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História Paternidade surpresa (Severitus) - O castigo do Lord


Escrita por: SrtaAnaSnape3

Capítulo 15 - O castigo do Lord


Capítulo 15 – O castigo do Lord

Os alunos que agora voltavam para suas salas comunais traziam em seus rostos um semblante triste. Muitos deles continham lágrimas silenciosas. Não havia outro barulho na escola se não os passos nos corredores frios e os choros dos inocentes. As mentes estavam tão perdidas em suas dores que não prestavam atenção no diretor caminhando com Snape e um cachorro preto atrás de si.

Snape observou Dumbledore ditar a senha para a gárgula de Fenix e então subiu no degrau que o levaria até o escritório sendo seguido pelo cachorro que assim que atravessou a porta transformou-se de volta em Sirius.

- Agora quer me explicar que história maluca é essa de Harry ser filho desse seboso? – Exigiu Sirius apontando para Snape que o ignorou e sentou-se na cadeira de sempre cruzando as pernas e aguardando Dumbledore falar algo.

- Sente-se, Sirius. Não é agradável conversarmos em pé. – Disse dando um leve sorriso ao homem. – A história que ouviu é verdade. Severus é de fato o pai biológico de Harry.

- Não. – Negou com a cabeça. – Lilian não faria isso, não com Thiago.

- Mas ela fez. – Dumbledore contou toda a história para Sirius que por vezes olhava para Snape e então para Dumbledore e de volta para Snape. – Não pode fazer nada quanto a isso, Sirius, Severus tem direitos sobre o menino como seu pai legitimo.

- Não quero ele perto do Harry, meu afilhado não precisa de um comensal ao lado dele. Um comensal que levou sua mãe a morte.

Snape, que estivera quieto parecendo nem mesmo estar ali, elevou as sobrancelhas e olhou penetrantemente para Sirius.

- Eu estarei ao lado de Harry até que ele me queira longe, você não poderá evitar, cachorro. E se tentar, não gostará do resultado.

- Isso é uma ameaça? – Perguntou Sirius já pegando a varinha.

- Eu não sou homem de ameaças. – Respondeu Snape se erguendo da cadeira com a varinha presa entre seus dedos.

- Basta! – Disse Dumbledore energicamente batendo a mão na mesa. – Qualquer inimizade de vocês deverá acabar aqui e agora. Harry é um menino que deve ser cuidado por ambos e não um boneco para brigarem por sua posse. – Sirius estreitou os olhos e então guardou a varinha a contragosto. Snape o encarou por mais dois segundos antes de fazer o mesmo e voltar a se sentar. - No momento temos coisas mais importantes para resolvermos. Sirius, precisaremos reunir o pessoal da Ordem novamente, além de recrutarmos mais pessoas, posso pedir sua casa emprestada para esse fim?

- Claro, diretor. No entanto, a casa de minha querida mãe está fechada há muitos anos, precisará de uma boa limpeza.

- Nada que não se resolva rapidamente. Creio que posso contar com você para ficar escondido lá, principalmente nesse momento em que seu nome será relacionado a qualquer ataque que acontecer e muitos aurores estarão atrás de sua pessoa.

- Serei um prisioneiro em minha própria casa então. – Resmungou. – Enclausurado enquanto outros lutam contra Voldemort.

- Será por sua própria segurança. – Disse o diretor antes de se virar para Severus enquanto Sirius bufava jogando as mãos ao alto indignado. – Precisaremos ensinar oclumência para Harry. Se Voldemort conseguiu tocá-lo, possivelmente conseguirá ter uma conexão mental com ele agora que está com o corpo físico restaurado, seus poderes podem estar até mesmo mais fortes do que anteriormente e isso significa muito perigo para Harry e todos a sua volta. Ele pode controlá-lo e espiar através de seus olhos.

- Eu posso ensiná-lo. – Disse Snape.

- Será muito perigoso, Voldemort não pode descobrir sobre sua paternidade.

- Ele não descobrirá. – Disse Snape olhando seriamente para o diretor. – Eu sou o melhor bruxo em oclumência e legilimência, melhor até mesmo do que o senhor. Eu ensinarei Harry e treinarei sua mente para que ele fique seguro.

- Ótimo. – Disse Dumbledore e então com olhos azuis grandes e brilhantes o diretor olhou profundamente para Snape. - Severus, receio ter que pedir...

- Eu sei, diretor. – Disse simplesmente não demonstrando nada em suas expressões. – Estou pronto para seguir com meu dever.

- Já se passaram duas horas. Haverá consequências.

- E lidarei com elas como lidei antes.

- Deixarei Papoula de sobreaviso.

