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História Patience - Justin Bieber - Paciência


Escrita por: belieber_dafic

Notas do Autor


O título da fic está traduzido no capítulo de hoje. "Patience" significa paciência, com certeza a palavra com mais significado para a vida de Justin e Bárbara. Capítulo difícil, mas muito necessário. Se encerra um ciclo, e pensei muito se daria continuidade aos meus planos com essa fic. Eu amo muito essa história e a trajetória de cada personagem. Nem tive tempo de explorar muitos que queria. Então resolvi, que não seria um fim. Tem mais 15 capítulos por aí, com certeza marcantes e que os farão ter um outro olhar sobre tudo o que aconteceu até agora. O engajamento nos comentários tem diminuído muito, e tenho medo de que achem que me perdi na história devido aos tantos conflitos que ocorreram. Mas mesmo assim, vou continuar. Vou porque Justin e Bárbara merecem um final feliz e digno. E por que se faltou muita coisa para ser resolvida. Enfim, espero que gostem. Não sei quando vou postar o capítulo 39, por que é como se começasse uma nova temporada para eles hahaha *se fosse uma série*. Mas fiquem sabendo que será... Profundo. Tenho me esforçado muito para dar um final que agrade à todo mundo, mas acho que vocês vão gostar. 👀
PS. Esse é o último capítulo contando tudo o que rolou em 2018. Na metade dele, pararemos na semana aonde Barb matou Antonio Galaretto e se livrou desse problema. É a partir daí que corre algo triste. Porém bem necessário. Só leiam!😭

Capítulo 38 - Paciência


31 de julho.

Paris, França

P.O.V Bárbara Palvin

— Esplendida! — Ouvia o elogio de mais um dos mafiosos influentes que conhecemos, este da América do Sul. E Justin o encara, ciumento.

Hoje, nós dois havíamos feito um enorme avanço para o nosso lado. A vingança de Antônio ocasionou mais uma disputa gigantesca no mundo do crime, como era previsto. Ele não tinha coragem de vir atrás de mim pessoalmente, e após um ataque que falhou contra mim há três dias, vêm se escondendo e perdendo sua influência. Seria impossível não admitir como a presença de Justin é essencial para mim, e como juntos estamos conseguindo lidar com isso de forma extremamente vitoriosa.

Hoje mesmo, acabei de fazer uma palestra, obviamente privada, em Paris. Com todas as medidas de segurança, pois a polícia nunca deixou de ser uma ameaça, reunimos mafiosos, os clássicos bajuladores. Estes, que afirmavam querer se juntar ao nosso lado. Com as falácias de que apoiam justiça pelas mulheres, como se não tratassem as suas como merda e as traíssem com qualquer vadia que aparecesse. São mentirosos, mas tenho que manter o sangue frio. Essas alianças são importantes.

E confesso que estava gostando de saber que nos quatro cantos do planeta, o crime estava passando á conhecer de fato o meu nome, me respeitando e tendo medo de qualquer ameaça que eu fizesse.

Voltando ao evento pós “palestra”, eu e Justin cumprimentávamos esses novos aliados. Vestidos formalmente e com a taça de Martini, estávamos idênticos aos casais bilionários dos filmes.

— Agradecemos sua confiança, senhor Goswell.  — Falo, séria.

— Enfim, agora temos que ir. — Justin me puxa do nada, e estranho, tentando entender seu comportamento á medida que ele caminha á passos largos, me levando com ele.

— Que porra está acontecendo? — Pergunto, parando os pés no chão.

— Precisamos sair daqui o mais rápido o possível. — Começa a correr, olhando de um lado pro outro. — Depois te explico, é sério.

 Parecia tão aflito que só o acompanho, sabia o que podia significar quando fugíamos tão rápido do local. Entramos em sua Lamborghini e ele acelera, em segundos estando longe do prédio.

— Eu percebi enquanto falava com o homem. Existiam vários caras que já foram vistos com Antonio, trabalham com ele. Iam tentar um atentado contra nós.

