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História Paternidade surpresa (Severitus) - Por você


Escrita por: SrtaAnaSnape3

Notas do Autor


Pessoal, desculpem a demora.
Eu queria postar dois capítulos hoje e por isso escrevi esse e segui com o próximo, mas no meio do caminho percebi que os dois próximos capítulos se complementam mais do que esse aqui e o 22.
Então estou postando esse hoje e vou terminar o 22 e 23 para postar e finalizar essa fic.

Eu reli o que escrevi e arrumei os errinhos de gramática, mas ainda assim se encontrarem, me desculpem.

Espero que gostem. Bjinhos

Capítulo 21 - Por você


Capítulo 21 – Por você

 

- Harry, tem certeza disso? – Perguntou Rony segurando-se no ferro de uma das camas do Noitebus Andante.

- Tenho. A Ordem precisa de uma vantagem.

- E como você pode saber que ele não vai apenas lançar um Avada em nós três e acabar com tudo? Afinal, uma coisa é você estar protegido na casa dos seus tios ou em Hogwarts e ele não conseguir te alcançar, outra coisa é você marchar até a frente dele se entregando de bandeja.

- Eu também pensava nessa possibilidade, Hermione, mas Voldemort não vai apenas me matar. Sei disso pelo que passamos no cemitério, depois do Torneio Tribruxo. – A voz de Harry baixou um pouco nesse momento ao se lembrar daquela noite. Fazia tempo que se obrigara a não pensar em Cedrico e rever sua morte era muito doloroso. – Ele gosta de falar, de se gabar. Eu só preciso que ele baixe as defesas e se ocupe comigo até que a Ordem esteja pronta para atacar. Só preciso de tempo.

- Prontinho. – Disse Lalau Shunpike dando um sorriso para Harry ao indicar que chegaram ao ponto de desembarque próximo a mansão Malfoy, conforme tinha pedido. – Espero que tenham gostado da viagem. Volte sempre que quiser, Harry.

- Obrigado. – Disse o menino saltando do ônibus e o observando partir velozmente rumo ao seu próximo destino.

Harry olhou ao redor e viu que estavam em um local enorme e deserto, ao longe no grande campo via-se a grande mansão dos Malfoy com janelas iluminadas por velas a tremeluzirem. O clima estava ameno, havia o calor a tocar suas peles e uma brisa a refrescá-las. Era perfeito, pensou Harry, para um cenário final. Precisava terminar com toda aquela história de guerra bruxa antes que mais bruxos morressem nas mãos de Voldemort, sentia que era sua obrigação.

- Qual o plano, Harry? – Perguntou Hermione abaixando-se para que ninguém os visse. Rony se abaixou também, mas Harry permaneceu em pé.

- Vocês dois ficam aqui e aguardem a Ordem, eu vou encontrar Voldemort.

- Não, iremos com você.

- Não. Agradeço a ajuda e por me acompanharem, mas agora preciso ir sozinho, esse momento tem que ser apenas meu com Voldemort. Eu sinto isso, se eu for sozinho conseguirei atrasá-lo. Preciso fazer isso.

- Mas, cara, é muito perigoso. – Sussurrou Rony olhando para o amigo.

- Não para mim, pelo menos por enquanto. Nenhum comensal vai me atacar, não se atreveriam a fazer isso diante do senhor deles, o único que poderá me atacar será Voldemort e tenho certeza que ele não atacará assim tão rápido. Confiem em mim, dará certo.

Rony e Hermione se entreolharam e no fundo queriam dar um tapa em Harry e o obrigar a ficar, mas sabiam que não adiantaria nada, o amigo estava decidido, o que podiam fazer era apoiá-lo e ficar de prontidão.

- Está bem, mas se virmos que está encrencado iremos para lá imediatamente.

- Combinado.

