácil. Os Dursley sempre desprezaram o mundo bruxo. Principalmente Petúnia desde que me escreveu uma carta pedindo para estudar em Hogwarts e eu neguei por motivos óbvios. Nem minhas palavras mais gentis aplacou a ira dela. Você bem sabe, a conheceu quando mais novo.

- Sim, sei que Petúnia é doce feito um espinho. Mas ela ainda é tia dele.

- Acredito que nenhum laço de sangue fosse capaz de amolecer aquela mulher e muito menos seu esposo, pelo menos não quando se diz respeito a um sangue bruxo. – Mais um gole de chá. – Petúnia aceitou Harry quando o deixei em sua porta, pois na carta que deixei junto ao menino eu explicava o que acontecera com Lillian e como se sacrificara pelo menino.

Por um momento Snape fechou os olhos se recordando do momento em que encontrara o corpo da mulher em meio aos destroços da casa em Godrics Hollow, ao fundo o choro da criança.

- Expliquei a importância do sacrifício e que ele precisaria ficar com o parente consanguíneo mais próximo para que pudesse fortalecer a magia do sacrifício e aceitando-o ela também estaria protegida.

- E claro que ela aceitou, mas pensando apenas na segurança dela. Bem a Túnia que eu conheci.

- Exato. Harry não teve amor ou carinho. Petúnia e Valter o consideravam um ser inferior. Não houve uma amizade ou mesmo atenção até que chegou a Hogwarts. Foi aqui que ele teve seu primeiro amigo, seu primeiro presente e acho que sua primeira refeição farta. Os tios sempre o subjugaram, maltrataram, bateram, até o deixavam com fome. – Dumbledore falava aquilo com tranquilidade, como se o abuso afligido a uma criança não fosse nada demais, no entanto Snape sabia muito bem o que podia acontecer a uma criança maltratada. As cicatrizes em sua pele eram uma prova clara. – E ainda que fosse mantido em um pequeno armário embaixo da escada, muitas vezes sem comer e sem conhecer o que era uma família de verdade, ele se tornou um rapaz adorável, com sede de mostrar seu valor. Um valor que nunca deram a ele. Não há espaço para sentimentos cruéis dentro dele.

Snape abriu e fechou a boca logo em seguida, estava sem palavras para o que acabara de ouvir.

- Você sabia disso esse tempo todo? E não fez nada?

- Vejo que está indignado. Seria por saber que ele é seu filho, Severus? Se não soubesse, acha que teria essa mesma reação? – Questionou tomando mais um gole de chá.

- Alvo, crianças não são minhas pessoas preferidas no mundo. Elas me irritam com suas burrices, e sim, eu gosto de dizer injurias e castigá-las com detenções, mas jamais maltrataria uma criança e nunca encostaria um dele nelas. – Disse Snape com a postura ereta e as feições duras. – A minha indignação seria com qualquer um, no entanto ele é meu filho e, saber que ele sofreu abusos ficando trancado em um armário, sem comer, apanhando nas mãos daqueles trouxas me deixa consternado, mais ainda por você saber de tudo e não fazer nada.

- Eu não podia tirá-lo de lá. A magia de proteção de Lillian precisava do elo de sangue para se manter e não havia nenhum parente paterno vivo.

- Pelo amor de Merlin! Você é Alvo Dumbledore. Tenho certeza que você teria poder o suficiente para protegê-lo de outra forma, ainda assim se não tivesse, poderia ao menos ter feito alguma coisa. – Disse olhando seriamente para o diretor. – Alvo, como não fez nada durante treze anos, Alvo!? Ele nem tem o tamanho certo para um garoto de quatorze anos e claro que não teria o peso também.

Ainda que tenha sido um mínimo, a subida de tom de voz de Snape fez Dumbledore sorrir.

- Acredito que a sua resposta quanto ao que sente e o que quer já foi dada. Se quiser que Harry não sofra mais com os tios, assuma a paternidade.

- Como se fosse tão simples assim. Potter jamais aceitaria. Ele me odeia.

- Mas você não o odeia, pelo menos não mais.

- Ainda nem sei o que sinto e mesmo assim, não acho que contar seria a melhor ideia do mundo. Potter provavelmente me rejeitaria e com razão.

- Então não conte, se aproxime dele, conheça-o e deixe que ele te conheça.

Dumbledore se ergueu e aproximou-se de Fawkes que estava com a cabeça escondida embaixo das asas dormindo, passou o dedo pela penugem avermelhada e então olhou para o mestre de poções.

- Não me odeie, Severus.

- Isso vai depender. – Disse Snape levantando e arrumando a capa sobre os ombros.

- Depender do que?

- Do quão meu filho foi maltratado e do quanto você não mexeu um dedo para ajudá-lo.

Snape se dirigiu a porta pisando firme, em sua mente tudo que via eram os olhos esmeraldas e neles havia um dos piores sentimentos. Abandono.

 



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