— Isso é um inferno! — Exclamo. — Até eu matar esse filho da puta vamos viver com esse risco, sinceramente não aguento mais!

Paciência, Bárbara. Reunião esta noite com Zayn, você vêm?

— Preciso ver a minha filha. Kendall é péssima com crianças, não confio de deixá-la. — Suspiro. — Você deveria pensar em descansar também, ver seus irmãos, hum? Só queria saber como você vê tudo, percebe tudo? Porra, parece que tem mil olhos.

— Inteligência. — Diz, orgulhoso, me fazendo rir. É a maior verdade.

— Homem gostoso e inteligente, o que mais eu poderia querer?

— Foco. — Abafa um sorriso, me fazendo acariciar seus cabelos, agora mais curtos.

 — Cortou? Só percebi agora.

— Isso que dá só ligar pro meu pau.

— Bem lembrado. — Falo em tom malicioso. — Temos um voo de uma hora e meia até nossa casa, não vá achando que se safou.

— Acabamos de sair de um atentado terrorista, garota.

 

Chegamos á nossa casa na Espanha já quase dez da noite. Nesse último mês, consegui recuperar o clima leve por aqui. Foram necessários piqueniques com Kylie, Gigi e as crianças, mais um dia que fomos de casal á uma balada em Barcelona. Até Kendall e Kamala foram, o mundo dá muitas voltas. Quem foi também foi Jaden com Amalia. Pois é, a garota que está trabalhando lá em casa. Alycia e todas as crianças á adoram, e ela é realmente ótima. Fiquei feliz e surpresa por Jaden estar saindo com ela, e isso é ótimo e á ajuda á se enturmar mais com essa família tão peculiar. Mas ela entende e não se importa com o fato de seus patrões atirarem em alguns inimigos toda semana.  

A única coisa ruim que aconteceu, na verdade bem problemática, foi o suicídio da moça que trouxemos á força da mansão Galaretto. Eu queria lhe dar a chance de ter um bom emprego aqui, mas ela de fato me odiou como não deve ter odiado nem Antonio. Eu não tive escolha, não podia libertá-la e fazê-la correr o risco de contar alguma coisa para a polícia.

Fora isso, essa família que se formou com todos em volta de mim e Justin, nunca esteve tão unida. E quando nós dois chegamos de jatinho até a Mansão, a recepção foi a mais calorosa de toda a minha vida. E eu só saberia o motivo alguns minutos depois.

— ELES CHEGARAM! — Jazzy, cada vez mais mocinha, grita quando aparecemos no hall de entrada, e vêm correndo em nossa direção, saltitante.

— Minha princesa! — Estendo meus braços para abraçá-la, e Justin faz o mesmo, nos fazendo dar um abraço coletivo. — Que aflição é essa?

— Nós... Nós pensamos que vocês... — Seus olhos lagrimejam. — Não vou nem continuar! Gente, o Justin e a Bárbara!

— Graças á deus! — Kylie vêm com as mãos na boca, acompanhada dos outros atrás.

Eu e Justin nos entreolhamos. O que eles estavam sabendo?

— VOCÊS NUNCA MAIS FIQUEM SEM DAR NOTÍCIAS, SEUS MERDAS DO CARALHO! — Kendall vem caminhando nervosa, com minha filha em seu colo. Esta que fazia nós em seus cabelos longos e castanhos.

— Kendall, palavrão na frente das crianças? — Kylie á repreende.

— Se eu pudesse, nocauteava os dois de uma vez!

— Por que tão brava? — Justin pergunta, enquanto já pego minha filha de seus braços, lhe dando milhares de beijinhos. E ela se anima, batendo as mãozinhas animada, enquanto ri.

— A culpa foi minha. — Zayn e Gigi chegam, e ele diz. — Esqueci que contar minhas suspeitas á essa histérica seria equivalente á ela sair gritando pela casa que vocês estavam mortos. Kendall já queria mandar o caralho de uma equipe de busca.

— O que vocês sabiam? — Pergunto quando passo Alycia pro colo de Justin, pois ela parece estar com muito mais saudade dele do que de mim.