Harry deu um aceno com a cabeça e começou a andar devagar em direção a mansão. Cada passo era mais pesado que o outro. Sentia que se aproximava da morte a cada segundo, sua mão estava gelada ainda que o clima estivesse quente, sua boca estava seca e seu coração pulava dentro do peito, mas por algum motivo sua mente estava limpa e calma. Sabia que corria um risco enorme, mas entendia que estava fazendo o certo, sabia que desde o momento que Voldemort olhou para si dentro do berço, após passar por cima do corpo de sua mãe, estavam ligados de uma força incomum e incompreensível. Era por isso que tinha confiança em seu plano, uma confiança que nunca tivera antes da vida. Sabia que podia morrer a qualquer momento, mas isso não o deixava com medo, só dava mais força para apertar o passo. Em cada movimento de seus pés no chão vinha uma lembrança em sua mente, não de sua infância, não havia lembranças boas com seus tios e primo, mas suas em Hogwarts com os amigos, os jogos de quadribol com a Grifinória, os pontos para sua casa, os momentos raros com Sirius e os diversos intensos com Snape enquanto descobriam sua amizade e futuramente a paternidade. Eram tantas coisas boas que o deixavam reluzente de emoção, uma emoção que coçava na ponta dos dedos.

A última imagem que Harry viu antes de se concentrar no portão de ferro que se aproximava era Snape, o mestre de poções ranzinza e amargo que entrou de forma impressionante em sua vida e que preencheu o vazio que Voldemort causara arrancando de si seu pai. Foi com essa imagem em mente, lembrando-se dos momentos em que sentira o coração completo de afeto que parou diante da barreira de magia que impedia sua passagem. Apesar de invisível, era capaz de sentir sua força, era uma magia densa e fria, tão negra quanto os bruxos que a fizeram.

Harry engoliu em seco e aguardou. Não demorou muito para que a porta da frente abrisse e por ela passasse Comensais da Morte empunhando a varinha em sua direção, ainda que ele estivesse claramente desarmado com a varinha devidamente guardada em seu bolso. A Mansão era de fato o quartel general de Voldemort, pois saíram dali de dentro muitos Comensais de cara fechada, assim como Malfoy sênior acompanhado da mulher e do filho. Draco parecia meio doente e ao avistar Harry seus olhos cinza arregalaram-se e o menino deu um passo para trás como sempre fazia quando se encontravam nos corredores da escola. Por muito tempo Harry não compreendia o que acontecera para que Draco agisse daquela forma, sendo que sua principal diversão era enfrentar o Grifinório, ainda que saísse perdendo, mas um dia em meio a um pesadelo bem vivido enquanto dormia nos aposentos de Severus o jovem soube que Draco o atacou junto com os amigos brutamontes e por isso Snape o fez não se aproximar mais dele. Harry não ficou chateado por isso, na verdade agradeceu mentalmente, pois a vida sem Draco o infernizando era muito boa.

Saindo de seus devaneios a respeito de Malfoy filho, Harry viu a figura que vinha caminhando devagar em sua direção abrindo caminho por entre seus seguidores. Voldemort estava exatamente como se lembrava desde seu último encontro no cemitério, a pele branca pálida feito um papel onde se via as veias escuras, as vestes escuras tremeluzindo ao redor de seu corpo dando a impressão que sua alma estava vazando de seus poros, esvoaçando ao vento que batia em seus panos, as mãos eram grandes e com dedos afinados e longos trazendo a varinha feita de osso, tão branca quanto o rosto de seu dono. Mas o que Harry jamais esqueceria, independente de quanto tempo se passasse seriam os olhos. Olhos vermelhos e ofídicos, tensos e penetrantes que poderiam rasgar a alma de uma pessoa com apenas um piscar. Aqueles olhos estavam presos aos seus e aproximavam-se a passos lentos.

- Ora Ora, Harry Potter na minha porta. – Disse Voldemort em um tom baixo, mas que chegava aos ouvidos de todos em alto e claro som.

Lucius Malfoy fez um gesto quase imperceptível, como se quisesse deixar claro que aquela mansão era dele e não de Voldemort, mas Narcisa tocou-lhe o braço indicando para que não fizesse nada e o homem assentiu respirando fundo para se concentrar em ficar apenas aguardando o que aconteceria.

- Milorde! – Chamou uma mulher de cabelos negros volumosos e rosto cadavérico. – Não se aproxime muito do garoto, aposto que é uma armadilha.