- Se me der licença, preciso me preparar.

Snape saiu do escritório sem olhar para trás. Fazia tempo que sabia que esse dia chegaria e estava se preparando psicologicamente para isso. Sua marca queimava em seu braço fazia algumas horas, era o chamado de seu mestre, o chamado que não respondeu inicialmente sabendo que haveria consequências graves ao finalmente se apresentar perante ele. Seus passos eram firmes enquanto mentalmente erguia os muros em sua mente guardando dentro deles todas as lembranças junto a Harry e conversas com Dumbledore sobre o retorno do Lord das Trevas e como poderiam derrotá-lo. Indo mais além, empurrou para o fundo da mente devidamente guardado atrás de paredes e armaduras todas as lembranças de sua traição ao Lord antes de sua queda e a verdade de Lilian. Fortificou as lembranças de anos de magistrado em Hogwarts com alunos chatos e irritantes.

Chegando em seus aposentos foi diretamente para o baú no fundo do quarto. Em todos os momentos em que olhou para aquele objeto durante todos esses anos houve um sentimento ruim de culpa, a mesma culpa que carregou por anos, mas naquele momento não havia nada para sentir. Seus movimentos eram quase automáticos ao abrir o cadeado prateado e retirar de dentro dali suas antigas vestes de comensal. Imediatamente a vestiu sem importar-se com o fato de ainda caber em seu corpo. Fechou os botões até o pescoço. Pegou a máscara prateada cheia de marcas feitas por sua própria adaga evidenciando cada erro cometido em nome de seu mestre e a prendeu na calça cobrindo-a com a capa preta e pesada.

Sem se olhar no espelho caminhou firmemente para fora do castelo por caminhos escondidos até chegar ao ponto que poderia desaparatar. Então ergueu a manga esquerda e tocou a varinha na marca negra sentindo o puxão no umbigo que o levou imediatamente para diante de seu mestre que estava sentado em uma cadeira no meio do cemitério que Harry dissera após voltar segurando o corpo de Cedrico.

- Meu Lord. – Cumprimentou Snape ajoelhando-se a sua frente e baixando a cabeça até encostar a testa nos pés de Voldemort.

- Está atrasado, Severus.

A voz de Voldemort era baixa, arrastada e perigosa. Snape não precisava levantar o rosto para saber que ele tinha os olhos vermelhos presos em si com raiva brincando atrás das íris finas igual cobra.

- Peço perdão, milorde. Possivelmente o senhor já deve ter conhecimento do meu trabalho atual como professor em Hogwarts. O retorno de Harry Potter carregando o corpo do menino Diggory deixou a escola em estado de atenção e Dumbledore exigiu a presença de todo o corpo docente em alerta. Não poderia sair sem levantar suspeita, mas acredite em mim, milorde, minha vontade era vir para cá no exato momento que chamou.

- Sim, eu sei de seu trabalho em Hogwarts, Rabicho fez questão de contar tudo que sabia enquanto era rato daquele traidor de sangue. Levante-se.

Snape se ergueu e permaneceu de frente com seu mestre, sua mão devidamente para trás e seus olhos presos aos vermelhos. Quando Voldemort se ergueu Snape soube exatamente o que aconteceria em seguir, por isso não se surpreendeu quando o ser apontou a varinha para sua testa e então avançou em sua mente de forma grotesca e sem cuidado algum avançando a cada lembrança com selvageria, caçando e procurando qualquer indício de mentira. Mas Severus era especialista em oclumência e sabia muito bem guardar todos esses indícios, além de trazer uma força mental enorme para aguentar aqueles avanços. Avanços que duraram muitos minutos fazendo com que suor escorresse por seu rosto. Severus sabia que quando chegava esse momento ele precisava fingir que estava esgotado, por isso dobrou o joelho caindo diante de um Lord que trazia um sorriso maligno no rosto enquanto o via sofrer com sua invasão.

Finalmente a varinha baixou e Severus caiu pra frente usando as mãos para se apoiar no chão enquanto respirava esperando que o Lord dissesse algo.

- Muito bom Severus, me mostrou que ainda é leal a mim, apesar de estar ao lado do velho.

- Não sou leal a ele, milorde, mas precisava de um trabalho e Dumbledore me deu o cargo de mestre de poções. Sou leal apenas ao senhor, antes, agora e sempre.

Snape sentiu a mão fria de Voldemort erguendo o seu queixo e o fazendo olhá-lo de baixo deixando claro qual era seu lugar, abaixo de si, no chão e servindo ao seu senhor.

- Eu sei, Severus. Você servirá muito para meus propósitos. De agora em diante você vigiará o velho e me trará qualquer novidade sobre ele e Harry Potter.