— Supomos que Justin já tinha identificado os rostos de homens de Antônio Galaretto. Eles estavam prestes á explodir a porra do prédio com vocês dois dentro. Saíram minutos antes de acontecer. Ainda bem que Justin pensa. O voo dura no máximo uma hora e quarenta, e vocês demoraram mais de 2 horas para voltar.

Eu e Justin nos entreolhamos na hora.

— Esses filhos da puta estavam fodendo no avião! — Kendall cruza os braços.

— Que é fodeno? — Bay, no colo de Jazzy, estava aprendendo á falar, dispara uma dessa, fazendo Kylie quase estrangular a irmã.

— Kendall, olha o que você fez? ELA TEM TRÊS ANOS!

— Porque caralhos você espalha para as crianças que achou que tínhamos morrido, porra? — Justin pergunta para a melhor amiga, irritado.

— Porque eu me preocupo com a vida de você e da Bárbara, arrombado. Mais da Bárbara para falar a verdade.

— Olha, eu desisto de tentar educar bem essas crianças, esses bocas sujas do ca... Vocês não ajudam! — Kylie sai do ambiente.

— Ela ia falar um palavrão mesmo, enfim a hipocrisia. — Jaxon chega. — Sabia que vocês não morreriam fácil.

— Jax! — O abraço. — Está tão lindo! — Aperto sua bochecha, e ele torce o nariz. — E arrumado, vai em algum lugar?

— Eu ia, mas eles... — Aponta para Travis e Kylie. — Não deixaram eu ir no puteiro.

— Você tem catorze anos, garoto! — Tento não rir, mas com essa família é impossível.

— Na idade dele já havia enfiado meu pau em tudo que é lugar... — Justin fala despreocupado, e Alycia em seu colo ri. Impressionante como até o sorriso é idêntico.

— Quando ela começar á falar vamos ter que rever urgente nosso vocabulário. — O aviso. — Jaxon... — Toco em seu ombro. — Você não precisa perder sua virgindade com uma desconhecida...

— Quem disse que eu sou virgem?

— Oh meu deus... Enfim. Só estou dizendo que na sua idade não é normal ir á esses locais...

— O Justin ia.

— O Justin não teve a educação que você e sua irmã têm. Vocês estão entrando na adolescência agora, tem muito á aproveitar... Com coisas para a faixa etária de vocês.

— Vamos comer? — Percebo Justin meio desconfortável com o assunto, e também já sinto o cheiro do delicioso jantar recém preparado por Pattie.

— Achei que já tinha comido o bastante... — Kendall faz a mesma piada que ela e Justin sempre têm, e ele ri.

— Vocês e o maldito humor de quinta série! — Reviro os olhos.

 

Justin, Kendall, Travis, Gigi e Zayn resolvem jogar bilhar após o jantar, e a louça sobra para mim, Kylie e Jaden, que engatamos uma conversa tomada por deliciosas gargalhadas e goles de vinho. Pattie diz não estar se sentindo muito bem, e vai dormir mais cedo. Já as crianças, botaram um filme na TV mas se encontram os quatro capotados no sofá. E Alycia, com nove meses já quis ir no embalo, acredita? Sorte que Justin consegue fazê-la dormir em menos de 10 minutos, e ela dorme profundamente em seu berço, vejo pela babá eletrônica.

— Perceberam que Pattie está indo dormir mais cedo? — Jaden retoma o assunto, enquanto arrumamos a cozinha.

— Tenho notado como ela está estranha nos últimos dias. Quieta, abatida... Nem tenho tido tempo para falar direito com ela, tadinha...

— Ela realmente está mal, gente. — A expressão de Kylie fica séria.

— Não sei mais o que fazer, sabem... — Digo. — Justin nunca começa uma verdadeira aproximação com a mãe, eles nunca tem conversas profundas! Isso é triste demais, mas ele não me ouve! O tempo está passando, me preocupa...