- Não pedi sua opinião, Bellatrix. – Disse Voldemort de forma ríspida com um olhar raivoso para a mulher. Harry então a identificou como uma das pessoas que fugiram de Azkaban, vira a notícia no Profeta Diário ainda naquela manhã. – Não sou idiota, sei que é uma armadilha, mas o mais intrigante é que não sinto a presença mágica de mais ninguém além de Harry e dos dois amigos dele. Talvez queira me dizer, antes que eu o mate, o motivo de sua presença aqui.

- Você me queria, não queria? – Questionou Harry dando um sorriso debochado.

- Ah sim, te matar é uma das tarefas que anseio a fazer desde que escapou por entre meus dedos devido a magia estranha de nossas varinhas.

- Pois eu estou aqui. Eu estou bem aqui.

- Que tolo você é, Harry Potter. – Disse Voldemort deixando sua risada reverberar pelo vazio do campo atingindo lugares longínguos. Harry não sorriu.

***

- Beba isso.

- Não vou beber nada que você me dê.

- Deixe de ser uma criança birrenta, Black. – Vociferou Snape olhando raivosamente para Sirius. – Não temos tempo para criancices, Harry está em perigo e precisamos salvá-lo. Ainda que o despreze, você é a droga do padrinho dele e o menino te ama e respeita. Sua perda iria devastá-lo e eu não serei jamais a pessoa que causará esse sentimento a ele. Beba logo essa poção para que sua magia não seja detectada pelo Lord e possamos nos aproximar da mansão sem que nos vejam.

Sirius olhou desconfiado para Snape que mantinha um olhar penetrante enquanto segurava o vidrinho de poção na mão estendida. Receoso, mas derrotado, Sirius pegou o vidro e o abriu tomando o líquido de um único gole. A poção era doce e quente, fazia os dedos formigarem.

- Pronto, agora vamos logo atrás dele.

- Acha que pode simplesmente chegar na frente da mansão e sacar a varinha? – Perguntou Snape de forma impaciente. – Há dúzias de comensais naquela mansão, magias de proteção que o próprio Lord das Trevas colocou contra qualquer invasor. Não podemos marchar direto para essa guerra, não em plena desvantagem como estamos.

- E o que sugere então, Snape?

- Pensar, precisamos pensar e agir com calma e controle para conseguirmos chegar até Harry e trazê-lo de volta são e salvo. Primeiro vamos usar desilusão para que não nos vejam chegando. Vamos cercar a entrada, eu vou de um lado e você de outro, precisamos nos aproximar de Harry para conseguir tirá-lo de lá. Quando estivermos perto o suficiente você vai pegar Harry e desaparatar daqui com ele.

- E você?

- Eu ficarei, distrairei o Lord com a minha presença para que vocês tenham como ir embora. O Lord quer minha pele tanto quanto quer Harry, eu sou um desertor. Minha presença acenderá a cólera dele te dando tempo.

- Mas ele vai matá-lo.

- Possivelmente, mas Harry estará a salvo e isso que importa.

- Você é um idiota mesmo.

- Como é? – Snape ergueu as sobrancelhas olhando para Sirius.

- Fala que Harry sofreria com a minha morte e que não causaria essa dor no menino, mas quer se entregar a morte. Acha que Harry ficaria bem sem você?

- Ele teria você e os amigos dele, estaria bem.

- Não estaria não, seu inergumeno. Harry te ama de uma forma que não sei nem explicar. Aquele menino é seu filho e você é o pai dele, não apenas pelo sangue, mas o pai que ele aceitou no coração e na alma. Harry já perdeu Thiago, não vai suportar perder você.

Snape piscou e respirou, mas não disse nada por alguns segundos enquanto pensava nas palavras de Sirius. A todo momento tudo que pensava era no quanto amava Harry e como seria a sua vida sem o menino, o quanto sofreria se algo acontecesse ao seu filho uma vez que se deixou sentir aquele sentimento. Harry era sua vida agora e com certeza daria a sua para que ele vivesse. No entanto, somente naquele instante entendia que Harry também o amava e assim como ele acabaria sofrendo com sua morte. Lembrou-se do menino sofrendo sobre Diggory, seria capaz de causar essa dor a ele?

Não, a resposta era essa. Não.