- Sim milorde, qualquer coisa pelo senhor.

- Ótimo, Severus. – O dedo de Voldemort apertou seu queixo violentamente, sua unha cortando a carne da bochecha deixando escorrer um filete de sangue sujando seu rosto pálido. – Mas ainda assim chegou atrasado. Sabe que isso tem uma consequência.

- Eu entendo milorde. Mereço meu castigo.

Uma risada grotesca saiu da garganta de Voldemort antes de um feitiço laranja sair de sua varinha o acertando com força no meio do peito. Snape sabia o que aconteceria e sabia que teria que aguentar toda a dor que o Cruciatus lhe daria. Uma dor que o faria gritar até quase desmaiar ou até que Voldemort estivesse satisfeito.

 

Harry sentia-se pesado enquanto seus olhos abriam. Ainda estava na ala hospitalar pelo que conseguia identificar do lugar e pelo que via na janela estava clareando, era bem cedo ainda. Fazia poucas horas que voltara do cemitério. Deveria chamar Madame Pomfrey, talvez pedir para falar com Dumbledore para saber o que aconteceu no meio tempo em que dormira, mas a verdade era que não queria sair do lugar, nem mesmo abrir os olhos. O maior desejo era enterrar-se naquela maca e sumir do mundo antes que as lembranças de tudo voltasse a sua mente. No entanto, antes que pudesse deixar o inconsciente o sugar ouviu vozes no fim da ala hospitalar a suas costas. Tentando respirar o mais silenciosamente possível e não se mexer para que não descobrissem que estava acordado, Harry aguçou o ouvido prestando atenção no que falavam.

- Meu Merlin, o que ele fez com você dessa vez. – Falava Madame Pomfrey.

Fez o que com quem? A curiosidade de Harry se aguçou e o menino tentou virar um pouco a cabeça para tentar ouvir melhor com quem ela estava falando, mas a única coisa que ouvia era um gemido de dor.

- Não vou conseguir fechar os ferimentos imediatamente, eles têm algum encanto que não deixa fechar rápido. Você terá que aguentar um pouco mais até fechar, posso apenas amenizar a dor. E ficarão algumas cicatrizes. – Outro gemido. – Melhor passar a noite aqui.

- Não. – Disse uma voz grossa e rouca.

- Não pode se levantar, você está muito ferido. Deixe de ser teimoso homem.

Mas qualquer coisa que Madame Pomfrey falava não seguravam o homem que apenas gemia enquanto se levantava. Harry manteve-se imóvel apenas ouvindo os passos arrastados da pessoa. Não conseguira identificar quem era pela voz, estava rouca demais como se a pessoa tivesse gritado muito e arranhado a garganta. Fechou os olhos quando percebeu que os passos se aproximavam de sua maca. Os passos se aproximavam cada vez mais e então quando conseguia ouvi-lo próximo a sua cabeça eles pararam. Harry manteve-se quieto e fingindo dormir, não abriu os olhos em nenhum momento, pois conseguia sentir a presença de alguém ao seu lado. Havia um cheiro forte ocre. Seu corpo estava tenso por não saber quem estava ao seu lado, mas então a pessoa tocou em seu cabelo com dedos cumpridos e aquele toque foi muito familiar, reconhecia aquele carinho, o recebera diversas vezes antes nos momentos em que estava mais vulnerável. Sua respiração se acalmou, mais ainda quando lábios se postaram em sua testa. Aquele carinho desencadeou uma torrente de emoções dentro de Harry devido tudo que ocorrera consigo nas últimas horas, mas quando os olhos marejaram e se abriram viu apenas as costas do homem que arrastava-se pelas portas da ala hospitalar.

- Homem teimoso. – Resmungou Madame Pomfrey antes de ir para sua sala e fechar a porta.

Harry sentou-se na maca e levou a mão ao cabelo onde antes estivera a mão de Severus lhe fazendo o carinho que sempre fizera, o carinho que Harry gostava tanto. Mas algo molhou seus dedos. Harry tentou enxergar, porém estava muito escuro. Jogando o lençol para o lado Harry se levantou sem fazer barulho e foi até próximo a janela onde já estava amanhecendo. Ergueu os dedos e então entendeu o que era aquele líquido pegajoso, era sangue. Seu coração disparou e lembrou-se do que ouvira Madame Pomfrey dizer “O que ele fez com você dessa vez?”.

Tentando não fazer barulho Harry colocou suas vestes e saiu silenciosamente da ala hospitalar.