— Meu amigo é teimoso, mas só você pode convencê-lo, Bárbara. Ele nunca ouve ninguém como te ouve, é lindo de ver!

— Ah, Jaden... Vou tentar, tem razão. Foi tanto tempo separados, as coisas andam tão intensas que... Nem estamos nos falando.

— Cuidado para não me dar outro sobrinho de coração, hein! — Kylie brinca.

— Se feche, titia. Tomo os anticoncepcionais certinho há 8 meses. — Rio. — É estamos bem. A explosão... Me fez acordar. Nunca senti tanto medo, sabem? Precisava urgentemente rever meus conceitos. Fui rude até com vocês, me envergonha...

— Você é uma das melhores pessoas do mundo, Barb... — Jaden me abraça. — Era seu momento, ninguém aqui se magoou.

— Não mesmo... — Kylie concorda, com o jeito meigo.

— Eu não tenho nem palavras para agradecer á vocês, sério. Kylie me ajuda tanto com a Alycia, tem sido uma mãezona de todos 24 horas por dia... E Jaden, nós passamos por tanto juntos....  

— Até hoje sonho com aquele deserto.

— Exato! — Dou risada. — Atravessamos o fucking deserto do Saara, tem noção! Essa com certeza vou contar á Alycia quando ela ficar maior.

— Não vejo a hora de ter um para crescerem juntos, serião mesmo.

— Imagina você pai? Estamos ficando velhos rápidos demais! — Falo, e eles acompanham minha risada. — Gente, somos pais com menos de 25 anos! Que loucura, quando tivemos quarenta eles terão vinte, tem noção?

— E se seguirem a tradição da família, com menos de 50 seremos avôs! — Kylie exclama.

— Deve ser foda ser pai jovem... — Jaden olha para o teto, sonhador.

— Pedindo aos céus? — Brinco.

— Calma, estou namorando á menos de um mês! — Ele ri.

— Estou tão feliz que está com Amalia! Ela está radiante, e vocês são fofos demais juntos! — Kylie afirma, e concordo.

— Ela é maravilhosa. Estamos muito felizes. Ela só não está aqui porque foi fazer uns exames, mas acho que será sério, nosso namoro.

— Isso é incrível, amigo! — Sorrio.

— As coisas estão se encaminhando mais rápido do que achamos, gente...

 

[...]

(Narração)

O ano passou rápido, naquele ritmo intenso. Justin e Bárbara acabaram se afastando, e ambos deixaram esse novo poder subir á cabeça. Extremamente focados na disputa com os Galaretto, fizeram a família mais rica ainda, superando pelo menos três vezes o império de Jeremy.

No começo, tudo eram flores. Justin e Bárbara viajando pelo mundo, numa ótima relação, sendo temidos e respeitados, tão bajulados como nunca foram. Um mês depois, as coisas começaram á complicar.

Justin não gostava de ver a amada sendo tão fria em relação á outras pessoas. Não via mais remorso, empatia e bondade em seus olhos. Ela se irritava, é claro, pois nunca se importou com ele sendo assim. Para ela, Justin não aceitava em ela ser como ele, e isso era muito injusto. No começo, esteve orgulhoso de como ela estava se destacando e aprimorando suas habilidades. Mas no dia em que viu em seus olhos a mesma expressão que ele costumava á fazer, se assustou. Sua consciência começava á pesar, e a dela não. Isso ele não entendia.

Justin não poderia ser fraco, sempre fizera tudo o que fosse necessário. Mas se sentir um assassino não era mais confortável para ele á partir do momento que se apaixonou por Bárbara. Ele não admitia, mas seu ego estava ferido. Então, os dois se juntaram e continuaram fazendo o trabalho sujo.

Isso assustava os outros, principalmente Pattie. Esta que guardava um segredo durante aqueles meses, este que só seria descoberto... Quando fosse tarde demais.

— Câncer de pulmão, senhorita Patrícia.

Recebera o diagnóstico no mês de agosto, quando a doença, já estava em grau avançadíssimo. Durante os anos que ficou escondida em Cuba, suas preocupações á fizeram adquirir o vício de fumar. E tão nova, ela estaria enfrentando as consequências do pior jeito o possível.