- Agora eu é que pergunto então, Black. O que faremos? Vamos agir como Grifinório ou Sonserino?

- Nenhum dos dois. Agiremos como pai e padrinho. Juntos vamos lutar e resgatar Harry.

***

- Não estou gostando Hermione, já faz tempo que estamos aqui. – Comentou Rony olhando ansioso para a frente da mansão onde podia ver, ainda que bem pequenos, Harry e Voldemort de frente um com o outro.

- Rony, estamos aqui há apenas três minutos.

- Três minutos!? Parece que se passou uma eternidade.

- Parece mesmo. Mas logo logo a Ordem estará aqui, tenho certeza que estão se preparando para atacar.

- Muito inteligente, Hermione.

Hermione quase gritou ao ouvir aquela voz e sentir uma mão apertando seu ombro, mas antes que o som saísse de sua boca um feitiço a silenciou.

- Não faça barulho, senhorita Granger. – Disse Snape retirando o feitiço.

- Desculpe, professor. – Pediu Hermione olhando para a direção da voz, mas não vendo ninguém. – É que não ouvimos vocês se aproximando e como estão obviamente com um feitiço de desilusão, não vimos que estavam chegando.

- Escutem, não temos muito tempo. Eu e Snape vamos nos aproximar e tentar tirar Harry de lá, assim que conseguirmos queremos que vocês fujam para longe. Entenderam?

- Mas...

- Não questione, senhor Weasley, obedeçam. – Sentenciou Snape fazendo Rony assentir.

- Muito bem.

Sirius deu dois tapinhas nas costas de cada um e saiu junto a Snape caminhando rápido em direção a mansão, um feitiço silenciava seus passos. Ao se aproximarem sentiram que os feitiços de proteção foram retirados. Harry conseguira o que queria, distraiu Voldemort o suficiente para que o Lord retirasse os feitiços para que pudesse se aproximar do menino. Com um leve toque no braço do outro Snape avisou que estava indo para o outro lado e seguiu adiante passando pelas costas de Harry. O ex comensal respirou fundo e analisou todo o ambiente. Havia pelo menos vinte comensais ao redor, alguns eram novos e pareciam excitados para se provar, esses eram os primeiros que morreriam por não ter controle de uma batalha. Alguns outros eram conhecidos de Snape, mas eram tão medíocres como os novatos, mas ainda existiam alguns que tinham um poder considerado, principalmente pela paixão que tinham pelas Artes das Trevas, como Bellatrix e seu marido, ou mesmo Dolohov e Yalex. Voldemort estava há uns três metros de Harry e olhava fixamente para o menino ouvindo o que ele dizia. Harry era esperto, ainda que inconsequente, falava o que o Lord das Trevas deliciava-se em ouvir, o quão idiota era de ir na frente para que as outras pessoas tivesse a chance de viver e não precisassem morrer por ele. Voldemort tinha um ego enorme e isso fez com que se gabasse para o adolescente de que o mataria ali mesmo e que todos veriam o quão poderoso ele era. Enquanto isso Snape e Sirius se aproximavam aos poucos, mas atentos a cada passo que davam, pois o feitiço de desilusão perderia o efeito em algum momento próximo, tudo que precisavam era que a Ordem chegasse e distraísse o Lord tempo o suficiente para tirarem Harry dali.

Tudo estava conforme o plano, pois a Ordem chegou exatamente quando o feitiço perdia o efeito mostrando os bruxos para os comensais e o Lord que olhou de um para o outro e de volta para a Ordem.

Snape registrou os acontecimentos a seguir em menos de um segundo. Os membros da Ordem aparataram na colina em frente a mansão e Harry sorriu dizendo a Voldemort que tudo que ele precisava fazer estava feito. Os feitiços de proteção estavam baixados. A ira de Voldemort foi sentida em sua tatuagem no braço e Snape não teve tempo de pensar ou registrar a varinha de Voldemort apontando para o peito de Harry, muito menos a luz verde que saíra de sua ponta, seu corpo agiu sozinho e se jogou frente a Harry ao mesmo tempo que Sirius.