O corredor estava vazio, os alunos ainda estava dormindo, se é que alguém conseguiu dormir depois do final da terceira tarefa. Os archotes iluminavam o caminho e Harry percebeu que havia um rastro de sangue que o levava até a passagem secreta que usava para ir aos aposentos de Severus. Antes de seguir o caminho Harry usou a varinha para limpar o rastro, por algum motivo sabia que ninguém deveria saber que aquele sangue era de Snape. Silenciosamente dirigiu-se pelo caminho até afastar a tapeçaria de corsa, por um momento pensou que não seria mais reconhecido pelos feitiços de proteção uma vez que afastou-se do professor após descobrir a verdade, mas o caminho estava livre.

A sala estava escura, as poucas janelas estavam com cortinas fechadas e a lareira apagada.

- Lumos.

A varinha de Harry iluminou uma sala vazia e fria. Iluminando o chão encontrou o rastro que levou até o quarto. Harry foi devagar pé ante pé até o quarto, abriu a porta e apontou a varinha para o quarto. Parecia vazio. Não havia ninguém na cama. Antes de seguir o rastro de sangue Harry iluminou os archotes do ambiente e então ao dar alguns passos seus olhos se arregalaram.

- Severus!

Snape estava desacordado no chão, sua respiração estava lenta. Em sua mão um vidro de poção para repor sangue. Harry se aproximou tocando em seu ombro e o chamando. O homem não respondeu seus chamados. Harry virou o homem o deixando de costas e entendeu o motivo do rastro de sangue. Havia vários cortes em todo o seu abdômen e tórax. Lembrou-se de Madame Pomfrey informando que não conseguiria fechá-los e que demorariam um pouco para curarem. Harry se aproximou um pouco mais e tirou o vidrinho que estava preso pelos dedos do homem. Era um frasco de poção para repor sangue, o que era bom, pois o tanto de sangue que já perdera era gritante. Sem saber exatamente o que fazer Harry usou um feitiço para erguer o corpo do homem até a cama e ajeitou os travesseiros para que repousasse a cabeça, então tirou os cabelos negros grudados em seu rosto e o observou. Os olhos mexiam-se rapidamente embaixo das pálpebras como se estivesse preso em um sonho. Sua boca estava entreaberta por onde saindo alguns gemidos entre as rápidas respirações que dava.

Ao olhar para o peito de Snape, Harry sentiu o estômago embrulhar. Tinham pelo menos uns sete cortes espalhados, alguns pequenos e outros maiores, todos abertos e vertendo sangue, agora menos que antes, mas ainda assim sangrando o suficiente para que pegasse algumas toalhas no armário e colocasse ao redor do corpo além de outra em que ficou limpando enquanto saia. O dia já estava iluminado quando percebeu que o sangue não saia mais dos ferimentos. Agora era esperar que fechassem, provavelmente demoraria mais um pouco, mas pelo menos Snape parecia um pouco melhor, a respiração estava mais leve e os olhos não mexiam-se tanto.

Harry pensou em voltar a ala hospitalar e falar para Madame Pomfrey para que ela pudesse ir ver se o homem estava bem, mas assim que pensou em sair do seu lado não conseguiu se mexer. Ele estava vulnerável, ferido e de alguma forma Harry sabia que era por sua causa.

- Milorde, por favor. - Balbuciou Snape virando a cabeça em direção a Harry.

- Professor? Está acordado?

Snape resmungou um pouco e seus olhos se mexeram, por um momento as pálpebras se abriram e o homem olhou para ele. Havia confusão, medo e dor nos olhos negros. Por um momento pareceu que ele não reconhecia o menino, mas então suas sobrancelhas se juntaram e uma palavra rouca saiu de sua garganta.

- Filho?

Havia tanta fragilidade naquela palavra que Harry não teve coragem de negar a filiação, não era hora para brigar por isso, ele estava machucado e ainda que dentro de si os sentimentos continuassem confusos com o fato da paternidade descoberta, Harry tinha um carinho muito grande por ele e não poderia contrariá-lo e nem deixá-lo sozinho. Snape era um homem adulto, forte e poderoso, mas que no momento estava vulnerável e procurando a segurança de uma presença conhecida.

- Estou aqui. – Sussurrou Harry levando uma mão a testa dele fazendo ali o mesmo carinho que recebera antes e com a outra segurou a mão fria de Snape. – Estou aqui.

Snape piscou lentamente e olhou profundamente em seus olhos agradecendo, então apertou sua mão e adormeceu de novo sabendo que estava seguro na companhia de Harry.

- Estou aqui. – Disse Harry novamente agora sentindo mais verdade em cada palavra que dizia enquanto olhava para o rosto dele agora mais relaxado. – Não vou te abandonar... pai.



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