Pattie passou três meses escondendo a doença. Seus dias estavam contados, e ela sabia disso. Não tinha forças para enfrentar a quimioterapia e a radioterapia de uma vez, não queria preocupar ninguém. Se sentia sozinha naquela casa, exatamente como se sentiu em Cuba. Talvez pior, porque ela via seu amado filho todos os dias e não podia lhe dar um abraço com mais de dois segundos. Justin bloqueara essa conexão. Podia ter falado com Bárbara, pensa. Mas no atual momento, não sabia qual dos dois era pior. O jeito, foi se calar e deixar o tempo á levar para sua morte. 

O que ela não previa, é que ninguém mais ninguém menos do que Kendall Jenner estava á observando durante todo o tempo.

— Muito estranho, Kylie, ela não está bem e com certeza esconde algo. — A irmã mais nova concorda, enquanto troca Stormi. — E Justin e Bárbara vão se arrepender profundamente de só viverem pros negócios agora.

— Não são os mesmos á pelo menos seis meses! Quando Justin quase morreu pensei que iam mudar, mas não! Parecem que competem em quem é mais intimidador, é ridículo!

— Exato! Só eu tenho visto como Pattie está. Pode até ser tristeza, imagina o seu próprio filho te rejeitar? Me entristece demais, e eu vou descobrir. Ela pode estar morrendo e ninguém aqui á ajuda com tratamento nenhum!

Decidida, sai pela mansão vazia em busca de Pattie. Bárbara e Justin estavam em Nova York atrás de Antonio Galaretto, esse que á essa hora devia estar morto. Crianças, tendo aulas com o professor particular e os outros cada um em um lugar do mundo.

Bate devagar na porta de Pattie, e ela responde em voz baixa, que está aberta.

— Pattie, meu deus! — A encontra deitada na cama, pálida. — Você não está bem mesmo! — Se senta na beirada da cama. — Vai me dizer agora o que você tem!

— Kendall, não tenho nada, é só cansaço...

— Mentira trás de mentira. Vamos, me diga. Pode esconder da sua nora e filho, mas de mim e Kylie não. Voltei á uma semana da Arábia Saudita e já saquei tudo, você não tem escolha se não me contar. Por favor...

Pattie à encara pensativa. Gostava de Kendall, e por esse motivo não queria perturba-la à respeito de seu estado terminal. Só que ao mesmo tempo, pensava... Morreria sem que nem soubessem o motivo? Iria embora desse mundo sem ter o perdão do filho? Talvez, se ele soubesse, de último momento iria querer desculpa-la por ter ido embora aos seus três anos de idade. 

— Não sei se é o momento certo para espalhar isso à Justin e Bárbara. Minha impressão é que estão distantes e focados em seu trabalho. — Suspira. Uma hora alguém teria que ficar sabendo. — Eu tenho um câncer, Kendall. 

O olhar brando some dos olhos da jovem, que sem reação não diz nada. 

— Tenho cerca de um mês. 

— Quando você descobriu?

— Em agosto... 

— Em agosto? Pattie, porque não falou com ninguém? Era para ter começado uma quimioterapia... 

— Não adiantaria muita coisa. O médico me deu no máximo seis meses. E outra... Com quem eu falaria? 

— Comigo, Kylie, Bárbara, seu filho... — Kendall só consegue balançar a cabeça indignada. 

— Estão todos ocupados. Acho que era para ser, a minha hora. No que adianta viver num mundo onde vejo meu filho mas é como se ele não estivesse aqui? O que me sustentava em Cuba era esperança de revê-lo um dia. Mas pelo visto não imaginei que assim seria. 

— Você não pode ficar com esse pensamento. Vai se deixar morrer porque Justin não está falando contigo? Ele é assim, tem conexões com pouquíssimas pessoas! Mas isso pode mudar! Faça a quimioterapia, você tem MUITO pra viver!