Harry fechou os olhos ao ver o feitiço, sabia que estaria morto em menos de um segundo e para ele estava tudo bem. A Ordem poderia derrotar Voldemort e no fim o mundo bruxo estaria a salvo daquele psicopata. Estava tudo certo, no entanto, ao sentir seu corpo ser jogado com força no chão e o peso do corpo em cima do seu soube que a morte estava bem longe de si, ainda mais ao ouvir a guerra que se seguiu com os membros da Ordem e os comensais gritando feitiços para todos os lados. Por um momento pensou em abrir os olhos, mas ao se lembrar de ver os vislumbres de Snape e Sirius pulando a sua frente um milissegundo antes de fechar os olhos e se deixar ser atingido pelo feitiço da morte o deixou com medo.

Talvez se não abrisse os olhos não veria ninguém morto. Mas sua mão estava encostada em fios de cabelos lisos, escorridos, seus dedos sentiam aqueles fios em sua pele e isso o fez tremer. Harry afastou a mão e deixou que as lágrimas do desespero atingissem seu rosto. Conhecia aqueles cabelos, podia até mesmo ver sua cor negra, o brilho que tinham, o balançar quando ele andava. O peso do corpo em cima do seu o deixou sem ar, mas sem ar estava aquele corpo morto. Seu pai. O pai que tivera por tão pouco tempo. O pai que amava e que agora jazia em cima dele por sua culpa. Não era para ser assim o plano, não era.

De repente uma mão encostou em seu rosto e Harry estava tão transtornado com sua culpa que não registrou o fato dela ser fria, dos dedos serem longos e macios, do leve odor de ervas que emanava daquela pele. Nem mesmo as palavras que eram ditas conseguiam penetrar a parede de tristeza que se erguera tão rapidamente na alma do menino. Foi apenas quando seu corpo foi abraçado e a voz se fez presente no pé de seu ouvido que Harry finalmente entendeu o poder daquelas cinco letras.

- Filho.

Sua mão se fechou nas vestes negras o puxando para perto. Ele estava vivo, Snape estava ali com o coração batendo, sentia seu abraço forte, o mesmo que recebera tantas vezes ao procurá-lo nas masmorras, o mesmo que somente ele recebia em demonstração de afeto.

Seu coração se acalmou por um instante, mas com a mesma rapidez se desesperou novamente ao pensar que se Snape estava vivo, então quem recebera o feitiço fora Sirius. Possivelmente se abrisse os olhos veria o padrinho estirado aos seus pés com os olhos abertos e a varinha ainda na mão, morto ao defendê-lo assim como seu melhor amigo e amiga morreram tantos anos antes, protegendo-o.

Mas a vida tem seus segredos e mistérios. Pois sentiu uma mão tocar seu rosto também, dessa vez uma mão mais grossa, um pouco menor e com cheiro de terra.

- Sirius. – Sussurrou abrindo os olhos e encontrando o padrinho a sua frente, com os olhos abertos e vivos. Um sorriso nos lábios. – Você está vivo.

- Sim, Harry eu estou. Nós estamos.

Harry olhou para cima diretamente para os olhos negros e atentos de Snape que ainda o segurava em seus braços.

- Como?

- Não sabemos, talvez depois possamos descobrir, mas no momento temos que sair daqui.

Snape soltou Harry que só então olhou ao redor e percebeu que era como se o tempo tivesse parado. Todos estavam os observando. Voldemort ainda parado no mesmo lugar com a varinha erguida, atrás de si os comensais que estavam ou com a boca aberta e os olhos raivosos ou com expressões de puro medo e confusão. Do outro lado estavam os membros da Ordem liderados por Dumbledore e Olho Tonto Moody. E bem no meio, eles.

Voldemort olhou raivoso para Harry, Snape e Sirius e sem estarem esperando gritou enquanto apontava a varinha para o céu em um ataque de cólera que fez chover magia intensa e negra sobre todos causando mal estar, ainda assim todos mantiveram-se em pé.

Hermione adiantou-se rapidamente e agarrou Harry pelo braço puxando-o para longe. O menino queria ficar, mas Sirius o mandou se afastar e Rony ajudou a levá-lo embora.

- Agora sua briga é conosco. – Disse Sirius virando-se para Voldemort. – Não deveria ter mexido com nosso filho.