— Queria que fosse fácil assim. É um câncer de pulmão, e no estágio que sou, não tem mais jeito. Vou morrer de qualquer forma, e uma morte lenta em camas de hospitais consegue ser pior. 

— Ah Pattie... — Kendall à abraça. — Por favor, me deixe fazer algo por você! 

— Pode contar à Bárbara e Justin. Talvez ele queria se despedir. Tive um fim de vida bom, conheci minha neta, a garota que devolveu o brilho aos olhos de Justin... E o revi depois de 20 anos. Estou muito grata. 

Kendall saiu do quarto de Pattie arrasada. Não sabia nem como dar essa notícia, e se via indignada por ver que a vida de Pattie estava sendo desperdiçada. Na hora se recorda de sua mãe. Doía, ainda mais por saber que morrera brigada com ela. Morreu sendo uma traidora. 

E Justin tivera a dele durante todo esse tempo. E agora, ela estava à beira da morte. Essa, que poderia ter sido evitada se Justin e Bárbara fossem os mesmos de um ano atrás. 

Ter a noção de que Pattie se calou por não se sentir mais segura com eles iria doer em ambos. Mas o pior com certeza seria para Justin, que por orgulho rejeitou a mãe enquanto viva e desperdiçou todos os bons momentos antes de sua morte. Kendall o conhecia bem, cresceram juntos. Ele se bancava de frio e durão mas no fundo se arrependeria amargamente. 


Assim que todos chegaram em casa no fim de semana, chegou a hora de Kendall ter uma boa conversa com eles e lhe contar toda a verdade. Saberia o quanto seria duro, mas teria que ter estômago. 

— Gostaria de falar com você e Justin, os dois... — Cochicha de modo com que só Bárbara ouça, no fim do jantar. — É muito sério, vamos logo. 

— Ok, não entendo o porquê está tão agoniada. — Bárbara percebe seu desconforto. 

Quando ela e Justin já estão sentados nas poltronas de couro do escritório, Kendall fecha a porta. Se senta de frente para ambos, unindo as palmas das mãos e respirando fundo. Era a pior pessoa do mundo para dar notícias ruins, não conseguia passar estabilidade nem segurança. 

— Andei conversando com Pattie. — Justin já troca o peso da cabeça para a outra mão, impaciente. — Vocês provavelmente nem têm notado o que se passa com ela, tão ocupados em suas próprias coisas que se esquecem... 

— Kendall, o que descobriu? — Justin fala. — Sabe que gosto das coisas claras e objetivas, por favor vá direto ao ponto. 

— Sua mãe está doente. — Fala de uma vez, e a energia do local se torna pesada. — Gravemente doente. Descobriu... Um câncer. À três meses. 

— Um câncer? — Bárbara exclama, se chocando. — Pelo amor de Deus, Kendall. Que tipo de câncer? 

— Câncer de pulmão. O maldito cigarro. Ela perdeu a chance de fazer a quimioterapia e... E não há mais jeito. Consegui o contato de seu médico. Hoje mais cedo, ele me disse. Ela... — Segura as lágrimas. — Ela tem mais um mês. 

Bárbara olha a amiga completamente confusa. Com o medo estampado nos olhos, suas pupilas se mechem de um lado pro outro. Era seu jeito de lidar com aquilo, demonstrando seu caos interior. Já Justin, não costumava lidar com seus sentimentos de maneira exposta. Suspira e olha fixamente no chão. O conhecendo, sabia-se que estava na situação em que mais odiava: não poder fazer nada, não estar no controle da situação. 

— Eu sinto muito. — Kendall tenta reconfortar os amigos. 

— Eu não consigo acreditar. — Bárbara fala, embolando as palavras. 

— Deve ter algo que possamos fazer. — Justin chega à levantar-se da cadeira. 

— Não, não tem. Ela perdeu a chance de fazer o tratamento. E sabe o que ela me disse, Justin? Que não comunicou ninguém pois não tinha esperança para sua vida. Havia perdido o sentido. Não valia à pena viver vendo seu filho todos os dias e não poder sequer dar um abraço verdadeiro nele. 

— É tudo culpa nossa, Pattie está indo e perdemos o tempo onde ela esteve viva! — Bárbara seca a lágrima ao escorrer de seu olho. 

— SÓ PAREM DE CHORAR! — Justin se irrita, mostrando o quão abalado estava com a situação. 

— É a verdade, porra! — Bárbara se levanta. — Eu também errei, mas ela é a SUA mãe. Você nem à perdoou e ficou esse tempo todo à rejeitando. E depois da morte, flores não adiantam! 

— Ficar jogando as coisas na minha cara também não adianta, caralho! — Aumenta o tom de voz, de forma que Kendall quase não via ele usar com Bárbara. 

— É A PORRA DA VERDADE! 

— EU NÃO ESTAVA GRITANDO COM VOCÊ, BÁRBARA! 

— AGORA ESTÁ! Agora.... Você está! — Ela sente outra onda de choro. — Porra Justin, você precisa se resolver com a sua mãe. Eu perdi a minha sem nem conhecê-la, por culpa do teu pai. E só fui salva de ser estuprada por ele porque Pattie me salvou! Pattie me trouxe de volta à casa do meu pai. 

— É, ELA TE SALVOU SIM! MAS DEIXOU A PORRA DE UM BEBÊ DE TRÊS ANOS SER CUIDADO POR UM PEDOFILO. E ELA SABIA O QUE ELE ERA, BÁRBARA. 

— Por favor, pare de gritar... Eu sei o quanto isso te machuca... 

— Você não sabe de porra nenhuma, Bárbara. Sempre teve uma puta vida perfeita. Não tem noção de merda nenhuma, vocês não sabem de 10% do que aconteceu! Então não venham me dizer que sentirei remorso pelo resto da minha vida se Pattie morrer e eu não a tiver perdoado. 

— Justin, eu não queria... — Toca em seu ombro, mas ele afasta-se.

— Eu cansei desse monte de merda. — Suspira. — Cansei de ver você brincando de assassina e não fazer nada pelo nosso relacionamento. 

— Isso é uma mentira. — As lágrimas não param de cair por seu rosto.

— Não é mentira, e sou eu quem quero um tempo. Não sei que merda vai acontecer agora, mas estou cansado. Cansado dessa rotina, dessa realidade que só me faz me lembrar do meu passado. O que nós somos? Que porra somos agora, Bárbara? 

— Eu também não sei, Justin. 

— Não sei o que terá que acontecer para que nós nos amemos com foi durante o ano passado. Vamos ser unidos por outra desgraça. E enquanto isso não acontecer, estarei em Nova York. 

— E a sua mãe? — Bárbara pergunta após um longo soluço. 

— Vou me despedir dela, que vá embora... Em paz. Mas não consigo ser falso como vocês e dizer que à perdoo. Porque por mais que eu tente ser uma boa pessoa, meu rancor por ela e tudo o que aconteceu nunca vai sair da porra da minha mente. 

E sai do escritório, sem olhar para trás. 


No dia seguinte, Justin foi se despedir da mãe. Ela se espantou quando o viu entrar por aquela porta. Não exibia emoção nenhuma. 

— Justin... — Ela estende as mãos para tocar em seu rosto, e ele permite. 

— Estou indo embora para Nova York hoje. Queria me despedir... Da senhora. 

Ela sorri, tranquila. Se sentia feliz como nunca se sentira nos últimos meses. Ele estava ali. E provavelmente teriam sua única conversa profunda e verdadeira. 

— Posso morrer em paz? 

— Como assim?

— Não vou te pedir para que me perdoe, Justin, porque eu mesma não consegui em todos esses anos. Eu sabia o que Jeremy era e o que poderia ter feito contigo. Foi um erro não arriscar minha vida e voltar por você, foi a pior escolha de minha vida. Só que para mim, morrer em paz é te ver amando à si mesmo. Você chegou aonde deveria ter chego em sua vida?