Voldemort urrou e desferiu os primeiros feitiços em Snape e Sirius que defenderam-se rapidamente.

A guerra estava declarada e a Ordem avançou contra os Comensais da Morte, pelo menos os que ainda mantinham-se ali, pois muitos se esconderam na mansão, inclusive os Malfoy.  Dumbledore se adiantou elegantemente e duelou com facilidade com Bellatrix, Dolohov e Yalex.

- Uma pena não podermos resolver isso de maneira civilizada, Bela. Você era uma excelente aluna, derrotá-la em um duelo seria no mínimo péssimo.

- Ora seu velhote, quem disse que irá me derrotar. – A mulher riu. – Seu tempo já passou Dumbledore, está na hora de ir para o inferno.

- Uma pena, uma pena. – Disse o diretor antes de aparar um feitiço lançado por Dolohov e revidar derrubando-o desacordado.

Um pouco mais afastado estavam Harry, Rony e Hermione assistindo a guerra com as varinhas em mãos. Harry queria ir lutar, mas dois aurores do Ministério os impedia dizendo que era ordem de Dumbledore que eles não entrassem na luta. Mas tal regra não pode ser obedecida quando um grupo de comensais se aproximou deixando os dois aurores ocupados duelando por suas vidas e assim Harry correu avançando contra comensais lançando feitiços. Rony e Hermione correram para ajudá-lo e juntos conseguiram estuporar um comensal e derrubar outro com uma maldição que fazia nascer furúnculos enormes em seu rosto quase tampando o nariz e os olhos.

Harry acabara de derrubar outro comensal com um feitiço paralisante quando seus olhos encontraram-se com Voldemort e ele sentiu a ira de seu inimigo em sua cicatriz que ardeu em brasa. Voldemort rasgou o ar com a varinha fazendo Sirius e Snape voarem longe. Sirius caiu dentro do lago que circulava a propriedade e Snape bateu o corpo com força no portão de entrada caindo desacordado.

- Severus! – Harry ouviu o grito e olhou na direção vendo Emelina correr em direção a Snape lançando feitiços nos comensais que se aproximavam. A aurora mostrou uma grande força ao conseguir puxar Snape para longe da batalha enquanto era coberta por Tonks.

Ao longe viu Lupin ajudar Sirius a se erguer de dentro do lago. Ao seu lado Rony e Hermione continuavam a duelar com um comensal que parecia novo demais para estar naquele ciclo. Agora era apenas ele e Voldemort novamente.

O Lord das Trevas caminhou tranquilamente em sua direção e quando chegou perto Harry soube sem saber como sabia que o bruxo não diria nada, não pararia para bater um papo dando tempo para um ataque dos outros. Ele lançaria a maldição da morte em si rapidamente assim como fez com Cedrico.

Cedrico.

Seus dedos apertaram a varinha com força enquanto a imagem do lufano enchia sua mente com lembranças dos raros e poucos momentos que se falaram e mais ainda com a saudade daquilo que nem mesmo puderam viver. Sonhos como Cedrico o beijando em frente ao lago Negro ou os dois se abraçando após um jogo de quadribol. Se despedindo na frente do quadro da mulher gorda antes de Harry ter que se recolher na sala comunal da Grifinória e Cedrico ir para a sala comunal da Lufa Lufa perto da cozinha. Passeios de mãos dadas. Beijos leve e desejosos. Abraços quentes.

Tudo isso fora tirado de si pelo ser que aproximava-se calmamente.

O amor que subiu por seu corpo fez Harry agir sem nem mesmo conseguir pensar. Foi o amor que fez o feitiço ser verbalizado por seus lábios e retirados com força por sua varinha atingindo o peito de Voldemort em uma explosão verde de luz.

Foi em nome do amor que Harry lançara aquele Avada Kedavra. O amor que ele não pode sentir, o amor da qual fora privado. O amor que ainda queimava em sua alma. O amor que o preencheu o suficiente para que o poder do feitiço não consumisse sua alma.

- Por você. – Disse Harry baixando sua varinha e olhando do corpo sem vida de Voldemort para o céu estrelado. – Foi por você.



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