— Minha filha tem um ano e acho que estou solteiro no atual momento. Mas sim, eu me sinto bem. Me sinto... Covarde por um momento. Antes eu não me sentia mal ao disparar o gatilho. Hoje, me sinto mal por ver Bárbara agindo como eu era... Até ela chegar. 

— Você se sente assim por que a ama. Porque descobriu o verdadeiro amor. 

— Eu já havia amado Maya. 

— Claro que sim, meu filho. Mas quando se descobre que encontrou o amor de sua vida, todos os outros se tornam insignificantes. Qual foi a última vez que pensou em Maya? 

— Fazem meses. Eu... Ela foi algo importante para mim, mas hoje... Não me vejo à amando. 

— Isso porque encontrou alguém para preencher o vazio que ficou em ti com a morte dela. E estou radiante por saber que Bárbara é essa pessoa. 

— Não sei quando nos veremos apaixonados um pelo outro novamente. Quer dizer, vivemos momentos intensos, vivemos como um casal normal... A maior parte do tempo. Mas agora sinto que... Isso não é mais como era antes. 

— Vocês tiveram uma filha antes de darem o primeiro beijo, meu filho. A primeira noite de vocês foi marcada por um sentimento de medo, insatisfação. O amor de vocês surgiu em meio à uma Guerra, uma luta por sobrevivência. Vocês se protegeram, se apegaram um no outro e em pouquíssimo tempo já parecia que namoravam à anos. Tudo ocorreu de maneira rápida e normal. Só estão se conhecendo agora, e por mais que pareça ser o momento perfeito para viverem seu conto de fadas sem Jeremy para atrapalhar, estão no pior momento interno de vocês. Quando estão tendo tempo e condições para refletir sobre o que são agora, e o que querem fazer daqui pra frente. Tem a maior responsabilidade de vocês, Alycia, e são tão jovens.... Precisam de paciência. Lidar com seus conflitos e traumas internos consigo mesmos. E depois de tudo isso verá que o sentimento que têm um pelo outro nunca morreu. Pelo contrário, vai renascer mais forte ainda. 

Justin refletia quieto sobre as palavras da mãe. Nunca parou para de fato ouvir suas palavras. Pareciam dizer a coisa mais sábia o possível. 

— Eu tive paciência. E ela me levou até você. Depois de vinte anos, revi o meu filhinho. Por isso, Justin, nunca desista daqueles que ama. Não cometa um erro, como eu cometi. Não vá embora enquanto os seus sofrem desamparados. Não tenha vergonha de mudar de opinião, comportamento. Se algum dia for largar a mafia e abrir um bar na América Latina, não se envergonhe. As vezes, as decisões mais inusitadas são as mais sábias. — Ele toca em sua mão. — Eu nunca deixei de te amar, você é e sempre será a pessoa mais importante do mundo para mim. Agora, chegou a minha hora. Mas eu estou bem, melhor do que quando estive saudável e sozinha naquela casa em Cuba. Sabendo por Chelsey notícias rasas de você, me perguntando se estava se mantendo firme. 

— Eu pensei em tirar a minha vida semanas antes de Bárbara chegar naquela casa. 

— Então. Quem sabe foram minhas orações por você... Eu te amo. Viva sua vida, e seja feliz. Mas nunca se esqueça, patience. 

E depois de 20 anos Justin deu o primeiro abraço apertado na mãe, e despejou uma única e pesada lágrima. Queria gritar, mas as palavras não saiam. Eu te perdoo, mãe. 

E Patrícia faleceu no dia 14 de dezembro. 


Notas Finais


Por favor não me matem, estou sofrendo do mesmo jeito que vocês😭😭😭

Essa fanfic surgiu em um dia muito difícil para mim, mas veio quase pronta do nada em minha cabeça. E aqui estamos, faltando 15 capítulos para seu fim. Como viram nas notas iniciais, começaremos uma nova etapa na história, talvez eu nem demore muito. Enfim, espero que estejam se conectando com a história. Ainda vamos nos surpreender muito com tudo o que vem pela frente.

💖


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